ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟏𝟒
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SETEMBRO DE 2009.
Residência Zenin.
Haruna resmungava pela milésima vez naquele dia, chamando a atenção dos presentes e de seu avô a sua frente, que a olhava com os olhos estreitos, como se pedisse silenciosamente para ela calar a boca e se conportar, levemente embriagado pelas doses de bebida alcoólica que tomava antes de começarem a reunião.
Ela não estava aguentando a ladainha daqueles velhos, foram chamados para um assunto, e começaram outro, e isso estava acontecendo a mais de meia hora.
- Por que não começamos a debater o que viemos fazer aqui? - Haruna diz sem demonstrar absolutamente nada enquanto observava a leve garoa pela vidraça - Ou as princesas ainda vão querer continuar fofocando, Naobito?
- Insolente. - Um dos homens Zenin diz sem nem mesmo olhar para a garota.
- Com a descendência, não é uma surpresa. - Outro concorda.
- Não se metam em assuntos que não lhes diz respeito, a conversa ainda não chegou no chiqueiro, senhores. - Ela responde com sarcasmo transbordando em sua fala, mas resolveu ignorar a insinuação nojenta deles.
- Ora, sua...
- Já chega! - Naobito bate sua mão na mesa causando um estrondo, fazendo todos eles se calarem - Que dor de cabeça.
- Acho que realmente devemos reconsiderar. Essa conversa já foi adiada por muito tempo. - Naoya assentiu olhando para o pai que franze a testa - Como foi prometido, e como é de seu direito, Haruna Uchiha já possui a maior idade, isso faz com que ela já seja capaz de cuidar de seus bens herdados de sua família paterna.
- Isso é um absurdo, com todo o respeito, senhor. - Um dos homens mais velhos na mesa se pronunciou - A Uchiha pode ser de maior, mas tem responsabilidades para com o clã Zenin, sendo ela neta do líder. Isso mostra que o que ela herda dos Uchihas, também pertence aos Zenin, isso desde a união de Tatsuo Uchiha com Suyen Zenin, sua falecida filha.
- Isso foi debatido a mais de vinte anos atrás. - Outro concorda - Ela não pode simplesmente abandonar seus deveres. Uma promessa foi feito por ambos lados, e ela tem que ser comprida, como nós pretendemos cumprir, se fosse no nosso caso.
- Estão querendo dizer que pretendem tomar tudo que é do meu direito, apenas porque sou neta do líder? - Haruna se levanta fechando as mãos em punhos - Todas as propriedades, os livros antigos, pergaminhos e armas do meu clã pertencem a mim, e apenas a mim, entenderam?!
- Não é como se precisássemos de tudo aquilo. - Naoya murmurou com um sorriso sarcástico - A maioria não possui significado, Raijin e seus antecessores forma espertos, esconderam seus segredos com unhas e dentes.
- Então por que insistem em se meter?
- Haruna. - Naobito diz encostando os braços na mesa se inclinando para frente olhando nos olhos da neta - Entenda, não nos importamos com nada disso, fazemos isso por um motivo. Apenas queremos uma garantia.
- Uma garantia. - Ela estreita os olhos vendo eles se entreolharem - E o que seria?
Cobras peçonhentas, todos eles. Todos nessa sala se importam apenas com seus interesses no clã, eles nunca mudam. Todas as palavras estavam cheias de veneno, tudo possuía um desejo por trás.
- Só queremos uma garantia de que você não dê as costas para sua última família de sangue que lhe resta. Além de Katsuo, é claro, na verdade ele é o assunto de agora. - Naobito sorri com a expressão séria da garota - Nos de uma garantia de que além de não dar as costas para o clã Zenin, você também não use seu poder para fins que leve à nos prejudicar.
- E como eu prejudicaria os Zenin?
- Você pretende sumir a procura de seu tio e matá-lo. Nisso você está nos fazendo um favor. - Continua - Mas o que você vai fazer depois disso? Depois que seu objetivo estiver comprido, o que vai lhe restar? Qual vai ser o seu desejo?
