𝐱. Iluminando, eu diria
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❝ Tudo o que eu vejo é o que eu deveria ser ❞ - olivia rodrigo !
─ Qual é o problema de vocês?─ Emma Kimura as fitou, entrando no banheiro feminino em fila.─ Por que vocês sempre fazem isso comigo num banheiro?
Nana Hirano encostou o quadril na pia, lançando um olhar para o espelho e uma mão organizando umas mechas que pareciam desalinhados, ignorando Emma ao seu lado. Mei Maekawa ficou perto da porta com os braços cruzados enquanto Annabeth Johnson sorriu.
─ Ah, qual foi!─ A americana exclamou.─ Viemos tentar ajudar você.
─ Ajudar com o que?─ Emma as encarou, descrente.─ Vão me ajudar a fazer xixi? Segurar minha mão e tudo mais?
Nana Hirano a encarou e apontou um dedo para o rosto da garota loira que torceu o nariz na mesma hora, descontente. Ela preferia a Nana esquisita de ontem, aquela parecia humana pela primeira vez em vez da vadia imparável de sempre.
─ Primeiro, você fala que nem um garoto.─ Disse a ex-líder de torcida.─ Se quer fazer Atsumu se apaixonar por você, é melhor parar com essa boca imunda, Kimura.
─ E dar um jeito nesse seu rosto.─ Acenou Mei Maekawa para os cabelos cacheadas mal-cuidados, rosto pálido demais e os roxos ao redor dos olhos, indicando a falta de noites dormidas, da Kimura.
─ Primeiro, ─ Emma imitou o tom de voz dela.─ falo desse jeitinho com o Atsumu desde que conheci ele. E se querem que eu tenha um novo rosto, é melhor pagaram uma cirurgia plástica.
Aquela manhã foi mais uma que acordara com uma ligação de Rie. Agora, precisava arranjar roupas decentes, na opinião de sua irmã mais velha. Então, sim, ela não estava no seu melhor estado de espírito, principalmente levando em conta que estaria em Tóquio mais rápido do que realmente gostaria. E ainda havia aquele péssimo plano que a fazia encarar Atsumu boa parte das aulas, perguntando a si mesma como diabos poderia fazer um imbecil daquele nível apaixonar-se por ela sem matá-lo no processo.
Inconsciente da bagunça que há na mente da Kimura, Nana Hirano inclinou a cabeça e analisou-a. Indo dos cabelos loiros, a pele e lábios que compartilhavam uma única característica: a do ressecamento.
─ Talvez...─ Ela balançou um dedo, para cima e para baixo, na direção da garota loira.─ Você pode não ser você?
"Você pode não ser você?", Nana soou exatamente como Rie e a atacou tão profundamente quanto uma espada, seperando músculo, osso e atingindo seu emocional, ressuscitando aquele sentimento de insignificância. Emma forçou-se a respirar, empurrando aquele conjunto de sentimento para o mais longe possível.
Ela não sentiria assim. Não aqui, não agora que está em frente a Nana Hirano, Mei Maekawa e Annabeth Johnson.
─ Quer saber de uma coisa?─ Emma soltou, começando a andar em direção a porta, determinada empurrar Mei de sua frente para poder sair daquele banheiro.─ Já chega!
Elas não tiveram oportunidade de intervir antes que Emma Kimura escapasse pela porta.
Os corredores da Inarizaki pareciam vivos com a quantidade de estudantes que vagavam, conversando e trocando risadas. Garotos exibindo calças e casacos caramelos enquanto garotas usavam os mesmos casacos e saias pretas, o tom vermelho das gravatas era o único indicativo do animal representante do colégio. Andando com as mãos fechadas e pensamentos fervilhando, Emma sentiu-se uma nuvem escura que trazia chuva para um dia de um verão duradouro com seus bocejos frequentes.
─ Emma!─ Alguém chamou, mas Emma não lhe deu atenção.─ Emma!
─ O que é?─ A garota loira soltou, virando-se.
