
ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟏𝟔
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Estou atrasada, outra vez, para ir até a Escola Jujutsu depois de um tempo fora.
Sinceramente, eu não me lembro de ter dado tanto trabalho quando era uma adolescente, quanto o pirralho do Fushiguro. Ele criou confusão na escola, outra vez, segundo o diretor.
E o motivo? Por espancar sete alunos sozinho.
Então assim que cheguei em Tóquio, tive que ir até a escola dele para uma reunião de responsáveis e lidar com os pais revoltados pro meu lado. Mas de acordo com o diretor, pelas palavras que Megumi usou para se justificar, os caras que ele bateu mereciam apanhar.
Para um garoto que era tão quieto e tranquilo, ele está dando mais trabalho que o esperado. Tenho vinte e cinco anos, mas sinto que logo vou ter cabelos brancos por causa desse moleque.
- O que eles querem agora? - Resmungo baixinho terminando de subir os degraus da escadaria indo em direção da sala dos velhos anciãos - Qual é o problema? Espero que não sejam bobagens, não tenho muito tempo.
- Novas informações chegaram enquanto você esteve fora, Haruna Uchiha. - Dei uma olhada no relatório que Yaga-Seisei me entregou assim que entrei na sala, com a foto de um garoto.
- Yuta Okkotsu. - Observei seu rosto que parecia abatido - O que esse garoto tem que me chamaram com tanta urgência?
- Ele será julgado pelo assassinato de cinco colegas de escola. - Olhei estranho para eles que estavam ocultados por divisórias ao redor de mim - Decidimos que será o melhor a se fazer.
- E o que isso tem haver com os Feiticeiros Jujutsu?
- O garoto possui uma maldição de nível especial descontrolada dentro de si. - Um deles explica me fazendo franzir a testa.
- Ele está amaldiçoado?
- Temos provas concretas que provam isso, Uchiha. - Outro murmura com uma voz arrastada - Okkotsu está nesse momento sobe vigilância aqui mesmo na escola.
- A execução do garoto foi confirmada.
- Execução? - Olhei de súbito diretamente para a direção que eu sabia que Yaga estava - Ele é só um menino.
- Não importa se ele é só um menino. - Um dos anciãos diz seriamente - Se ele permanecer vivo...
- Onde está, Gojo?- Bati o pé no chão irritada interrompendo o velhote.
...
Cheguei na câmara de isolamento, onde deixavam os detidos que são condenados pelos velhos. Era um lugar protegido onde suas paredes são quase totalmente cobertas por talismãs para impedir a fuga dos prisioneiros.
Abri a porta do lugar tendo vista de um garoto moreno com olheiras escuras e fundas abaixo de seus olhos, completamente apagado, aparentava ter uns quinze anos, ele estava sentado em uma cadeira no canto da sala. Não estava amarrado
ou algo do tipo, então indica que ele não é agressivo, ou sairia de lá por conta própria.
- Haruna?! - Virei o rosto na direção da voz quando escutei o tom de surpresa do Gojo, que estava encostado na parede ao lado oposto do Okkotsu, me olhando como se estivesse vendo um fantasma. E pelo que pude ver, Satoru continuava a usar aquela faixa branca cobrindo os olhos que eu tanto gostava - Então resolveu aparecer. Não sabia que viria.
- Foi uma ordem do Diretor Yaga. Vai me atrasar, mas é bom ver todos vocês de novo.
- Dois meses e meio fora, caramba. Esqueceu que tem um filho pra cuidar? - Ele brinca vendo a carranca da Uchiha aparecer em seu rosto angelical que não via a tempos.
- Não demorei tanto dessa vez, não seja dramático. - Revirei os olhos com sua provocação - Além de que você liga pra mim todos os dias.
- Você não atende a maioria.
- Não tenho tempo.
- Estava com saudade da sua carranca diária. - Satoru diz admirando descaradamente a mulher de cima a baixo - Vai ficar por quanto tempo?
- Tempo indeterminado. Eu teria chegado mais cedo, mas tive que resolver um problema que o Megumi causou, de novo. - Respondi enquanto o Gojo mantinha uma feição divertida - Isso não é engraçado, Satoru!
- Aquele moleque é uma comédia!
- E o pior, é que a culpa disso é toda minha. Como eu não pensei nisso? Você cuidando de uma criança... eu só podia estar maluca. - Apontei meu dedo indicador bem no rosto do albino que mantinha um sorriso provocativo que só aumentava - Sua convivência com ele estragou o garoto. Você foi uma péssima influência!
