[🎅🏻] OO1. 𝙼𝙰𝙶𝙸𝙲'𝚂 𝙴𝚅𝙴𝚁𝚈𝚆𝙷𝙴𝚁𝙴
!ੈ♡‧₊˚ —— #𝐋𝐄𝐖𝐈𝐒𝐂: ❝eu caí no esquecimento como todo mundo. eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio, mas eu estava apenas me enganando, cada momento nosso, começo a substituir porque agora que eles se foram, tudo o que ouço são as palavras que eu precisava dizer.❞ ⌇🎐¡
𝟐 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐙𝐄𝐌𝐁𝐑𝐎
“OI, VOCÊ PODE FALAR? *risadas* Ok, eu só estava brincando… Liguei para dizer que estou com saudades, não vejo a hora de você voltar para casa, fiz algumas coisas idiotas aqui e ali hoje, mas não é a mesma coisa sem você, espero que você volte de supersônico para chegar antes de eu dormir. Ah, *risadas* Freezing fez algo engraçado hoje, ela enfiou a cabeça na banheira e tentou pegar seus peixinhos elétricos enquanto eles estavam nadando na água, acho que ela pensou que eles eram reais, você teria rido se visse também. *pausa* *barulho de chaleira apitando* Oh, a água esquentou, eu preciso ir, espero que você volte rápido, te amo, querido! *risadas* *miados* A Freezing mandou avisar que também te ama muito e que já sente saudades, adeus!”
Zayn pressionou o botão para repetir a mensagem pelo que ele pensava ser a centésima vez, lutando contra suas próprias lágrimas ele desabotoou sua camisa social branca, curvando-se para baixo como se houvessem toneladas de coisas muito pesadas em suas costas. Ele vasculhou em sua mente por suas melhores e mais felizes memórias, permitindo que sua mente mergulhasse nelas, nadando em seu rio de recordações para tentar separar unicamente os mais belos e felizes momentos de seu casamento — e haviam muitos deles — que é maravilhoso e o moreno espera que possa continuar sendo para sempre. Suas mãos tremem um pouco quando ele pensa sobre seu casamento agora e seus olhos ficam úmidos com a simples ideia de que ele pode chegar ao fim a qualquer momento pelo simples fato de que coisas ruins acontecem com pessoas boas e ninguém pode evitar que essas desventuras aconteçam com aqueles que apenas estavam no lugar errado na hora errada.
O moreno colocou suas roupas dentro do cesto de roupas sujas, afundando seu corpo dentro da banheira cheia de água aquecida e convidativa, sendo engolido até o peito por ela e então, ele reproduziu outra gravação, desta vez uma onde eles estavam juntos naquela mesma banheira, relaxando como costumavam fazer sempre que voltava de uma viagem longa para falarem sobre os dias que passaram separados. Malik engoliu o nó em sua garganta quando a voz macia de seu marido, seu primeiro e único, seu favorito, planou pelo ambiente, ecoando por todo o gigantesco lavabo como uma melodia suave de Natal, uma música doce tocando abaixo da voz dele, bem mais distante dos auto-falantes. Zayn tinha perguntado “como foi sua semana?” antes de ligar o gravador. Isso era mais uma coisa muito interessante sobre eles, ambos amavam gravar algumas de suas conversas para ouvir depois, às vezes, quando estavam fazendo amor, reproduziam os áudios apenas por inércia, permitindo que o som de suas vozes se mesclasse ao som de seus gemidos e grunhidos, algo que sempre levava o castanho mais perto do ápice bastante rápido, principalmente quando eles estavam rindo em uma gravação. O moreno jamais poderia explicar, porém seu marido amava o som de suas risadas unidas.
— Foi tão chato, Zee — ele soltou um riso rouco —, você não estava aqui e sempre que voltei da agência Freezing estava dormindo em cima do fogão. Eu nunca vou entender porque ela gosta de dormir em cima dele! — Ele mordeu seu lábio inferior. — Enfim, foi chato e, hm — o castanho corou —, meus dedos são tão pequenos.
Então, a risada grave do maior ecoou por todo o ambiente enquanto água e espuma pulavam para fora da banheira conforme ele se aproximava de seu precioso pequeno homem de cachos.
— Portanto, você tem dedos pequenos, é? Só disso que sentiu falta enquanto eu estive fora? Do meu pau? — Exclamou baixo, divertindo-se com a forma como o menor apertava suas mãos tatuadas em suas próprias bochechas gordinhas, sorrindo sem graça.
O mais novo negou, seus olhos castanhos reluzindo para o maior.
— Senti falta dos seus abraços e dos seus beijos também… senti falta do seu sorriso, do som da sua voz e das suas piadas terríveis, mas muito bem pensadas para um executivo chato. Enfim, senti falta de você, querido. — Explicou ele, rindo lindamente, suas bochechas um pouco esticadas por causa da sua risada, mostrando em total definição o quão feliz estava por ter seu marido de volta em casa. O maior riu também, tirando as mãos miúdas do rosto dele para poder vê-lo melhor.
— Eu amo você, sabia? Você é… tudo que eu tenho, Liam. — Afirmou de repente, pondo uma mecha de cabelo cacheado atrás da orelha diminuta de seu marido, aproximando seus rostos um pouco mais para vê-lo melhor e apreciar com atenção seus enormes olhos castanho-chocolate brilharem como dois faróis. Zayn sempre o amaria muito.
— Você é tudo que eu vejo quando estamos juntos e até quando não… — Confessou singelamente, enrolando seus pequenos dedos entre os cabelos do maior, seus rostos tão próximos que seus narizes se roçavam até que Payne o beijou, lento e macio com seus lábios com gosto de cereja fresca, as mãos miúdas percorrendo seu corpo inteiro, tocando todos os lugares mais que bem conhecidos.
A gravação terminou com o som sutil de estalos longínquos em meio ao beijo. As mãos do moreno tremiam com as lembranças brincando em sua cabeça, fazendo questão de lhe recordar o quão fantástica sua vida era e o quanto ela poderia mudar tão rápido quanto um piscar de olhos.