Annabeth parou, as mãos brincando com o tecido da saia por um instante, antes de erguer a cabeça, expandindo a boca num meio sorriso, sendo aquela garota que não se importava com os olhares em sua direção, enfrentando-os de cabeça erguida. A adorável e feroz Annabeth Johnson.
( Emma nunca admitiu para si mesma, mas, por mísero instante, quis ser um pouco mais como Annabeth. A forma com que era bonita sem se esforçar, oferecendo os melhores sorrisos e nunca hesitando em ser gentil faziam Emma pensar que é isso que Rie tanto procurava nela. E o pensamento de a irmã mais velha nunca enfrentou de fato alguma dessas características nela...)
─ Eu...─ Ela tossiu, recuperando o tom firme.─ Só queria saber se você queria sair, talvez ir no shopping, comigo?
Emma pressionou os lábios, franzindo as sobrancelhas, desconfiança irradiando de seu olhar quando cruzou os braços.
─ Como minha consultora de moda?
Annabeth riu, um som nervoso aos ouvidos da Kimura.
─ Como minha amiga.
─ Oh... Oh!─ Soltou a garota loira, surpresa, ainda processando o que a Johnson estava dizendo. Não conseguia pensar que Annabeth estava chamando-a para passear no shopping como uma amiga. Era estranho pensar ser amiga de alguém como a americana.─ Tudo bem, tá bom...
A resposta de Emma parecia ter iluminado as feições de Annabeth que se aproximou, tocando nos braços da loira com um sorriso, parecendo perceber que Emma ainda não estava no ponto de acertar seus abraços.
─ Ótimo!─ Ela sorriu.─ A gente poderia tomar um sorvete.
─ Ou ver algum filme.─ Complementou Emma.
Os olhos escuros de Annabeth encararam os azul-roxeados de Emma. Por um instante, Kimura quis saber como Johnson conseguia transmitir tanta felicidade genuína. Emma a ofereceu um sorriso e descruzou os braços, permitindo que Annabeth segurasse seu antebraço, caminhando com a garota loira pelo corredor.
─ Ouvi que tem um filme ótimo em cartaz, preciso comprar algumas roupas e...─ Ela lançou um olhar suave e ansioso para Emma.─ posso ser sua consultora de moda.
Emma piscou os olhos por um momento, e então, liberou uma risada, não pensando mais em como poderia ser uma nuvem chuvosa, chegando até mesmo se considerar parte daquele céu azul e coberto por nuvens brancas.
Em sua sala, focada em deslizar sua caneta preferida pelas folhas do caderno com o objetivo de formar um desenho, o qual se parecia cada vez mais parecido com algo que não conseguia reconhecer exatamente, Emma sabia que precisava focar nas aulas quando os exames estavam tão próximos, mas ela também sabe que não conseguisse prestar atenção nem se quisesse. Aquelas noites que passava terminando de costurar o uniforme, sua mente sempre pregando-lhe peças ao ponto de fazê-la espetar quase todos seus dedos com a agulha, nunca deixando a esquecer de quando...
─ Aí!─ Ela exclamou ao sentir um chute.
MeiMei soltou uma risada em seu lugar, acompanhada por Kiki. Emma as lançou um olhar feio quando se virou para Atsumu.
─ Qual é o seu problema?─ Disse em um tom baixo para que a professora Yawashin não acabasse tirando-a de sala por isso.
─ Qual é o seu problema?─ Repetiu, chutando-a novamente.
Emma sufocou a vontade de retirar seu sapato e jogá-lo na cabeça do garoto loiro. Ele esteve chutando-a durante todas as aulas até agora, mas é ela que tem algum problema em vez dele que parecia ter um prazer distorcido em ficar a irritando a cada respiração.
─ Do que você tá falando?─ Ela o chutou em retribuição.
─ Você tá...─ Atsumu se inclinou, prendendo as orbes azul-roxas nas suas ao erguer uma caneta que Emma tentou pegar para tirá-la de seu rosto.─ Não sei, esquisita?
─ Horrorosa?─ Ela soltou, esganiçada. Indignação manchava os olhos azul-roxeados.─ Passei noites costurando a droga do seu uniforme e você tá me dizendo que tô esquisita?
