Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 1 : Lᴏᴜᴄᴜʀᴀ ᴛᴏᴛᴀʟ
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Hermione se sentou na cozinha do 12 Grimmauld Place segurando uma xícara de café que havia esfriado há muito tempo, um pedaço de torrada abandonado no prato ao lado dela.

A única mordida que ela conseguiu comer caiu como chumbo em seu estômago. Os meninos ainda não haviam saído, provavelmente estavam com insônia e ansiedade como ela durante toda a noite

Mione nem teve a chance de desfrutar de ter uma casa sozinha,sem crianças, enquanto Teddy ficava com os Weasleys.

Na mesa diante dela estava um coldre de varinha descartado,um ursinho de pelúcia Weasleys Wheezes cerberus e três envelopes

Ela havia colocado cada envelope perto dos assentos onde os destinatários geralmente se sentavam.

O seu era muito mais grosso e,quando o segurou,parecia muito mais pesado (embora provavelmente fosse apenas o peso de sua desgraça iminente,ela supôs)

O endereço e o nome foram cuidadosamente preenchidos em uma caligrafia elegante e fluida.

Isso fez com que parecesse mais uma correspondência afetuosa do que qualquer coisa

O carimbo oficial do ministério,no entanto, não deixava dúvidas sobre o que era a carta. Um decreto abominável que estava prestes a destruir a paz frágil que ela conseguira construir para si mesma.

Hermione olhou para o envelope desejando que ele desaparecesse e a libertasse de sua miséria. Não desapareceu

Dois anos atrás,ela tinha visto Harry obliterar o Lorde das trevas,acabando com sua tirania de uma vez por todas.

Eles haviam vencido. E,no entanto,quando ela entrou no Salão principal para ver os corpos de tantos de seus amigos,ela percebeu que vencer não era exatamente uma vitória

Ela tinha se mantido firme para ajudar sua família adotiva enquanto eles sofriam por tantos e haviam sobrevivido por tempo suficiente para saber que estavam seguros.

Só depois de chegar à casa de seus pais e descobri-la saqueada é que ela se desintegrou

A dor a consumiu por dias. Seus pais podiam estar seguros na Austrália,mas isso não impediu a dor de perder o último vínculo que ela tinha com eles.

Hermione não sabia se ela poderia reverter o que tinha feito com suas memórias e até que ela soubesse que o último dos comensais foi capturado,seria muito perigoso tentar,sabendo que eles conseguiram encontrar a casa da família uma vez e que eles seria capaz de fazê-lo novamente

Além disso,ela mal havia tocado no trauma que experimentou. (Os bruxos entenderiam PTSD? )

Então ela se permitiu chafurdar por um tempo antes de coletar o que restava da casa,contatando um advogado para vendê-la e arrastando-se para o Largo Grimmauld.

Harry estava esperando por ela de braços abertos. Depois que ela o informou sobre onde ela estivera,ele a informou que Ron ficaria na toca por algumas semanas enquanto todos tentavam lidar com o que tinha acontecido e se reunir como uma família

Harry a atualizou sobre a caça a fugitivos,a maneira como as equipes médicas foram sobrecarregadas e o estado do ministério.

Ouvir que Kingsley seria ministro interino foi um alívio e Hermione decidiu oferecer toda a ajuda que pudesse

Ela não estava muito preocupada com os rumores de bruxas ficando doentes e enfermas...a comunidade mágica dificilmente tinha que se preocupar com doenças já que sua magia lutava contra todas as doenças,exceto as mais raras. Ela deveria ter se preocupado.

Passos pisando nas escadas a distraíram de sua introspecção. Harry e Ron pisaram forte na cozinha e se jogaram em seus assentos com toda a atitude de adolescentes muito mais jovens

Isso quase trouxe um sorriso ao rosto dela, enquanto os observava fazer uma carranca para suas cartas.

Ela não conseguiu segurar uma fungada ao perceber que esta seria uma das últimas vezes que eles se sentariam ao redor da mesa

Ron foi o primeiro a chegar ao lado dela, puxando-a contra ele para que ela pudesse enterrar a cabeça em seu estômago enquanto os soluços sacudiam seu corpo inteiro.

Hermione podia sentir Harry colocar a mão em suas costas e esfregar círculos suaves enquanto Ron acariciava seu cabelo

Seus meninos a consolaram,apesar de sua própria turbulência e o amor que ela sentia por eles cresceu e trouxe novas lágrimas aos seus olhos.

