𝐒𝐄𝐕𝐄𝐍𝐓𝐄𝐄𝐍 ⚡️ 𝐁𝐄𝐋𝐋𝐀
Estico todo o meu corpo e escuto minhas costelas estalarem. Logo amarro meus cabelos em um coque alto e ponho mais um dos meus incontáveis biquínis que trouxe. Calço meus chinelos e não me preocupo em colocar uma roupa, já que eu sou literalmente a única pessoa acordada da casa.
Deve ser umas cinco e meia da manhã. Está amanhecendo e o céu possuí uma coloração rosada. Ontem à noite, todos foram pra um barzinho do centro e eu também fui, porém, optei por não beber nada. Resultado? Minha madrugada inteira foi resumida em cuidar de gente bêbada e colocar a maioria pra dormir. Uma dessas pessoas era a minha irmã. Nesse momento ela devia estar completamente apagada em sua cama. Depois disso, não consegui pregar os olhos. Cansei de lutar para conseguir pelo menos cochilar e optei em ir até a praia ver o nascer do sol. É um dos programas que eu tinha anotado para fazer quando chegasse aqui.
Desço as escadas e seguro a risada ao ver Gilinsky e Johnson apagados na sala. Um no chão e o outro hibernando no sofá. Céus, esse pessoal vive mesmo a vida até o último segundo. Ou devo dizer o álcool?
Sem fazer barulho, vou até a cozinha e pego uma maçã da fruteira, na qual dou uma mordida e logo volto à caminhar pra fora da casa. Atravesso a rua e imediatamente até à areia, vidro meus olhos no céu. Não me impeço de sorrir como criança. Realmente, há coisas sem explicação. Deus é bom o tempo todo.
Termino de devorar minha fruta e jogo a mesma numa lata de lixo pública que avisto. Logo, tiro meus chinelos e fecho os olhos ao sentir a areia entrando em contato com meus pés. Imediatamente eu abro os braços e gargalho quando o vento bagunça meus cabelos. Eu devo ter mesmo uma alma avoada. Me sinto no paraíso. Estou feliz, feliz demais.
Toco todo o meu corpo e bufo em frustração ao lembrar que deixei o celular no quarto. Óbvio que prefiro aproveitar o momento, mas também queria registrar. Não é sempre que estou tão à vontade em um lugar tão bonito. Se possível, faria até mesmo um cartão postal.
— Quer que eu tire uma foto sua? — Uma voz familiar me faz pular devido ao susto. Escutando sua risadinha, eu reviro os olhos.
— Não devia estar dormindo? — Cruzo meus braços. — Você foi pro bar ontem.
— Você também foi. — Nate dá alguns passos à frente e logo percebo o objeto em suas mãos quando ele finca o mesmo na areia.
— É diferente. Eu não bebi. — Ele ri.
— Eu sei que você gosta de bancar a heroína.
Reviro meus olhos e volto à encarar o céu e o mar. Mesmo sem fita-lo, sei que ele está se aquecendo e provavelmente dentro de minutos estaria em cima daquele prancha no mar. Franzo a testa. É até estranho, pois a praia está literalmente vazia. Não sabia que ele gostava de surfar só.
— Pensei que surfava apenas com os meninos. — Deixo escapar. Ainda se aquecendo, ele me olha.
— Eu surfo — Volta à encarar o oceano. — Mas todo mundo precisa de um tempo sozinho, certo?
Sorrio levemente e concordo. O silêncio predomina novamente o único som possível são dos passarinhos cantarolando e as ondas quebrando quando chegam até a areia. Coloco minhas mãos atrás do corpo e mais uma vez, fecho meus olhos ao ser atingida pela brisa leve do mar. Provavelmente estou sorrindo feito besta.
— Ei — Nate me chama.
— Sim?
— Quer tentar? — Abro meus olhos pra olha-lo. Ele aponta pra sua prancha e eu arregalo os olhos.
— Enlouqueceu? Vou morrer afogada. — Um sorriso nasce no canto da sua boca. Ele me encara por alguns segundos.
— Nunca vai saber se não tentar.