- Calma, calma... - Ele segurou minha mão - Eu não fiz nada disso... suas acusações são totalmente sem sentido.
- Ele espancou sete caras na escola sozinho.
- Caramba!
- Gojo!
Talvez nunca poderei descobrir o motivo, mas Satoru era o único ser vivo na terra que conseguia tirar a minha paciência com poucas palavras e sem esforço. Mal nos vimos e eu já estava com vontade de matá-lo.
- Para com isso, eu fui um ótimo tutor. - Gojo da uma risada provocativa - Mas a culpa é sua mesmo!
- Você é muito irritante. - Ameaçei dar um soco na cara dele que deu um gritinho agudo, mas parei quando escutei um resmungo atrás de mim.
Yuta acordava com uma feição confusa, olhando ao redor da sala desconhecida aos seu ver. Seus olhos cansados avistaram os dois adultos que o observava.
Um homem albino, alto e com uma peculiar faixa branca cobrindo seus olhos. Junto de uma mulher um pouco mais baixa que o homem, com cabelos lisos, negros e compridos, e olhos da mesma cor, levemente puxados e uma feição séria que o fez estremecer.
- Quem são vocês? - Pergunta com a voz baixa - Onde eu estou?
- Eu sou Satoru Gojo. E essa é Haruna Uchiha, somos feiticeiros Jujutsu. Você está na Escola Técnica Jujutsu de Tóquio. - Satoru deu alguns passos na direção do garoto e tirou uma faca toda distorcida de seu bolso - Yuta Okkotsu. Então me conta... essa é a faca?
- A faca? - Olhei confusa para o mais novo.
- A que eu tentei me matar... - Ele abraçou as próprias pernas cobrindo seus rostos nelas me deixando surpresa com sua resposta - Mas a Rika se meteu no meio.
- Você é bem depressivo, em? - Satoru diz com uma voz indiguinada - Não era pra você começar em uma nova escola hoje?
- Satoru. - O repreendi com um olhar sério.
- Eu não vou. - Yuta negou com a voz decidida, fazendo minha atenção voltar para o mais novo - Eu não quero ferir mais ninguém, então chega de ir lá fora pra mim.
- Mas... você não se sentiria solitário aqui sozinho? - Satoru pergunta com uma voz levemente preocupada.
- Yuta escute, essa maldição que te atormenta, que você possui... - Me aproximei do garoto - Com um bom controle, você poderá usar para salvar pessoas, e não feri-las.
- Você está apenas desperdiçando todo esse poder. - Satoru anui - Mesmo assim não é tarde demais, sabe?
Okkotsu se abraçou com mais força, soltando um suspiro ansioso. Olhei para o Gojo que assentiu e começou a sair da sala. Dei alguns passos e parei, olhando de relance para o garoto.
- Sei como é se sentir sozinho, Yuta. Não é algo muito agradável, mesmo que com o tempo você se acostume com ela. Mas depois que entrei para a escola, fiz alguns amigos e aprendi a controlar minha energia amaldiçoada, minha vida melhorou um pouco. - Ele me olhou curioso e dei um pequeno sorriso - Espere só mais um tempinho, vamos te tirar daqui, está bem?
Voltei a andar até a saída e fechei a porta, vendo o Gojo me esperando encostado na parede com as mãos nos bolsos e um bico despreocupado nos lábios. Comecei a andar seguindo pelo corredor e Satoru alcança minha mão entrelaçando nossos dedos me puxando até a saída da câmara de isolamento.
- O que você acha disso? - Ele me pergunta.
- Yuta não se mostrou uma ameaça, me falaram de um garoto com uma maldição de nível especial como se fosse o fim do mundo. - Respondi sentindo o calor do contato de nossas mãos juntas - Mas ele é só um garoto assustado e sem controle. Aqueles velhos são só uns fracotes.
- Que bom que acha isso. - Ele solta minha mão e me segura pela cintura colocando uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, me fazendo revirar os olhos com suas ousadias - Porque eu acho o mesmo.
- Ele pode estudar com você e os outros. Mas por favor, não estrague o garoto. - Segurei o impulso de rir da cara de indignação do albino - Agora eu tenho que ir.
- Ah... podemos ficar aqui mais um tempinho. - Gojo faz uma cara manhosa, dando um leve aperto com sua mão grande ao redor da minha cintura, me fazendo engolir em seco nervosa - Você nunca fica por muito tempo e sempre demora pra voltar.
- Não faça isso. - O repreendi me esquivando de seu aperto, sentindo minhas bochechas esquentarem - Já te disse pra manter o espaço pessoal, Gojo. Você sabe o que é isso?
