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𝟎𝟓: ❛MAQUIAVEL E MAQUINAÇÕES❜


 ─────── 𝐂𝐀𝐏𝐈𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐂𝐈𝐍𝐂𝐎 !

 𝑚𝑎𝑐ℎ𝑖𝑎𝑣𝑒𝑙𝑙𝑖 𝑎𝑛𝑑 𝑚𝑎𝑐ℎ𝑖𝑛𝑎𝑡𝑖𝑜𝑛𝑠

SEPTEMBER, 1977.

SCOTLAND ━━ HOGWARTS

O ROSTO ERA GRACIOSO E A PELE MACIA COMO A MAIS PURA SEDA. Os cabelos cintilantes mesclados em cores exóticas deslizavam como cascatas em seus ombros, sua postura marcada por poder emanava perigo e seu olhar tão atento e afiado parecia queimar, ao ponto de ninguém ser corajoso o suficiente para encará-lo. Athena estava sentada na poltrona de seu dormitório que dividia com Storm e outras duas amigas. Ela repousava suas costas delicadamente no estofado como se ele fosse feito de nuvens, sua aparência tão impecável combinava perfeitamente com a decoração luxuosa do local que parecia ter sido esculpida pelo próprio Salazar Slytherin. 

No centro do quarto, com sua cobra de estimação deslizando sutilmente pelas suas mãos enquanto a mesma lhe dava singelas carícias, Athena parecia tão gloriosa quanto a uma deusa, sua beleza reluzia à perfeição, como uma obra pintada por Bouguereau, ela possuía os típicos traços de beleza dos Avery, que em mistura com os traços dos Rosier ━ sua família por parte de mãe ━ eram mais nítidos em si. Olhos expressivos, rosto angelical, nariz arrebitado, bochechas salpicadas de sardas e uma aura tão intensa de magia que inundava o ambiente.

Por mais que apreciasse ser venerada pelos seus colegas de casa, não era do seu agrado ter que recebê-los em seu quarto. Entre todos aqueles jovens, Athena conseguia contar nos dedos quais eram os que ela realmente confiava e tinha como aliados. Ela não simpatizava com a maioria que a cercava, suas mentes fracas e corruptas eram fáceis de serem invadidas e totalmente maleáveis. Mas, em todo caso, Avery não podia negar que adorava manipulá-los, era uma diversão e tanto para si.

A sonserina tinha plena consciência de que muitos ali odiavam a obedecer, mas também sabia que era temida pelo seu poder e pelo patamar que ocupava entre os Comensais. Ser praticamente o braço direito do Lorde tinha suas vantagens. Avery tinha tudo e todos na palma de sua mão e os usava como marionetes, era assim que deveria ser, ela mandava e eles obedeciam como cachorrinhos assustados. A jovem não se importava em ser amada, a admiração de terceiros não valia nada para ela, o mais importante em sua perspectiva de vida era ser temida.

Recordava-se de um livro de um pensador renascentista que leu uma vez, o livro estava enfurnado no canto da biblioteca de sua casa e provavelmente a intenção de quem colocou o objeto lá era de que não o achasse, ele estava empoeirado e tinha algumas páginas faltando, mas isso não impediu Athena de devorar o livro.

O pensador chamado Maquiavel alegava que o homem é naturalmente corrupto, volúvel, ingrato e dissimulado, e por isso ser temido era uma opção muito mais segura do que ser amado. E Athena não poderia deixar de concordar com tal linha de pensamento. Tom a ensinou que se quisesse ter respeito, deveria assombrar e manipular as pessoas a favor de si, mas, principalmente, impor-se como uma verdadeira serpente, astuta, ágil e sofisticada.

Crouch havia sugerido que a reunião ocorresse na sala comunal da Sonserina, mas Athena não queria correr o risco de alguém atrapalhar ou bisbilhotar o encontro deles. Nas atuais condições, eles não poderiam se colocar em risco, afinal, todos no castelo estavam atrás de pistas sobre o ataque que ocorreu no dia anterior e todo cuidado vindo deles era pouco. Então, não haveria lugar mais seguro naquele momento, do que o dormitório de Athena.

Não tiveram complicações em levar todos aqueles meninos para o dormitório feminino, Astrie Rowle possuía um grande talento para se esgueirar pelo castelo, ainda mais sendo Monitora-Chefe da Sonserina. A jovem usufruía de seu cargo para quebrar algumas regras, realizar algumas missões e de vez em quando, fugir para Hogsmeade com as suas amigas.

