ೋ°|𝗖𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 𝟏𝟏
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Saímos de dentro das tumbas e a luz do sol fez meus olhos queimarem com seu brilho, minha visão estava péssima. Só imagino quando Shoko nos ver.
Eu e Geto caminhávamos juntos em completo silêncio quando ele finalmente acordou. Nós dois estávamos respeitando o tempo de luto que estávamos passando juntos. Não conseguia nem acreditar no que tinha acontecido, ontem mesmo estávamos nos divertindo, e agora isso.
- Você está bem? - Suguro pergunta olhando para o chão.
- Na medida do possível. - Suspirei com a mão sobre os olhos tentando evitar o sol enquanto a outra apertava levemente o óculos do Gojo fazendo o Geto engolir em seco - E você?
- Idem.
Não falamos mais nada, até que Geto viu uma coisa se arrastando pelo chão até a nossa direção e segurou meu braço para que eu parasse de andar. Quando chegamos mais perto eu percebi a presença de uma maldição.
- Isso é a...?
- Sim. - Ele assentiu.
...
Escutei um som de aplausos e gritos a alguns metros de onde estávamos. Nos entreolhamos confusos e seguimos o barulho, de longe pude sentir uma energia familiar e frazi a testa.
Paralisei no lugar quando reconheci quem era, ele está vivo. Por algum motivo meu coração deu um salto de alegria e minhas mãos suaram. Tirei minha mão dos meus olhos e forçei minha visão.
- Vocês estão atrasados... - Ele suspirou segurando um corpo em seus braços. Vi a manga da blusa de Riko e ofeguei. Ele a recuperou, mas Gojo estava detonado - Afinal de contas, quem mais sabe quantos esconderijos da Associação receptáculo do tempo existem?
- Satoru... - Uma gota de suor se formou na testa do Geto enquanto olhava para o amigo surpreso - É você?
- É ele... - Não controlei minhas pernas, quando percebi já estava andando na direção do platinado - Você está vivo.
- Pois é. - Ele sorriu para a Uchiha vendo o estado deplorável dos colegas e sorriu cansado - Você está acabada.
- Olha quem fala, você está muito pior. - Haruna olhou para o Gojo de cima a baixo vendo o uniforme dele com alguns rasgos e manchas de sangue.
- Eu disse que voltaria para buscá-lo, moça bonita. - Ele apontou para o óculos escuros e Haruna segurou o pequeno sorriso de alívio colocando no rosto do Gojo
- E você realmente cumpriu, seu palhaço.
- Que bom que estão bem. - Satoru sorriu.
- Parece que você encontrou a Shoko. - Geto afirma vendo o Gojo assentir.
- Sim, ela me ajudou. Vai ficar tudo bem.
- Não. Não tá nada bem. - Geto murmurou de cabeça baixa - Não vai fazer diferença se ficar tudo bem.
- Eu que estraguei tudo, não se preocupe. - Gojo diz com uma feição cansada.
- Não, a culpa é toda minha... - A morena sentia sua garganta se fechar - Eu sabia sobre a forma de luta do Toji e sobre o perigo que ele causaria a missão, e mesmo assim não agi a tempo...
- Sem você eu estaria morto. Ele ia me matar se você não tivesse impedido. - Geto assentiu para a garota que o olhou surpresa - É... eu escutei quase tudo antes de apagar. Devo a minha vida a você, Haruna.
- Ah, é mesmo? - Satoru sorriu divertido para a garota que cruzou os braços com uma feição fechada - Ele estava bem acabadinho mesmo quando o encontrei. Mandou bem, Haruna.
- Não foi nada demais... - Virou o rosto para o outro lado quando sentiu suas bochechas esquentarem - E você não me deve nada, Suguro.
- O importante é que tudo acabou.
- Então... - Haruna murmura levantando o olhar para o mais alto deles - Toji está morto?
- Eu disse que não ia perder. - Satoru respondeu orgulhoso, mas mas estranhou o olhar perdido da garota por alguns segundos - Ele não era de nada.
- Mandou bem. - Ela assentiu.
Ficamos em silêncio escutando as pessoas seguidoras da organização religiosa ao redor da gente aplaudindo o Gojo pelo seu feito.
- Você quer... - Satoru olhou para o Geto - ... matar todos eles? O meu eu de agora provavelmente não sentiria nada.
- Ah, deixa pra lá. - Ele deu de ombros. - Não há sentido. Só há seguidores da fé aqui.