Mordo o interior da bochecha e penso um pouco. Realmente, só estaremos aqui durante algumas semanas e logo eu estaria de volta pra minha rotina deplorável que é trabalhar atrás daquele balcão e enfrentar comentários desagradáveis todos os dias. Não iria pra um lugar assim tão cedo novamente. Então, essa é uma oportunidade única. Obviamente, possa ser que alguém queira me ensinar à surfar um dia, mas não será aqui, nem nessa mesma hora e muito menos com essa vista.
Nem mesmo com Nate.
— Tudo bem. — Ele sorri animado.
— Precisa se aquecer primeiro.
Ele logo começa à se aquecer como estava fazendo e eu copio seus movimentos. Pelo fato de eu não ter dormido e ter passado a maior parte da noite em pé, meu corpo dói. Porém isso não é o suficiente pra me fazer desistir. Então, logo que acabo de me aquecer, eu retiro minha saída de praia e a deixo no chão em cima dos meus chinelos. Finjo que não noto os olhos de Nate passeando pelo meu corpo.
Ele está da mesma forma que eu, apenas com roupa de banho. Seguro minhas pontas para não fazer o mesmo e secar seu corpo e logo estamos correndo em direção ao mar. Quando paro pra prestar atenção, estou sentada em sua prancha e ele está apoiada na mesma, me olhando atentamente.
— Você precisa remar até um pouco mais fundo, quando a onda perfeita se aproximar você vai saber. Depois, é só você equilibrar o peso do próprio corpo e quando estiver na onda, agachar levemente e sustentar os pés na prancha. Caso o contrário, você vai levar um belo de um caixote.
Balanço a cabeça só com o pensamento de me afogar, então faço o que Nate mandou. Remo até um pouco mais longe e ele me acompanha. Não demora muito para eu avistar uma onda se aproximando e eu respiro fundo. Peito estufado e cabeça erguida. Me ponho de pé na prancha e assim que a onda chega até mim, é questão de segundos para eu estar debaixo d'água depois de ser brutalmente jogada de cima da prancha. Volto pra superfície tossindo e ajeitando os cabelos. Os efeitos sonoros são o som de outras ondas e as gargalhadas altas de Nathan. Meu Deus, eu joguei pedra na cruz.
— Eu odeio você por me fazer passar por isso. — Digo entredentes. Ainda assim ele continua gargalhando.
Nós voltamos para a parte mais rasa e ele senta em sua prancha assim como eu estava. Bate com sua mão na parte da frente e eu entendo o recado, me sentando ali e logo fixando meus olhos no céu novamente. A cor rosada estava sumindo e o sol já se permitia aparecer para iluminar toda a cidade. Mas, ainda assim, o clima de nascer do sol predominava.
Volto meus olhos pro cara à minha frente e percebo que ele já está me encarando. Eu sorrio e pego em sua mão, entrelaçando nossos dedos com ternura.
— Estava com saudades de me divertir assim com você. — Admito.
Ele passa a língua pelos lábios e me puxa pela mão, fazendo com que eu sente ainda mais próxima dele e que nossos rostos estivessem à milímetros de distância.
Seus dedos passam pelos meus cabelos molhados e logo ele pega em meu pescoço. Nate cola sua testa com a minha e eu posso sentir sua respiração bater contra meu rosto. Estou petrificada. Sinto vontade de sair dali o mais rápido possível e impedir que ele avance ainda mais, mas o outro lado meu cérebro só implora que ele acabe com aquela distância.
Naquele momento, não consigo pensar em nada. Nem em Hannah, nem em como o comportamento dele estava me irritando nas últimas semanas e até mesmo ignorar o fato de que ele provavelmente tinha tirado a virgindade da minha irmã. Tudo parece completamente perder sua importância e não significar nada.
Mas ainda sim, significava.
— Acho melhor a gente voltar. — Digo, fazendo ele encarar meus olhos. Afasto nossos rostos e umedeço os lábios. — Daqui à pouco todo mundo acorda e sairemos pra outro lugar. Precisa estar no quarto quando a Hannah despertar.
Nate sustenta seu olhar no meu por algum tempo e posso ver sua expressão mudando. Agora ele parece irritado. Suspiro e desço de sua prancha, nadando até a areia e não me preocupando em olhar pra trás. Eu sabia que se o encarasse por tempo demais, eu esqueceria absolutamente de qualquer princípio. Não podia permitir, de forma alguma.
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que dia difícil pra ser bellate shipper
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