☪ 𝗽𝗿𝗼𝗹𝗼𝗴𝘂𝗲
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❛ AZUL REAL ❜
|⚜️|• AEMOND TARGARYEN, LUCERYS VELARYON AND AEMON TARGARYEN •
house of the dragon.
༊*·˚ vickhaleesi ¡ 2024 ༊*·˚
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*:・゚˖⸙̭❛ ── MODO DE LEITURA
- modo rolagem;
- fundo escuro;
- times new roman;
- fonte com serifa;
- tamanho médio.
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✮⋆˙ PLAYLIST
⭒Baía dos Naufrágios
129 d.C.
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O VÍNCULO ENTRE UM MONTADOR E SEU DRAGÃO TRANSCENDE A MERA CONEXÃO FÍSICA, CARREGANDO CONSIGO UM PESO EMOCIONAL DE PROPORÇÕES MAGNÂNIMAS. Os dragões, seres majestosos, tornam-se a extensão viva dos sentimentos mais profundos de seus mestres, capazes de sentir e refletir cada matiz de emoção. No entanto, a ilusória crença de que temos controle absoluto sobre essas criaturas aladas é dissipada diante da verdade inescapável. Os dragões, forças primordiais, são um poder que os homens jamais devem menosprezar. Um poder que levou valíria a perdição.
É NA TEIA INTRICADA DO DESTINO QUE ESTA LIGAÇÃO SE DESDOBRA, como uma dança cósmica entre as almas entrelaçadas de montador e dragão. Os céus, por vezes, se revelam como palco de batalhas épicas, onde a astúcia do príncipe Lucerys poderia, em um dia calmo, superar seu perseguidor, Arrax, mais jovem e ágil. No entanto, a escuridão que paira, tão densa quanto o coração do príncipe Aemond. Com a morte do nobre, a guerra dos corvos atinge seu crepúsculo, apenas para desencadear o verdadeiro começo da guerra de fogo e sangue.
ENTRELAÇADA NOS DOMÍNIOS DOS DRAGÕES, É UM ETERNO JOGO DE EQUILÍBRIO ENTRE PODER E PERDIÇÃO. Os deuses, caprichosos como sempre, presenteiam-nos com surpresas insondáveis. Pois, afinal, tudo na vida se configura como uma moeda de troca, e até mesmo uma existência é negociada. Em troca desse bem tão valioso, as lacunas que sustentam a essência de um ser são preenchidas. Memórias, momentos puros, lembranças felizes e tristes, todos são subtraídos em um passe de mágica, como tributo ao intricado tecido do destino que se desenrola diante dos olhos atentos dos deuses.
𝔈les surgiram como arautos, em meio à tumultuada usurpação de Aegon. Ainda assim, Aishae conseguia arrancar risos doces de Lucerys durante a jornada até Ponta Tempestade. Todo o tempo, ela tentava acalmá-lo, assegurando-lhe que Lorde Borros cederia, alinhando-se ao lado certo na guerra, apoiando sua mãe. Lucerys apegou-se a essas palavras em busca de algum alívio, tentando crer que, em sua primeira missão, não falharia.
Contudo, o destino é um ardil traiçoeiro, capaz de iludir e dançar com a morte diante de seus olhos. Foi isso que Lucerys confirmou quando ele e sua tia confrontaram Aemond no salão. Ele sabia que deveria ter aguardado a tempestade passar; ele e Aishae eram apenas dois, e seus dragões, embora jovens, ainda careciam de experiência. Mas de que adiantava ponderar sobre soluções passadas quando o perigo se desenrolava no presente?
─── Taoba...
Lucerys não ouviu; sua maior inquietação residia em acalmar Arrax diante daquela situação. No entanto, Aishae ouviu. Ela compreendia que Aemond não estava perseguindo ambos; seu alvo era Lucerys. Consciente de que aquilo não se tratava de um simples susto, Aishae sentiu o peso da intenção obscura de Aemond apertar-lhe o peito, fazendo sua respiração tornar-se densa. Em desespero, clamava para que Lucerys se apressasse e abandonasse aquele lugar, embora ele parecesse surdo aos insistentes apelos de sua tia.