Seus olhos dourados marejaram e o moreno chorou tanto quanto podia naquela noite fria de Dezembro, escutando a voz doce de seu pequeno amor ecoar por todo o ambiente, seus soluços graves soando mesclados às palavras carinhosas dançando solenemente pelo ambiente, fazendo seu coração açucarado se apertar cada vez mais em seu peito, chorando rios de lágrimas e dor que caíam nas águas aquecidas que aos poucos se resfriavam ao redor de seu corpo, beijando sua pele aquecida com demasiado descuido, levando-o à uma espiral de sofrimento sem fim que inundava toda a sua alma e o transformava em uma casca, grossa por fora e oca por dentro, tão solitário e frio quanto em sua triste infância onde o mundo era unicamente feito de dor e medo.
Sem Liam, o seu mundo apenas ficava cada vez mais frio e cinza e Zayn não funcionava em um mundo assim.
🎄🎄🎄
❝quando você se machuca sob a superfície
como água gelada turbulenta
bem, o tempo pode curar, mas isso ele não vai...❞
𝟏𝟐 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐙𝐄𝐌𝐁𝐑𝐎
“Olá, estou morrendo de saudades, querido! *miados* *risadas* Oh, está bem, está bem, nós dois estamos morrendo de saudades de você, amor! Talvez você não tenha ouvido, mas Freezing disse que precisa te contar uma coisa… *miados* *ronronos* Está ouvindo? Bem, ela arranhou uma das suas cortinas favoritas, aquela de cor caramelo com borboletas douradas presas nela, eu sinto muito, Zee! Eu juro que quando cheguei ela já tinha quase destruído toda a parte de baixo! *resmungos* *sussurros* Contudo, a boa notícia é que eu consegui concertar ela um pouco. Dá para ver que está um pouco deformada e remendada nas partes mais afetadas, mas ainda é uma bela cortina, espero que ela continue sendo a sua favorita quando você a ver! *risadas* Oh, eu preciso ir ou vou me atrasar, sei que você só vai ouvir isso pela manhã uma vez que ainda é noite no Japão, por isso, tenha um bom dia, Zeezee, eu amo você! *miados* Nós amamos você! Volte para nós logo!”
A mensagem se apagou sozinha e mesmo que uma voz eletrônica estivesse perguntando a Zayn se ele gostaria de ouvir mais uma vez, ele não estava realmente ouvindo nada, sua mente tinha apenas se desligado automaticamente ao escutar a voz de seu marido soprando pelos fones de ouvido e enquanto os acionistas diziam coisas que ele não compreendia ao seu redor na sala de reunião, tudo em que sua mente conseguia se concentrar era na lembrança cálida dele segurando a gata cinza com listras pretas e grandes olhos azuis ainda filhote em seus braços gordinhos, exibindo um sorriso largo em seu rostinho cheio, as bochechas um pouco coradas ao mesmo tempo que ele encarava a felina preguiçosa que tentava pegar seu dedo indicador, este que ele balançava diante de sua carinha para chamar sua atenção. O moreno quase conseguia vê-lo saltar para fora do sofá quando voltou para casa naquela noite fresca de Maio com a gata escondida dentro do bolso do seu casaco, escutando-o gritar agudamente ao ver o bichinho miúdo com as patinhas repousadas na beirada do bolso, observando tudo ao redor com bastante curiosidade antes de a tirar de seu esconderijo aquecido para a encaminhar direto para seus braços, beijando todo o rosto do mais alto ao mesmo tempo que lhe oferecia uma dezena de agradecimentos animados por ter o dado enfim uma companhia.
Malik prendeu a respiração por um momento, esfregando seu punho aberto por seu peito, tentando veementemente fazer aquele peso o impedindo de respirar corretamente sumir. Sua cabeça pesava, seus olhos queimavam e novamente tudo que ele gostaria era de se deitar em sua cama para chorar até a última de suas lágrimas antes de adormecer em meio aos lençóis que lentamente perdiam o aroma de seu amado, levando-o a sumir cada vez mais de seus dias, matando o tatuado aos poucos e fazendo-o sangrar até a última gota em qualquer lugar que estivesse. Haviam semanas e ele simplesmente não conseguia mais se concentrar em nada, seus dias ficaram mais longos e suas noites mais difíceis quando não podia mais dormir sem seu homem por perto para aquecer o lado vazio da cama e a ideia solitária de que ele podia jamais voltar o afundou tão rápido quanto cair em areia movediça e quanto mais lutava contra a dor, mais ela o fazia sucumbir em si mesmo e se afogar em seu mar infinito de lágrimas quentes e salgadas, escorrendo por sua face manchada como sangue de um corte recente.
A verdade por ser dita era que nada fazia sentido sem ele por perto para mostrar o quão bela e vasta a vida poderia ser. O homem árabe não via mais motivos para tentar ver o mundo como ele poderia ser quando tudo que conseguia ver é como ele é.
Zayn se levantou no meio da reunião, desculpando-se brevemente com seus acionistas e o jovem garoto apresentando uma nova ideia no telão para sair da sala de reuniões o mais rápido que suas pernas conseguiam, sentindo seus olhos embaçando a medida que se distanciava das portas, procurando loucamente por outra gravação que pudesse acalentar a sua profunda dor que não parava de inundá-lo por todos os lugares, molhando suas memórias felizes com tristeza e fazendo crescer a angústia em seu coração que aos poucos ia se rachando em diversos pontos. Alguns funcionários e sua própria secretária o viram passar, porém decididos a não incomodar, todos permaneceram quietos e sem perceber, o maior passou a correr, chorando lágrimas gordas que gotejavam pelas escadas à medida que ele descia quase voando pelos degraus, correndo o risco imenso de sofrer um acidente, no entanto isso agora tampouco lhe importava.
O moreno saiu para o estacionamento, escondeu-se dentro de seu carro e ao estar finalmente livre, ele gritou o mais alto que sua garganta o permitiu, batendo suas mãos no volante com força enquanto outra gravação rodava aos seus ouvidos, intensificando o seu pranto melancólico e os incontáveis gritos em busca de alguma redenção.
