𝐢𝐯. Campeonato das Raposas
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❝ Papai entrou na conversa: Vá direto para a garganta ❞ - melanie martinez !
A pior coisa de estar presa à Atsumu Miya até o fim do ano era, de fato, Atsumu Miya. E ninguém, além de Emma Kimura, parecia entender isso.
( Na verdade, ela desconfiava que o gêmeo do bem também entendia e odiava isso muito mais do que ela. Imagina dividir não só um útero mas também o resto de uma vida toda com Atsumu Miya. Emma não conhecia um castigo maior do que esse.)
Passou-se apenas um dia que está na mesma sala dos gêmeos Miya. E fora um futuro promissor.
( Levando em conta que Emma não era amiga de ninguém em sua turma original, a culpada era Nana, claro, mas gostava de ignorar tal detalhe.)
Em apenas cinco minutos na sala de aula, tornou-se amiga de um garoto chamado Hitoshi Ginjima, também fazia parte do time de vôlei e parecia genuinamente feliz quando Emma o reconheceu, mesmo que Atsumu tenha arruinado tudo ao jogar uma bolinha de papel amassado nela e dito pra Gin que Emma é um demônio disfarçado. Osamu deu um tapa no irmão mas o loiro não parou com as provocações até a Kimura chutá-lo por debaixo da mesa.
Mas o foco aqui não é em como Emma está se adaptando numa nova sala, mas, sim, que parecia que a professora Yawashin estava desejando que a Kimura se matasse pela forma que a prendeu com Atsumu por oito meses inteiros, só por causa de uma briguinha boba.
( Não foi uma briginha boba. Ela precisou arranjar umas desculpas bem convincentes para os roxos ao longo de suas pernas e rezou bastante para o papai Miles acreditar.)
A prova estava em que, graças ao castigo, Emma precisou ser a dupla de Atsumu, logo no pior dia que há dentro da Inarizaki, onde os segundanistas e terceiranistas buscavam por duplas que as fizessem vencer. Certo que a loira mal se importava com aquele coroa de plástico ridícula que usavam para coroar os Reis das Raposas, mas odiava perder, independentemente do que significava a droga do prêmio.
( Emma é ridiculamente competitiva e negava ser da mesma forma que mentia: horrivelmente.)
O Campeonato das Raposas era uma gincana do melhor tipo: onde trapaça é lei. Na teoria, era disponível para apenas os segundos e terceiros anos com o objetivo de apresentar uma frente unida para os calouros. Na realidade, bom, era os jogos vorazes versão apenas mortes não são permitidas. Ano passado, foi divertido observar Izumiya Nishikawa cair de cara no chão e jogar balões d'água na garota sem ser punida por isso ou ver o ex-capitão do time de basquete quebrar o braço, tentando derrubar Shinsuke Kita da parede de escalada.
Mas seria um inferno enfrentar um campo de futebol enlameado, subir e descer uma parede de escalada sendo acertada por fruta podre ou qualquer coisa nojenta, atravessar uma pista de salto com as mãos presas nas de outra pessoa e tentar achar o imbecil num labirinto no ginásio com os olhos vendados. E tudo sendo a dupla de Atsumu Miya.
Mais uma vez, ele arruinou um dia supostamente divertido!
( Graças a Atsumu, nem precisava ficar na cama, pensando no que poderia ter acontecido de errado, porquê a coisa errada em seus dias era estar ao lado do garoto loiro. Droga!)
─ Dá pra parar de fazer cara feia?─ Atsumu soltou, torcendo o nariz.─ Tá me assustando!
Emma o encarou, sua carranca piorando ainda mais.
─ Tô sentindo um cheiro de merda...─ Ela inclinou-se, fingindo estar cheirando a manga da blusa do garoto.─ Ah, é você!
─ Você tá dizendo que eu tô fedendo!
─ Não! Porque você é o próprio lixão!
Atsumu abriu a boca, ofendido, e a empurrou. Emma fez a mesma coisa, afundando o cotovelo na barriga dele.
─ Alunos! Agora, que comecem o Campeonato das Raposas!─ Anunciou o diretor Gitsune num microfone.
Num grito alto, a maioria dos estudantes começaram a correr, mergulhando naquela armadilha mortal e caótica de lama. Ao passar por Atsumu e Emma que ainda se empurravam, Osamu soltou uma risada alta.
─ Vejo vocês na linha de chegada!─ Disse ele. Alaina lhe deu uma cotovelada, mas o garoto continuou: ─ Perdedores!