A risada maníaca de Aemond reverberava pelos céus, agravando o desespero de Lucerys. Aishae, encontrando uma brecha entre as imponentes rochas, adiantou-se à frente de Lucerys, tentando sinalizar para que a seguisse. Enquanto voavam escondidos, puderam avistar a sombra imponente do gigantesco dragão de Aemond, que se assemelhava a uma besta enfurecida, tal como seu montador.
Embora soubesse que seus dragões não poderiam enfrentar diretamente Vaghar, Aishae, temendo pelo destino de Lucerys, viu-se involuntariamente tomada por lágrimas densas que escorriam por seu rosto. No entanto, isso não a fez recuar; ao contrário, tornou-se fonte de força, guiando-a na busca por uma fenda de luz nos céus, revelando uma calmaria momentânea.
Quando adentraram os céus, desprovidos de qualquer resquício de Aemond, Aishae experimentou um alívio profundo em seu peito, permitindo-se soltar uma risada, enquanto seus olhos se encontravam com os de seu sobrinho, que agora exibia uma expressão serena. Entretanto, como é de praxe em meio à calmaria, os perigos inesperados surgem como sombras ocultas.
O sorriso de Aishae desapareceu abruptamente quando a ameaça se materializou diante de seus olhos. Seu olhar capturou o momento exato em que o dragão de Aemond cerrava suas presas ao redor do pequeno Arrax, despedaçando-o em vários fragmentos. O pânico a envolveu de tal forma que mal conseguia ouvir os gritos de Aemond, que tentava controlar ferozmente seu dragão.
─── Não, Vaghar, não─── implorou Aemond em vão, enquanto o dragão parecia encontrar satisfação em desobedecer, forçando seus dentes com ainda mais intensidade. ─── Obedeça, Vaghar. Sirva-me.
Quando, por fim, as palavras de Aemond chegaram aos ouvidos de Aishae, ela não pôde deixar de refletir sobre a tolice que o dominara. A ilusão tola de que controlar os dragões, estava ao alcance dos Targaryen mais fracos, dissolvendo-se diante da cruel realidade que pairava nos céus. O encanto que acreditavam possuir sobre essas criaturas majestosas revelou-se como uma quimera, desvanecendo-se na trágica dança dos dragões.
Ela soltou um grito tão intenso que ele ecoou pelos céus, reverberando em seus pulmões como uma melodia dolorosa. Sua visão tornou-se turva, obscurecida pela névoa do ódio que consumia sua alma. Despreocupada com os desdobramentos ao seu redor, Aishae puxou as rédeas de seu dragão com fúria incontida, lançando-se impetuosa na direção de Aemond. Aemond percebendo a investida, esquivou-se habilmente, fugindo com o terror estampado em sua feição. Consciente de ter cometido um ato nefasto, Aemond sabia que as sombras da culpa o perseguiriam incansavelmente; ele havia se tornado um assassino de sangue próximo e, inevitavelmente, pagaria o preço por sua traição.
No entanto, a desesperação de Aishae era tão avassaladora que ela mal percebeu o pequeno corpo de Lucerys caindo sobre as águas, liberando seus últimos suspiros. O lamento das águas testemunhava a tragédia que se desdobrava, enquanto Aishae, imersa em sua própria fúria e dor, ignorava o destino fatal que recaíra sobre seu sobrinho.
Ela chorava de maneira incontrolável, entregando-se à aflição que transbordava de sua alma, enquanto seu dragão ecoava lamentos angustiantes, como se compartilhasse a dor profunda de sua montadora. Aishae gritava aos céus, desenrolando seus cabelos de fios platinados e arranhando seu próprio corpo em uma busca desesperada por alguma sensação que pudesse arrancá-la daquele pesadelo. Sua respiração parecia esvair-se a cada segundo, aprofundando ainda mais o abismo de desespero que a envolvia, como um oceano obscuro de tristeza a inundar seu ser.