Severus foi o responsável por encher o ambiente de feitiços abafadores ━ que ele mesmo criara ━ e consequentemente, deu início a reunião. Os olhares estavam postos sobre si, suas palavras saiam com eloquência e firmeza, seu timbre de voz rouco parecia potencializar mais sua fala, sua expressão fria e seu olhar afiado contribuem para prender a atenção dos jovens comensais, ninguém parecia ter coragem de desviar o olhar. Athena observava seu amigo satisfeita, por um momento, a lembrança daquele menino acanhado de postura tímida surgiu em sua mente, e ela segurou o sorriso nostálgico, Severus havia tornado-se alguém confiante e independente, totalmente diferente daquela criança reprimida que conheceu no vagão do Expresso de Hogwarts.

Snape passou mais alguns minutos falando, e após terminar seu discurso, entregou a fala para Athena e seguiu para sentar-se ao lado de Storm. Avery permaneceu sentada em sua poltrona, tendo Loki em seus braços e seus companheiros de casa ao seu redor, sentados em seus respectivos lugares.

━ Devo admitir, estou um tanto surpresa com as habilidades de tortura de alguns de vocês.━ A jovem pronunciou-se, a voz suave e o rosto sem nenhuma expressão. Seu olhar percorreu os rostos dos sonserinos vendo que a maioria expressava orgulho. ━ Mas não estou satisfeita ━ completou tendo o deslumbre das expressões orgulhosas vacilarem. ━ Parece que todos os treinamentos nesses dois meses não serviram de nada para alguns ━ suspirou teatralmente. ━ Se o Lorde quisesse um bando de fracassados, ele teria recrutado grifinórios! ━ esbravejou. ━ Agradeçam que a grande parte dos alunos das outras casas não sabem usar a verdadeira magia, se não, teria sido uma situação deplorável para vocês.

O ambiente estava em total silêncio e os sonserinos se entreolharam preocupados. Não era do agrado de ninguém ver Athena irritada, era extremamente doloroso ter que lidar com a ira da metamorfomaga. Quando dominada pela fúria, Avery tornava-se pior, o que resultava em castigos mais extremos e torturas maléficas. As piores torturas vindas de Athena não eram feitas pelas maldições imperdoáveis, mas sim pela mente.

A tortura psicológica que o Lorde das Trevas havia a ensinado era obscura e letal. Por ser uma ótima Legilimentes, a sonserina conseguia entrar na mente de quem quisesse e projetar o que bem entendesse, uma vez que a jovem estivesse em sua mente e causasse qualquer dano nela, nunca mais a pessoa seria a mesma. Sendo a impecável aprendiz que é, Athena não decepcionou seu padrinho, até mesmo o surpreendeu ao aprender as artimanhas com tanta facilidade. Avery se tornou uma excelente Legilimente e Oclumente com apenas quinze anos de idade e a partir daí, Voldemort passou a usá-la para castigar os Comensais.

Todos permaneceram quietos e Athena passou a observá-los com seu rosto apático, o que causava desconforto na maioria dos sonserinos. Rafe e Dionisio, eram os únicos que não estavam presentes, mas isso devia- se ao fato de que os dois pertenciam a Corvinal e não era em todas as reuniões que eles conseguiam comparecer. Mas, isso não era problema, sendo quem eram faziam parte do círculo pessoal de Athena, então sempre sabiam de tudo com antecedência.

Em um ato de coragem ━ um tanto estúpida, devo ressaltar ━, Aleto Carrow levantou-se da onde estava e olhou para Athena com raiva. A moça ainda não havia esquecido a humilhação que ela e o seu irmão passaram no Expresso.

━ Você não pode nos julgar! Não tem esse direito. ━ A Carrow bradou. ━ Isso cabe ao Lorde e não á você ━ ressaltou.

Após a fala de Aleto o silêncio que se estendeu pelo dormitório era sufocante. Os sonserinos intercalavam o olhar entre Athena e Aleto, os corpos tensos e as expressões de espanto mesclavam-se com a expectativa. Amico, ao invés de apoiar a irmã, encolheu-se entre Nott e Goyle e permaneceu ali, com o olhar direcionado ao carpete. Avery permaneceu parada por um tempo, os únicos movimentos captados eram de Loki, arrastando-se pelos seus ombros seguindo o antebraço. Athena tinha o olhar fixo em Aleto, as mãos apoiadas na poltrona e a postura impecável. Um ligeiro sorriso apossou-se de seus lábios e Carrow estremeceu desconfortável, seu peito subia e descia, ofegante, pelo que acabara de fazer. Ato comum, mas naquela ocasião, e para aquela pessoa, era uma gafe, e das feias.

Astrie Rowle deu um passo à frente, mas foi impedida pelo braço de Storm a bloqueando. A Selwyn a encarou séria e balançou a cabeça negativamente. — Deixe-a resolver isso — sussurrou apenas para a amiga, que assentiu, e retornou ao seu lugar. Eles temiam o descontrole de Athena, mas não tinham o direito de a impedir de cometer algo sendo que ela havia sido provocada. E Aleto, na concepção de Storm, estava merecendo uma profunda e dolorosa tortura.