— Eu preciso de você! — Zayn gritou alto para o céu azul, vendo gaivotas voando no céu da praia, arrancando uma risada cheia de entusiasmo de Liam.
— Zeezee, o que você está fazendo? Ficou louco? — Questionou o menor entre risadas, saltando nas costas do moreno para ter mais de sua atenção, suas vozes distantes sendo embaladas pelo som suave das ondas quebrando na areia quente e amarelada da praia.
— Você pediu que eu dissesse uma verdade incontestável e eu fiz! — Respondeu o mais velho com humor fluindo lividamente por sua voz, segurando as coxas do menor em suas mãos firmes e os girando em círculos, gritando as palavras “eu amo você” e as fazendo ecoar em um tom engraçado ao redor deles, roubando gargalhadas de Payne até o deixar com as bochechas doendo, jogando sua cabeça para trás no ar e gritando a mesma coisa junto ao seu homem enlouquecido.
— Meu Deus, nós vamos cair, querido! — O castanho avisou em meio a brincadeira, acarretando que o maior parasse e o colocasse no chão, porém a esta altura ambos já estavam tontos e cambaleando para cá e para lá até caírem lado a lado na areia com suas mãos unidas e os dedos entrelaçados com sorrisos extremamente largos em suas faces felizes. — Nós caímos, viu? — O menor comentou bem humorado, erguendo sua mão livre para fazer desenhos imaginários no céu.
— Sim, vida, nós caímos direto na areia. Acho que isso significa amor sem fim, não é? Porque eu ainda estou girando infinitamente aqui! — Zayn resmungou divertido, inclinando-se para beijar a bochecha corada do mais novo longamente, seus lábios pressionados contra a pele quente por um minuto inteiro até o homenzinho rir baixinho, virando seu rosto para selar seus lábios aquecidos um no outro.
— Você ainda está girando, homem de areia? — Payne sussurrou, quase não dava para ouvir, porém o som doce ainda estava lá, morgado e calmante. Havia um sorriso em sua boca quando eles se separaram, seus narizes se roçando com a pouca distância.
— Oh, não mais, vida… não mais.
— Ótimo, vamos fazer um castelo de areia! Eu amo castelos, eu sou uma princesa! — Liam exclamou animado, sentando-se na areia quente e arrastando seu marido consigo, saltando com seus pés pequenos e fazendo o moreno rir novamente.
— Oh, sim, você é a minha princesa, amor, e eu construiria mil castelos só para te fazer feliz. — Zayn completou bobo, pegando os baldinhos de plástico debaixo do guarda-Sol colorido para ir buscar água e areia, observando o menor pegar sua garrafa de água, suas vozes altas agora.
— Você já construiu o único castelo que eu preciso e você é o príncipe que vive nele comigo, Zaynie. — Confidenciou com os olhos brilhando e as bochechas coradas, contentamento pairando por suas íris meladas.
— Deus, Liam Malik, você me deixa louco! — Malik berrou alto, largando os baldes para agarrar seu esposo pela cintura e o girar no ar, suas gargalhadas se misturando outra vez até ficarem cada vez mais distantes.
Zayn empurrou sua cabeça no volante e chorou mais alto, recusando-se a esquecer alguém que o deu tanto para se lembrar. Agora suas memórias eram tudo que ele tinha para suportar o peso de amar um fantasma.
🎄🎄🎄
❝então, antes que você vá
havia algo que eu poderia ter dito
para fazer seu coração bater melhor?
se pelo menos eu soubesse que você tinha uma tempestade para enfrentar
então, antes que você vá
havia algo que eu poderia ter dito
para fazer tudo parar de doer?
me mata saber como sua mente pode fazer você se sentir tão insuficiente
então, antes que você vá❞
𝟐𝟐 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐙𝐄𝐌𝐁𝐑𝐎
“Ei, senhor viajante… Como você acordou hoje, uh? Sei que deve estar em uma reunião agora, por isso estou deixando esse recado. Claro que se você não estivesse ocupado teria me atendido, é claro que sim. *silêncio* *suspiros* Freezing está dormindo agora, mas ela mandou um “oi” para você. Estamos com saudade, sabe? Estamos sempre com saudade, que curioso. *riso sarcástico* *silêncio* Pedi comida árabe para o jantar ontem e me lembrei do quanto você adora a comida da sua mãe, e também de como eu nunca consigo acertar no tempero, eu sou um desastre! *risada fraca* *tosse* Acho que estou ficando gripado, espero que você volte logo, mal posso esperar para ver você. Não se atrase como no mês passado, ok? Eu acho que… preciso de você agora. Amo você, Zayn, até logo *voz embargada*.”
Zayn tirou os fones de ouvido e olhou para seu reflexo no retrovisor interno do carro. Ele era um caco e sabia admitir isso muito bem. Seus olhos dourados tinham um tom de castanho-escuro opaco acompanhado de olheiras negras se sobressaindo abaixo deles, seus cabelos negros estavam secos, desgrenhados e mais longos do que nunca, escondendo-se debaixo de sua inseparável touca preta há meses, impedindo que outras pessoas vissem os cabelos brancos crescendo em alguns pontos da cabeleira negra como ébano. Tinha perdido peso, dando ao seu rosto magnífico características cadavéricas que deixavam seu queixo e maçãs do rosto mais salientes, chamando atenção para sua barba por fazer com falhas por todos os lados, somados aos seus olhos fundos e as clavículas acentuadas, o moreno sinceramente não parecia mais em nada com o homem que seu amado costumava conhecer e ele ficaria profundamente decepcionado se pudesse vê-lo agora. Porém, algo havia ficado de seus dias mais dourados e isto era o seu inconfundível aroma de eucalipto e melões frescos, justamente a fruta favorita de seu esposo.