O seu doce sobrinho, uma alma inocente, levada de sua vida, lançou sobre Aishae uma sensação de impotência que se manifestava como sombras sombrias a obscurecerem o brilho de sua esperança. O grito ecoante de sua alma se misturava ao rugido melancólico do dragão, ambos sincronizados na sinfonia da desolação. Mal conseguira ferir Aemond, e o peso da culpa recaía sobre ela, como se pudesse ter feito algo para evitar a tragédia que se desdobrava diante de seus olhos.
Os pensamentos sombrios continuavam a assombrá-la, como fantasmas persistentes que sussurravam dúvidas e auto-recriminações. Sentiu-se culpada por ter acreditado, mesmo que por um breve momento, que seu irmão poderia abrir seu coração às tentativas de reconciliação, subestimando a fúria que a rivalidade entre as casas poderia inflamar. Novamente, em um gesto de desespero, Aishae mergulhou em seu próprio tormento, arranhando-se com uma força renovada, deixando vestígios de sangue e fragmentos de pele como testemunhas silenciosas de sua dor interior.
O tempo passou lentamente, como uma sombra deslizando sobre a paisagem da sua agonia, até que Aishae conseguiu, aos poucos, tomar controle de suas lágrimas. Compreendeu que tinha a responsabilidade de retornar à Pedra do Dragão para informar Rhaenyra sobre a tragédia que se abateu sobre a família. Era um dever que ela sentia profundamente pela irmã, um compromisso sagrado que ecoava em seu íntimo.
Enquanto se preparava para o caminho árduo que teria pela frente, Aishae carregava consigo não apenas o peso da perda, mas também a determinação de fazer justiça. Cada passo era uma promessa silenciosa de proteger o que restava de sua família dilacerada, e enfrentar os Verdes, para que a balança do destino pudesse, enfim, equilibrar-se diante das lágrimas derramadas. Respirando fundo, ela ergueu-se puxando com firmeza as rédeas de seu dragão rasgando os céus sobre as asas de dragon.
⭒Porto Real.
129 D.c
𝔄 respiração de Aemond tornava-se escassa a cada pedaço que Vaghar cortava pelos céus para chegar em Porto Real. Ele sentia sua cabeça girar e seu coração acelerar dentro de seu peito, algo que não deveria acontecer. Ele deveria estar em paz, ou pelo menos sentir alívio por finalmente ter matado quem o mutilou, mas não. Tudo que ele sentia era medo e angústia; parecia que tudo estava errado, as peças não se encaixavam, e tudo isso era um pesadelo sem fim. Nem mesmo seus piores pesadelos pareciam tão monstruosos.
Ele podia sentir seu único olho bom começar a ficar com a visão turva, e sua cabeça latejava de dor. Todos os seus ossos pareciam estar quebrados, e o pior de tudo era sua cabeça, que não apagava a imagem de Lucerys morto com terror nos olhos, e o rosto de Aishae, pálido a cada lágrima que escorria pelo seu rosto. Ela simplesmente podia ver a decepção e o ódio nos olhos de sua irmã, algo que nem nos momentos mais desagradáveis de Aemond ele presenciou. Mas ele sabia que agora era diferente, agora estavam em guerra.
Quando percebeu que tinha chegado em Porto Real, desceu de Vaghar com a mente fora de seu corpo, que se movia sem sentido e força. Suas pernas tremiam e fraquejavam a cada passo, mas só quando viu os portões enormes diante dos seus olhos, ele pôde finalmente ceder. Caiu de joelhos sobre as pedras, fazendo seus joelhos doerem, mas nem mesmo isso se igualava à dor que sentia ao se lembrar do que fez. Sentia sua respiração falhar, seu sangue gelar, o ar parecia escapar de seus pulmões, e então ele sentiu.
