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(001) ★・𝐃𝐎 𝐘𝐎𝐔 𝐒𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐁𝐄𝐋𝐈𝐄𝐕𝐄 𝐈𝐍 𝐅𝐀𝐈𝐑𝐈𝐄𝐒?

𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐮𝐦, 𝒱𝑜𝒸𝑒 𝒶𝒾𝓃𝒹𝒶 𝒶𝒸𝓇𝑒𝒹𝒾𝓉𝒶 𝑒𝓂 𝒻𝒶𝒹𝒶𝓈?

— Por que estamos aqui? O que eles querem com a gente?

— Ah, Milla, se soubéssemos todas as respostas, talvez não estaríamos presos — respondeu Pietro com um tom que misturava ironia e resignação. — Mas uma coisa é certa: eles querem nos usar, nos transformar em algo maior.

— E agora? — Perguntou, quase sussurrando. — O que a gente faz?

— Sobrevive — Respondeu Pietro com firmeza.  

— Quanto tempo você está aqui? — Tentando ser positiva. Ela esperava que fosse pouco, que talvez houvesse uma chance rápida de escapar.

— Perdi a conta — Respondeu Pietro, com um suspiro pesado.

A resposta a deixou frustrada. Ela bateu a cabeça para trás na parede, mas logo se arrependeu quando a dor a atravessou. Levantando-se, ela tentou não deixar o desespero transparecer.

— Prometa que não vai chorar enquanto eu durmo — Disse Pietro, a voz séria mas suave. — E eu prometo fazer o possível para manter você sã.

— Esses experimentos... — ela começou, hesitante. — Acontecem com frequência?

Houve uma pausa antes de Pietro responder, sua voz mais sombria desta vez.

— Com mais frequência do que você gostaria de saber — Disse Pietro, a voz carregada de uma tranquilidade forçada. — Há vários estágios. Às vezes são coisas mais pesadas, dolorosas. Outras vezes, são apenas coletas de sangue. Mas você vai se acostumar. Vai ficar bem.

Milla tentou se apegar à tranquilidade na voz de Pietro, mas não conseguia. Seu corpo doía intensamente, cada músculo clamando por alívio. O frio no cubículo vazio e solitário parecia penetrar seus ossos, aumentando ainda mais o desconforto.

— Eu... estou com tanto frio — Murmurou mais ela mesma, puxando o colchão fino mais para perto de si, tentando se aquecer.

Pietro, sentiu um aperto em seu peito, percebendo o quão assustada ela estava, tentou suavizar suas palavras, não querendo aumentar o medo dela.

— Sei que parece difícil agora — Dsse ele, a voz gentil. — Mas estou aqui, Milla. 

Milla fechou os olhos, tentando encontrar algum conforto na presença invisível de Pietro. O corpo ainda doía e o frio persistia, mas a esperança de não estar completamente sozinha oferecia uma pequena chama de esperança.

— Eu vou tentar — sussurrou ela, mais para si mesma do que para ele.

— Tente descansar agora. Amanhã é um novo dia. — Respondeu Pietro com a voz suave. 

Milla ficou em silêncio por um momento, a mente girando como uma tempestade presa dentro de uma gaiola. A ideia de "amanhã" parecia tão distante quanto as estrelas que ela não podia ver naquele lugar sem janelas. Com a voz ainda trêmula, perguntou:

— Como você sabe se é de dia ou de noite?

Do outro lado da parede, Pietro hesitou. Era uma pergunta simples, mas a resposta era tudo menos fácil. Ele sentiu uma onda de frustração, não por Milla, mas pela própria incapacidade de oferecer algo concreto, algo real naquele vazio que os cercava.

— Eu... não sei. — ele respondeu, a voz carregada de um cansaço que ia além do físico. — Acho que não importa muito aqui. O tempo é... relativo, sabe? — tentou brincar, mas o riso que seguiu suas palavras soou amargo, até mesmo para ele.

Milla mordeu o lábio, o gosto metálico do sangue acentuando a realidade cruel que a cercava. Ela olhou ao redor da cela, seus olhos varrendo o pequeno espaço. Não havia para onde fugir. As paredes de concreto cru e as portas de metal eram uma prisão inescapável, cercando-a como as garras de um predador implacável.