O tatuado esfregou suas mãos por sua face para limpar as lágrimas remanescentes por ali, forçando-se a sorrir para o espelho e fingir que ele poderia lidar com um dia de compras de Natal no shopping com seus melhores amigos. Ele queria mostrar para Sydney que estava sendo um homem forte, exatamente como prometeu a ela que seria, mas quem ele quer enganar? Qualquer pessoa com bons olhos que fosse suficientemente sã o veria como alguém adoecido e não seria justamente Sydney, uma garotinha tão inteligente, a acreditar no contrário. De qualquer maneira, ele faria o seu melhor para não chorar na frente das pessoas e estragar o passeio familiar de seus melhores amigos uma vez que ele já tinha estragado coisas o suficiente por aquele ano.
Malik empurrou seu corpo para fora do carro e ajeitou seu moletom preto da melhor forma possível, escondendo seus olhos vazios debaixo de óculos escuros da mesma cor do resto de toda a sua vestimenta, tirando unicamente seu cachecol branco com listras lilás com o nome de Liam bordado em letras douradas e tortas — algo que o próprio homem árabe tinha confeccionado para o mais novo com a ajuda de sua mãe para o presentear por seu aniversário de dois anos atrás, o presente acabou se tornando uma das peças favoritas do castanho e este era o motivo para o moreno estar o usando —. Colocou seu celular e a chave do carro no bolso de seu jeans depois de trancar o veículo, movendo-se rapidamente para a frente do shopping center, procurando por Louis e Harry com o olhar até encontrar um diminuto vulto rosa de cabelos loiros como o Sol poente daquela tarde correndo em sua direção o mais rápido que conseguia, fazendo com que um sorriso frágil se espalhasse por suas feições e ele abrisse seus braços para agarrar sua afilhada em um abraço apertado, erguendo-a do chão em seus braços e escutando sua risada melódica saltitar por seus ouvidos, abraçando seu pescoço com seus braços curtinhos bem forte antes de tomar distância e dizer bem alto:
— Padrinho Zee! — Sydney sorria com seus pequeninos dentes brancos, segurando as bochechas do maior em suas miúdas mãos cobertas por luvas brancas, apertando um pouco seu rosto magro contra seus dedinhos. — Você veio, Syd quase pensou que papai Lou tinha mentido! Por quê atrasou?
O maior fez um pequeno bico, beijando a testa da criança de pequenos olhos verdes, observando seus pais correndo para os dois com olhos arregalados.
— Eu estava com dificuldades para achar o meu cachecol, querida, mas já achei, viu? Agora estou aqui. — Comentou calmo, esfregando as costas da mais nova com suas mãos cobertas por luvas pretas, encarando Louis e Harry que lançavam olhares suaves para ambos, silenciosamente alegres pelo moreno ter aceitado o convite que fizeram para ele.
— Que bom que achou o cachecol, bro, e agora que está aqui nós podemos entrar no shopping, não é, Syd? — Tomlinson exclamou com um sorriso leve sem mostrar seus dentes, vendo sua garotinha concordar com um aceno rápido de cabeça, sendo colocada no chão por seu padrinho outra vez para somente segurar a mão grande dele, mantendo-se ao seu lado e o puxando junto de seus pais para dentro da gigantesca construção com portas de vidro limpo e cristalino com os últimos raios de Sol refletindo belos reflexos em laranja e amarelo ali.
Depois de entrar no shopping, eles gastaram a tarde inteira escolhendo presentes para todos os integrantes da família Tomlinson Styles e alguns amigos próximos, roubando risadas do moreno com a indecisão genuína de Harry sobre que presente comprar para sua mãe antes de decidir levar os dois para ela ou a forma como Louis não parava de dizer para eles irem a uma loja estrangeira com nome difícil, alegando que precisava muito ver uma coisa para uma de suas irmãs lá. Sydney estava mais interessada em ir ver o Papai Noel do que qualquer outra coisa e tudo sobre o que ela falava era isso, jamais soltando a mão do moreno cujo ela segurava com tanto afinco, arrastando-o por aí com uma pressa genuína, excessivamente preocupada com a opinião dele sobre a maioria das coisas que viam para comprar.
A coisa era que a garotinha de apenas quatro anos estava bastante preocupada com a saúde mental de seu padrinho, visto que desde que sua madrinha tinha feito uma viagem longa para o mundo dos sonhos, ele havia ficado destroçado sem a presença alegre de Liam. Por isso, ela se dispôs a ser a alegria que ele precisava enquanto seu companheiro encantado não podia voltar porque pela primeira vez desde que se conhecem, quem está viajando é sua madrinha ao invés de seu padrinho e por essa razão ele ficou tão cabisbaixo, porém ela sabia exatamente como resolver aquela situação infeliz e esperou o mês inteiro para conseguir isso, não aguentava mais tanta espera.
Harry levou a garotinha para uma loja de brinquedos onde ela viu uma boneca pela qual tinha se apaixonado em uma propaganda na televisão, eles entraram para ver o preço da mesma e o moreno disse que esperaria por eles do lado de fora. Sua mente estava em branco pela primeira vez em cinco meses até que avistou uma joalheria do outro lado do corredor e quando percebeu, seus pés o levaram para dentro do estabelecimento e não sabia nem de longe o motivo de estar perambulando lá dentro, reduzindo-se a observar as belíssimas peças expostas nas vitrines e nada chamava sua atenção verdadeiramente, tudo era dispensável ou comum. Exceto o colar exposto na vitrine central da loja.
A peça em questão era feita de ouro puro com uma corrente trançada de espessura fina na medida correta, não era frágil ao ponto de se partir com um balanço de cabeça e nem grossa ao ponto de ser grotesca, no entanto a coroa do design eram as quatro contas quadradas em ouro branco com letras bastão pintadas em azul pastel, uma coisa linda de se ver e o nome formado pelas contas fez os olhos do homem árabe reluzirem como cometas outra vez, extasiado ao ver o nome de seu esposo no colar, como se tivesse sido feito especialmente para ele e não conseguiu pensar em outro presente melhor para o castanho que não aquele. Conseguia quase ver o sorriso gigantesco e espontâneo cobrindo o rosto dele assim que abrisse a caixa de presente e não hesitou em tirar a carteira do bolso, chamando a atendente com um aceno, sorrindo para ela com um olhar úmido por trás dos óculos escuros.