Uma.
Duas.
Três.
Quatro.
Pontadas em seu coração fizeram-no curvar seu corpo enquanto chorava descontroladamente. Ele gritava e puxava os fios platinados de seu cabelo; junto veio seu tapa-olho, revelando a pedra azul. Estava tão desesperado que, no impulso, enfiou seus dedos na pedra, retirando-a de seu núcleo.O som grotesco de pele rasgando fez o estômago de Aemond embrulhar. Um ruído agudo e molhado, quase como um estalo úmido. Pela força colocada, algumas gotas de sangue respingaram; seu olho latejava, suas mãos estavam manchadas, e a pedra que se encontrava em sua mão foi arremessada para longe, perdendo-se entre os entulhos.
Sua feição parecia monstruosa, com um espaço oco ao lado direito de seu olho, enquanto sangue quente escorria por suas cicatrizes.
Só depois de alguns minutos, Aemond se levantou, ordenando que os portões fossem abertos. Os guardas o olhavam com terror e nojo, mas nenhuma palavra era dita em voz alta. Pediu que sua mãe, seu irmão e Aegon fossem levados imediatamente até seus aposentos, e assim foi feito.
Caminhou cambaleando pelos corredores escuros até que, finalmente, sua visão foi coberta pela porta de coloração verde. Sua mão tremia ao alcançar a maçaneta à sua frente. Assim que sua pele entrou em contato com o metal frio, girou-a, revelando seu irmão sentado sobre uma poltrona. Seus olhos estavam vermelhos, mostrando que Aegon passou a noite chorando; sua mãe tinha alguns fios de cabelo soltos de seu penteado sempre tão perfeito. Ela estava com uma de suas mãos em sua boca, retirando a pele de seus dedos; seu avô estava com a mesma feição serena de sempre, mas nem mesmo ele pôde se diferenciar dos dois que olharam para Aemond incrédulos.
Sua mãe correu rapidamente em sua direção, preocupada.
─── Aemond? Meu filho, o que aconteceu? O que fizeram com você? ─── Ele pôde ver a feição de sua mãe ganhando um tom avermelhado enquanto as lágrimas ganhavam vida.
A única coisa que Aemond pôde sussurrar foi:
─── Eu... eu... o matei. ─── Então, como se uma corrente elétrica tivesse passado por Aemond e Alicent, a ruiva rapidamente se afastou de seu filho, enquanto seu rosto ficava escuro de terror.
─── Quem você matou, Aemond? ─── A voz de sua mãe saía trêmula, chamando a atenção de Otto e Aegon, que se levantaram para ficar ao lado de Alicent. Aemond não conseguiu responder, fazendo sua mãe ficar ainda mais irritada. ─── Vamos, Aemond, me responda, quem você assassinou? ─── As lágrimas já estavam circulando as bochechas rosadas de sua mãe quando Aemond respondeu:
─── Lucerys. ─── Então, o grito que sua mãe iria dar foi abafado pela mão dela, que cobriu rapidamente a boca. Tanto Otto como Aegon ficaram petrificados no lugar, esperando que aquilo fosse uma piada, mas o que veio a seguir pegou todos de surpresa. Um tapa foi desferido sobre seu rosto, fazendo um som tão alto que quem passasse pelos corredores poderia escutar.
Sua mãe tremia incontrolavelmente e chorava sem parar.
─── Você ficou maluco? Por que você fez isso? ─── Sua mãe não dava tempo para responder, gritava e empurrava, mas nem mesmo Aemond tentava se defender; ele não conseguia ter forças para impedi-la. Até certo momento, sua mãe parou de atacá-lo e simplesmente soltou tais palavras antes de sair do quarto. ─── Que a mãe tenha piedade de nós. ─── Então, ela se retirou dos aposentos, fazendo Otto dar um passo para perto de Aemond e também começar a falar.