( Era pra aquele ridículo ser o gêmeo do bem!)
Com as mãos nos ombros da garota, ainda processando os gritos de Osamu, Atsumu encarou Emma e ela o encarou em resposta. A garota o empurrou uma última vez, começando a correr pelo campo de futebol atrás de Osamu e Alaina.
É preciso dizer que Emma queria muito socar Osamu Miya bem na boca, aí Alaina não teria ninguém para beijar. Então se sentiria vingada depois de cair em tantas poças de lama que seu cabelo loiro tinha uma cor e textura esquisita, sem contar que estava colecionando tantos roxos que nem sabia como conseguiria chegar em casa.
Agora, na parede de escalada, ela amaldiçoava mais uma vez a professora Yawashin por prendê-la com Atsumu Miya.
─ Eu vou matar você!─ Gritou ela, balançando o pé que o garoto agarrara numa tentativa de atrasá-la.
Parados, eles eram alvo fácies, o que justificava o motivo pelo qual a blusa branca de Emma estava suja de lama e uma tinta verde neon enquanto os braços de Atsumu estavam azuis, os cabelos estavam literalmente duros por conta da lama que secara, sem contar sua blusa preta.
─ Eu que vou matar você!─ Gritou em resposta.─ Sua loira feiosa!
Emma bufou, irritada. Um balão d'água atingiu suas costas, grudando o tecido em sua pele.
─ Por que você fala tanto do meu cabelo, ein? Isso é inveja, não é, seu loiro falso!
Atsumu forçou uma risada.
─ Muito engraçado, como eu fosse ter inveja de...─ Um tomate atingiu a bochecha dele.
Emma riu, deixando Atsumu xingar até a última geração de quem tinha atacado ele. Era muito bem vê-lo xingando alguém que não fosse ela. Mas seu divertimento desapareceu, assim que notou que só havia eles dois na parede de escalada.
( Emma nunca admitiria isso para ninguém.)
─ Atsumu...
─ Tô falando sério! Vocês vão pagar caro quando eu sair disso aqui! Tô pouco me fodendo se são calouros, vocês vão me pagar por isso!
─ Atsumu!─ Gritou Emma.
─ O que foi!?─ Ele ergueu a cabeça para vê-la fitando-o com aqueles olhos azul-arroxeados. Atsumu engoliu seco, recusando-se a desviar sua atenção daquela garota que o irritava tanto que fazia seu coração disparar.
─ Somos os últimos!
Atsumu franze o cenho, confuso. Emma revirou os olhos, acenando para a parte de cima da parede de escalada, onde não havia mais ninguém. Arregalando os olhos, ele voltou-se para a garota loira.
Eles se encararam em silêncio.
Não era mistério que Atsumu é ridiculamente competitivo. Se já não era óbvio nas partidas de vôlei, apenas o observe numa aula de educação física ao lado de Osamu. Ele seria capaz de tudo para vencer, inclusive sacrificar o irmão, o que ocorria todas as vezes no queimado. E Emma poderia negar quantas vezes quisesse, Atsumu sabia que ela era mil vezes pior do que ele.
E eles estavam perdendo por acabarem sempre brigando um com o outro.
─ Trégua?─ Ele ofereceu, trincando os dentes e a contragosto.
Emma pareceu pensar, só por segundo. Atsumu bufou.
Eles estavam perdendo! E ela tirava um tempo para pensar!
Sem que conseguisse desviar, Emma o acertou com um chute no ombro. Atsumu a olhou, surpreso pelo golpe.
─ Mas o que...
─ Trégua!─ Gritou ela, e antes que o garoto conseguisse retribuir o chute, começou a agarrar as pedras coloridas, subindo o mais rápido que conseguia.
─ Isso não vale!
─ Ninguém perguntou nada pra você, loiro falsificado!
Resumo rápido: eles perderam. E mal conseguiram chegar no labirinto, depois de uma batalha nada bonita na pista de salto com Alaina e Osamu.
Emma esfregou o quadril, espreitando o olhar para o suposto gêmeo do bem que havia lhe dado uma rasteira depois de chutar Alaina. Sério, ela jura que o objetivo inicial era vencer aquelas coroas falsas e horrorosas, mas Atsumu derrubou Osamu na pista e os dois começaram as lendárias brigas dos gêmeos Miya. As regras silenciosa da trégua também incluía apoiar Atsumu em qualquer palhaçada, então Emma chutou Alaina e Osamu vingou a namorada na primeira oportunidade.