Athena levantou-se ainda segurando Loki em seus braços, seus passos até Aleto eram lentos e a sonserina transparecia um sentimento de falsa calmaria. Ao se aproximar, seu olhar bateu de frente com os olhos azuis — não tão mais corajosos — de Aleto. As duas eram da mesma altura, mas a presença de Athena parecia ser tão sufocante que fazia Aleto sentir-se pequena e miserável.

Um riso amargurado escapou dos lábios da metamorfomaga. — Eu não posso os julgar? — soltou a pergunta com o sorriso perverso lhe enfeitando os lábios. — Achei que estivesse mais do que claro que eu tenho total autoridade para fazer o que bem entender com vocês. — A jovem rodeou Aleto como se ela fosse sua presa, logo parou subitamente atrás dela e permaneceu alguns minutos ali. A Carrow tinha seu corpo tenso, mas ainda permanecia de cabeça erguida.

— O que eu faço, ou deixo de fazer, não diz respeito a nenhum de vocês. — A voz estava baixa mas era marcada por desprezo. — Você e a merdinha do seu irmão deveriam agradecer ao Lorde, por ainda, preservar a vida de vocês. Caso o contrário, eu faria questão de aniquilá-los com as minhas próprias mãos. — O tom aumentou, as palavras da jovem causaram um arrepio gélido nos irmãos e era possível ver o terror estampado em seus olhares, os demais pareciam ter sidos congelados e a única coisa que podia se escutar no ambiente era a respiração ofegante de Aleto.

Athena retornou para seu lugar em passos leves, parecia estar serena, e por um momento os jovens Comensais acharam que ela iria deixar mais uma má criação de Aleto passar. Porém, não demorou para os olhos de Athena encontrarem os da jovem, e em um segundo, um grito cortou o silêncio do quarto com fúria, assustando grande parte dos sonserinos. O corpo de Carrow estava caído no chão, sua expressão era de pura súplica, ela nunca havia sido torturada antes por Athena, mas sempre imaginou o quão ruim deveria ser. Era uma dor que supera a imaginação, uma dor que supera a capacidade de sofrer, uma dor que parecia estar rasgando tudo por dentro.

Suas mãos taparam seus ouvidos, inutilmente ela tentava ir contra a voz que invadia sua mente. Aquela maldita voz que estava dominando todos os seus sentidos, tudo o que estava pensando, tudo o que guardava dentro de si, estava tudo revirado e aquela terrível agonia apenas se intensificava a cada mísero segundo.

Os gritos saiam brutalmente de Aleto, sua voz — rouca e desgastada — não estava agradável aos ouvidos, as lágrimas deslizavam livremente pelo seu rosto pálido e os soluços escapavam de sua boca com frequência. Conforme Athena lhe pressionava mais, o corpo da jovem pareceu entrar em combustão e seus nervos passaram a tremer descontroladamente.

Infelizmente, naquela manhã, Athena não estava com os melhores dos humores e consequentemente, o primeiro que a irritasse, sofreria por ter lhe tirado o pouco de paciência que estava guardando para a reunião. Fazia alguns meses que as atitudes dos irmãos Carrow estavam a aborrecendo, isso era um fato, mas ela não tinha escolhido aquela reunião para punir alguém, muito pelo contrário, iria estabelecer assuntos importantes.

A jovem estava mais do que irritada, ela odiava ter que mudar os seus planos e principalmente, cometer suas torturas. Mas, Aleto decidiu enfrentá-la, e aquilo era inadmissível. Assim como Tom a ensinou, Athena precisava colocar a Carrow na linha, se não aquele tipo de comportamento poderia tornar-se frequente e até mesmo encorajar outros palermas a repetirem o ato.

Athena desviou o olhar para Amico — que estava mais encolhido ainda no meio dos companheiros — e sorriu debochada. O olhar demonstrava desafio. Ela estava o desafiando a ajudar sua irmã. O sonserino apenas limitou-se a engolir em seco e desviar a atenção para as mãos trêmulas. Covarde, Atena pensou.

A moça se contorcia de dor. Sua mente escureceu-se e rapidamente, no meio daquela escuridão, materializou-se sua própria imagem. O cenário era horrível, o Lorde das Trevas a estrangulava brutalmente, seu corpo estava estendido no ar apenas pela mão do homem, e seus pés balançavam-se enquanto ela tentava implorar por misericórdia. Ele apertava seu pescoço com fúria e sua risada aterrorizante ecoava pela sua mente.