Dez minutos depois estava saindo da joalheria com uma pequena caixa de presente em sua mão quando sentiu bracinhos agarrarem suas pernas, encontrando os olhos verdes como a grama do jardim em um dia ensolarado de Sydney lhe fitando com alívio e franziu suas sobrancelhas, confuso por estar recebendo tal olhar.
— Padrinho, que susto! Syd pensou que você tinha ido embora sem ver o Papai Noel! — Exclamou preocupada, sendo erguida pelo mais alto que esboçou um sorriso.
— Não precisa se preocupar, querida, eu não fui a lugar nenhum. — Proclamou baixo, buscando tranquilizá-la ao mesmo tempo que Styles aparecia com uma sacola de presente verde estampada por bonecos de neve e fechada com um laço azul. Não sabia o que havia dentro, mas era algo grande e o de olhos verdes tinha um sorriso largo.
— Você quer ir ver o Papai Noel agora, meu amor? — O de olhos verdes indagou suave, acariciando os cabelos loiros da menina, vendo-a concordar com um sorriso enorme.
— Sim, mamãe! — Respondeu extasiada, batendo palminhas. — Mas, Syd quer que o padrinho Zaza leve eu esse ano, mamãe. Padrinho Zaza leva? — Pediu em seguida, fazendo seus melhores olhos de cachorrinho para o mais velho que riu fraco.
— Claro que levo, querida — aceitou, um sorriso enternecido cobrindo suas feições.
— Ótimo, já que vocês vão ver o bom velhinho eu vou procurar o Louis, ele sumiu depois de entrar na Burberry e eu acho que ele estourou o cartão de crédito lá dentro, Jesus! — Harry falou, jogando seus cachos compridos para trás com os olhos meio arregalados e uma mão em seu peito, simulando um ataque cardíaco.
Zayn riu docemente, sentindo Sydney beijar sua bochecha e abraçar seu pescoço em seguida, balançando a cabeça para sua mamãe e o observando se distanciar deles até desaparecer em meio a multidão ao mesmo tempo que seu padrinho caminhava na direção oposta, guiando-os até a quilométrica fila de crianças e adultos esperando sua vez para ver o senhor de barba branca. Eles levaram pelo menos três horas esperando e, para a sua sorte, a fila tinha sido fechada bem no momento em que entraram nela, tornando-os os últimos a ver o Papai Noel naquela noite e estava ficando mais ansiosa a cada minuto que passava.
— Padrinho Zaza, Syd quer uma coisa de você, você dá se eu pedir com carinho? Mamãe disse que Syd só pode ganhar o que pede com jeitinho — matutou lentamente, acariciando as orelhas do mais velho que observava ela por trás dos óculos, parecendo alheio ao restante do mundo.
Malik sorriu, assentindo.
— Claro, querida! Quer me pedir seu presente de Natal? Eu te dou qualquer coisa. — A menina loira o fitou, um tanto pensativa antes de concordar definitivamente.
— É, presente de Natal — afirmou, mais para si mesma do que para o maior.
— Pois bem, anjo, sou todo ouvidos… — Deu seu aval, olhando a fila por cima da cabeça dela para descobrir que faltavam apenas mais três pessoas antes de chegar a vez deles e se perguntou como o senhor fingindo ser o bom velhinho para as crianças conseguia manter aquele sorriso radiante o dia inteiro.
— Syd quer uma irmãzinha! — Proclamou sorrindo, erguendo os óculos escuros do moreno para dar de cara com uma careta confusa dele onde seu lábio superior se erguia e sua sobrancelha direita se arqueava.
— Espere, amor, você quer que o padrinho convença seus pais a te darem uma irmãzinha? — Indagou, verdadeiramente perdido no assunto. A garotinha negou freneticamente.
— Syd quer uma irmãzinha que venha de você e da madrinha Lee, padrinho. Quando a madrinha voltar, porque ele vai voltar, sabe? Syd quer que vocês dois dêem uma irmãzinha do coração para eu, vamos ser melhores amigas para sempre, padrinho. — Sydney confidenciou em um singelo sussurro, deixando o tatuado sem nenhuma reação, estava estupefato e não tinha ideia do que deveria dizer, então terminou falando a primeira coisa que veio à mente.
— Está bem, meu amor. — Mas ele não estava francamente lá para ela quando as palavras saltaram de sua boca e a loirinha repousou a cabeça em seu ombro.
— Você vai voltar a ser tão feliz como era antes, padrinho, Syd já tem a solução… — Prometeu esperançosa, apertando-o em seus braços como se pudesse desaparecer em um segundo.
Zayn manteve o silêncio, colocando-a no chão para ir até o senhor idoso quando chegou a vez deles e os assistiu conversar por no máximo um minuto antes de ela sorrir para a foto e descer do colo dele. O homem árabe franziu sua testa, se dando conta de que a menina estava muito pragmática naquele Natal.
Ela voltou para perto de suas pernas, foi para trás de seu corpo e sentiu as pequeninas mãozinhas empurrando seu bumbum para o obrigar a andar até o senhor grisalho, que sorriu e bateu em uma de suas coxas enquanto dizia:
— Sente-se, filho. — Convidou como algo natural e as belas moças morenas vestidas de duendes riram, encantadas.
Malik estava congelado no lugar, sem saber exatamente o que deveria fazer, até ouvir a voz aguda autoritária e desesperada de Sydney aos seus ouvidos.
— Vai, padrinho Zee, o Papai Noel tá esperando! — Murmurou cheia de energia, sendo a injeção de ânimo necessária para pôr seus pés em movimento e quando se deu conta, estava sentado no joelho de um idoso desconhecido no fim do shopping quase deserto agora. E, por mais esquisito que parecesse, sentia-se seguro. Talvez estivesse ficando louco ou era somente a magia do Natal abraçando sua loucura.
— Diga-me, meu filho, o que você quer do Papai Noel nesse Natal? — O senhor parecia confortável com a situação e o sorriso enorme que sua afilhada lhe oferecia, batendo palmas com as mãozinhas juntas em frente ao seu peito lhe encorajou a dizer o que mais queria no mundo para aquele Natal.