─ Sim?─ Disse, piscando os olhos como se não entendesse a revolta dela.
Atsumu não hesitou.
( Ele nunca hesitava, Emma afirmou para si mesma e sentiu com mais vontade de esmurrá-lo.)
Emma parou por um momento, apenas encarando o rosto de Atsumu, procurando por algum indício de algo nem ao sabia o que é.
Na verdade, quando se tratava de Atsumu Miya, nunca sabia exatamente o que deveria pensar, estava mais focada naquele sentimento ardente, responsável por fazer seu estômago revirar, deixá-la de joelhos fracos e sem fôlego. Durante aqueles dias estressantes e cansativos, assombrada pelo garoto tornou seu refúgio num enorme "e se?" que mal a deixava dormir numa fuga incessante daquilo que poderia ser um enorme problema nível "a época em que Alaina Mikan estava apaixonada por Shinsuke Kita", Emma Kimura deparou-se com o fato de que odiar Atsumu era simplesmente a coisa mais cansativa que já fez, mas nunca conseguia parar.
Era como se estivesse viciada em ser aquela garota que é a pedra em seus sapatos, sendo irritando-o, nunca deixando-o em paz nem por um mísero segundo, já que ele parecia também viciado em ser a pedra em seus sapatos.
Ela não o entendia e, sendo sincera consigo mesma, não queria entendê-lo, estava muito confortável em odiá-lo a cada respiração. Mas, ás vezes, quando estava cansada demais para resistir a tais pensamentos, pensava que era divertido pensar que eles se conheciam muito mais do que qualquer pessoa por conta daquele vício não-dito e incrivelmente esquisito que pareciam compartilhar. E poderia ser os sonos ausentes, mas, a ideia de que Atsumu Miya, o gêmeo que a atormentava e sempre acabava rolando no chão, trocando chutes e tapas, estava de algum jeito esquisito preocupado com ela?
Emma rompeu-se numa gargalhada que não só a surpreendeu, mas como boa parte da turma. Alaina trocou um olhar com Osamu, ambos sorrindo de forma confusa, sem saber exatamente o que estava acontecendo.
( Em vez de confuso, Atsumu estava surpreso. Os olhos castanhos analisando as feições de Emma, a forma com que seu sorriso expandia e fazia seus olhos desaparecerem por conta das bochechas, sem ter algum medo de mostrar o aparelho ou as liguinhas coloridas, as mãos da garota estavam longe e nem ameaçavam cobrir seus lábios como geralmente acontecia. Emma "sorridente" Kimura nunca esteve lá para Atsumu, aquela Emma estava guardada para Alaina Mikan e recentemente Hitoshi Ginjima, estritamente proibida para ele. Mas naquele momento, aquela versão estava disponível para ele. E isso... Aquela sensação era diferente, muito diferente.)
─ Por que você tá rindo, sua maluca?─ Atsumu soltou, após um pigarreio nervoso, e a chutou por debaixo da mesa mais uma vez.
Ela retribuiu o chute, mas não afastou o pé, mantendo-o ao lado do garoto.
─ Não é...─ Emma balançou a mão, tentando parar de rir e afastar a diversão de seus pensamentos, mas parecia uma tarefa difícil. Ela pressionou os lábios um contra o outro por um instante e o encarou.─ Eu odeio você, muito, muito você, Atsumu Miya.
( Seus olhos brilhavam, a coloração deles o lembrava daquele momento ao amanhecer, onde o azul ganhava certos tons de roxo conforme o sol se erguia como um titã imperturbável, mas ela jamais saberia. Apenas Atsumu.)
─ Também odeio você, Emma Kimura.
E de alguma forma, Emma sentiu que deveria ter algo feroz naquela afirmação em vez daquele tom estranhamente suave, mas mal se importou, os olhos castanhos de Atsumu pareciam iluminados, não escurecidos como costumavam ser quando se tratava dela. Talvez dizer que quem sendo estranho era ele, pensou com as sobrancelhas levemente franzidas.
( Apesar do caminho de implicâncias, xingamentos e as brigas que rendiam alguns roxos, nenhum dos dois disse realmente a verdade.)
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