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(003) ★・𝐒𝐂𝐀𝐋𝐏𝐄𝐋

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐭𝐫𝐞̂𝐬: ℬ𝒾𝓈𝓉𝓊𝓇𝒾

           O FRIO HAVIA CONSUMIDO MILLA POR INTEIRO, arrastando-a para um lugar onde o tempo parecia não existir. Era como se as garras gélidas da morte a tivessem puxado para baixo, mergulhando-a em uma escuridão sem fim. No entanto, dentro dessa vastidão vazia, ecos de um passado há muito enterrado começaram a se formar, suaves como o som de folhas caindo no outono.

Ela via sua mãe, com os cabelos ruivos desgrenhados pelo vento, sorrindo enquanto apontava para o horizonte verde da Irlanda. "Olhe, Milla, as fadas estão dançando entre as colinas", ela dizia, os olhos brilhando com uma mistura de seriedade e brincadeira. Milla, pequena e fascinada, acreditava. Como não acreditar? As colinas eram vastas demais, o vento misterioso demais para não conter alguma mágica.

Mas o vento mudou, transformando-se em uma rajada cortante, varrendo aquele cenário tranquilo. A imagem desfez-se, e agora Milla estava em outro lugar — mais frio, mais escuro. Era a casa nos Estados Unidos, um lar que nunca pareceu realmente seu. A figura de Nina apareceu à sua frente, alta, severa. Nina nunca sorria como a mãe; seus olhos eram cheios de julgamento, sempre calculando, sempre distante. Milla lembrava da voz de Nina, fria como o gelo que agora a envolvia, dizendo que ela precisava ser forte, que precisava aprender a sobreviver.

"Se não sobreviver, não é ninguém"  Nina sussurrava em seu ouvido. Aquela lembrança do controle que sua irmã exercia sobre a vida delas retornava em rajadas, como facas cortando o ar.

O rosto de Sofia apareceu então, como um sussurro de bondade no meio do caos. A irmã mais velha, a protetora. O calor da sua presença era quase palpável, mas mesmo o sorriso suave de Sofia trazia dor. Milla lembrou-se da última vez que a viu, vestida para uma missão da SHIELD, com aquela expressão determinada que Sofia sempre usava para mascarar o medo. A morte de Sofia havia sido uma ferida aberta que nunca cicatrizou — uma culpa que Milla carregava como um fardo invisível. E ainda assim, ali estava ela, nos braços frios da escuridão, revivendo a presença de alguém que havia sido sua âncora.

Mas Sofia também começou a desaparecer, lentamente, como uma estrela que apaga sua luz. Milla tentou segurar sua imagem, tentou se agarrar ao calor que ela trazia, mas tudo que restava era a escuridão, tão espessa que ela sentia que poderia afogá-la.

A sensação de abandono se arrastou sobre ela como uma onda pesada, sufocando-a.

Ela queria gritar, mas o frio a impedia. Estava presa entre o ontem e o agora, entre a dor e o vazio. A realidade da Hydra, o presente, ainda estava distante o suficiente para ser ignorada, mas o gelo estava lá, e a sensação de que o tempo dela estava se esvaindo junto com suas memórias crescia cada vez mais forte.

O último fragmento que veio antes de tudo se dissolver foi o mais doloroso. A imagem de Sofia morta. Os olhos fechados, o corpo imóvel. E ao lado, a SHIELD. Ela se lembrava do rosto frio dos agentes, da frieza do protocolo. 

E então, como uma chama que apaga no vento, o último lampejo de calor sumiu. E a escuridão, completa e implacável, a tomou por inteiro.

Milla acordou de um sobressalto, ofegante, como se tivesse emergido de um pesadelo profundo e opressor. O ar gélido ainda invadia seus pulmões, mas o ambiente ao redor era diferente. Ela não estava mais na cela que conhecia tão bem — aquela prisão úmida, onde Pietro era sua única âncora. 

Agora, as paredes eram mais lisas, brancas e esterilizadas, como se tudo ao redor tivesse sido desenhado para eliminar qualquer traço de humanidade. Era uma sala fria, mas não o mesmo frio que a consumira antes. Esse era o frio da indiferença clínica.

Seu corpo estava pesado, dolorido. Quando tentou se mexer, sentiu a pressão de algo nos braços, nos pulsos, no peito. Olhando para baixo, viu fios e tubos conectados ao seu corpo, como se fosse uma máquina presa a outro sistema. 

Monitores ao seu lado piscavam e apitavam, acompanhando cada batida de seu coração acelerado, cada respiração superficial. As marcas em sua pele, os hematomas e as suturas recentes indicavam que algo havia sido feito enquanto estava desacordada

Tentou puxar os fios, mas o movimento a fez gritar de dor, como se cada músculo de seu corpo estivesse em chamas.

Foi então que as vozes chegaram até ela. Baixas e distantes, como se viessem de outro mundo. Cientistas, talvez, discutindo ao fundo com um distanciamento cruel, como se ela fosse apenas mais um experimento entre tantos outros.

— Os sinais vitais estão estáveis. A recuperação foi mais rápida do que o esperado, apesar da hipotermia.

— Perfeita para a próxima fase. Precisamos aumentar a intensidade dos testes.

As palavras atravessaram o ar, frias e calculadas, sem nenhuma consideração pelo que ela havia passado ou ainda passaria. Eles não se importavam. Para a Hydra, ela não era uma pessoa. Ela era um objeto, uma peça em seus planos maiores, algo a ser moldado e quebrado até que não restasse mais nada.

O primeiro homem tinha cabelos grisalhos, arrumados de forma impecavelmente elegante. Milla o reconheceu imediatamente — ele estava presente durante o primeiro teste ao qual fora submetida. Lembrava-se dele dizendo com frieza que "a ciência requeria experimentação." 

O crachá pendurado no jaleco branco reluzia o nome "D. Whitehall." Sua postura era calculada, quase clínica, como se cada movimento fosse parte de uma coreografia ensaiada.

Ao lado dele, o outro homem era mais jovem, com um sotaque russo forte que fez os pelos na nuca de Milla se eriçarem. Ele parecia menos à vontade, talvez mais impaciente, como se o tempo gasto na discussão fosse um obstáculo em vez de uma parte necessária do processo.

— Devemos avançar com mais cuidado. — disse o jovem, a voz grave, carregada de um nervosismo contido. — Ela quase não resistiu à última fase.

Whitehall, no entanto, não pareceu perturbado.

— Quanto mais ela resiste, mais valiosos os resultados.

O segundo homem, com o crachá que dizia "A. Smirnov," se inclinou para ajudar Milla a se levantar. Seus dedos tocaram o braço dela, mas o contato parecia uma chama ardente contra sua pele. Ela estremeceu, cada músculo protestando com dor, e seus olhos começaram a embaçar, dificultando até mesmo ler o nome em seu crachá. 

Ele, no entanto, permaneceu indiferente, como se não percebesse ou não se importasse com o sofrimento que causava.

— Você está sensível. — disse Smirnov, a voz vazia de qualquer empatia. — Mas vai passar.

Milla, confusa e cada vez mais tomada por uma mistura de dor e medo, tentou focar os olhos nele, sua garganta seca forçando as palavras para fora.

— O que... o que fizeram comigo?

Ele não respondeu imediatamente, os olhos frios observando-a por um momento antes de murmurar com uma leve impaciência.

— Apenas o necessário.

Milla tentou se concentrar, reunir tudo o que aprendeu durante seu treinamento. Sua mente ainda estava nublada pela dor e pelo cansaço, mas o instinto de sobrevivência a forçava a se mover. Seus olhos pousaram em um bisturi sobre uma bandeja de metal ao lado dela. Num movimento lento e trêmulo, ela estendeu a mão, seus dedos frios mal conseguindo segurar o objeto.

Ela agiu por impulso. Com toda a força que ainda tinha, ela avançou contra o homem, tentando enfiar o bisturi em seu pescoço. Mas seu corpo, fraco e mal recuperado do que quer que tivessem feito com ela, não a obedeceu. O golpe foi desajeitado e lento.

Smirnov a viu chegando. Com um movimento quase preguiçoso, ele pegou seu pulso e torceu, fazendo o bisturi cair de sua mão. Antes que ela pudesse sequer reagir, ele já havia tomado o controle da arma, cravando-a em seu braço com força. A dor foi imediata e devastadora, e um grito escapou de seus lábios, ecoando pelas paredes do laboratório.

Ela tentou se debater, mas ele era muito mais forte. Ele a arrastou pelos corredores frios, ignorando os gritos e os pés dela arranhando o chão. Milla sentia o sangue escorrendo pelo braço onde o bisturi ainda estava cravado, a dor cegando seus sentidos enquanto Smirnov a puxava, indiferente, como se fosse um objeto quebrado sendo transportado.

Tudo ao seu redor parecia um borrão, as paredes brancas e frias, o eco dos passos dele e sua própria respiração ofegante se misturando em uma cacofonia angustiante.

Smirnov a empurrou com força para dentro da sala estreita e Milla perdeu o equilíbrio, caindo com um baque surdo no chão duro. A dor foi instantânea, irradiando pela cabeça quando ela bateu com força, deixando-a momentaneamente atordoada. O gosto metálico de sangue surgiu em sua boca enquanto ela tentava recuperar os sentidos.

Com a respiração ofegante, ela se forçou a sentar, cada movimento parecendo um esforço sobre-humano. O bisturi ainda estava cravado em seu braço e a dor latejante pulsava em sua carne. Com um gemido sufocado, ela estendeu a mão trêmula para a lâmina, segurando o cabo e com um puxão rápido, arrancou-o. A dor foi insuportável, arrancando dela um grito de desespero e agonia.

— Cacete... — Milla sussurrou, os olhos lacrimejando pela dor enquanto pressionava o ferimento com a mão livre, tentando estancar o sangue.

Ela se arrastou até a parede, encostando-se a ela e ofegando. Sentia como se o mundo ao seu redor estivesse girando, a cabeça latejando pela pancada que havia levado. Seus pensamentos estavam confusos, embaralhados entre a dor e o medo crescente. Sentia-se vulnerável, completamente à mercê da Hydra.

— Pietro... — ela chamou, a voz trêmula e entrecortada, buscando algum conforto no único aliado que tinha naquele inferno.

Nenhuma resposta. O silêncio era absoluto, opressivo. O vazio da cela parecia ainda mais frio, mais solitário e o medo começou a tomar conta de sua mente. Ela chamou de novo, mais alto desta vez:

— Pietro!

Mas o silêncio continuou. Ele não estava ali, ou pior, algo havia acontecido com ele. A falta de resposta a fez se sentir ainda mais sozinha, como se estivesse afundando lentamente na escuridão que a cercava.

Com lágrimas de frustração e dor nos olhos, Milla sussurrou mais uma vez, quase como uma prece:

— Pietro...

Milla sentiu seu corpo ceder, como se todo o peso do mundo estivesse lentamente a esmagando. As pontas de seus dedos ainda pressionavam o ferimento em seu braço, mas o sangue quente continuava a escorrer, teimoso, manchando suas roupas e o chão abaixo dela. A cada segundo, seus olhos ficavam mais pesados e o frio da cela parecia penetrar ainda mais fundo em sua pele.

Ela piscou, tentando se manter consciente mas a dor e o cansaço estavam vencendo. O som do próprio coração batendo em seus ouvidos misturava-se com o eco distante dos corredores da Hydra, criando uma melodia de angústia e desespero. Seus lábios se moviam em uma prece silenciosa, embora as palavras mal fizessem sentido para ela agora.

Com um suspiro, sua mão escorregou do ferimento, o controle de seus músculos falhando. O sangue ainda pulsava, mas agora parecia ser apenas uma presença distante, quase como um sonho. A visão embaçada a envolveu, as bordas da sala tornando-se indistintas e nebulosas.

A fraqueza invadiu cada parte de seu corpo, e o frio que antes apenas a incomodava agora parecia uma constante, se misturando à letargia que a puxava para as profundezas. Seu corpo começou a adormecer, mas não com o conforto do sono.

Horas depois, Milla lentamente despertou de um sono pesado e inquieto. Seu corpo parecia uma âncora, preso à dor e ao cansaço, mas sua mente estava completamente consciente, captando cada detalhe ao seu redor. Tentou abrir os olhos, mas as pálpebras estavam pesadas como pedra, imóveis, por mais que ela tentasse.

O peso da fraqueza ainda a pressionava. Ela levantou a mão, tateando com dedos trêmulos o braço ferido, encontrando o sangue seco e a carne quente ao toque. A dor era um lembrete cruel de que estava viva.

— Pietro... — Sua voz quase se perdeu, mas foi o bastante.

Dessa vez, uma resposta veio.

— Milla? — a voz de Pietro soou aliviada, carregada de preocupação e um misto de culpa. — Graças a Deus... você voltou.

Ela não conseguia vê-lo, mas podia sentir o alívio naquelas palavras. Por um breve momento, a presença dele pareceu dissipar o frio que a consumia por dentro. Era reconfortante saber que ele estava lá, mesmo que atrás de barreiras intransponíveis.

— Eu... achei que... — Ele hesitou, como se não quisesse terminar a frase. Como se a ideia de perder ela fosse uma possibilidade que ele se recusava a aceitar.

— Os médicos... — ela começou, sua garganta seca e arranhada. — Disseram que eu tive uma hipotermia. Fizeram algo comigo... não sei o quê exatamente. Quando voltei, você não respondeu...

Pietro respirou fundo, como se tentasse controlar a tensão em sua voz.

— Só levaram você para um check-up. — disse ele, a preocupação evidente em cada palavra. — Está machucada?

Ela hesitou antes de responder, seu braço ferido doendo a cada movimento.

— Arranhei o braço... — Milla confessou, o tom dela enfraquecendo ainda mais. — Mas não consigo abrir os olhos.

Movendo a mão com dificuldade, ela tentou tocar os olhos, e foi quando percebeu que estava, de fato, com os olhos abertos. Um alívio misturado com desespero se abateu sobre ela, pois embora os olhos estivessem abertos, a visão permanecia uma névoa espessa e impenetrável, como se a luz tivesse sido engolida por uma escuridão impenetrável.

— Não consigo ver... — ela murmurou, sentindo a frustração crescer. — Não consigo...

Pietro, do outro lado da cela, sentiu uma onda de desespero e impotência. Embora não pudesse fazer nada diretamente para ajudar, sua voz carregava uma gentileza e um desejo de consolo.

— Milla, ouça minha voz. — ele falou, tentando acalmá-la. — Está tudo bem. Isso pode ser apenas um efeito temporário.

A sensação de desamparo misturava-se com a dor física e a exaustão. Milla tentou se concentrar nas palavras de Pietro, mas a angústia de não poder ver o que estava ao seu redor e a dor pulsante do ferimento em seu braço, tornava o momento quase insuportável.

Milla começou a respirar de forma irregular, a sensação de desespero se intensificando à medida que ela tateava o chão, em busca do bisturi que havia sido um símbolo de sua tentativa de resistência. Seus dedos estavam frios e tremiam, mas ela não conseguia parar. A realidade de estar cega a envolvia como uma cúpula opressiva.

— Pietro! — ela chamou, a voz quebrando com a frustração. — Não consigo ver! Não consigo... Não consigo achar o bisturi.

Pietro tentou acalmá-la, sua voz cheia de uma preocupação quase palpável.

— Bisturi? Você está maluca? Milla, por favor, tente se acalmar. Não procure o bisturi. Não é seguro.

Ele sabia que a situação dela estava além do que ele poderia ajudar diretamente, e a dor em sua voz refletia o quanto ele estava lutando com sua própria impotência. Ele estava ansioso, tentando encontrar uma maneira de ajudar enquanto se sentia preso, impotente diante do sofrimento dela.

— Milla, ouça-me. — disse ele, a voz se tornando mais firme, embora ainda suave. — É possível que a cegueira seja temporária. Vamos lidar com isso um passo de cada vez.

Ela não conseguiu esconder o desespero e a frustração em sua voz, respondendo com um tom rude e cansado.

— Não preciso de consolo agora, Pietro! Preciso de ajuda real. Eu estou aqui, cega e ferida e você está me dizendo para esperar!

Pietro, exasperado pela falta de progresso e pela dor dela, deixou a gentileza de lado por um instante.

— Eu só quero ajudar, Milla! 

As palavras de Pietro soaram mais ásperas do que ele pretendia, sua preocupação misturada com uma frustração que ele não conseguia esconder. Ele sabia que sua resposta não ajudaria a acalmá-la, mas sentia que precisava estabelecer algum tipo de ordem na situação.

Milla, com mãos trêmulas, finalmente encontrou o bisturi que estava procurando. Seu coração acelerou ao sentir a lâmina fria em seus dedos, um vislumbre de controle em meio ao caos.

— Achei! — ela anunciou com um tom de triunfo tenso.

— Largue isso agora! — ordenou Pietro, o medo em sua voz mais forte do que qualquer comando. — Não é seguro, Milla!

Ela hesitou por um momento, o bisturi quase escapando de suas mãos. O medo do que Pietro poderia fazer a fez ficar em silêncio. A batalha interna dela entre o desejo de resistir e a necessidade de confiar no único apoio que tinha estava se intensificando.

Milla segurou o bisturi com uma firmeza frágil, seu peito subindo e descendo com a respiração vacilante. A frustração e a dor se misturavam em sua mente, fazendo com que ela quase não conseguisse suportar o peso do que estava passando.

— Eu não aguento mais, Pietro. — sua voz tremia, carregada de uma tristeza que parecia impossível de superar.

Pietro sentiu um frio na espinha, seu coração acelerando com a desesperança na voz dela. Ele falou com uma urgência que mal conseguia disfarçar, a voz quase implorando:

— Milla, você não pode fazer isso. Você é forte, não pode desistir assim! Por favor, não faça nada com esse bisturi.

A voz dele estava carregada de desespero, uma mistura de pânico e esperança. Ele estava lutando para encontrar palavras que pudessem chegar até ela, para convencê-la de que ainda havia uma razão para continuar.

— Você é a nossa única chance. A sua sobrevivência é crucial, não só para você, mas para nós. O conhecimento que você tem sobre a SHIELD... é valioso. Não podemos perder isso.

Ele se aproximou da parede da cela, tentando parecer o mais reconfortante possível, embora a angústia em seu tom não pudesse ser ignorada.

— Por favor, Milla. — ele pediu, a voz quase quebrando. — Não faça nada que possa acabar com isso. A única chance que temos de sair dessa situação é você.

Milla sentia o peso das palavras dele, mesmo que a visão continuasse embaçada e seu corpo fraco. As palavras de Pietro estavam penetrando lentamente sua mente, trazendo um pouco de clareza para a confusão e desespero que a envolviam.

Ela murmurou, a voz quebrada pela fraqueza:

— Deve ser isso que eles querem. Deixaram-me com uma arma, deram-me uma chance para acabar com isso... Talvez esperem que eu faça exatamente isso.

Pietro ficou em silêncio por um momento, lutando para encontrar as palavras certas. Quando falou novamente, sua voz estava carregada de uma súplica quase desesperada:

— Então, se eles querem que você faça isso, não deve fazer o que eles esperam. Eles querem que você se entregue, que desista. Mas se você fizer o contrário, se você lutar, mesmo que seja só para viver mais um dia, estará os desafiando.

Houve uma pausa, um espaço silencioso entre as palavras enquanto ele tentava transmitir sua mensagem de esperança.

— Por favor, Milla. — ele implorou, a voz quebrando com a emoção. — Não me deixe aqui. Não me deixe sozinho. Não deixe que tudo o que estamos passando seja em vão.

Ele sentiu o desespero crescendo, a realidade de estar preso, sem poder ajudar mais do que com palavras, pesando sobre ele. A única coisa que ele podia fazer era tentar alcançar Milla através de sua dor, tentando fazer com que ela visse que ainda havia uma razão para lutar.

Pietro sentiu uma onda de frustração e impotência. Ele queria atravessar aquelas paredes, arrancar o bisturi da mão de Milla e puxá-la para perto, consolá-la, protegê-la de si mesma. Mas, ali, preso na sua própria cela, seus poderes de velocidade pareciam inúteis. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e ele sentia-se completamente impotente para ajudá-la.

Então, ele ouviu Milla murmurar, a voz quase inaudível, carregada de uma tristeza profunda.

— Desculpe... — disse ela, a voz quebrada e cheia de resignação.

Foi como um grito silencioso que cortou o coração de Pietro. A súbita compreensão do que ela estava prestes a fazer fez com que sua mente se enchesse de terror. Ele tentou chamar por ela, mas a palavra que saiu de seus lábios foi um desespero mudo.

Quando Milla cravou o bisturi em seu próprio pescoço, Pietro sentiu como se o mundo inteiro estivesse desmoronando ao seu redor. O som do metal entrando na pele dela foi como um eco aterrorizante, reverberando em seus próprios pensamentos. 

Ele se ajoelhou no chão frio da sua cela, o desespero tomando conta dele. Tudo o que ele podia fazer era gritar em seu próprio desespero, um grito silencioso que se perdeu entre as paredes.

— Não, Milla! Não!

As lágrimas começaram a escorregar pelo rosto de Pietro, enquanto ele permanecia de joelhos, a voz falhando em seu grito silencioso, enquanto o mundo ao seu redor parecia estar em ruínas.

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