— Quero que meu marido volte para casa, Senhor Noel, ele está em coma há cinco meses e os médicos estão me pressionando para permitir que desliguem as máquinas para deixá-lo descansar, mas não posso perdê-lo. Não posso suportar ver meu amor morrer… — O tatuado exclamou em tom quase inaudível e o homem grisalho esfregou suas costas, balançando sua cabeça.
— Esse é o seu desejo mais profundo, não é, filho? — Disse ele de modo paciente.
— Sim, senhor. — Sem perceber, o moreno já estava chorando e precisou se apressar em secar suas lágrimas, tirando os óculos da cabeça para secar seu rosto úmido.
— Não se preocupe, meu filho. Na noite de Natal, seu esposo vai voltar para você tão forte quanto sempre foi. Isso é uma promessa, acredite nela e para provar a veracidade dela, carregue com você este guizo — o homem estendeu sua mão para uma das garotas de orelhas pontudas que enfiou a mão dentro de seu bolso verde, pescando um guizo dourado e o passando para o homem que não pestanejou em repousar a peça sobre as mãos abertas do jovem — e, se você crer na minha promessa, vai ouvi-lo tocar para você.
Zayn Malik ficou com aquelas palavras ecoando dentro de sua mente até depois de sair do shopping e se despedir de seus amigos e afilhada, passou quinze minutos sentado dentro de seu carro no estacionamento vazio do shopping, mirando aquele miúdo guizo e o balançando diversas vezes, entretanto som algum saía da coisa e, apesar de assumir que estava quebrada, continuou carregando-a para todo lugar que ia nos seguintes dias. Não estava certo sobre a razão de estar o fazendo, mas o objeto ‘quebrado’ lhe passava uma sensação estranha de conforto e amparo que o acompanhou até a noite da véspera de Natal e mesmo chorando algumas tantas quantas vezes nos dias seguintes, sentia-se mais vivo do que jamais esteve durante os torturantes meses que passaram.
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❝nunca foi a hora certa, sempre que você ligava
foi pouco a pouco até que não havia mais nada
cada momento nosso, começo a reviver
mas tudo o que eu consigo pensar é em ver aquele olhar no seu rosto❞
𝟐𝟒 𝐃𝐄 𝐃𝐄𝐙𝐄𝐌𝐁𝐑𝐎
“Hm, oi, Zayn, eu estou saindo da agência agora e foi uma manhã complicada, uma das modelos anda muito enjoada e eu estou indo comprar um teste de gravidez na farmácia no final da rua… *suspiro* Estive pensando sobre isso desde que Syd nasceu e como tínhamos acabado de nos casar, preferi não dizer, mas já fazem seis anos desde que nos casamos agora e penso que já é hora de aumentar a família, entende? *riso seco* *barulho de carros e buzinas* Sei que você está em Abu Dhabi agora e provavelmente só vai ouvir isso em três dias quando estiver voltando para casa, mas pense nisso no vôo de volta pra casa. Eu sei que você ama crianças e– *barulho de sino* *voz masculina distante* Ei, amigo, calma! *voz trêmula* Eu te dou todo o dinheiro que quiser, não precisa fazer isso com ela, solte a arma *passos* Estou entrando, por favor, calma, abaixe essa arma. *interjeições* *sussurros* Não se mova, você vai matar todos nós… *vidro quebrando* Não atire, pelo amor de Deus, eu tenho uma família! *disparos* *gritos* *passos apressados* … *voz desconhecida de um policial* Solicito uma ambulância para minha localização, resgate imediato, vítima gravemente ferida por disparo de 9mm na cabeça, pupilas reagindo! Repito, vítima gravemente ferida com pupilas reagindo! *sirenes ao longe*”
Zayn deveria ter apagado aquela mensagem desde o dia em que desembarcou em Nova York e ultrapassou todos os sinais vermelhos para chegar no hospital o quanto antes possível. Estava na sala de espera à beira da insanidade procurando por informações sobre o estado de seu esposo e já tinha feito um escândalo na recepção só para escutar de uma das cirurgiãs de plantão que o castanho estava sendo submetido a uma delicada cirurgia de emergência para tirar a bala alojada em seu crânio. Derrotado e sem melhores opções, sentou-se na sala de espera e pescou o celular de seu bolso para ligar para os familiares de ambos e seus amigos, uma vez que o único avisado sobre o ocorrido era ele, pois o mesmo é o contato de emergência do menor, no entanto quando a tela se acendeu, encontrou a mensagem que ele tinha deixado em sua caixa postal horas antes e mesmo após chorar tanto quanto um desgraçado ouvindo o último áudio de Liam para si, não conseguia apagar a mensagem pela razão de que ela era o último registro de seu amado marido com vida e se culpava por não ter estado lá fisicamente para protegê-lo. Caso estivesse lá, não sentiria toda a culpa de ficar sempre distante e ter o largado sozinho quando mais precisou porque em sua mente deteriorada e perdida, tudo foi uma questão de desventuras acontecendo em série, causadas por sua ausência corriqueira que fazia o menor uma pilha de nervos, repleto de medos e preocupações sobre os vôos, sua saúde e como o casamento deles estava indo com aquele abismo invisível se abrindo entre eles.
Passou pelas portas giratórias do hospital com as mãos ocupadas por um buquê grande de girassóis e uma cesta com frutas diversificadas, os inseparáveis fones de ouvido cravados em suas orelhas não reproduziam som algum, entretanto estava focado em o suficiente em falar com a recepcionista e pegar o elevador que não escutava coisa nenhuma ao seu redor, tudo que sentia era o cheiro doloroso de limpeza e remédios que possuía o ambiente hospitalar estéril. O hospital estava vazio devido ao ferido e o horário tardio, então não encontrou problemas para subir e atravessar o corredor iluminado do andar em que o mais novo estava internado no centro de tratamento intensivo.
