
𝐓𝐇𝐈𝐑𝐓𝐘 𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀
Eu me sentia exausta. Fisicamente e mentalmente. Mesmo com tudo que estava acontecendo em minha vida, eu ainda tinha que cumprir com minhas obrigações de adulto. Cobri horários de outros funcionários na cafeteria, fiz as compras do mês e aproveitei para cuidar um pouco de mim, mesmo que naquele momento, parecesse a última coisa que eu teria de me preocupar. Mas a verdade é uma só. Se eu não tivesse um minuto pra respirar, eu era capaz de arrancar meus próprios cabelos de tanto nervosismo e ansiedade.
No momento, eu estou dentro do carro emprestado da mamãe, que eu pedi com muita relutância à ela para que eu pudesse ir ao mercado. Mesmo de nariz torcido, ela permitiu. Se nossa relação de antes era complicada, hoje parecia que não nos conhecíamos. A forma que eu me afastei da minha família e dos meus amigos numa busca de processar tudo que estava acontecendo era gritante. Ainda assim, ninguém tinha percebido que alguma coisa estava errada. Era melhor assim. Com a mente que carrego no momento, eu não suportaria alguém nas minhas costas me cobrando satisfação, não mesmo.
Eu falo com Hannah todos os dias. Pergunto se ela sente alguma dor, se precisa de alguma coisa e estou sempre oferecendo minha companhia, mas ela sempre bate na tecla que está bem. Obviamente fico preocupada. Eu não tinha ideia se ela já havia contado pra nossa mãe toda essa loucura. Confesso que isso me dá medo. Não imagino uma boa reação vindo dela, já que sempre foi muito rígida com nossa criação.
Paro o carro em frente ao meu prédio e saio do mesmo carregando algumas sacolas. Eu tinha conseguido fazer todas as compras e estava feliz. Céus, eu estou realmente velha. Lembro-me de soltar fogos quando tinha dinheiro o suficiente para comprar um combo de vodka de diversos sabores e agora estou aqui, quase pulando de alegria por ter o que comer no mês.
Caminho até a entrada do edifício com um pouco de dificuldade devido ao peso que carrego. Mas, antes que eu chegasse até a porta, sons de estalos da língua no céu da boca em desaprovação ecoaram em meus ouvidos. Eu franzo as sobrancelhas, olhando por cima do ombro quem estava se aproximando e logo arregalando os olhos.
— Uma princesa devia ter um mordomo ao seu dispor. — A voz de Dallas preenche meu coração. Eu sorrio.
Cameron se aproxima de mim, beijando meu rosto e pegando algumas das sacolas que eu carregava em um dos braços nas mãos. Tento negar sua ajuda, mas a expressão que ele me lança é o suficiente para levantar carta branca. Até porque, eu não recusaria nenhuma ajuda por capricho. Aquele peso estava mesmo doendo meus ossos.
Direciono meus passos até o elevador, cumprimentando o porteiro como sempre e logo espero o garoto alto se colocar ao meu lado. Aperto o número do meu andar de forma desajeitada e assim que as portas metálicas se fecham, eu solto um suspiro de alívio.
— Muito obrigada. — O olho.
— Por que foi ao mercado sozinha? Poderia ter me telefonado para te ajudar. — Soa como um sermão. Eu rio fraco e nego com a cabeça.
— Porque eu já sou adulta, Cam. Preciso saber me virar sozinha. — Ele faz uma careta e levanta suas mãos, mesmo carregando todo aquele peso. Não pude ignorar seus braços fortes marcados na camiseta.
Não demora para que o elevador volte à se abrir ao chegar no meu andar. Ando até a minha porta e retiro minhas chaves do bolso, destrancando a mesma e adentrando o meu apartamento junto de Cameron. Deixo as compras no chão da cozinha e ele logo faz o mesmo. Suspiro, amarrando meus cabelos num coque alto e mais uma vez, sorrindo ao lhe olhar.
— Obrigada, de novo. — Ele nega com a cabeça.
— Está tudo bem.
Passo a língua nos meus lábios e me agacho, abrindo uma das sacolas e tirando alguns produtos de lá de dentro.
— Por que você veio? — Pergunto.
Ele demora um pouco pra responder. Consigo escutar sua expiração e ao me levantar com duas caixas de leite na mão, ver seu corpo encostado na parede.
— Eu fiquei sabendo das suas paradas com o Nathan e a Hannah. — Suas palavras congelam meu corpo por um segundo e me fazem suspirar.
Guardo os alimentos na geladeira, logo me agachando novamente para pegar os outros.
— As notícias correm rápido por aqui. — Ponho os outros pacotes em cima da bancada para preparar o futuro almoço.
— Como você tá? — Ele cruza os braços. Seu semblante contém preocupação, o que me faz rir pelo nariz.