Franzi a testa confusa. Pra falar a verdade, eu nunca tinha pensado muito nisso, o que eu faria depois? Bom, isso é óbvio, pretendo restaurar meu clã, para que um dia, se torne tão glorioso como já foi tempos atrás. Mas onde isso prejudicaria os Zenin? Claro, além dos conflitos que eles tinham com minha família antes dos meus pais se casarem.
Naobito sempre me falou brevemente algumas vezes sobre minhas ações futuras prejudicarem os Zenin, mas nunca falou como eu faria isso. Não é como se eu me importasse com eles, quando eu começasse a retomar meu clã, realmente não me meteria em nada com essa gente.
- Você sabe o que eu vou fazer, então por que continua perguntando? - Rebati cruzando os braços - Mas agora, eu que quero fazer as perguntas aqui. Se você quer tanto saber de tudo que planejo, também tenho o direito de querer saber sobre algumas coisas suas.
- E o que seria?
- Megumi Fushiguro.
Naobito travou no lugar por alguns segundos e soltou a respiração que nem percebeu que segurava. Com apenas um olhar, mandou todos saírem da sala, mesmo que os outros mantivessem uma expressão de curiosidade extrema, obedeceram mesmo assim, não podiam desrespeitar o líder, eles sabiam o que Naobito faria se o fizessem, permanecendo apenas Ogi Zenin com a Uchiha e o líder do clã no cômodo.
- Como sabe disso?
- Então apenas ele sabe das suas tramas por aqui?
- Responda. - Naobito grunhiu seriamente, fazendo Ogi estremecer discretamente em seu acento.
- Uma pessoa me contou. - Deu de ombros fazendo o Zenin mais velho travar a mandíbula - Então você pretende comprar uma criança? Ele tem uma técnica herdada, não tem?
- Fiz um acordo, o pai o vendeu por vontade própria.
- Que acordo você fez com o Toji?
- Se Satoru Gojo estiver... incapacitado, se é que me entende. - Ele murmurou vendo a neta franzir a testa - Se isso acontecer, o garoto se tornará o novo líder depois de mim.
- Mas é claro, não precisa dizer mais nada, já entendi. - Haruna suspirou, já sabia que o avô podia ser uma má pessoa, mas não pensava que fosse tanto - Você usou o Toji pra afetar o Gojo, sabia que os dois lutariam e um deles morreria, e tinha esperança que Fushiguro ganhasse e desse um fim nos seis olhos, você me dá nojo.
- Você que está tirando suas próprias conclusões. - Ele observou a Uchiha andar de um lado para o outro com um olhar indiferente - Seus sentimentos criados pelo laços que desenvolveu com o Gojo está afetando sua linha de raciocínio.
- Não diga bobagens.
- Nanami Kento, Shoko Ieire, Suguro Geto e Satoru Gojo. - Naobito murmurou fazendo a garota parar, olhando para a parede e travando a mandíbula nervosamente - Pessoas que criou laços, essas mesmas pessoas, podem ser tiradas de você com uma facilidade surpreendente... tem certeza que quer continuar com isso?
- Eles não tem nada haver com isso. - Haruna murmurou voltando a olhar para os dois homens - Se não se meterem no meu caminho e no caminho do meu tio, nenhum deles será prejudicado.
- Se é isso que você pensa... - Naobito da de ombros com um sorriso cheio arrogância - Algo grande pode acontecer, sinto isso.
...
UM DIA ANTES.
Suguro anda ofegante pelos destroços de seu antigo vilarejo onde viveu a maior parte de sua infância. Observou os corpos sem vida das pessoas que matou a poucos minutos sem nenhum remorso, enquanto limpava suas mãos que estavam machadas de sangue.