- É... todos os envolvidos no mundo jujutsu já se foram. - Suspirei cansada.
- Diferente do que aconteceu com o dinheiro da recompensa, eles não podem mais se livrar dessa situação. - Geto continua - É um grupo que sempre causou problemas. Eles vão se desmembrar logo.
- Sentido é? - Gojo pergunta - Será... que precisamos mesmo de uma razão?
- Claro que é importante. - Suguro assentiu - Principalmente para Xamãs.
Nos entreolhamos e voltamos para a escola. Nos separamos e fui até o meu quarto soltando um longo suspiro, tirei meu uniforme e joguei em qualquer canto do cômodo e andei até o banheiro tomando um banho morno para relaxar meus músculos depois de todo esse momento de estresse.
Quando terminei me olhei no espelho que estava embaçado pelo vapor da água, passei minha mão no vidro olhando para os meus olhos. Respirei fundo e fiz fruir energia amaldiçoada neles ativando o meu Sharingan.
- Mas que porra...
Pisquei freneticamente e esfreguei minhas mãos nos olhos vendo se não era fruto da minha imaginação ou alucinação pela minha visão cansada. Não era nada disso, era real.
Eles estavam diferentes, a forma estava diferente. Em vez de três tomoes, possuía um padrão que se alinhava ao longo de sua pupila. Era lindo, mas os desativou quando sentiu seus olhos arderem, ainda não tinha se recuperado totalmente.
- O que aconteceu com eles? - Tenho tantas perguntas e tão poucas respostas.
Me enrolei na toalha e sai da banheiro indo até meu quarda roupa tirando uma blusa regata preta e um short confortável. Me vesti e peguei meu celular ligando para alguém que eu nunca pensei que ligaria na minha vida, tenho o número apenas por ter sido obrigada a ter. Mas realmente, estava começando a sentir falta de alguém que pudesse a instruir.
- Naobito... - Murmurei com desgosto quando o Zenin atendeu.
- Olha só quem resolveu dar sinal de vida.
- Eu não tô ligando pra falar besteiras com você, por favor, escute. - Revirei os olhos.
-Você está merecendo um bom corretivo para ter respeito comigo, pirralha.
- Olha, eu não tenho tempo pra isso, quero apenas conversar com você.
- O que você quer?
- Eu quero os pergaminhos de anotações do meu avô Raijin. - Me deitei na cama com tudo sentindo o colchão macio - Vou pegar amanhã mesmo.
- Posso saber o motivo?
- Não. A sua querida neta não pode ter curiosidade?
- Fiquei sabendo de muita coisa da sua missão com o Gojo. Essa sua curiosidade repentina tem algo haver com o que aconteceu nela.
Naobito não perguntou, ele afirmou. Suspirei impaciente, esse velho era tão irritante quanto esperto, e essa voz debochada dele só me dá vontade de arrancar a cabeça dele. Abri a boca pra negar mas algo me veio em mente.
- Não deve ter conhecimento de tudo, vovô. - Escutei o resmungo do mais velho como uma ordem para continuar - Toji Zenin.
- O que esse bastardo tem haver com isso?
- O bastardo quase matou Satoru Gojo, algo que muitos nunca conseguiram chegar perto. Ele matou o receptáculo de plasma estelar, o que é um problema. - Engoli em seco recebi um grunhido do homem - Eu não fui forte o bastante para detê-lo, preciso de mais conhecimento, você entende, não é?
- Conhecimento... - Ele murmurou - Você é a última Uchiha viva, além do seu tio, por anos tentei entender sua técnica, mas sempre que eu pensava já saber tudo ao respeito, você me mostrava algo novo.
- Por que está me dizendo isso agora?
- O que eu quero que você saiba, é que... aprenda, aprimore sua Kekkei Genkai e seja ainda mais forte. - Naobito continua - Mas nunca se esqueça de que você também é uma Zenin.
Franziu a testa com a fala do mais velho. Durante todos os anos que ela viveu junto do clã de sua mãe, todos os velhos e anciãos do clã, inclusive seu tio Naoya, faziam questão de lembrá-la que ela não passava de uma Uchiha entre os Zenin, mas que seu poder os pertencia. Mesmo sendo uma mulher, seu talento não era de se jogar fora, além de ter o sangue do líder do clã correndo em suas veias.