─── Você só perdeu um olho; como pode ser tão cego? ─── Ele seguiu o mesmo destino de sua mãe, fazendo Aemond se sentir destruído. Ela não esperava ser recebido como um heroí, mas um simples sinal de apoio era tudo que ele precisava.
O último a se dirigir a ele foi Aegon, que tinha um sorriso triste nos lábios.
─── Você conseguiu, Aemond, acabou com seu pesadelo, mas trouxe novos para mim. Você não consegue ser feliz e não permite que ninguém seja. Agora, Jacaerys jamais irá me perdoar, e a culpa é sua. ─── Aegon passou por ele, batendo em seu ombro. Aemond pôde ouvir seu irmão começar a chorar enquanto deixava-o sozinho em seus aposentos, imerso em sua mente destruída.
✰ Pedra do Dragão
129 d.C
𝔔uando Aishae pousou em Pedra do Dragão, ela sentiu como se todo o peso da dor tivesse voltado para seu corpo, como um soco em seu rosto. Ela tremia só de se imaginar contando o que aconteceu com Lucerys para Rhaenyra; ela tinha prometido que cuidaria de Lucerys e lá estava ela, voltando para casa sem ele.
Inspirando fundo, Aishae deu impulso para que suas pernas se movessem até o salão de Pedra do Dragão, movendo as portas ricas em detalhes da antiga Valíria. Ao adentrar a sala, ela pôde ter um vislumbre de lordes e ladies. Também viu Rhaenyra carregando a coroa do velho rei Jaeharys em sua cabeça; a mesma tinha uma feição abatida após a chegada de seu bebê natimorto. No entanto, assim que ela viu Aishae, seu rosto pálido pareceu ganhar vida, como se uma esperança aparecesse em seu coração, o que fez o coração de Aishae doer.
Rhaenyra rapidamente se levantou, andando em sua direção. Ela envolveu o corpo de Aishae em um de seus abraços que poderiam curar qualquer um, mas no momento, nem mesmo esse abraço poderia ter impedido Aishae de começar a chorar enquanto se agarrava ao corpo da irmã mais velha, como se procurasse ali algum conforto. Rhaenyra se afastou um pouco preocupada. Ela olhou no rosto de Aishae para ver o rosto começar a ganhar um tom avermelhado, enquanto seus olhos brilhavam com as lágrimas. Rhaenyra rapidamente viu que algo estava errado e começou a procurar Lucerys atrás de Aishae, mas ele não estava lá, o que fez o corpo de Rhaenyra paralisar. Algo estava errado. Onde estava o filho dela? Ela se afastou o suficiente para ficar frente a frente com Aishae.
─── Aishae, querida, onde está Luke? ─── Ela perguntou calmamente, para não deixar Aishae ainda mais nervosa. Ao ver Aishae chorar ainda mais ao escutar o nome de seu filho, ela pôde sentir as próprias lágrimas começarem a queimar nos olhos, como se elas desejassem ser livres para rolar pelo seu rosto.
─── Nyra... eu tentei... eu juro que eu tentei... mas Aemond... ele nos perseguiu... ─── Foi como se Rhaenyra não pudesse escutar nada ao seu redor, como se alguém tivesse tirado o coração de seu peito. Ela se afastou lentamente de Aishae enquanto negava com a cabeça, não querendo acreditar. Mas ao ver Aishae soluçando à sua frente, ela teve certeza: eles mataram seu menino, seu doce menino.