Andou até a saída sem olhar para trás se sentindo satisfeito pelos seus atos, mas uma onda de energia amaldiçoada densa faz seus passos sesarem completamente. Um barulho de passos podia ser escutado bem atrás de si, fazendo com que se virasse por puro reflexo. Tinha certeza que havia matado todos naquele lugar.
Mas esse alguém desconhecido era um Xamã, com toda a certeza, diferente dos que viviam por ali.
Uma figura andava calmamente em sua direção com as mãos para trás em cordialidade. Depois que chegou perto o suficiente, Suguro conseguiu ver com mais clareza a aparência do homem. Aparentava ter uns quarenta e poucos anos, estatura alta, olhos tão negros como seus cabelos que já possuíam poucos fios brancos, pele pálida como papel e também tinha alguns traços familiares, mas não conseguia lembrar de onde.
- Suguro. - Sua voz era grossa mas um pequeno sorriso jazia em seus lábios finos - Vejo que estava se divertindo.
- Quem é você e como me conhece? - Geto pergunta desconfiado.
- Oh, que falta de educação a minha. - Ele diz com um sorriso divertido - Pode me chamar de Katsuo, acho que já escutou falarem sobre mim.
Suguro ofegou quando escutou o nome do homem. Ele era Katsuo Uchiha, uma das pessoas mais procuradas em todo o mundo Jujutsu, o causador de um massacre inteiro sobre o próprio clã e conhecido por causar a morte de Não-Xamãs durante seu desaparecimento, ele é praticamente invisível, não era encontrado, ao menos que ele quisesse.
Ninguém o via a mais de uma década, e ele estava ali, bem na sua frente.
- Ah, não fique acanhado, garoto. - Katsuo se aproxima até ficar poucos metros de distância do Geto - Venho te observando de longe a algum tempo, digamos que somos mais parecidos do que você pensa.
- Você matou seu clã inteiro.
- Você matou sua família inteira a poucos minutos, Suguro. Junto com todo esse vilarejo de primatas. - O Uchiha estala o pescoço ficando com um olhar sério - Da mesma forma que você abomina os Não-Xamãs, eu também sinto o mesmo. Matar todo o meu clã foi apenas um detalhe crucial.
- Nem todos...
- A coisinha só está viva porque eu vi potencial nela, nada mais que isso. - Katsuo o interrompe vendo o olhar confuso do mais novo - Haruna possui um poder que poucos Uchihas conseguiram, quando era apenas uma criança... e possui um destino nem um pouco bem visto.
- Se ela tem um poder como esse que está dizendo, não veio em sua cabeça que ela irá te confrontar em algum momento?
- É exatamente isso que eu quero, garoto. - Katsuo da uma risada fria - É assim que funciona com nós Uchiha. Se ela se tornar tão forte quanto eu... a luta que teremos no futuro aumentará meu poder, a experiência aumentará e a energia dos olhos dela serão meus, como os de meu pai, e do meu irmão.
- Você vai matá-la? - Geto pergunta desacreditado engolindo em seco.
- Vocês são amiguinhos, não é? A morte dela será a mais honrosa de todas as outras, ela morrerá pelo bem de todo o mundo, pense nisso. - Katsuo diz com um olhar determinado - Imagine só, nós dois poderemos acabar com todos os primatas, faremos os Xamãs dominarem tudo e as maldições deixarão de existir. Isso é ótimo, não acha?
Ele estende a mão para o mais novo que travou a mandíbula sem olhar para o rosto do homem, viveu tempo o suficiente com Haruna pra saber que olhar nos olhos de um Uchiha que não confia era uma péssima ideia.
- Mas para isso acontecer, você deve aceitar que o destino de Haruna já está traçado.
- E Satoru? O que fará com ele?
- Ah, o pirralho dos Seis Olhos? - Katsuo levanta uma das sobrancelhas - O que tem ele?
- Satoru nunca permitiria que você a matasse.
- É pessoal?
- Eles tem um relacionamento estranho. - Geto coça a nuca vendo o olhar levemente divertido do Uchiha - Mas aqueles dois são lerdos demais pra perceberem.
