𝐈𝐈𝐈
Revisado Por rtc017
Mary Ann
Eu odeio Peter Jones-Scott. Ele faz a minha pressão ficar alta, e é por isso que eu procuro meu remédio dentro da bolsa depois de entrar no ônibus.
Quando não acho o remédio, solto um suspiro. É meio inacreditável que eu tenha hipertensão (conhecida também como a boa e velha pressão alta) aos vinte e quatro anos. Minha mãe diz que é culpa do trabalho, e meu pai, porque eu não faço atividade física. Os dois estão certos.
Já está óbvio que eu estou tentando não pensar em Peter, e continuaria assim, se ele não surgisse na minha frente agora mesmo.
Semicerro os olhos, pensando se eu estou alucinando, até que os olhos castanhos dele focam nos meus. O que ele…
— Preciso que venha comigo. — Peter chega até o meu assento tão rápido que eu mal registro.
— Eu não… — começo, mas a voz do motorista me interrompe.
— Ei, rapaz, saia do meu ônibus agora!
Olho para Peter incrédula.
— Você entrou sem pagar?! — Ele ficou maluco?
— Nós precisamos conversar, Mary Jane. — Peter ignora os protestos do motorista, esperando que eu me levante espontaneamente e o acompanhe.
— E por que eu faria isso? — Pare de falar com ele e simplesmente o ignore.
— Porque você é uma pessoa legal e não quer que me prendam por violar a lei? Se bem que eu não sei se existe alguma lei sobre invadir um ônibus.
— Você é um idiota se acha que eu me importaria em ver você preso. — É mentira, e nós dois sabemos disso.
— Vamos lá, Mary Jane. As pessoas estão ficando irritadas.
Ele está certo. O ônibus não está tão cheio, mas as poucas pessoas presentes estão reclamando para o motorista prosseguir e outras para Peter dar o fora — isso inclui o próprio motorista.
E, apenas por isso, eu me levanto olhando feio para Peter e ignorando seu sorriso convencido. Passo na sua frente, murmurando desculpas às pessoas e ao motorista.
— Você sabe quanto tempo vai demorar para passar outro ônibus agora? — pergunto a Peter quando ele para em minha frente na calçada, o ônibus indo embora.
— Eu pago um táxi para você, não se preocupe. — Peter ajeita a jaqueta, como se os dois minutos dentro do ônibus tivessem maculado ele.
— Claro, porque tudo na vida de Peter Jones-Scott é resolvido com dinheiro — digo com ironia. — Mas, tcharam, eu não faço mais parte da sua vida e não quero nada de você, então fala logo o que você tem a dizer.
Peter respira fundo, como se estivesse se preparando para algo, e me encara daquela forma que sempre fazia quando pedia para eu ficar um pouco mais. E não se iludam, não era porque ele gostava da minha companhia, e sim porque ele gostava mais da sua própria, mas precisava de alguém por perto para adorá-lo tanto quanto ele adora a si mesmo.
— Eu quero uma chance. Quero que você me dê uma nova chance, Mary Jane.
— Você ficou louco? — Essa com certeza deve ser a única explicação. Ou ele está bêbado.
— Mary…
— Não diga mais uma palavra. Eu não quero ouvir nada que saia da sua boca. — Dou-lhe as costas, não sabendo ao certo para onde estou indo.
— Ei, ei, ei. — Peter dá a volta em mim, parando na minha frente e me obrigando a parar. — Apenas uma chance. Por favor.
Por favor. Eu nunca ouvi Peter dizer essas palavras antes.
Olha, ele não era grosseiro, do tipo que gritava ou me tratava mal. Não, Peter era — é —daqueles que não grava datas importantes e não se esforça para fazer a garota se sentir importante também. É claro que ele me deu flores e me levou para jantar, mas era algo automático para ele, porque sabia que funcionava com toda garota.
— Por quê? — pergunto a ele. Eu sei que não deveria porque ele só deve querer brincar com meu coração outra vez, mas não consigo evitar.
— Hoje eu percebi que fui um canalha e que você não merecia isso.
— Você demorou um ano para perceber isso? Sério, Scott? — Por que não estou surpresa?
— Sim. E antes que você comece a me xingar, eu sei que sou tudo isso que você vai dizer, mas hoje eu percebi… percebi que você foi muito…
Arqueio a sobrancelha, esperando ele terminar o discurso que ele parece ter tanta dificuldade.
— … boa…
— Boa?
— Eu sou péssimo nisso, droga — Peter suspira. — O que quero dizer é que você foi melhor para mim do que eu para você. E eu não percebi isso antes, mas vejo isso agora. Você me chama de canalha, mas eu mudei. Eu sei que estou soando clichê agora, mas, quando marcamos esse encontro, jurei que faria dar certo porque estou gostando da garota com quem conversei nas últimas semanas. Você. E agora eu percebo que eu a tive por cinco meses, e não enxerguei você como deveria.
Eu encaro esse homem totalmente diferente do qual namorei, mas parecido com aquele que me mandou mensagens às duas da manhã perguntando se a minha gata estava melhor, depois que eu comentei que ela estava doente. O Peter que namorei nem sequer sabia que eu tinha uma gata.
— Você devia ter me dito essas coisas há um ano. — Passo por ele antes que veja como suas palavras mexeram comigo.
— Mary Jane…
— Pare de me chamar assim — peço, cansada de lutar contra a atração óbvia que ainda sinto por ele. Cansada de tentar ignorar as batidas aceleradas do meu coração, que foi partido em pedacinhos pelo mesmo homem que está me pedindo outra chance agora.
— Me dê apenas uma noite — Peter continua dizendo enquanto anda de costas na calçada, olhando para mim.
— Deve ser fácil para você achar que pode reparar um erro que cometeu durante cinco meses — disparo, indo contra minha decisão de não falar mais com ele.
— Deixe-me tentar. Antes que a lua vá embora, deixe-me tentar reconquistá-la.
Eu paro de andar, e ele também.
Peter e eu nos encaramos, ambos esperando pela minha resposta.
Eu tenho que dizer não. Mesmo que por uma noite, eu sei que isso não vai acabar bem. Ele pode até ter sido um cara diferente durante as nossas conversas, mas agora, sabendo que sempre foi ele, o que garante que não foi tudo um truque? Peter pode muito bem ter sido amável e atencioso para conseguir uma transa fácil.
Seus olhos castanhos não vacilam e sua determinação até me surpreende um pouco, porque ele nunca se esforçou para conseguir minha atenção ou me impressionar. Sempre foi algo gratuito — isso, ficar encantada por ele — porque eu o achava incrível, e não demorou muito para que eu estivesse apaixonada por ele. Demorou menos ainda para que eu estivesse chorando por causa dele também.
Então por que você ainda não disse não?
Eu não sei. Talvez pela forma como Peter está me olhando, de um jeito que nunca fez antes, como se realmente me visse pela primeira vez. E eu devo estar muito carente, ou simplesmente tenho um fetiche em ter o coração quebrado — eu apostaria nessa opção — para cogitar a ideia.
— Tudo bem. Faça o seu melhor, Peter Jones-Scott, porque o seu pior eu já conheço.
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Tá aí o terceiro capítulo!
Espero que estejam gostando ♥️
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2bjs, môres♥
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