- Você fica tão fofa vermelha e emburrada desse jeito. - Ele brinca cutucar minha bochecha me deixando ainda mais envergonhada e virei a cara para o outro lado - A gente podia dar um role, bora!
- Tenho outras coisas pra fazer.
- Você quis dizer, coisas melhores pra fazer? - Ele brinca vendo a feição dela ficar entediada - Você sempre usa essa desculpa esfarrapada. Ninguém mais cai nessa, se algum dia alguém já acreditou.
- Você tem que planejar a aula de amanhã e eu tenho que buscar o Megumi na detenção. Vai ser bom vê-lo. - Respondi - Então, sim, eu tenho algo melhor pra fazer, não é uma desculpa
Ele bufa impaciente e logo depois faz uma cara de quem pretendia fazer besteira, e o conhecendo bem, fiquei em alerta a qualquer movimento brusco. Satoru se aproxima do meu rosto de súbito, tentando me pegar de surpresa e dar um rápido beijo em meus lábios, mas virei o rosto rapidamente, fazendo ele beijar minha bochecha.
- Você é difícil, mulher. - O Gojo resmunga.
- Seu idiota! Eu já disse pra não fazer isso. - O repreendi dando um tapa em seu braço - Com os anos você ficou muito abusado, antes você tinha o senso de pedir permissão.
- E você sempre recusa. Você dá mais atenção pro Megumi do que pra mim. - Ele cruza os braços enciumado.
- Você não vive me provocando dizendo que ele é meu filho? - Falei divertida - Uma boa mãe sempre dá mais atenção ao seu filho, do que o marmanjo que não larga do meu pé.
- Às vezes eu penso que você gosta mais dele. - Ele vira a cara.
- Você está com ciúme de um adolescente? - Levantei uma sobrancelha - Deve ser porque você nunca deixou de ser um.
- Eu só gosto de cuidar bem do que me pertence, Haruna. - Ele diz de forma enciumada e um pouco possessiva, como aquelas crianças mimadas que não gostavam de dividir, me fazendo encará-lo desacreditada.
- Eu não pertenço a você, palhaço. - Dei um cascudo em sua cabeça, que não funcionou, de novo. Maldito infinito. - Eu pertenço a mim mesma, seu irritante.
- Você é muito chata, moça bonita. - Satoru suspirou e a olhou de relance - Mas já que insiste, vai ver o Megumi.
- Você sabe que ele é minha responsabilidade, Satoru. Megumi pode não demonstrar, mas sei que ele sente minha ausência. - Falei levantando minha mão direita encostando meus dois dedos em sua testa e ele segura o pequeno sorriso - Talvez na próxima.
- Você sempre diz isso. - Ele não consegue segurar o sorriso com o gesto da morena, e leva a mão até a franja dela, afastando seus fios negros, dando um leve selar em sua testa.
...
- Que intenso. - Observei através dos Seis Olhos a confusão em cima do prédio da escola primária onde levei meus dois alunos para exorcizarem uma maldição que jazia no local - Então esse é o espírito amaldiçoado de classe especial, Rika Orimoto, em seu total poder.
Ela atacava sem dó nem piedade a outra maldição com suas garras gigantes e mostrando seus dentes afiados, e pelo que dava pra perceber, Rika estava adorando aquilo.
- Mulheres são realmente assustadoras. - Ri - Que medo!
Minutos depois a cortina e abaixada quando Yuta aparece com dois garotinhos e Maki mas costas. Ele caiu no chão exausto assim que chegou onde eu estava.
- Bem vindo de volta. - Escutei ele ofegar - Você realmente se esforçou, em?
Levei os quatro para o hospital, onde as duas crianças foram internadas junto com a Zenin. Yuta não tinha nada grave, então não precisou de nada mais que uma checagem. Estávamos ao lado de fora do quarto da Maki, aguardando a alta dela para finalmente voltarmos para a Escola Jujutsu.
Ele estava sentado no banco do corredor enquanto eu fiquei encostado na parede com as mãos nos bolsos. Yuta estava concentrado, observando em seu dedo um anel que parecia de compromisso, com uma feição melancólica e pensativa.
- Seu rosto me diz que ainda tem algo te incomodando.
- Essa foi a primeira vez que eu chamei a Rika. - Yuta respondeu levantando sua mão observando o anel.
- Então é isso, não é? - Perguntei olhando para o mais novo com mais atenção - Esse é o primeiro passo para o caminho certo.