- Então o Gojo está cortejando minha sobrinha? - Katsuo estalou a língua pensativo - Um Uchiha é capaz de amar mais que qualquer pessoa, é considerado até uma fraqueza. Mas é através dele que o nosso ódio nasce, e esse ódio é transformado em poder. Não sei se ela está sendo tola por criar laços com tanta gente, ou se está sendo esperta com isso.
- Como assim?
- Você não entenderia, não é um de nós. Não carrega o nosso sangue. - Katsuo responde encarando os olhos do Geto - Quando o dia chegar, terei que eliminar o Gojo, não posso deixar que nenhum obstáculo no caminho possa impedir que meu tão esperado reencontro com minha sobrinha aconteça.
- Ele é o mais forte agora, falar é fácil. - Suguro murmurou.
- Não se preocupe com isso, até os mais fortes possuem fraquezas. - Katsuo da de ombros despreocupado - E então, você aceita? Lembre-se, é pelo bem maior para o nosso mundo, Suguro. Um dia você vai entender, e concordará comigo.
Suguro mesmo hesitante, deu um passo em direção do mais velho estendendo a mão.
...
TEMPOS ATUAIS.
Cheguei na saída da propriedade dos Zenin e andei até o carro para poder voltar pra escola, mas então senti meu celular vibrar e o pequei vendo o nome do Diretor Yaga brilhando na tela.
- Yaga-Sensei, em que posso ajudar? - Perguntei estranhando a ligação do homem.
- Preste atenção, Uchiha. Não quero repetir.
- Assim você está me preocupando.
- Geto se tornou um criminoso... - Parei de súbito quando processei o que o homem tinha me dito - Suguro massacrou o vilarejo inteiro em que foi criado e agora está foragido.
- Do que você está falando? - Ria desacreditada - Isso é uma piada? Você sabe que detesto...
- Não há mais nada na casa de Suguro. - Ele continua me deixando ainda mais nervosa - Mas de acordo com os rastros de sangue e partes encontradas... ele provavelmente atacou os pais também.
Apertei meu celular com tanta força que apenas escutei o barulho do aparelho se partindo e não escutei mais uma palavra do Masamichi. Provavelmente eu tinha quebrado o aparelho.
Joguei o celular no chão e andei até o carro completamente desorientada, sem conseguir acreditar que Suguro tinha feito uma coisa dessas. Logo ele, que prezava tanto pela proteção dos mais fracos, matou um vilarejo inteiro de Não-Xamãs e até os próprios pais.
E Satoru e Shoko? Eles sabiam disso?
Continuei meu caminho por alguns quarteirões a até chegar em um lugar mais calmo em Sinjuku, em uma área mais afastada onde as pessoas usavam para fumar. Quando sai do carro fiz uma careta quando senti o cheiro da nicotina do lugar, e alguns homens que estavam por ali fraziram a testa quando me viram.
Revirei os olhos, ignorando e continuando meu caminho até que senti a presença da energia de alguém que eu estava louca para ver.
- E aí, Haruna. - Ele sorri - É uma grande coincidência te encontrar por aqui.
- Olha só se não é o criminoso... - Me virei vendo o moreno me olhando com um pequeno sorriso - Me diz que é mentira.
- Não. Infelizmente, não.
- Quebrei meu celular quando soube, está me devendo outro. - Suguro soltou uma risada alta me fazendo rir junto mas logo desmanchei o sorriso ficando séria como antes - Por que?
- Lembra da nossa conversa? Vou criar um mundo onde só exista Xamãs. - Ele responde andando até ficar bem na minha frente - Matá-los é a forma mais fácil e rápida de fazer isso. Esse é o sentido.
- Isso não vai dar certo.
- Satoru me disse a mesma coisa hoje mais cedo. - Ele ficou sério em deixando ainda mais puta.