Cada parte de seu ser gritava por liberdade. Ela queria chorar, gritar até que sua voz se tornasse um eco distante, um lamento perdido na escuridão. Queria se jogar contra aquelas portas de metal até que alguém — qualquer um — viesse e a libertasse daquele pesadelo. Mas, no fundo, ela sabia. Ninguém viria. E ela havia prometido ao homem do outro lado da parede que não deixaria seus gritos perturbar o sono que ele tanto merecia.

Milla se recostou na parede fria, sentindo o concreto áspero contra suas costas. Fechou os olhos, tentando encontrar algum vestígio de paz no caos que a rodeava. Mas tudo o que encontrou foi o peso esmagador da realidade. No entanto, na escuridão de sua mente, uma centelha de determinação começava a brilhar. Ela não deixaria aquele lugar destruí-la, não importa o quão esmagador fosse o desespero.

— Eu vou ficar bem... — sussurrou para si mesma, quase inaudível.

Do outro lado, Pietro ouviu, mas não disse nada. Ele sabia que ela estava tentando se convencer, assim como ele fazia todos os dias, na esperança de que, se repetisse isso vezes suficientes, acabaria sendo verdade.

O tempo ali era, de fato, relativo. Mas talvez, juntos, pudessem encontrar uma forma de fazer com que ele passasse de maneira mais suportável.

Milla se deitou no colchão fino, sentindo cada mola dura pressionar suas costas. Seus olhos encontraram o teto, a única visão que tinha além das paredes de concreto que a cercavam. Ela tentou se concentrar na respiração, inalando lentamente, contando até quatro e depois exalando, como se pudesse respirar toda a ansiedade para fora de seu corpo. 

A cada respiração, sua mente ficava mais leve, como se estivesse se afastando daquela cela, se afastando da dor, do frio e do medo.

Os sedativos ainda circulavam em seu sangue, um lembrete químico de que o controle estava fora de suas mãos. Seus olhos começaram a pesar, e, sem nem perceber, ela foi se entregando ao sono. Um sono que, sem as drogas, talvez jamais tivesse encontrado em um lugar como aquele.

Pietro, do outro lado da parede, chamou seu nome, um sussurro suave que flutuou na escuridão. Não houve resposta. Ele esperou, em silêncio, ouvindo apenas o som distante de sua própria respiração, até perceber que ela havia adormecido. Um suspiro de alívio escapou de seus lábios, um alívio tão profundo quanto inesperado.

— Bons sonhos, Milla. — murmurou, a voz quase inaudível, mas carregada de sinceridade.

Mesmo que ela não pudesse ouvi-lo, ele queria, com toda a força de seu coração, que ela fosse capaz de suportar tudo o que estava por vir. Ela precisaria. E, de algum modo, ele também.

No dia seguinte, Milla acordou lentamente, sentindo o corpo ainda pesado e dolorido. Por um breve momento, antes de abrir os olhos, ela se permitiu a ilusão de que tudo não passara de um pesadelo. 

Mas ao sentir o concreto frio sob suas costas e o colchão áspero sob o corpo, a realidade se impôs como um golpe. O desespero a inundou novamente, mas ela o empurrou para o fundo de sua mente. Era real. Ela estava presa ali, e não havia como escapar.

Com um suspiro frustrado, Milla se ergueu e chamou:

— Pietro?

A voz dele veio logo em seguida, suave e com um toque de humor, como se tentasse amenizar o peso daquela situação.

— Bom dia. Dormiu bem?

Ela hesitou, não querendo parecer fraca. Mas, no fundo, sabia que não havia como mentir para alguém que estava na mesma situação.

— Sim. — mentiu, a voz soando mais convincente do que ela esperava.

— Que bom. — respondeu Pietro, com uma gentileza inesperada que a fez sentir um pequeno calor em meio ao frio que ainda a envolvia.

Antes que pudesse responder, seu estômago roncou alto, a lembrando de uma necessidade básica que havia sido negligenciada. Milla tentou se lembrar da última vez que havia comido algo, mas sua memória era um borrão, confusa pelo efeito dos sedativos e pelo caos recente.

Como se seus pensamentos tivessem invocado a situação, a porta de metal rangeu ao ser aberta. Um homem entrou, o rosto inexpressivo e os movimentos mecânicos, como se ele estivesse ali apenas cumprindo uma rotina. Ele deixou uma bandeja no chão, perto da porta, e saiu sem dizer uma palavra, fechando a porta com um estalo que ecoou pela pequena cela.

Milla se arrastou até a bandeja, encontrando um prato com macarrão instantâneo. A comida estava sem tempero, branca e pálida, com mais água do que macarrão, como uma paródia trágica de uma refeição. Não parecia nada atraente mas a fome falava mais alto do que qualquer hesitação.

Ela pegou o prato, sentindo a água quente escorrer por seus dedos enquanto levava a primeira porção à boca. Não tinha gosto de nada, mas a sensação de ter algo no estômago era o suficiente para aliviar um pouco do desespero que ainda pesava em seu peito. Ela comeu rapidamente, como se aquele simples ato pudesse ajudá-la a se sentir mais humana, mais viva.

Do outro lado da parede, Pietro permaneceu em silêncio, deixando que ela tivesse seu momento. Milla sabia que ele estava ali, ouvindo, presente de uma forma que ninguém mais estaria. E, por enquanto, isso teria que ser suficiente.

Depois de terminar de comer, Milla se arrastou de volta para o canto onde o tubo de ventilação ficava, a única conexão com o mundo fora daquele cubículo sufocante. Sentou-se encostada na parede fria, abraçando os joelhos e sentindo o concreto áspero contra a pele. Por um instante, o silêncio a envolveu, mas logo ela chamou:

— Pietro, você comeu a comida?

Do outro lado, ele riu, uma risada curta e amarga.

— Você chama aquilo de comida?

Ela sorriu de leve, mesmo que ele não pudesse ver.

— Acho que é melhor do que nada. — E então, hesitante, ela perguntou: — O que você gostava de comer antes disso?

A pergunta parecia simples, mas carregava o peso de algo mais profundo, uma tentativa desesperada de iniciar uma conversa normal, de se agarrar a um fragmento da vida que tinha antes de tudo desmoronar. Ela fechou os olhos, deixando a voz dele preencher o vazio enquanto tentava, por um breve momento, se transportar para um lugar diferente, menos opressor.

— Antes disso? — Pietro respondeu, a voz levemente pensativa. — Eu gostava de coisas simples, eu acho. Um bom prato de macarrão, com molho bem temperado, ou até mesmo um sanduíche feito na hora. Nada especial, mas... — Ele fez uma pausa, como se estivesse se lembrando de algo distante. — Comida que não parecia um castigo.

Milla riu baixinho, a risada entrecortada pelo cansaço e pela dor que ainda latejava em seu corpo.

— Parece bom... — ela sussurrou, tentando imaginar o aroma de um prato de macarrão, o gosto de algo feito com carinho e sem pressa. Mas a imagem escapava entre seus dedos como areia.

— E você?

Ela sabia que a conversa era simples, quase banal, mas isso era o que a fazia se sentir um pouco mais humana, um pouco mais conectada à realidade que parecia tão distante agora.

Pietro, percebendo o que ela estava tentando fazer, manteve o tom leve, quase acolhedor.

— Eu acho que daria qualquer coisa para comer um prato de macarrão decente agora... com bastante queijo.

Milla sorriu de novo, e se permitiu permanecer naquele pequeno sonho por mais alguns segundos. Ela não estava mais naquele lugar frio e metálico; na sua mente, estava sentada à mesa, sentindo o calor da comida, ouvindo o tilintar de talheres e o murmúrio distante de uma vida que agora parecia tão inatingível.

Mas, por ora, o som da voz de Pietro e a ideia de uma refeição compartilhada eram o suficiente para mantê-la sã, pelo menos por mais um dia.

Se agarrando à ideia de manter uma conversa normal e, talvez, também movida por uma pitada de curiosidade, Milla perguntou, tentando manter a voz leve:

— De onde é o seu sotaque, Pietro?

Houve uma breve pausa antes que ele respondesse, como se estivesse ponderando se deveria ou não compartilhar aquela informação.

— Sou de Sokovia. — disse ele, a voz carregada de um orgulho discreto.

Milla se inclinou um pouco mais perto do tubo, como se pudesse, de alguma forma, se aproximar mais daquela parte dele.

— E como era lá? — ela perguntou, imaginando um lugar distante, diferente de tudo o que conhecia.

Pietro suspirou, sua voz suavizando ao falar de sua terra natal.

— Sokovia era... bonita, em uma forma bem simples. Não era um país rico, longe disso, mas tinha suas belezas. As colinas, os campos abertos... E a cidade, cheia de pessoas que sabiam valorizar as pequenas coisas, como um café quente em uma manhã fria ou as festas locais que sempre traziam todo mundo junto, sabe? — Ele fez uma pausa, perdido nas lembranças. — Mas também havia muita dificuldade. Muita luta. Mesmo assim, era meu lar.

Milla sentiu um calor familiar no peito ao ouvi-lo falar com tanto carinho de Sokovia. Queria, por um momento, imaginar-se lá, nas colinas que ele mencionava. Mas então, Pietro perguntou:

— E você? De onde você é, Milla?

Ela hesitou por um instante, sabendo que sua própria história era complicada.

— É meio complicado. — começou, mordendo o lábio antes de continuar. — Meu pai era russo, e minha mãe, irlandesa. Eu nasci na Irlanda, mas passei parte da minha vida nos Estados Unidos.

Houve um breve silêncio, então Pietro respondeu com um toque de fascínio em sua voz.

— Isso é incrível. — Ele riu suavemente, e Milla quase podia imaginar um sorriso do outro lado. — Fale sobre a irlanda para mim.

Agora que mencionava a Irlanda, Pietro percebeu algo que até então lhe escapara. O sotaque dela, embora leve, carregava uma nuance, uma ponta de influência irlandesa que se misturava às outras. Era sutil, mas estava lá, nas sílabas arrastadas e no ritmo das palavras.

— Campos verdes a perder de vista, colinas cobertas de névoa, o som das ondas batendo nas falésias. As manhãs eram sempre úmidas e o céu parecia nunca decidir se queria ser azul ou cinza. Eu lembro das lendas, das histórias que os mais velhos contavam ao redor da lareira, sobre fadas, guerreiros e espíritos antigos. Mas também tinha a música... sempre tinha alguém tocando algo, seja no pub ou nas ruas. Era... Especial.

Pietro, na cela dele, sorriu. Havia algo na forma como ela falava que o encantava, quase o hipnotizava. Ele podia ouvi-la falar o dia todo, deixando-se levar pela cadência suave de sua voz.

Depois de tanto tempo preso naquela solidão sufocante, finalmente ter alguém com quem conversar era quase um alívio incompreensível. Havia tanto que ele queria saber, tantas perguntas que desejava fazer, mas por ora, estava contente apenas em ouvi-la.

— Você ainda acredita em fadas? — perguntou Pietro, um tom de brincadeira na voz, tentando trazer um pouco de leveza à conversa.

Milla soltou um riso abafado, a sombra de um sorriso tocando seus lábios.

— Quem sabe? — respondeu ela, meio rindo, meio se esquivando. — Talvez, lá no fundo, uma parte de mim ainda acredita que elas estão lá, escondidas entre as árvores.

Enquanto conversavam, Milla percebeu que, contra todas as probabilidades, um sorriso se formava em seus lábios. 

O frio, a dor e o aperto constante da cela não haviam desaparecido, mas ali, em meio à conversa e às lembranças de um mundo distante, ela sentiu um conforto inesperado. O sabor insípido da comida, a dureza do colchão, a solidão do cubículo — tudo isso parecia um pouco mais suportável agora.

Ela se deitou de volta, tentando se lembrar das lendas das fadas que ouvira na infância. Imaginou as histórias de criaturas encantadas e terras mágicas que costumavam povoar seus sonhos mas logo percebeu que sua memória estava nebulosa e distante. As imagens se dissolviam na bruma do tempo e ela se viu lutando para resgatar fragmentos do passado que uma vez lhe trouxeram alegria.

O passado parecia agora uma névoa distante, envolta em uma realidade nova e implacável. A Irlanda e as histórias infantis haviam ficado para trás, substituídas por uma nova e cruel realidade.

Milla fechou os olhos, sentindo o peso da dor ainda presente, mas o sorriso persistente. A pequena chama de esperança que a conversa com Pietro havia acendido parecia um lembrete de que, apesar de tudo, ainda havia espaço para a gentileza e para o conforto de uma amizade nascida das cinzas da adversidade.

Com um suspiro, ela se virou de lado, o calor do sorriso contrastando com o frio ao seu redor. Mesmo em meio à escuridão, ela se permitiu a pequena alegria de um momento compartilhado, um fio tênue de luz na vastidão da noite que ainda precisava enfrentar.

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