— Cuidando da minha irmã. — Observo Cameron abaixar e tirar o resto das compras de dentro das sacolas, provavelmente para me ajudar a guardar tudo.
— Você e o Nate não estão mesmo bem? — Questiona, colocando alguns dos produtos em cima da bancada e outros guardando na geladeira.
Pego alguns dos pacotes e reúno em um só canto, que seria os ingredientes para a macarronada que faria. Novamente, eu respiro fundo. Aquele assunto ressurgia como um fantasma, pronto pra me atormentar à cada segundo.
— O que ele falou pra você? — O olho, o vendo fechar a geladeira depois de guardar tudo.
— Nada. Estávamos todos no estúdio, e Sammy percebeu que ele estava quieto, o que não é muito normal entre os caras — Ele se aproximou de mim com os braços cruzados. — Ele tocou no assunto, mas não disse nada demais.
Chacoalho os ombros, pegando uma panela e enchendo a mesma de água, colocando a mesma para ferver no fogo logo após.
— Estou tentando esquecer desse assunto por pelo menos alguns minutos, você pode me ajudar com isso? — Praticamente suplico.
Cameron me encara em silêncio e logo sorri, acenando com a cabeça. Eu envolvo meus braços ao seu redor, o apertando contra mim e procurando em seu peito, o conforto que eu tanto precisava. Era ótimo não estar sozinha em momentos como esses. Não que eu tivesse problemas com a solidão, mas eu definitivamente sentia que era capaz de bater a minha cabeça na parede se continuasse pensando sem parar.
Fecho meus olhos ao sentir o contato dos dedos de Dallas em meus cabelos num cafuné gostoso. Logo, ele beija o topo da minha testa e segura meus ombros, encarando meus olhos com um meio sorriso reconfortante.
— Quer ajuda no almoço? — Ergo a sobrancelha.
— Está se convidando para almoçar na minha casa, garotinho? — Ele levantou suas mãos pro ar e eu dei uma gargalhada.
Ao contrário do que pensei logo quando abri os olhos pela manhã, meu dia tinha sido incrível. O almoço foi tranquilo, Cameron conseguiu me arrancar bons risos e sorrisos e eu me senti mais do que bem com sua presença. Aquela casa estava precisando de uma boa energia depois dos últimos acontecimentos e eu sabia que não tinha ninguém melhor para me levar ao alto astral como Dallas. Ele conseguiu diminuir a tensão daquela viagem e a do meu dia também.
Percebo quanto tempo se passou quando olho para as horas no meu celular, notando que marcava seis e meia. Naquele momento, eu estava deitada sobre o peito de Cameron, com balde de pipoca entre nós e estávamos no sofá, assistindo mais um episódio da série favorita dele, Breaking Bad. Confesso que não é o meu estilo favorito, mas o brilho nos seus olhos ao me implorar para assistir com ele, foi impossível de negar. Meu coração é feito de manteiga.
— Acho que vou embora. — Ele diz, se ajeitando e eu o encaro.
— Por que?
— Não sei, está tarde. — Ele ergue o braço, vendo as horas em seu relógio de pulso. — Já te incomodei demais por hoje.
Eu mordi meus lábios inferiores naturalmente e quando ele ameaçou levantar, eu coloquei a mão em sua coxa, o impedindo de mover mais qualquer músculo. Os olhos de Cameron que estavam em um ponto perdido, agora se encontram com os meus e ele franze a testa levemente.
— Não quero que vá embora.
A expressão confusa dele se esvai. Permito continuar encarando seus olhos fixamente, sem fazer qualquer movimento. Então, após alguns segundos fitando seus olhos castanhos fixamente, os dedos largos e macios de Cameron puxam meu rosto para o dele, colando nossos lábios instantaneamente. Levo minha mão sobre a dele, arranhando levemente o dorso da mesma e não ousando separar qualquer centímetro.
Seu beijo é lento e tem muito carinho. Ali, ele consegue me transmitir a calmaria que eu estava à procura. Eu já não estou mais tão aflita. Por isso, não penso duas vezes antes de pular pro seu colo para aprofundar ainda mais aquele momento. Suas mãos vão de encontro com a minha nuca, onde ele retira meus cabelos que estavam ali e passa a ponta dos seus dedos pela área. Eu suspiro, vendo que meu corpo se arrepiou por completo. Logo, minha camisa larga não estava mais no meu corpo e se encontrava perdida pelo chão da sala. Minha tensão, nervosismo e dor de cabeça voaram pelos ares, juntos com as nossas roupas e os gemidos que ecoaram pelo apartamento.
Cameron conseguiu arrancar minhas vestes, suspiros e gemidos por mais. Também tirou o peso de concreto que eu sentia carregar nas costas. Mas ainda assim, o mais importante de tudo, eu sabia que nem mesmo uma lavagem cerebral seria capaz de puxar de volta.
Maldito Nathan.
⚡️
feliz ano novo vidinhas lindas
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro