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(007) ★・𝐅𝐑𝐄𝐄𝐃𝐎𝐌 𝐀𝐒 𝐀 𝐃𝐈𝐋𝐄𝐌𝐌𝐀

𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝒔𝒆𝒕𝒆: 𝐿𝒾𝒷𝑒𝓇𝒹𝒶𝒹𝑒 𝒸𝑜𝓂𝑜 𝒹𝒾𝓁𝑒𝓂𝒶

       NINA INCLINOU A CABEÇA LEVEMENTE, os olhos analisando Milla de cima a baixo. Um sorriso frio apareceu no canto dos seus lábios, algo entre compaixão e desprezo.

— Então, a minha querida irmãzinha sobreviveu afinal. — A voz dela era baixa, mas carregava uma intensidade afiada, como uma lâmina encostada na pele. — Quanta resistência, Milla. Estou impressionada.

Milla tentou sentar-se, mas o soro no braço e a exaustão a deixavam fraca. A mente dela girava, em um turbilhão de sentimentos – surpresa, medo, uma ponta de esperança e algo amargo que ela não conseguia nomear.

Tentou entender o motivo de Nina estar ali, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, a irmã deu mais um passo fechando a distância entre as duas.

— Surpresa em me ver? — Nina perguntou, arqueando uma das sobrancelhas grossas, enquanto olhava Milla com uma expressão que beirava a curiosidade. — Achou que eu tinha desaparecido para sempre, não foi? Assim como todos os outros.

Milla engoliu em seco, sentindo o gosto metálico do medo. Era difícil associar aquela mulher à lembrança da irmã protetora que um dia conheceu. 

A voz de Nina agora estava impregnada de algo sinistro mas, ainda havia um tom de carinho, o que só tornava a situação mais inquietante.

— Você não entende, Milla, o que a Hydra realmente faz. O que nós podemos fazer. E por que tudo isso é necessário. — Nina estendeu a mão, tocando de leve o rosto da irmã, o gesto quase gentil, mas os dedos frios como gelo. — Eu pensei em você, sabia? Durante todos esses anos. Quando me mostraram o caminho certo, eu quis que você estivesse lá, ao meu lado, mas você foi fraca. Não quis ver a verdade.

Milla sentiu as lágrimas formigarem nos olhos, não de dor, mas de traição e desespero. O que a Hydra tinha feito com Nina? Aquela era a sua irmã, mas era também uma inimiga. A mistura de amor e ódio queimava como uma fogueira indomável.

— Nina... — Milla tentou falar, mas a voz falhou, cortada pelo nó na garganta.

Nina se abaixou, ficando de olhos nos olhos com ela. A expressão mudou de fria para um vislumbre de ternura, os dedos ainda tocando o rosto de Milla, como se estivesse avaliando sua fragilidade.

— Eu poderia te ajudar a ver, Milla. A entender que lutar contra isso é inútil. A Hydra é o futuro. Juntas, poderíamos ser imparáveis, como éramos antes... — A voz dela abaixou, mais suave, carregada de uma falsa promessa de segurança. — Você só precisa confiar em mim, como fazia antes.

Milla respirou com dificuldade, as palavras se emaranhando na garganta enquanto buscava força para formular a pergunta que pesava sobre seu peito.

— Por que... — A voz dela saiu rouca, trêmula como uma folha ao vento. — Por que você quer me ajudar? Achei que me odiasse.

Nina permaneceu em silêncio por um momento que pareceu se estender além do tempo, os olhos escuros avaliando cada expressão de Milla com uma intensidade cortante. Então, um sorriso gélido apareceu em seus lábios, carregado de uma ironia amarga.

— E tenho motivos para odiar, não tenho? — Nina inclinou a cabeça, as sobrancelhas grossas se arqueando enquanto o rosto assumia um misto de acusação e compaixão. — Afinal, foi você, Milla. Foi você quem entregou nosso pai, quem permitiu que ele fosse arrastado e destruído pela S.H.I.E.L.D. — As palavras dela cortaram como navalhas, escavando as feridas já abertas de Milla, que sentiu o amargor arder nas veias como veneno destilado.

Milla fechou os olhos, tentando fugir da verdade crua que se infiltrava em cada poro, revivendo a culpa que ela havia enterrado sob camadas de dor e negação. Mas as palavras de Nina se alojaram fundo, impossíveis de ignorar.

— Mas... — A voz de Nina mudou, um tom sedutor e manipulativo emergindo enquanto ela se aproximava mais, os dedos ainda frios tocando o rosto de Milla como uma lembrança fantasmagórica de afeto. — No fim, somos irmãs, Milla. E irmãs... — ela sorriu com um quê de morbidez — cuidam uma da outra.

A mais nova respirou fundo, sentindo o peso sufocante das palavras de Nina ecoarem em sua mente. O instinto de sobrevivência e o desejo ardente de vingança se entrelaçaram dentro dela, criando uma máscara que precisaria usar.

Por mais que o gosto amargo da manipulação fosse nauseante, ela sabia o que precisava fazer. Se mostrar vulnerável, aceitar a mão estendida com fingida gratidão — era sua chance.

— Tem razão, Nina — ela disse, com uma hesitação calculada que simulava sinceridade. Os olhos de Milla se encheram de lágrimas não inteiramente falsas, mas cuidadosamente controladas. — Por mais que as coisas tenham sido difíceis, somos irmãs. E... sinto muito. Sinto muito por tudo.

A expressão de Nina suavizou por um instante, ou pelo menos parecia. 

O rosto que tanto lembrava o dela mesma, mas mais envelhecido, com os traços duros que os anos e a lealdade à HYDRA haviam moldado, era um misto de severidade e um breve lampejo de emoção. 

Milla prendeu a respiração, rezando internamente para que seu ato fosse convincente o suficiente.

Nina soltou um suspiro, inclinando-se um pouco mais para perto, a voz doce e melíflua.

— Eu sei que sente, Milla. Por isso estou aqui, para que possamos encontrar um caminho juntas. — Ela tocou de leve o braço de Milla, um gesto que deveria parecer reconfortante, mas que carregava um frio cortante. — Mas para isso, preciso que confie em mim. Preciso que faça o que eu disser.

Milla assentiu, oscilando entre um medo real e a determinação de manter a farsa. Por dentro, cada célula gritava pela oportunidade de revidar, de transformar aquela submissão aparente em uma revolta que apagaria a sombra da HYDRA de uma vez por todas.

Ela, com sua experiência na SHIELD e os resquícios de treinamento que havia compartilhado com espiões de renome como Natasha Romanoff, sabia que a arte da manipulação era uma dança sutil entre verdade e mentira. 

Mesmo com a dor lancinante percorrendo cada fibra de seu corpo, ela projetou uma fragilidade convincente. A voz trêmula, o olhar vacilante – tudo meticulosamente calculado.

— Sim, Nina... — sussurrou Milla, os olhos arregalados de súplica enquanto deixava a voz falhar levemente. — Por favor, não me deixe mais sofrer assim. Não deixe que eles me machuquem de novo.

A resposta foi pontuada por um soluço engasgado e Milla observou atentamente a reação de Nina. Ela sabia que precisava caminhar na linha tênue entre a súplica genuína e a rendição falsa.

Seus anos de convivência com Natasha haviam lhe ensinado que ser uma boa espiã não significava apenas lutar ou atirar com precisão, mas sim incorporar uma personagem, viver uma mentira tão autêntica que até o mais perspicaz dos observadores poderia acreditar.

Nina, com o rosto endurecido, observava Milla de cima, a sombra de uma emoção indistinta cruzando seus olhos. 

Hoouve um breve silêncio, tenso como um fio esticado prestes a se romper. Milla manteve a pose, a respiração entrecortada e os músculos tensionados em uma mistura de vulnerabilidade e determinação.

— Não vou deixar, Milla — respondeu Nina finalmente, em uma voz que soava como uma promessa e uma ameaça ao mesmo tempo. Ela se aproximou com a mão fria repousando no ombro da irmã, um gesto que à primeira vista parecia protetor mas que na verdade carregava o peso do controle.

Milla abaixou os olhos, escondendo o brilho feroz que ameaçava transparecer. Ela sabia que seu jogo tinha começado e tudo dependeria de quão bem conseguiria manter a máscara até o momento certo de agir.

Na HYDRA, a hierarquia se erguia como uma cadeia alimentar crua, onde a submissão era não apenas esperada, mas exigida com a ferocidade de uma fera insaciável.

Cada um sabia seu lugar, sufocado por um ciclo de obediência forçada, onde o poder subjugava o fraco e o fraco se apegava ao medo como único companheiro. 

O som dos passos ecoou friamente no corredor, trazendo com ele a conhecida sensação de inquietação. Pietro sentiu os batimentos cardíacos acelerarem quando a tranca da porta girou com um estalo metálico.  

A luz ofuscante da sala ao lado iluminou os contornos duros dos guardas que, sem uma palavra, o agarraram pelos braços e o forçaram a sair da cela. Não havia piedade em seus olhos, apenas o vazio de quem se acostumou à submissão e à brutalidade.

O chão frio sob os pés descalços de Pietro intensificava o desconforto, mas ele manteve a expressão impassível, mesmo quando os dedos se cravaram em seus braços com uma pressão que quase quebrava a pele. 

As  portas se fechavam uma a uma atrás dele, como se selassem cada chance de fuga. O destino, familiar e temido, o esperava na sala de exames, onde a agonia disfarçada de ciência o aguardava para mais uma rodada de testes.

A cela para a qual Pietro fora levado não passava de um cubículo de vidro hermético, onde a transparência fazia o ambiente parecer ainda mais claustrofóbico. 

As paredes eram impecavelmente limpas, quase cintilantes sob a luz branca e fria que piscava em intervalos intermitentes, criando sombras dançantes nos cantos. O ar era impregnado de um odor antisséptico, o cheiro penetrante de produtos químicos usados para esterilização, que agredia as narinas e conferia uma sensação opressiva e artificial de pureza.

Do outro lado do vidro, figuras mascaradas observavam, cada gesto e reação registradas meticulosamente. 

Pietro, sentado na cadeira de aço rígida, respondeu às perguntas de rotina com um tédio quase desdenhoso, a voz carregada de um sarcasmo seco. Os questionários eram sempre os mesmos: dor? Fadiga? Alterações percebidas na habilidade de locomoção? Ele respondia de forma automática, sem se importar em mascarar a irritação.

— Alguma nova anomalia desde o último teste? — a voz metálica soou através do alto-falante embutido na parede.

— Além do tédio mortal? Não. — respondeu Pietro, encarando o observador do outro lado com um olhar que desafiava silenciosamente a autoridade contida ali.

— E a velocidade? Alguma alteração na aceleração ou no tempo? — perguntou outra voz, neutra e impessoal, quase robótica.

Pietro ergueu uma sobrancelha, um meio sorriso desdenhoso surgindo em seu rosto.

— Bom, se vocês me deixassem correr por aí em vez de me trancarem num aquário, talvez eu pudesse dizer. Que tal uma maratona para testar?

Houve um silêncio do outro lado, seguido por um farfalhar de papéis e murmúrios abafados. Os homens não responderam. Em vez disso, lançaram um último olhar inquisidor a Pietro antes de saírem, a porta se fechando com um chiado agudo e a tranca automática emitindo um clique metálico e definitivo.

Com um suspiro exasperado, Pietro inclinou a cabeça para o lado, os olhos percorrendo o espaço minúsculo. Foi então que notou, através das paredes de vidro, outras duas celas que costumavam estar vazias. Hoje porém havia ocupantes em ambas.

Na cela à direita, um homem de estatura robusta e porte militar estava acordado, com olhos que pareciam pesar uma tonelada. A expressão dele era séria e o rosto marcado por uma espécies de cicatrizes. Implantes metálicos brilhavam à luz fria da sala, um lembrete do que quer que tivessem feito com ele. 

O olhar do homem encontrou o de Pietro por um breve momento, um relance de compreensão ou desafio, era difícil dizer.

Na outra cela, outro prisioneiro, de cabelos loiros e bagunçados, estava desacordado. A respiração era irregular, quase como um sussurro tenso e sua pele estava pálida, marcada por hematomas esmaecidos. Ele parecia jovem, porém exausto, como se carregasse um fardo muito além de seus anos.

Pietro sentiu um arrepio percorrer a espinha. Não estava sozinho naquela prisão de vidro, mas a companhia não trazia nenhum conforto.

Pietro pigarreou, o som áspero ecoando pelas paredes esterilizadas. Fazia tanto tempo que não via ninguém além dos agentes da Hydra e sua única comunicação era com Milla, a voz dela que, apesar da distância, parecia sempre presente. 

Ele olhou novamente para o homem na cela ao lado, o brilho metálico dos implantes ressaltando sua aparência quase inumana.

— Ei. — arriscou Pietro, a voz rouca e carregada pelo sotaque sokoviano. O homem ergueu o olhar, os olhos dele eram duros como granito, porém curiosos. 

— O que é esse lugar? — perguntou o estranho, a voz grave com um toque de desespero controlado.

O Maximoff piscou, surpreso. Aquele homem não sabia onde estava. Uma faísca de pena cruzou a mente de Pietro antes de ser substituída pela realidade crua.

— É a Hydra. — respondeu Pietro com um tom seco, quase mordaz. O homem soltou uma risada amarga e sem humor que ecoou pelas paredes de vidro. 

— Hydra. É claro. — murmurou, um brilho de desprezo nos olhos. — Devia ter imaginado. Malditos filhos da puta.

Pietro observou o homem amaldiçoar com um misto de reconhecimento e frustração. Era óbvio que ele já ouvira falar da Hydra e a raiva em sua voz indicava que não era a primeira vez que cruzava caminhos com a organização sombria.

— Qual é o seu nome? — perguntou Pietro, inclinando-se o máximo que podia na direção da cela ao lado.

O homem respirou fundo, como se estivesse pesando a decisão de responder. 

— Mike Peterson. — Sua voz soava pesada e firme.

— E ele? — Pietro acenou levemente com a cabeça, os olhos se voltando para a outra cela, onde o outro homem permanecia desacordado

— Não faço ideia. Cheguei aqui junto com ele, mas não nos deram tempo para apresentações. — Enquanto falava Mike deu de ombros, sem parecer ter muita certeza. Pietro manteve o olhar atento enquanto o seu cérebro trabalhava rapidamente. 

— O que mais você sabe sobre a Hydra? — A pergunta saiu como um desafio, mas também uma súplica por informações.

Mike franziu a testa e após um momento de hesitação, respondeu: 

— Sei que Baron Strucker está liderando uma série de experimentos. Ele quer criar algo mais... poderoso. Ele está aperfeiçoando humanos, brincando com eles. A S.H.I.E.L.D. está tentando impedir. — Seus olhos escureceram com a lembrança.

— Você trabalha para a S.H.I.E.L.D.? — Pietro perguntou, sentindo o coração acelerar. Milla tinha mencionado a S.H.I.E.L.D. antes, seu passado nebuloso entrelaçado com a organização.

Mike Peterson observava as paredes de vidro ao seu redor, o olhar carregado de incerteza e desconfiança. A cela era pequena, fria, o cheiro de esterilizante impregnando o ar de uma forma que fazia sua respiração parecer pesada. Pietra, do outro lado, pigarreou, quebrando o silêncio incômodo.

— Sim, já trabalhei para SHIELD. E também já estive nas mãos da Hydra.

— Você já esteve nas mãos deles antes? — repetiu Pietro, tentando decifrar as cicatrizes de Mike, tanto as visíveis quanto as invisíveis.

Mike assentiu devagar.

— Sim e agora estou de volta. — respondeu com um olhar amargurado.

— Você conhece Milla Ivanov? — Pietro continuou, a intensidade em sua voz arrancando uma expressão de surpresa de Mike. — Cabelos pretos, voz que soa como... como se sorrisse, mesmo nas piores horas.

O olhar de Mike ficou ainda mais confuso, tentando entender o que aquela obsessão significava.

— Não, nunca ouvi esse nome. — Ele franziu a testa, avaliando Pietro com desconfiança. — Trabalhei com a S.H.I.E.L.D., mas minha equipe era outra.

O coração de Pietro apertou, a esperança se esvaindo aos poucos, mas ele forçou um sorriso.

— Entendo. — Sua voz falhou, a lembrança dela ainda o embalando, ainda que o silêncio voltasse a reinar no cubículo estéril.

 Antes que pudesse formular uma nova pergunta, um som suave, quase imperceptível, o fez virar a cabeça. 

Na cela ao lado, o outro prisioneiro, um homem mais jovem de cabelos desordenados, começava a despertar. Seus olhos se abriram lentamente, embaçados e confusos, enquanto um leve tremor percorria seu corpo.

— Finalmente acordado — murmurou Pietro, tentando disfarçar a surpresa em seu tom.

O homem piscou várias vezes, os lábios entreabertos em um gesto de desorientação. Então, um brilho inesperado percorreu seus dedos, faíscas azuladas que dançavam como pequenas estrelas elétricas.

— Onde... onde estamos? — A voz dele era áspera, como se não fosse usada há dias, e ele franziu a testa em um esforço para se lembrar.

— Você está na Hydra. — respondeu Maximoff. — E eles não costumam ser gentis com visitas.

Ele soltou um suspiro trêmulo, as faíscas se intensificando por um momento antes de desaparecerem de sua pele. Ele tentou se levantar mas as pernas ainda não obedeciam completamente. Seus olhos varreram a sala, pousando em Pietro e depois em Mike.

— Hydra... Então eles conseguiram me pegar. — Ele deu uma risada seca, sem humor, enquanto tentava processar o caos em sua mente.

Pietro inclinou-se para mais perto da divisória de vidro, os olhos azuis reluzindo de curiosidade e inquietação.

— E você? Quem é você? — perguntou Pietro, com o sotaque sokoviano acentuando cada palavra.

— Lincoln... Lincoln Campbell. — A resposta saiu sem força, mas sua mente parecia, aos poucos, começar a encaixar as peças. Ele olhou para Mike com reconhecimento. — Já... já te vi antes.

Mike assentiu lentamente, ainda cauteloso.

— Sim, lutamos do mesmo lado uma vez. Mas agora, parece que todos nós estamos à mercê desses desgraçados.

Pietro desviou o olhar para o chão, sentindo um peso familiar e sombrio se instalar em seu peito. Ele se lembrou de Milla, da voz dela que agora parecia uma memória distante.

— Parece que estamos todos no mesmo barco agora. — murmurou, quase para si mesmo, antes de levantar a cabeça e encarar Lincoln com uma intensidade nova.

— Alguém vai vir nos buscar. — disse Lincoln, a voz ainda rouca, mas com uma determinação renovada. As faíscas nos dedos se intensificaram brevemente, como se confirmassem suas palavras.

O Maximoff soltou uma risada curta e debochada, o som ecoando nas paredes de vidro do cubículo esterilizado.

— Ah, claro. E quem seria o maluco a se meter num ninho de cobras da Hydra? — Ele ergueu uma sobrancelha com o tom carregado de ceticismo.

Lincoln inclinou a cabeça, o olhar permanecendo fixo em Pietro. Havia algo de indomável naquela expressão, uma fagulha de esperança que desafiava as paredes opressivas ao redor.

— Gordon. — respondeu Lincoln, sem hesitar. — Um inumano com a habilidade de se teletransportar. Se ele souber onde estamos, ele pode nos tirar daqui em um piscar de olhos.

O riso de Pietro se desfez imediatamente, substituído por um olhar mais atento. Ele se endireitou, se houvesse uma chance de sair, qualquer chance, ele precisava saber mais.

— Teletransportar? — perguntou Pietro, agora com uma centelha de interesse verdadeiro. — Então você não está falando de uma operação de resgate comum.

Lincoln manteve os olhos fixos em Pietro, a determinação crescendo em sua expressão enquanto falava.