Assim que se prostrou em frente a porta do quarto 407, seu coração palpitou e seus olhos se ampliaram ao girar a maçaneta, seguindo adiante pelo marco da porta até o interior calado, encontrando-o em sua posição típica, tão sereno quanto se estivesse adormecido, a pele suave empalidecida e os cabelos cacheados crescidos o suficiente para se espalhar por boa parte de seu travesseiro. O moreno tirou sua barba no dia anterior e seu rosto permanecia limpo exatamente como quando se viram pela última vez antes de viajar para Abu Dhabi, o cheiro de rum e baunilha dele tinha desaparecido fazia muito, apesar disso, sua beleza permanecia a mesma de sempre. Os longos cílios castanhos repousam sobre suas bochechas, agora magras, não fazem qualquer menção de se mover como sempre e sequer a locomoção de seu peito é claramente visível, sua respiração passa de sutis lufadas controladas pelos aparelhos que fazem ruídos esporádicos demonstrando que está estável e não pretende sair disso.
A constatação aliviou seu coração e ele pode bater corretamente de novo enquanto um suspiro ecoa pelo aposento. Malik se aproxima da cama e troca o buquê de rosas por murchar pelo novo que trouxe, arrumando-o dentro do jarro de vidro com água que fica na mesa de cabeceira, acendendo o abajur nela antes de se sentar e pôr a cesta com frutas e um enorme laço amarelo de cetim sobre as coxas do mais baixo, esforçando-se para sorrir para a imagem inerte que reflete sua dor ao segurar uma das mãos gélidas como a neve que cai lá fora dentre as suas.
— Oi, princesa… — Começou, sussurrante — hoje é véspera de Natal e pensei em comemorarmos juntos como sempre, trouxe frutas, do jeitinho que você gosta de arrumar a nossa mesa. — Seus olhos se encheram com lágrimas não derramadas e encarou o teto, fazendo seu melhor para contê-las e levou um par de minutos para se recompor.
Sua boca se abriu e fechou diversas vezes, no entanto som nenhum saía pela garganta seca, simplesmente não sabia o que dizer para passar ao seu marido a ideia de que estava aprendendo a lidar com tudo que aconteceu entre eles no último ano. Sabia que, em sua mente e emoções, ele lhe ouvia, de onde quer que sua mente estivesse se aferrando, ele o ouvia e esforçava-se o máximo possível para demonstrar que ele não precisava se preocupar com nada além de melhorar, visto que o moreno estava bem ali por todo o tempo do mundo para esperá-lo acordar, sendo forte por eles e confiante quanto a seu amor, mas mentia e não era mais capaz de continuar com tal farsa. Por isso, no instante em que seus lábios se separaram, ele disse tudo que carregava em seu peito desde o início daquela tempestade.
— Liam, eu não consigo ver você partir — Admitiu em alto e ótimo tom pela primeira vez em quase seis meses. — Eu estive me perguntando inúmeras vezes nos últimos meses como eu pude desperdiçar tão bom quanto nosso relacionamento, eu não sabia o que tinha até sumir, eu pensei que sabia o que era certo trabalhando sem parar até estar terrivelmente errado, baby, eu quebrei seu coração com facilidade e me arrependo, eu me arrependo, Liam! — Exclamou pausadamente em meio às lágrimas grossas escorrendo por suas bochechas como um riacho.
O mais velho abaixou sua cabeça, beijando os dedos frios entre os seus.
— Você me deu amor, ensinou-me o sentido de estar em casa em qualquer lugar, ensinou pra mim a parte mais bonita da vida e ainda assim não foi o suficiente para mim, não é? Eu estive com a cabeça em outro lugar enquanto você só precisava de mim ao seu lado, cumprindo meu papel como seu marido, mas eu fui estúpido demais para fazer algo tão simples e agora não consigo dormir a noite… estou pagando o preço pelos meus erros dolorosamente, baby. — Zayn soltou um suspiro trêmulo. Mergulhado em sua confissão, o homem não pôde escutar o barulho singelo das máquinas no cômodo se agitando — E mesmo sendo tão falho como sou agora, eu imploro que você não vá embora ainda, Liam. Eu não sei viver um só dia sem você, aquela casa não é a mesma coisa quando você não está e eles dizem que você nunca mais vai acordar, porém não posso acreditar, eu tenho fé que você vai voltar, por favor, volte para mim e prove que eles estão errados.
Malik segurou o guizo contra seu bolso, chorando lágrimas o bastante para encher um copo e ao ficar em silêncio, ouviu o som do marcador de batimentos cardíacos soar mais alto, erguendo sua cabeça a tempo de ver os cílios castanhos sacudirem antes de os olhos faiscantes e transtornados de seu amado se abrirem, apavorado por enfim recobrar sua consciência.
Os olhos do tatuado se abriram, tão grandes quanto pratos e a única coisa que saiu do fundo de sua garganta foi o nome de seu esposo:
— Merda, Liam, você voltou! — Sibilou em desespero, apertando o botão para chamar uma enfermeira, sentindo o menor apertar sua mão com firmeza, direcionando aquele olhar aterrorizado para suas íris douradas e o árabe sorriu entre seus próprios soluços, acariciando os cabelos do acastanhado delicadamente. — Não diga nada, alguém vai aparecer para tirar isso. Merda, você está bem, baby, você está seguro agora.
Em meio a tormenta que tomou o cômodo, Zayn ainda pôde escutar o som longínquo do guizo em seu bolso e, para sua enorme surpresa, a pequena coisa ‘quebrada’ funcionou perfeitamente, produzindo o típico som agudo que se sobressaiu entre tantos outros sons e sorriu, contemplando um vulto vermelho atravessar os prédios perto da janela cheia de neve, soprando os flocos presos ali para o ar, provando que acreditar na magia do Natal não fazia mal a ninguém.
🎄🎄🎄
𝟐 𝐀𝐍𝐎𝐒 𝐌𝐀𝐈𝐒 𝐓𝐀𝐑𝐃𝐄
Zayn apareceu na sala de estar com a câmera ligada, filmando Louis, Harry e Sydney na sala de estar enquanto eles e Liam mimavam a bebê do casal Malik que tinha seus grandes olhos avelã fitando tudo e todos ao seu redor. A pequena segurava uma bola azul turquesa coberta com glitter que deveria estar na árvore de Natal no canto direito da sala, mostrando-a para sua mãe ao mesmo tempo que a garotinha loira fazia cócegas em um de seus pés descalços para fazer a mais nova rir e a cena roubou um sorriso caloroso do moreno, parado na porta do aposento com a câmera captando tal instante tão especial assim como sua mente, guardando-o para sempre em sua alma.