( Largada numa pista, sentindo-se a pessoa mais imunda do mundo, Emma determinou que os dois gêmeos são filhos do próprio diabo. Nenhum dos dois são bons e ponto final.)
─ A culpa disso é sua.─ Disse Atsumu, baixinho. Emma fez careta na hora.
─ Diz o imbecil que estragou tudo!
─ Foi você que caiu quando tentou pular aquele negócio e me levou junto!
Na frente deles, Alaina riu, divertindo-se com a discussão que se seguiu com empurrões e, da parte de Emma, chutes. Shinsuke Kita piscou os olhos, inclinando-se brevemente para o diretor conseguisse pôr a coroa dourada e claramente comprada numa loja fajuta para crianças. Enquanto Azula Takeshi, sua dupla, já segurava seu buquê de rosas falsas.
( Emma jamais diria mas Azula parecia realmente uma rainha com aquela coroa e sorriso encantador, ela até tinha aquele aceno de realeza!)
─ Ei, onde é que você tá indo?
─ Tô indo no banheiro, seu imbecil! O que foi, quer vir junto, é?
Atsumu ficou vermelho na hora, mas disfarçou com um sorriso cretino e um dar de ombros que quase fez Emma ir chutá-lo mais uma vez.
─ Pensei que tava fugindo, sua covarde perdedora!
─ Disse o outro perdedor!
Caminhando pelo pátio, Emma teve a certeza horrorosa que havia lama até na sua calcinha e seria terrível limpar seu cabelo que parecia um ninho de rato neon, chamando atenção por onde passava. Ela tentou puxar o elástico que mantinha seu cabelo, fazendo careta ao sentir uma dor fina espalhar-se por sua cabeça. Com o ombro, empurrou a porta do banheiro feminino que, por algum milagre, estava vazio mas, em troca, estava nojento.
Há pegadas de lama por todos os lados, misturando-se com a água que algumas garotas deveriam ter derrubado ao tentar resolver a bagunça que estavam depois de um campeonato infernal como aquele.
No espelho, Emma encarou uma garota de dezesseis anos que parecia ter sido atropelada por um ônibus, cujo cabelo parecia uma escultura de barro feita por ratos num esgoto e a roupa denunciava que enfrentou algum inferno. Ela cutucou uma costra formada de lama e sei lá o que, descobriu um hematoma roxo na bochecha. Inclinando a cabeça, afim de observar seus ouvidos e checar o estado dos aparelhos auditivos, Emma sufucou um gemido longo.
Ela estava nojenta em todos os lugares mesmo.
( Graças a Deus que é seu último dia com aqueles aparelhos auditivos ou papai Miles a expulsaria de casa.)
Emma enrolou os dedos em torno do elástico de seu cabelo, tentando desfazer o penteado, apesar de doer horrores. Sério mesmo, ela deveria ter seguido o conselho de Rie e cortado os cabelos no último outono.
( É mais uma mentira de Emma, mas ninguém precisa saber.)
A porta do banheiro abriu-se e Emma já estava preparada para sair dali o mais rápido possível quando enxergou o rosto emburrado de Nana Hirano. Mas Mei Maekawa agarrou seu ombro, empurrando-a contra a pia.
─ Que palhaçada é essa?─ Soltou a garota loira, mesmo que o cabelo não esteja nada loiro.─ Vão me jogar na privada, é isso?
Depois de um dia, enfurnada numa sala na companhia daquelas garotas depois de ter sido expulsa da torcida, Emma não tinha paciência para nenhuma delas. Se Nana falasse alguma coisa que soasse errado, receberia um soco e a regra se repetia com todas, incluindo Annabeth, apesar da americana ser uma amiga relutante de Emma.
─ E for isso, o que você faria?─ Mei perguntou, erguendo uma sobrancelha.─ A gente só estaria te levando pra casa, não é?
Nana riu, aquele som desagradável causou uma careta na Kimura.
Emma guardou para si mesma que ela tinha uma mancha verde-amarelada bem perto do nariz. Com certeza, era tinta. Mas muitos fingirão que não, Emma está nessa lista. E Nana realmente parecia ter sido atropelada pela quantidade de roxos que seu rosto têm.
─ Ei, o que vocês estão fazendo?─ Solta Annabeth, parecendo a melhor em aparência de todo o colégio após aquela humilhação pública disfarçada de gincana.