- Fazer algo tão estúpido que você sabe que não vai funcionar não tem sentido nenhum! - Exclamei não me importando se as outra pessoas nos escutassem - Use a cabeça, seu fracassado!
- Você tem um objetivo.
- Sim. - Assenti - Mas isso só tem haver comigo e outra pessoa apenas. Não milhares de inocentes!
- Decidi como quero viver... - Parei quando o escutei - ... então agora vou fazer o que puder pro bem disso.
- Por favor... - Senti minhas mãos esquentarem. Nem dei conta de que tinha ativado o Mangekyou sharingan - ... não faça isso.
- Pode me matar se conseguir. - Ele murmura me deixando surpresa - Também há um significado nisso.
- Suguro...
...
Estacionei o carro e encostei a cabeça no volante completamente frustrada. Fui fraca, não fiz nada com Geto quando tive a chance, agora ele deve estar em qualquer lugar, fazendo seja lá o que esteja planejando.
O mundo Jujutsu estará um caos, sinto isso. Formar bons feiticeiros será necessário, principalmente se forem treinados para fazerem a coisa certa. Aprenderem a seguir seus objetivos e lutar para alcançá-los, e não seguirem apenas o que os velhotes desejam para o bem de seus próprios desejos pessoais.
Companheiros fortes que sabemos que poderemos contar no futuro. E esse em particular, não posso deixar ignorar.
Sai do carro e observei o bairro humilde onde eu estava.
Andei até uma rua mais a frente e parei quando avistei um menino de mais ou menos cinco anos, parecia ter acabado de chegar da escola pelo horário. Ele era estranhamente familiar, com certeza era quem eu estava procurando.
- Fushiguro? - Perguntei fazendo o garoto parar e me olhar com seus olhos azuis escuros e uma cara de indiferença que eu nunca tinha visto em uma criança antes, confirmando que ele era quem eu procurava - Megumi, certo?
- Quem é você? - Ele pergunta sem demonstrar absolutamente nada
Ele e o pai são um pouco parecidos nesse quesito, e na aparência também.
- Haruna Uchiha. - Andei até ficar em frente dele e me abaixei para ficar em sua altura - É um prazer te conhecer finalmente.
- O que você quer comigo? - Ele foi bem direto.
- Eu conheci seu pai... ele fazia parte de um clã de Xamãs, os Zenin. - Falei fazendo ele me olhar estranho - E eu também. Somos primos, sabia?
Megumi não disse nada. Caramba esse garoto e bem diferente das crianças de sua idade, bem difícil de impressionar.
- Olha... você já pode vê-los, não é?Você já pode sentir algo mudando em você, um certo poder? - Continuei fazendo ele franzir a testa me olhando, como se eu tivesse sete cabeças - O clã Zenin ama talento, eu fui criada por eles por puro interesse nos meus dons. Técnicas jujutsu geralmente são despertadas entre os quatro a seis anos de idade... então essa é a melhor idade para serem vendidos.
Megumi piscou os olhos em desinteresse, ele continuou me observando. Não deve estar entendendo nada, eu acho.
- O seu pai te deixou como a melhor carta contra os Zenin. Esse era o desejo dele. - Olhei em seus olhos vendo que o garoto não dava a mínima para isso, que pirralho difícil - Conheci seu pai, e eu sinto...
- Na verdade não. Não ligo onde aquele cara está ou o que está fazendo. Não o vejo a anos e não lembro do seu rosto. - Ele negou me deixando surpresa pela sua seriedade em sua fala - Eu acho que já sei o que você quer dizer. A mãe da Tsumiki não voltou a um tempo, eles devem ter se cansado da gente, então agora devemos nos virar por conta própria, não é?
Meus lábios ficaram entreabertos. Além de quieto e sério, Megumi se mostrou ser bem inteligente também.