Depois de o mais novo ter alta do hospital, eles tiveram uma longa conversa sobre aumentar a família e depois de algumas tentativas, o menor engravidou em Março e em Novembro do mesmo ano, eles trouxeram ao mundo a pequena Rosen Malik e não podia ter sido um ano mais feliz. Agora, a menina estava com um ano e Sydney não conseguia desgrudar dela, estava tão alegre por ganhar uma ‘irmãzinha’ que fazia praticamente qualquer coisa que a bebê de olhos avelã e gênio zangado queria, pois apesar de ser muito risonha e ainda não saber falar, a menina iniciava uma sessão de choro e gritos quando não obtinha o que almejava — no entanto, parte da culpa por isso caía sobre sua mãe que dava tudo que ela pedisse — e isso arrecadava gargalhadas de ambas as famílias de hora em hora quando estavam juntos.
— Ei, se juntem perto da árvore, já é quase meia noite! — Malik avisou animado, chamando a atenção dos presentes para ele e sua câmera. O mais novo riu, pegando Rosen no colo ao mesmo tempo que o casal e sua filha se sentavam mais perto da árvore. — Se juntem perto dos presentes, eu vou ficar aqui na frente e vamos contar todos juntos.
Louis e Harry se sentaram lado a lado com as pernas cruzadas e a menina loira de seis anos se sentou entre os dois, segurando as mãos de ambos e Liam ficou de pé bem atrás do amorenado, a bebê em seus braços enquanto o tatuado estalava os dedos na frente da câmera para chamar a atenção dela, assistindo seu relógio de pulso.
— Está bem, dez segundos! — E então todos começaram a contar juntos, agitando Rosen que balançou suas pequenas mãos e pés no ar, gargalhando com os olhos focados nos dedos tatuados de seu pai que mostravam os números. — Feliz Natal, família! — Eles gritaram em uníssono, levando a bebê de cabelos castanhos ondulados a bater palmas.
Todos se abraçaram e Freezing saiu de sua cama para se esfregar nas pernas de Payne, miando alto por colo e sendo agarrada pelos braços amorosos do homem árabe.
Zayn apontou a câmera na direção de seu marido em seguida, dizendo com entusiasmo:
— Vamos, princesa, estou filmando, diga o que você quer para o Natal deste ano.
Rosen contemplou a lente cintilante da câmera junto a sua mãe, rindo para as caretas idiotas que seu pai fazia atrás da lente. Freezing escalou o suéter natalino azul do maior para esconder sua cabeça contra o pescoço dele.
— O que eu quero para o Natal este ano? Bem, eu já tenho tudo que poderia pedir, Zeezee. Você está em casa, nós temos um bebê e ficamos bem no fim das contas. — Retrucou sorridente. — Mas, adoraria desejar a todas as pessoas lá fora que seus pratos estejam tão cheios quanto suas casas, que vocês tenham ótimas festas e que o próximo ano seja repleto de coisas boas assim como será o da nossa família e, para a Rosen, eu desejo que ela seja sempre essa criança feliz e animada, que continue prosperando e seja uma ótima irmã mais velha! — O castanho bateu palmas como podia, vendo Styles aparecer para pegar a bebê de seus braços na mesma hora em que o de olhos azuis pegou a câmera do mais velho e o empurrou para perto do menor.
Malik estava rindo antes de entender o que o castanho disse e seus olhos se arregalaram, aproximando-se a passos vagarosos de seu companheiro com o rosto pálido como quem tinha visto um fantasma. Payne abaixou seu tronco e vasculhou os presentes embrulhados até encontrar o procurava, tirando uma caixa de embrulho branco e laço de cetim azul escuro, colocando-a em contato com as mãos do mais velho. Um sorriso sapeca pintava suas feições.
O árabe abriu a caixinha com as mãos trêmulas, tirando um par de sapatinhos de crochê brancos do interior dela. Ele intercalou olhares com o acastanhado e o diminuto par de sapatos como se não pudesse acreditar no que seus olhos avistaram.
— Eu vou ser papai outra vez? — Questionou, estupefato, seu coração batendo tão veloz como as ondas revoltas do oceano em uma noite de tempestade. O mais baixo assentiu, risonho, gritando surpreso ao ser elevado do chão por seu marido que o girou no ar, gritando ensandecido: — Eu vou ser papai outra vez, caralho, eu vou ser papai!
Os demais presentes acompanharam o casal em sua risada e pela lente da câmera era possível ver Rosen batendo palmas e balançando suas pernas animada, não entendendo claramente o motivo de tanto alvoroço, porém compreendendo que enquanto seus pais estivessem sorrindo daquela maneira genuína e espetacular, ela estaria contente, pois a felicidade deles, era também a sua.
A neve caía no exterior da casa e esfriava a cidade inteira, porém as famílias não se importavam com o inverno álgido que os cercava, uma vez que o calor da lareira acesa e amor abraçando seus corações sempre estaria presente para aquecê-los, então naquela noite de Natal, Zayn beijou seu parceiro apaixonadamente ao serem fotografados pela pequena Sydney que ganhou uma câmera Polaroid de seus pais. Liam segurava sua filha nos braços quando foi pego de surpresa por um beijo embriagador do mais alto e o tatuado sorriu de canto entre uma fotografia e a próxima, sustentando seu mundo colorido, aquecido e completo em suas mãos e isso, era sua família.
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quase 8K de palavras, omg!
o que rolou com o colar?
não sei, tirem suas próprias
conclusões! ;)
e com essa fofura aqui
eu termino meus presentes
de natal pra vocês, nenês!
agora vêm os do resto
do ano 😙🤟🏻
beijocas no rosto e
ótimo final de ano! 🌴
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