( Como ela não tinha nem uma mancha de lama? Bem, Annabeth não se esforçou nem mesmo em atravessar o campo de futebol, preferindo ser uma das primeiras a desistir. Claro que ninguém sabia disso. Então ficou com os olhares cheios de inveja.)
─ Soltem ela!
Mei revirou os olhos, afastando a mão do ombro de Emma que não perdeu a oportunidade em pisar no pé da garota.
─ Ei!
─ Ops, foi sem querer.─ Falou Emma, sorrindo.
Annabeth meteu-se na frente quando Mei avançou, pronta para retaliar.
─ A gente não veio aqui para isso.─ Chiou para a líder do Clube de Costura que recuou, posicionando-se ao lado de Nana, bem na frente da porta.
─ E vocês vieram pra quê?─ Notando que elas estavam encurralando-a, Emma cruzou os braços abaixo dos seios.
─ Olha, ─ Annabeth ergueu as mãos, em rendição.─ eu sei que as coisas não estão as melhores. Por nossa culpa, você saiu da torcida e tudo mais. Sentimos muito, não é?
Nana Hirano revirou os olhos.
─ Deixa disso, Johnson.─ A líder de torcida deu um passo a frente.─ Tá legal, a gente precisa da sua ajuda, ô, Kimura.
─ Ajuda pra quê?─ Emma soltou, curiosa.─ Não tenho nada a ver com nenhuma de vocês.
─ Mas você tem com o Atsumu, não é?─ Intrometeu-se Mei.─ É dupla dele pra tudo.
─ O que uma coisa tem a ver com a outra?
Por um momento, as três se entreolharam. Emma ficou ainda mais tentada a sair daquele banheiro ma base do soco e empurrão. Estava terrivelmente cansada, não precisava de qualquer coisa que aquelas garotas oferecessem.
A loira se mexeu em direção a porta. Annabeth ficou na frente e as mãos dela pairaram nas de Emma, hesitando antes que agarrar os dedos da Kimura.
─ Estávamos pensando, tá bom!─ Ela suspirou, parecendo tomar fôlego.─ O que você falou naquele dia, de se vingar do Atsumu pelo que fez comigo...─ Nana pigarreou atrás dela.─ Conosco! E pensando bem, você estava certa!
─ A gente deve se vingar e você vai nos ajudar.─ Mei falou, as mãos em sua cintura.
─ Eu?─ Emma riu, puxando as mãos para longe das de Annabeth. Um dedo pressionando contra o próprio peito antes de apontar para as três garotas.─ Ajudar vocês? Que piada!
─ Para de graça, Kimura!─ Falou Nana.─ Todo mundo sabe que você não gosta do Atsumu. É só unir o útil ao agradável.
─ Útil ao agradável?─ A Kimura ergueu as sobrancelhas, incrédula.─ Se querem minha ajuda, vão ter que fazer mais.
Annabeth suspirou.
─ Meu deus, Emma! Só pensa um minutinho sobre, Atsumu está fazendo sua vida num inferno desde sempre. É a hora de fazer ele pagar, não só pela gente, mas por você também.
Pensar um minutinho. Emma poderia fazer isso e, de fato, tentou fazer até que a dor muscular a incomodar ao ponto de fazê-la pensar em quem fora responsável por todos aqueles hematomas espalhados. E só conseguia pensar no sorriso malicioso de Atsumi quando acidentalmente colocava o pé para que tropeçasse, aproveitando o campo de futebol para poder chutá-la e distribuir cotoveladas que doíam demais, muito além da conta.
Isso sem falar nas mais diversas discussões que colecionava com o garoto. Às vezes que, silenciosamente, encarava o próprio reflexo no espelho e sentia as palavras de Atsumu atacando-a. Feiosa... Ou quando as fangirls dele inventavam de seguir o exemplo do garoto, pondo bilhetinhos nada gentis em seu armário ou sempre colocando os pés na frente de Emma para ela acabar caindo, o que aconteceu mais vezes do que gostaria.
Muito mais do que Nana Hirano, Atsumu Miya esteve dificultando sua vida. Ele estava incrustado em cada insegurança que Emma tinha, sendo o motivo por trás de cada dia ruim na lista da garota e sempre o motivo pelo qual estava em detenções ou enfrentando castigos.
─ É, vocês estão certas...─ Declarou Emma Kimura, cruzando os braços e espreitando os olhos, analisando as feições aliviadas das garotas em sua frente.─ Atsumu Miya deve morrer.
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