Sua situação me deu um certo aperto no peito, ele podia ser esperto o quanto fosse, mas ainda era uma criança, e se eu não tivesse ido lá para conhecê-lo, provavelmente iria viver uma vida bem difícil. Ele não pode trabalhar para se sustentar, e o dinheiro que ele e essa Tsumiki estivessem usando para se manterem até agora, não irá durar para sempre.
- Então... você pode me perguntar sobre seu pai sempre que sentir curiosidade. - Me levantei ficando de pé novamente - Mas voltando ao assunto... você quer ficar com os Zenin?
- O que acontecerá com Tsumiki? - Megumi pergunta - Ela vai ficar feliz se eu for?
- Provavelmente não. De jeito nenhum. - Neguei com as mãos e a cabeça vendo o Fushiguro me olhar estranho novamente - Não se preocupe, deixe o resto comigo. Eu vou me responsabilizar da quarda de vocês dois agora... mas você vai ter que dar duro também. Fique forte.
Coloquei minha mão em sua cabeça dando um leve carinho em seus cabelos negros desarrumados. Ele é tão bonitinho, se não tivesse esse olhar de indiferença seria ainda mais. Não que eu possa reclamar disso, já que quando eu era criança, não costumava estar com uma feição diferente dele.
Esse garoto vai ter muita coisa para aprender, e se depender de mim, ele nunca vai se misturar com a política e os ensinamentos dos Zenin. O mundo Jujutsu já está sujo o bastante, cheio de ratos imundos que aproveitavam de seu poder para fazer o que quiserem. A próxima geração precisa melhorar, eles são o nosso futuro afinal.
...
Assim que cheguei na entrada da escola, pude ver alguém sentado nos degraus da escadaria, o reconheci rapidamente, com os braços apoiados nos joelhos e feição de desânimo, com seus inconfundíveis óculos escuros que jazia na ponta de seu nariz arrebitado e cabelos brancos baguncados como sempre.
Eram tempos difíceis, principalmente pra ele, e Shoko também. Lidar com a traição de seu melhor amigo e parceiro de equipe, não seria fácil.
- Satoru... - Murmurei andando até ele.
Parei a alguns centímetros de distância dele e sentei-me ao seu lado. Ficamos em silêncio por alguns segundos, eu não sabia exatamente o que dizer.
- Não vai falar nada? - Ele pergunta com sua voz levemente rouca olhando para frente.
- O que eu poderia dizer pra melhorar a situação? - Perguntei o observando de relance.
- Não precisa melhorar a situação. - Ele deu de ombros soltando um suspiro cansado - Não sei se isso poderia ser possível.
- É, tem razão. - Assenti brincando com meus próprios dedos - Mas... sempre que estive em problemas, e não podia reverter ou resolvê-los, você me fazia companhia. Pois bem, estou aqui com você, então não estará sozinho.
Ele abaixou a cabeça e soltou uma curta risada, me deixando confusa. Satoru virou o rosto, apoiando a mão na bochecha me olhando com um pequeno sorriso.
- É bom saber que Haruna Uchiha se importa comigo.
Senti minhas bochechas esquentarem e virei a cara para a direção contrária da dele. É inacreditável a maneira que Satoru conseguia me deixar constrangida com tanta facilidade. E isso é um saco.
- Então... você resolveu aquilo lá com os Zenin? - Satoru me pergunta, assenti voltando a brincar com meus dedos - E como seu avô reagiu quando soube que você vai cuidar do filho do Fushiguro?
- Nada bem. Mas não vou deixar que Megumi seja vendido para aqueles velhos. Não vou permitir que façam com ele o mesmo que fizeram comigo. - Suspirei - Todo o peso e a pressão que nos forçam a carregar... Megumi está sozinho no mundo com a irmã postiça, assim como eu na idade deles. Eles são só crianças.
Senti ele pegar uma das minhas mãos me fazendo olhá-lo, enquanto entrelaçava nossos dedos.
- Eles vão morar com você em Sinjuku quando se formar?