— Gordon sempre consegue achar os outros Inumanos. — Ele parecia pensar alto, como se reafirmando para si mesmo tanto quanto para Pietro. — Quando ele souber onde estou, ele pode vir nos buscar a qualquer momento.

Pietro franziu a testa, confuso.

— Inumanos? O que diabos são... "Inumanos"? — Ele cruzou os braços, o tom de voz carregado de ceticismo, mas algo na postura de Lincoln fez com que Pietro prestasse mais atenção. Havia uma força contida nele, uma confiança quase palpável.

Lincoln deu um suspiro, visivelmente exausto, mas disposto a esclarecer.

— Os Inumanos são... pessoas que passaram por uma transformação. Uma espécie de evolução. Somos humanos, mas com habilidades além do comum. — Ele olhou para os próprios dedos, onde faíscas ainda tremeluziram brevemente antes de sumirem. — Algo despertou em nós, algo que nos torna diferentes e Gordon é um deles.

Pietro observou, agora mais intrigado. 

— E Gordon, ele... consegue sentir onde vocês estão? — perguntou, a voz levemente mais suave. — Como se fosse algum tipo de... radar?

Lincoln assentiu, os olhos iluminando-se com uma esperança nova.

— Mais ou menos isso. Gordon é capaz de rastrear outros Inumanos, especialmente quando estão em perigo. Se ele conseguir nos localizar, ele vai aparecer aqui num piscar de olhos para tirar a gente desse inferno.

Pietro ergueu as sobrancelhas, impressionado. Lincoln deu uma risada breve e amarga.

— A única coisa que pode complicar o plano é a S.H.I.E.L.D. Eles têm uma agenda própria e, em geral, não gostam quando Gordon nos resgata. Se eles nos rastrearem antes, podem tentar nos capturar ou interferir.

A menção da S.H.I.E.L.D. fez Pietro encarar Lincoln com uma mistura de ceticismo e expectativa. Antes que pudesse dizer algo, Mike interrompeu:

— Se Gordon vier, eu vou junto. — Ele olhou para Lincoln, e depois para Pietro, com firmeza. — Preciso voltar para a S.H.I.E.L.D.

Lincoln deu um leve aceno de aprovação e, em seguida, virou-se para Pietro, o semblante determinado.

— E você? — perguntou, a voz baixa e direta, o suficiente para desafiar qualquer desculpa que Pietro pudesse dar. — Vai vir conosco?

O Maximoff hesitou, o rosto assumindo uma expressão de conflito interno que ele tentou disfarçar. Claro que queria sair dali. 

A perspectiva de liberdade, de nunca mais ver aquelas celas opressivas e os olhos frios dos guardas da HYDRA, acendeu algo nele. Mas logo, como uma sombra, a imagem de Wanda veio à mente — e Milla, sua voz suave mas determinada, que sempre o mantinha focado nos momentos de desespero. Não poderia simplesmente deixá-las.

— Eu... — Pietro balançou a cabeça, tentando ganhar tempo, sentindo o peso de uma decisão que parecia esmagá-lo. — Não posso deixar minha irmã. Ela está em algum lugar desse maldito lugar. E tem Milla também. Não vou fugir e deixá-las para trás.

Lincoln o observou em silêncio por um momento, como se pesando as palavras antes de responder.

— Entendo, Pietro. Mas temos que considerar: você ficar aqui não garante que poderá ajudá-las. A HYDRA é perigosa e sair talvez seja sua única chance de um dia trazê-las também para fora. — Ele deu um suspiro pesado, seus próprios olhos refletindo o peso de decisões difíceis.

Mike assentiu, a expressão endurecida.

— Às vezes, a melhor maneira de ajudar quem está lá dentro é estando do lado de fora, com recursos e aliados. Pense nisso.

Pietro abaixou a cabeça, a decisão pesando sobre ele como uma pedra. E no silêncio incômodo que se seguiu, ele percebeu que embora sua lealdade à Wanda e agora à Milla fosse inabalável, a chance de lutar pela liberdade, ao lado de pessoas que entendiam o peso daquela prisão, era algo difícil de ignorar.

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