- Eu me lembrei um pouco mais dela. - Ele murmurou mas parecia que sua atenção estava em outro lugar.
Estava mais claro que a água, que Rika foi alguém muito importante e especial para o Okkotsu. Mesmo sendo tão jovens, já estavam planejavam um futuro juntos, pelo que o anel mostrava. Chegava a se sentir ridículo, duas crianças entendiam de algo que a anos tentava, mas ainda não tinha conseguido decifrar totalmente até hoje.
- Vocês se conheceram quando crianças, não é? - Perguntei vendo o garoto assentir - Como você soube que ela era a pessoa certa pra você?
- Não sei, eu só... - Yuta suspirou engolindo em seco - É difícil explicar isso com palavras. Mas... se for pra pensar em alguém, Rika sempre será a primeira que vem em meus pensamentos.
- Entendi. - Assenti compreensivo, então voltamos a ficar em silêncio.
A anos tive sucesso em tudo que eu fazia, sempre consegui tudo o que eu queria sem esforço algum. Mas depois de conhecer Haruna, ela não se derreteu ou se jogou aos meus pés, como outras faziam quando me conheciam.
Na verdade, foi difícil ter até uma simples amizade com aquela garota durona que não se importava se eu era o Gojo, portador dos Seis Olhos. Uma garota que se importava apenas em seguir seus objetivos, e fazer seu próprio nome ser reconhecido pela sua força, e não por ter sobrevivido pela piedade de seu tio psicopata.
Eu a queria por perto, desvendar seus segredos e ver o que aquela garota podia ser capaz de fazer.
E com o tempo, sinto que algo aconteceu aos poucos, algo desconhecido que mesmo tentando a todo custo, não conseguia entender. Basicamente ela bagunçou minha vida por completo, não que tenha sido algo ruim.
A Uchiha é bem diferente das outras garotas que conheci quando eu era um adolescente, ela não é do tipo romântica, que gostava de declarações melosas e flores. Deixou claro desde cedo que não entendia de nada disso e estava mais confusa que eu mesmo, sua vida sempre girou em torno de seu treinamento e ambição. Algo que não liguei, minha vida era igual a dela nesse quesito também.
Mas agora que o Okkotsu falou sobre o futuro, realmente, ela se tornou alguém que eu me importo o suficiente. Não me vejo com outro alguém ao meu lado.
Nenhuma outra passou por tudo que passamos juntos, todos os perigos e perdas durante os anos passados, ela estava comigo, ao meu lado, me apoiando e me dando um corretivo em cada besteira que eu fazia quando podia. E na opinião dela foram muitas vezes, mas isso não é relevante.
Mesmo que boa parte do tempo nesse últimos anos ela esteve ausente, mas a vida dela não podia parar apenas porque eu queria que ela ficasse comigo como antigamente, todos os dias.
- Rika não me amaldiçoou. - Yuta me trouxe de volta a realidade, me fazendo lembrar que eu estava em um hospital com meus alunos - Provavelmente fui eu que a amaldiçoei.
- Isso é uma teoria pessoal, mas... - Suspirei - O amor é a maldição mais distorcida de todas.
- Gojo-Sensei. - Ele fechou a mão em um punho - Eu irei libertar a Rika dessa maldição. Na Escola Técnica de Jujutsu.
Sorri, sabendo que a muralha que impedia que o Okkotsu não desse tudo de si, estava desmoronando por completo.
...
Já no outro dia, aproveitei para buscar Megumi na escola, mas o caminho foi em silêncio. Me comunicar com ele está cada vez mais difícil, quanto mais tempo passa, sinto que nós dois estávamos mais diantes.
Depois do que aconteceu com Tsumiki, ele ficou ainda mais fechado e encrenqueiro, e o pior, é que eu não estava com ele quando aconteceu. Não pude dar o conforto que ele merecia, a ausência estava nos separando aos poucos, a cada vez que eu ia embora a distância aumentava. Seria tolice da minha parte pensar que isso não prejudicaria na personalidade dele ao meu respeito.
E eu simplesmente não sei lidar com esse tipo de coisa, por que é tão complicado? Não tive muitos exemplos na minha adolescência, não tive um pai ou uma mãe nessa época, e Naobito não era do tipo que dava conselhos, apenas broncas e sermões. E sei bem que um adolescente não gosta nem um pouco de ser repreendido o tempo todo.
Me virei vendo seu olhar distante e abri os lábios para falar alguma coisa, mas nada saiu. Voltei a olhar para a rua novamente e apertei o volante vendo as pontas dos meus dedos ficarem brancas pela força usada.