-Nós vamos superar isso,Hermione. Juntos. Ela ouviu Harry dizer. Ela não queria lembrá-lo de que eles estavam juntos quando lutaram contra isso e que não tinha feito nenhum bem a eles

Eles poderiam derrotar megalomaníacos e assassinos em massa,mas aparentemente não a burocracia.

Ela se retirou dos braços do ex-namorado com certo embaraço pelas manchas de lágrimas em seu suéter

Fazia pouco mais de um ano desde que ela e Ron se separaram,percebendo que a atração deles vinha principalmente da adrenalina da batalha e do trauma compartilhado e eles estavam apenas tentando ficar juntos porque era o que se esperava deles.

Eles podem ter se amado intensamente, mas era puramente familiar e platônico.
Muito pouco mudou,considerando que eles não tinham ido muito longe fisicamente e ela iria sentir falta de tê-lo com ela quando tivesse que se mudar

-Desculpe,desculpe. Estou bem agora. Hermione resmungou,pegando um lenço de papel para limpar os olhos inchados e o nariz.

Ela respirou fundo para se concentrar,uma vez que retomaram seus assento -Vamos apenas acabar com isso

Com a mão trêmula,ela pegou o envelope e o abriu. Ela mal ouviu os envelopes dos meninos rasgando enquanto ela desdobrava o grosso maço de pergaminho.

A primeira página simplesmente reiterou o que ela já sabia sobre a lei e as informações da carta antes dela

A escrita fluente falava da praga desencadeada pelos agentes ocultos de Voldemort no Departamento de Mistérios.

De como isso varreu a população exterminando uma quantidade insuportável de bruxas e um grande grupo de bruxos

De como eles iriam se extinguir e era dever de todos fazer o que pudessem para evitar isso.

Hermione gostaria de se sentar com eles e ter uma longa conversa com as pessoas por trás disso sobre o dever

A carta explicava que todas as bruxas em idade fértil e capacidade (e ela nem queria pensar em todos os testes que foram realizados para garantir que elas eram capazes) deveriam ser designadas entre sete e nove bruxos para se casar e procriar.

As partidas deveriam ser determinadas com base na compatibilidade mágica e na força mágica. Além disso,sempre que possível,os puro-sangues seriam designados para nascidos trouxas ou esposas meio-sangues para "preencher a lacuna"

Quando Hermione ouviu pela primeira vez aquela pequena cláusula,ela explodiu na reunião de Wizengamot,reclamando sobre a genética de gargalos e como eles deveriam estar introduzindo incentivos para se casar com trouxas se eles realmente quisessem acabar com o preconceito do mantra sangue puro.

Ela havia explicado que eles deveriam apresentar bruxos e bruxas do exterior se não o fizessem não teria como continuar com a maldita consanguinidade que parecia ter se desenrolado

Ela foi afastada pela velha guarda de puros-sangues rudes (apesar da maioria dos lordes mais jovens conhecê-la bem o suficiente para ouvi-la)

Eles alegaram que não podiam arriscar perder muito da cultura e herança da Grã-Bretanha bruxa com a introdução de tantos elementos trouxas e estrangeiros.
Eles não pareciam ver a ironia nisso e não se importaram em que isso fosse apontado

Havia uma seção sobre as consequências de se recusar a se casar com seus bruxos ou bruxos delegados...uma passagem para Azkaban ou ter sua varinha estourada junto com uma seção sobre isenções.

Muito poucas pessoas estavam isentas: Aqueles com sangue de criatura ou acasalados com alguém com sangue de criatura e aqueles que já tinham cinco ou mais filhos

Eles lutaram com unhas e dentes por este último para garantir que pelo menos alguns escapassem da lei e,embora não fosse o que esperavam,isso significava que o Senhor e a Senhora Weasley e Gui e Fleur poderiam ficar juntos.

Hermione uma vez olhou para o tesouro de descendentes dos Weasleys e pensou "Que pessoa possivelmente pensaria que ter tantos filhos era sensato?" Se ela soubesse

Finalmente,depois de folhear a carta de apresentação,ela folheou a primeira página com as informações sobre seus futuros maridos

Ela teria que ter pelo menos um filho com cada um deles e eles teriam que consumar o casamento dentro de uma semana para cumprir os requisitos da lei.