- Ele não quis, disse que poderia se virar sozinho. - Soltei uma risada curta sendo seguida por ele - Mas mesmo assim vou deixar uma quantia de dinheiro todo o mês e os visitar sempre que eu puder. Se não, vou arrastá-los a força para um lugar que sei que estarão seguros.
- Você tem um grande coração, sabia disso? - Ele segurou meu queicho me fazendo olhar seus olhos azuis hipnotizantes, mas virei o rosto constrangida, odeio me sentir assim, mas é inevitável quando ele faz isso - Você já pensou na minha proposta?
- Como eu poderia com tudo isso acontecendo? Está tudo uma bagunça. - Fechei os olhos - Tem certeza que quer ser professor? Isso é muita responsabilidade... se bem que você sempre gostou de treinar.
- Não se preocupe com isso, vou ser um ótimo professor, senhorita Uchiha. E você também seria uma. - Ele beijou minha testa e estranhei seu ato repentino - Nada pode nos atrapalhar mesmo.
- Eu... - Desviei o olhar para o chão nervosamente - ...não vou poder ficar muito tempo por aqui pra isso.
- Como assim? - Ele franziu a testa.
- Quando eu terminar a escola, preciso seguir meu caminho. Você sabe. - Engoli em seco - Eu sei que tenho duas crianças para ficar de olho, mas... não posso parar, esperei anos para finalmente poder fazer alguma coisa.
- Então, já está chegando a hora? - Satoru pergunta temendo pela resposta, mas não poderia impedi-la - Entendi.
- Não vai ser por muito tempo, prometo vim sempre que puder para saber como anda o treinamento do Megumi. - Se levantou tirando o pó do uniforme por causa da escadaria - Sei que é egoísta da minha parte... mas, eu tenho que fazer isso, sozinha, é assim que deve ser. Você é uma das únicas pessoas que eu confio para cuidar dele nesse mundo tão corrompido, estar com você vai fazer com que ele esteja em segurança.
- Não vejo problema em ficar de olho nele enquanto você está fora. E não vou te impedir de fazer isso. - Ele dá de ombros também se levantando - Eu te disse que quero ser professor para poder ensinar a nova geração a ser forte e não seguir os ideias dos velhotes, vai ser um prazer ensiná-lo.
- Obrigado.
Me distanciei um pouco, ele frazi os lábios quando levantei minha mão direita e encostei meus dois dedos em sua testa o fazendo me olhar confuso e com uma careta estranha.
- O que é isso?
- Talvez um dia você descubra, seu imbecil. - Deslizei minha mão descendo até sua bochecha e senti sua respiração próxima da minha e sorri - Mas isso pode demorar já que você é muito burro.
- Você nunca se cansa de me criticar... - Satoru segura minha mão me impedindo de parar o contato em sua pele quente - Eu já disse que amo os seus olhos?
- Você sempre solta uma dessas do nada. - Revirei os olhos.
- Haruna, você pode achar que tem que fazer tudo sozinha, e carregar todo o peso sozinha. - Ele sorri - Mas lembre-se que sempre quando chegar sua hora de ir, terá pessoas te esperando voltar. Eu vou estar esperando.
Meu coração errou uma batida, logo seguido de batidas fortes e freneticas. Meus lábios se curvarem para cima com sua fala. Realmente, eu não sabia o que estava sentindo, ou o que isso significava, mas de uma coisa eu sabia, passar um tempo com o albino e saber que eu não estava tão sozinha como antes era completamente reconfortante.
Sim, eu sei. Criei laços com algumas pessoas, e isso era péssimo, me empolguei em conhecer novas pessoas depois de passar tanto tempo sozinha com os Zenin, e criei amigos. Algo que eu queria evitar, mas aconteceu, e com isso, devo saber que poderei perdê-los como perdi minha família e Yu, e a mesma dor pode ser sentida novamente. Mas não me importo.
Por agora, tenho que pensar em como vou encontrá-lo. Esse é o caminho que devo seguir.
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