A lembravam das responsabilidades e obrigações que possuía com o clã, e como deveria os fazer evoluir ainda mais com seu poder desconhecido por eles. Como um objeto, que poderiam usar quando quisessem ou vissem utilidade para rebaixar os outros clãs de Xamãs.
Mas ser tratada como igual? Como uma verdadeira Zenin, parecendo não ter algum interesse no meio? Era a primeira vez.
- Então, passo lá amanhã para resolver as coisas. - Desliguei o celular sem esperar uma resposta.
Joguei meu celular do meu lado e suspirei olhando para o teto pegando no sono logo em seguida pelo cansaço.
...
As oito da manhã em ponto eu já estava pronta para voltar para o lugar onde nasci depois de tantos anos.
Sai do meu quarto e comecei a andar até a saída calmamente, desci as escadas e peguei o celular para chamar algum taxi ou algo do tipo que poderia me levar até o centro de Tóquio pelo menos. Não ter carteira de motorista e um carro é um saco.
Escutei um som a alguns metros de mim, e me virei vendo um carro preto se aproximar até ficar ao meu lado, o vidro é abaixado mostrando o Gojo com um sorriso idiota e seu óculos escuros na ponta do nariz.
- Vai a algum lugar?
- Como você sempre sabe onde estou? - Franzi a testa vendo a cara de despreocupada dele.
- Coincidência. - Ele deu de ombros - Entra aí, eu te levo.
- Você está me seguindo de novo, não é? - Levantei uma das minhas sobrancelhas - Lembra que eu te disse que isso era coisa de sociopata violento?
- Você quer a carona ou não? - Ele faz uma careta.
Entrei no carro e sento no banco do passageiro colocando o cinto de segurança e Satoru deu partida acelerando o carro.
- Pra onde você vai?
- Pra casa...
- Ah, sim. - Ele riu vendo a carranca de desgosto da Uchiha - Já entendi, vai visitar o vovôzinho e a família?
- Eu não quero nada com aquela gente... - Suspirei cruzando os braços me lembrando das palavras do líder do clã - Estou falando da minha verdadeira casa. Preciso de respostas.
- Tem haver com seus olhos? - Satoru olhou de relance para ela que franziu a testa - Foi só um palpite, você estava horrível ontem, parecia que tinha chorado sangue.
- Aquilo não foi nada agradável se você quer saber. Aconteceu quando... - Virei para o outro lado observando sairmos do subúrbio - Tem muita coisa sobre o Sharingan que você não sabe. E tem muitas outras coisas que eu mesma não sei. É um saco...
- É isso que você quer descobrir?
- Ontem, depois de algo que Toji me disse, me motivou a querer evoluir mais ainda. - Engoli em seco.
- Que coisa, ele também me disse algo, não sei se tem conhecimento disso. - Gojo diz se virando para olhar nos olhos negros curiosos da garota por um instante - Você é a única pessoa que tem envolvimento com os Zenin que eu confio.
- Fala logo.
- Ele falou que o filho dele seria vendido a sua família daqui a dois ou três anos, eu acho. - Ele arruma seus óculos e volta a olhar a garota que estava em choque.
- Como assim o Toji tem um filho?! - Exclamei surpresa - Por que eu não sabia disso? E a criança vai ser vendida aos Zenin? Isso é coisa do Naobito.
- É... acho que você não sabia. - Ele brinca vendo a cara de indignação dela - E pela sua cara, devo deduzir que vocês realmente já foram próximos.
- Ele... era diferente dos outros Zenin. - Murmurei e então não consegui segurar o sorriso travesso que se formou em meus lábios - Toji sempre foi imprevisível.
- Não entendi.
- Não é óbvio? - Sorri - Toji acabou de te entregar de bandeja uma carta contra os Zenin.
- É claro, posso não conhecer os Zenin como você, mas sei o quanto esse clã gosta de novos talentos.
- Eu não acredito... - Neguei com a cabeça com um sorriso divertido - Se Naobito quer essa criança, então ele deve possuir alguma técnica herdada, só pode ser isso.
- Pode ser... - Ele faz um bico - Mas isso é coisa para outra hora. O que você quer saber sobre seus olhos?
- Por que quer tanto saber? - Perguntei desmanchando o sorriso vendo ele dar de ombros e virei os rosto vendo passarmos pela cidade - Não te conheço muito bem, Gojo. Não sei sobre suas ambições ou objetivos que quer alcançar. Mas você sabe muito bem o que eu quero, e pra poder realizar, eu tenho que fazer por mim mesma, não tenho ninguém pra me ajudar.
