Desligo o telefone depois de finalmente marcar uma consulta e começo a digitar uma mensagem para Sina, dizendo para marcarmos um dia para que eu conheça os pais dela, quando aparece na tela do celular que Sabi está me ligando.
Atendo.
— EU AMO VOCÊ — ela grita, antes mesmo que eu diga alô.
— Eu amo você também... Tá tudo bem?
— ESTÁ TUDO ÓTIMO!
Sorrio.
— E há algum motivo especial para tanta alegria? — pergunto, já imaginando qual será a resposta.
— MUITO OBRIGADA POR ME APRESENTAR AO MELHOR PIOR JOGADOR DE RUGBY!
Agora eu gargalho no telefone.
— Suponho que você tenha gostado dele, então.
— Como jogador, péssimo. Fora do campo, sensacional!
— E a aposta? Que história é essa?
Agora ela soa um pouco mais retraída, porém, não menos engraçada.
— Argh, Noah, você precisa mesmo saber de tudo?
— Foi você que me ligou para contar — lembro. — Mas, você conta se quiser...
— Nós apostamos que eu sabia mais de rugby que ele — ela conta. — E aí eu errei a pergunta que ele fez, não sei como, acho que foram os olhos escuros dele que me desconcentraram, não sei mesmo...
— Então ele ganhou a aposta, não?
— Sim. Mas, aí tinha a segunda aposta...
— Segunda aposta? Como assim?
— E aí que, se eu perdesse, eu tinha que dar um beijo nele. E fui eu mesma que propus isso. Não a sério, porque eu sabia que eu ia acertar.
— Mas, você queria beijá-lo. E errou.
— Queria, o que significa que talvez eu tenha errado de propósito. Ou foram os olhos...
— Sabi — gargalho — , não acredito nisso. Além do mais, pensei que você fosse lésbica — provoco.
Ela ri também.
— Nem eu — ela confessa. — Acho que eu me superei dessa vez. E que história é essa de lésbica? Eu só fiquei com aquela menina uma vez, seu idiota.
— Você sempre se supera. E foram seis meses. Eu me lembro muito bem. E o Starbucks...?
— Essa aposta ele perdeu. Eu disse que eu beijava melhor do que ele jogava rugby, e ele duvidou. E deixei essa história da Marcela em paz. Passou. Rugby agora... Melhor pior jogador, lembra? Ele beija muuuito bem.
Por um segundo, quase me perco no fluxo de pensamento de Sabi. Então, recobro tudo a tempo de entender e imaginar coisas demais.
— SABI! Você podia guardar alguns detalhes — brinco.
— Você pediu — ela retruca. — Você armou tudo. Eu tenho certeza que foi obra sua. Não tem como não ter sido.
— Talvez eu tenha marcado isso de propósito, ou talvez... — brinco.
— Espero que você esteja ciente de que já temos um próximo encontro. Que, na verdade, é amanhã. E já vamos marcar mais um, então... Você pode nos incluir no passeio de quinta que vem, já que isso tudo foi ideia sua. Que tal?
— Um encontro de casais... Era bem isso que eu tinha em mente — brinco, pensando qual passeio ajustarei agora para conseguir encaixar os dois novos pombinhos.
Não acredito que meu plano realmente deu certo.
Preciso me lembrar de contar isso a Sina também.

Tá chegando a hora...
Xoxo ✨