Ela levou as mãos até a própria barriga, como se pudesse lembrar da sensação de carregar Lucerys, como se ele ainda estivesse ali seguro. Mas não, ele estava morto, seu filho foi morto sem nem poder se defender. Rhaenyra tremia incontrolavelmente, enquanto sentia seu corpo ceder aos poucos. De longe, pôde-se ouvir o rugido doloroso de Syrax, logo seguido do grito de Rhaenyra, que chamou a atenção de todos os lordes. Ela não podia acreditar, ela não queria acreditar. Então, quando finalmente ela caiu sobre a cadeira, ela pôde deixar as lágrimas rolarem sem qualquer impedimento. Em um impulso, ela arrancou a coroa do velho rei de sua cabeça, jogando-a em algum canto do castelo; alguns de seus fios platinados foram arrancados de sua cabeça devido à força que ela colocou.
Todos no grande salão não conseguiam acreditar que o estranho levou o pequeno príncipe, e o pior, o próprio tio o tinha matado, a sangue frio. Todos olhavam com pena para Rhaenyra; ela estava tão fraca em sua cadeira, demonstrando sua dor, que acabou desmaiando, fazendo Daemon correr ao seu socorro. Ele a pegou no colo em estilo noiva, retirando-a da sala para que pudesse se recuperar. Mas antes de Daemon sumir por completo, Aishae pôde ver uma lágrima solitária deslizar por sua pele.
Ela viu todos aqueles rostos a olhando com pena e tristeza. Corlys estava curvado, apoiando sua cabeça em suas mãos, enquanto seu corpo se convulsionava de ódio. Rhaenys soltava pequenas lágrimas ao lado do marido, Baela e Rhaena estavam abraçadas, chorando como se buscassem consolo. Mas Aishae, Aishae não tinha ninguém, ela não tinha nenhum apoio, nenhum abraço, nada. Ela rapidamente se retirou para seus aposentos, ali ficando trancada, enquanto suas lamúrias se perdiam por Pedra do Dragão. Assim como todo o castelo entrava em tristeza pelo jovem príncipe Lucerys.
✰ Essos 129 d.C
Catherine observava aqueles tons esmaecendo diante de seus olhos; tudo parecia desprovido de vida, de alegria. Mesmo quando as pessoas sorriam e as melhores melodias preenchiam os ouvidos dos que as escutavam, mesmo quando as festas perduravam até o momento em que o sol brilhava com mais intensidade, tudo ainda assim parecia envolto em tons de cinza.
Apesar de ser uma lady de Essos e possuir uma considerável fortuna, Katherine lamentavelmente não podia utilizar toda aquela riqueza para trazer de volta seu marido, seu amado doce. As notícias chegaram durante a manhã: na guerra de corvos que assolava Westeros, seu marido, a caminho de retorno a Essos, foi interceptado por mensageiros do Usurpador Aegon e cruelmente morto, apenas por diversão. Diante de uma notícia tão dilacerante, Katherine experimentou emoções tão intensas que só percebeu o sangue escorrendo por suas pernas quando começou a sentir pontadas na barriga.
Perdera seu filho, o fruto de seu amor, que também partiu, levado pelo destino sem preparar Katherine para tal despedida.
Das ruas de Essos, vislumbrava-se uma mulher de cabelos escuros e vestes tão escuras quanto, com uma expressão de profunda tristeza, recostada em uma das aberturas das janelas de sua graciosa residência. No entanto, por trás da beleza da morada, pairava uma densa nuvem de melancolia.
Um suspiro escapou dos lábios de Katherine ao perceber uma de suas criadas adentrando seus aposentos. A serva se curvou respeitosamente diante da lady antes de falar.
─── Senhora, sei que não é o momento apropriado, mas sua presença é solicitada pelos vendedores das ruas de Essos. Segundo eles, apenas você pode resolver o problema. ─── A criada mantinha a cabeça baixa, ciente de que, apesar da habitual doçura de Katherine, as recentes perdas tornavam a atmosfera dentro da casa um lugar onde ninguém se atrevia a encará-la de frente.
Katherine suspirou, surpresa com a solicitação, mas ciente de que, quando precisassem dela, estaria sempre pronta para atender. No entanto, o que a aguardava, ela ainda desconhecia.
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