No mínimo,ela seria mãe de sete filhos. E o divórcio não seria uma opção por pelo menos 25 anos. Quem quer que escreveu esta carta a agrediu,infelizmente para ela ficar presa não era uma opção

Por favor,deixe-os pelo menos serem atraentes. Ela pensou.

Hermione leu o nome no topo da página, em seguida,pulou o resto para olhar para a fotografia no final da página. Seu melhor amigo a encarou de volta. Bem,merda

Hermione ergueu os olhos da página para Harry James Evans Potter,seu melhor amigo,futuro marido e salvador do mundo mágico,para encontrá-lo olhando para ela em choque e apreensão.

Ela se sentiu péssima pelas pequenas cambalhotas que seu coração estava dando com a ideia de ser casada com seu amável, corajoso e maldito amigo lindo

Ele provavelmente a via apenas como uma irmã,mas ela nutria uma paixão secreta por ele há anos e não podia deixar de se sentir aliviada por ele ser um de seus maridos.

E se apesar de eles alegarem que se sentiam bem um com o outro mas ele ainda estivesse interessado em Ginny?
Merlin,ela esperava que ele não a odiasse por isso

-Harry... Hermione começou antes de perceber que ela não tinha ideia por onde começar.

Felizmente,Harry teve mais uma ideia. Um sorriso aliviado tomou conta de seu rosto e ele se levantou,caminhou em sua direção e a beijou com firmeza nos lábios

Hermione derreteu no beijo. Parecia voltar para casa. Sua magia claramente aprovou enquanto se erguia dentro dela estendendo a mão para a dele.

Ela adivinhou que o ministério devia estar certo sobre a compatibilidade mágica,pelo menos,mesmo que o resto fosse uma loucura total

Quando Harry se afastou e seus olhos se abriram,ela viu a incerteza e a apreensão voltando ao rosto dele.

Depois de um sorriso deslumbrante dela, porém,ele visivelmente relaxou e ofereceu-lhe um sorriso irônico

O limpar de uma garganta assustou os dois e se viraram para o outro ocupante da cozinha.

-Acho que por este desenvolvimento que vocês dois ficarão juntos? Ron questionou com um sorriso provocador

-Ron,eu... Harry parou
desconfortavelmente. Hermione sentiu a mesma preocupação que ele deve estar sentindo com a reação de Ron. Ele iria atacá-los e abandoná-los como faria na escola?

Ron riu e deu de ombros,parabenizando-os e provocando-os,exigindo que diminuíssem o tom do PDA em sua presença

Ambos deram um suspiro de alívio.
Hermione supôs que eles deveriam saber melhor do que duvidar de seu irmão de armas,ele havia crescido muito desde que voltou para eles na Floresta de Dean.

-Pelo menos eu e Harry ficamos bem então. Com o olhar questionador dela, Ron passou a carta para ela -Eu estou destinado Luna. E os outros maridos dela não parecem tão ruins. Eu vou até morar com Neville

Ela leu a carta dele,notando que a fotografia usada para Luna destacava sua beleza etérea,sem descartar a peculiaridade pela qual ela era conhecida.

Hermione se perguntou se sua foto foi lisonjeira ou simplesmente a deixou parecendo desalinhada e confusa como se sentiu no dia em que foi tirada por um oficial do Ministério. Ela certamente esperava que seus futuros maridos a achassem pelo menos atraente.

Harry e Ron a observaram cuidadosamente enquanto ela colocava de lado a carta de Ron e voltava para a sua

Seu primeiro marido era maravilhoso,havia todas as chances de os outros também serem.

O pior cenário seria se ela fosse designada a um comensal que teve sua sentença de Azkaban rebaixada para uma pequena prisão domiciliar com sua magia monitorada em troca de se voluntariar para fazer sua parte no repovoamento mágico da Grã-Bretanha. Ou,Merlin me livre,um Malfoy!

Parando seus pensamentos antes que ela pudesse entrar em outro colapso, Hermione virou para a próxima página e empalideceu

Por que diabos ela tentaria o destino assim? Lá,escritas com a mesma caligrafia bonita que o resto,como se as palavras não tivessem destruído sua vida,estavam as palavras Lucius Malfoy

-Merda.

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