- Pode falar. - Escutei ele murmurar sem nem mesmo olhar pra mim.
- Megumi... - Pensei no que disser, se eu quisesse que ele aprendesse, teria que usar as palavras certas, mas essa era a parte difícil - Estou te pedindo outra vez para que você não faça mais aquilo, por favor.
- Voltou de tão longe pra me dar sermão?
- Megumi...
- Eu fiz o que eu achei ser certo, foi o que você me ensinou, não foi? - Ele respondeu com a cabeça encostada no vidro do carro - Não pode me culpar por isso.
- Bater em seus colegas não é o certo a se fazer.
- Eles fazem coisas piores com os outros.
- Fazer a mesma coisa com eles não te torna melhor. - Me virei olhando para a cara de indiferente do mais novo - Nem tudo o que você acha ser certo deve ser feito.
- Você sempre faz o que acha certo, acha correto o que eles fazem?
- É claro que não.
Parei em frente da propriedade Uchiha, já que depois do coma de Tsumiki, achei melhor trazê-lo para não ficar em sua antiga casa sozinho, já que Satoru me prometeu ir vê-lo todos os dias, mesmo que o Fushiguro não faça questão da companhia do Gojo.
- O que eles fazem é uma das maiores covardias que existem. Mas você não é juiz ou carrasco pra fazer justiça com as próprias mãos.
- Você e o Gojo fazem. - Ele resmunga.
- Porque sabemos o que estamos fazendo. Você entende que eu venho tentando fazer algo que é bem maior que bater em um bando de valentões no ginásio. - Destranquei a porta para ele poder sair - Você ainda é jovem, Megumi. Ainda tem muito o que aprender.
Ele vira a cara com uma carranca, prestes a sair, mas seguro seu pulso o impedindo.
- Somos apenas pessoas comuns levadas à vingança em nome da justiça. Mas se a vingança é chamada de justiça, então a justiça só geraria ainda mais vingança e se tornaria uma corrente de ódio. É isso que você quer? - Murmurei vendo ele fechar as mãos em punhos e franzir os lábios - Eu sei que passo boa parte do tempo sendo ausente com você, mas quero que entenda, pode não ser hoje ou amanhã, mas algum dia, você vai entender.
Ele bufa saindo do carro sem olhar para trás, como um adolescente rebelde. Revirei os olhos, não vejo a hora desse garoto crescer, a fase da puberdade é um saco.
Eles pensam que sabem de tudo.
Meus lábios se puxaram para cima quando em lembrei da minha adolescência, confesso que eu era um pouco parecida com ele na mesma idade. Achava que ninguém mandava em mim, e Naobito era só mais um velho irritante que vivia se metendo na minha vida.
- E olha eu agora, me mentendo na vida do Megumi sempre que posso.
Suspirei prestes a sair do carro e entrar em casa para finalmente cair na cama e dormir por horas. Mas meu celular começou a vibrar me fazendo olhar para a tela, vendo o nome do Gojo brilhar. Revirei os olhos e atendi a ligação.
- O que você fez agora?
- Eu fico perplexo pela sua falta de confiança em mim! - Ele diz com aquela voz dramática inconfundível - Estou no hospital. Maki está internada, mas não foi nada grave e logo vai ter alta.
- O quê?!
- E o Yuta se saiu muito bem na aula prática essa tarde. - Satoru continua com animação - Ele finalmente aceitou o poder que tem!
- É mesmo? - Franzi a testa surpresa ‐ O que aconteceu lá?
- Ele soltou sua amiga, Rika! Ela é incrível, causou um estrago, você devia ter visto.
- Você sabe o que vai acontecer agora, não sabe? - Mordi o lábio pensando no futuro próximo desse garoto com o alto escalão em sua cola - Quando a chefia descobrir...
- Eles não podem fazer nada, não se preocupe.
- Você que pensa.
- Ah, claro... já pegamos as amostras do Yuta. - Satoru diz - Shoko queria saber se a ajudaria no laboratório, ela diz que você não está mais dando atenção pra ela.
- Mas eu vi ela hoje cedo. - Falei revirando os olhos pelo drama da Ieire, suspirei - Certo, está bem.
- Combinado. - Ele concorda - A propósito, as amostras estão comigo. A gente se vê mais tarde, moça bonita!
Ele desliga sem nem esperar uma resposta. Me deixei rir com o comportamento do Gojo, eu realmente só pude perceber o tamanho da saudade que senti do pessoal de Tóquio, quando cheguei. Principalmente do meu garoto rebelde e desse insuportável que me atormentava sempre que podia.
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