Ele nada disse, apenas me olhou por um breve momento com uma feição pensativa.
Ficamos em silêncio até chegarmos na frente da grande casa tradicional japonesa onde a família Uchiha morava a gerações.
- Valeu pela carona.
- Posso ir junto?
- Não.
- Vai me largar na rua é isso? - Ele faz cara de cachorro sem dono - Sua sem coração.
- Ninguém está te obrigando a me esperar. - Ele continuou com feição tristonha e suspirei - Você vai embora se eu te disser que ainda posso ir sozinha?
- Não. - Levantei uma sobrancelha vendo o sorriso travesso dele.
- Tá, pode vir junto, seu idiota.
Ele saiu do carro com rapidez quase pulando de animação parando bem na entrada da antiga residência. Eu segurei a vontade de rir vendo a cena, mas parei quando observei o lugar. Meu corpo gelou quando meus pés pisaram naquele lugar.
Tantas memórias eram trazidas novamente enquanto andávamos até a casa principal, não estava tão ruim. Naobito providenciou uma reforma para o lugar já que pertencia a sua neta, e consequentemente, sua família também.
O jardim continuava da mesma forma que eu me lembrava, a mesma árvore antiga que sobreviveu ao incêndio permanecia no mesmo lugar, bem no meio do campo. E a grama estava verde e bem cuidada também.
- Essa é a primeira vez que eu venho pra cá depois daquela noite. - Murmurei vendo o Gojo prestar atenção em cada detalhe da residência Uchiha - Está do mesmo jeitinho que eu me lembrava.
- Então esse é o lugar onde você morava... - Satoru diz vendo o brilho incomum no olhar da garota.
- É... eu costumava brincar todas as tardes nesse jardim. - Sorri pequeno me lembrando das pegadinhas que meu avô me ensinava - Todos fazem muita falta.
- Gostaria de ter os conhecido também. - Ele diz descontraído chamando a total atenção da Uchiha - A forma que você fala deles, da a entender que eles foram boas pessoas.
Me virei para ele surpresa e deviei o olhar seguindo para dentro da casa. Satoru continuou em silêncio me seguindo pelo corredor até pararmos em uma porta dupla. Empurrei esta devagar e sorri vendo que não estava trancada, entrei e olhei ao redor tendo vista das estantes de madeira com alguns poucos livros e pergaminhos antigos sobre tudo do clã.
- Maneiro. - Ele susurrou com os lábios entreabertos.
- Naobito deixou a maioria aqui mesmo. - Murmurei com um grande sorriso - Já que nem todos eram úteis para ninguém, já que muitos estão escritos em uma língua antiga, a da minha família. Apenas um Uchiha pode ler. Fui ensinada desde cedo a interpretá-los.
- Isso é demais!
Marchei até uma gaveta e a abri pegando os poucos pergaminhos que restaram depois da noite do massacre. Os levei até a mesa redonda de madeira escura no meio da sala e comecei a ler as escrituras do meu avô Raijin com um sentimento de nostálgia. Até que um som de algo caindo chamou minha atenção.
- Gojo. - O repreendi vendo que ele tinha derrubado alguns livros e estava com uma carinha inocente no rosto - Você parece uma criança, não fica parado.
- O que você está lendo? - Ele colocou tudo devolta de todo jeito e correu até o meu lado observando os papéis.
- Às anotações do meu avô paterno. - Respondi lendo o título bem em cima do papel - Mangekyou sharingan...
- O que é isso? - Ele observa curioso - O quê está escrito?
- Aqui diz que que o Mangekyou sharingan é a evolução da Kekkei Genkai. - Continuei a ler - Trás todos os benefícios do Sharingan, mas com maior escala. Mas...
Um preço deve ser feito para despertá-lo, a dor de presenciar a perda de uma pessoa amada. Além de que, quando usado em excesso, danos podem ser causados à visão do usuário.
- Mas...?
- Mas nada. - Virei meu rosto fazendo nossos narizes se encostarem, minhas bochechas esquentaram e me afastei me virando para os pergaminhos novamente ignorando sorriso idiota do Gojo se formar - V-Vamos... tem muito mais o que pesquisar.
- Se você diz. - Ele colocou as mãos atrás da cabeça se divertindo com a situação.
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