Seu ar faltou, e era como se ela conseguisse sentir os dedos gélidos em seu pescoço. A voz perdeu-se no caminho e os únicos barulhos feitos viam do fundo de sua garganta, súplicas que soavam cortadas. Aleto sentia sua vida esvaziando, o desespero a dominava e ela se perguntava se iria morrer daquele jeito.

Athena balançou a cabeça negativamente, ela inspirou e expirou três vezes sentindo o corpo relaxar. Ao abrir os olhos, Avery saiu da mente de Aleto e a moça conseguiu respirar novamente. Carrow murmurou algo, meio débil, e logo após desmaiou.

— Levem-na daqui. — Athena, sentada em sua poltrona, ordenou.

Goyle e Travers não tardaram em levantar de seus lugares e ir de encontro a jovem mulher desmaiada no chão. Padmé Parkinson levantou-se de seu lugar caminhando até a outra porta do quarto, ela passou por Athena dando um leve toque em seu ombro e seguiu na frente dos sonserinos, os guiando para um pequeno compartimento que elas tinham em seu quarto. Felizmente, os dormitórios da Sonserina possuíam uma espécie de mini sala, dentro dos quartos, os sonserinos o achavam muito útil para guardar tralhas entre outras coisas. Athena e Storm gostavam de guardar suas vassouras e equipamentos de Quadribol ali, mas também era usada como uma enfermaria particular.

Quando os jovens Comensais se ferem nas missões, são torturados ou algo do tipo, eles sempre são mandados para ali. Por não poderem se expor, a ideia de Padmé em montar uma pequena enfermaria foi muito bem acolhida, eles tinham Snape e Storm fazendo as poções e a Parkinson como curandeira do grupo. Sendo assim, conseguiram montar com sucesso a enfermaria no dormitório de Athena, na qual ela dividia com Storm, Astrie e Padmé.

Após o ocorrido, Avery prosseguiu a reunião com toda a sua plenitude. Dessa vez, sem interrupções ou opiniões provocativas, os sonserinos conseguiram estabelecer um sistema de dúvidas e eles a perguntavam apenas quando a Avery terminava de falar. Sempre com as vozes mansas e expressões calmas. Ninguém ali queria irritar a metamorfomaga novamente. Algumas piadinhas bobas da parte de Storm e Crouch apenas contribuíram para manter o ambiente mais suportável.

— E se nos acusarem? — A pergunta de Crabbe fez com que os sonserinos se calassem e chamou a atenção de Athena, que revirou os olhos.

— É óbvio que seremos acusados. — Ela deu de ombros. — Como sempre, eles acusam a Sonserina por tudo. Até por coisas que não são do nosso feitio.. — Um sorriso debochado lhe tomou os lábios e os demais riram zombeteiros.

— Somos mestres na arte da sutileza, fingir que a culpa não é nossa já virou rotina — Storm comentou em um tom risonho.

— Exatamente. — Athena concordou. — Depois desse ataque, devemos permanecer um tempo parados. — Avery suspirou. — Ordens do Lorde — completou recebendo acenos positivos dos sonserinos. — Mas tenham em mente que sempre devemos estar preparados para tudo! A guerra está começando e muitas coisas ainda estão por vir.

— De qualquer forma. — A jovem estendeu a mão para pegar uma cópia do Profeta Diário nas mãos de Snape. — Conseguimos a primeira página! — exclamou em uma falsa animação e em seguida os jovens a acompanharam em risos de puro escárnio — O Lorde está satisfeito e lhe mandam suas congratulações, a reunião está encerrada!

Ao finalizar a reunião, Athena pode sentir os jovens mais confiantes. Storm e Severus atenderam alguns deles, a maioria queria saber sobre os treinos e seleções do time de Quadribol da Sonserina — Storm era a capitã —, e outros sobre o grupo de estudos e reforço que Snape era responsável por organizar. Eram diversos estudos, alguns voltados para ajudar nas provas finais e nas matérias em Hogwarts, e outros próprio para Arte das Trevas. De tempo em tempo, Athena também coordenava alguns treinos físicos e duelos, para ajudar os Comensais jovens a aprenderem a lutar e a executar missões para o Lorde.

Após um tempo, apenas Storm, Regulus, Severus e Athena permaneceram no quarto. Com um aceno de varinha eles transformaram as cadeiras em móveis novamente e acomodaram-se, Athena deixou Loki com Regulus que o colocou no terrário. Snape estava em pé, de costas para os amigos, enquanto fingia averiguar alguns livros na estante. Regulus trocou olhares com as meninas e apontou para o amigo com o queixo. Athena suspirou, Snape estava estranho e ela sabia o motivo.

— Você vai falar ou será preciso vasculhar sua mente? — A Avery se pronunciou, ajeitando-se em sua cama.

O jovem bufou.

— Se você conseguir entrar — deu de ombros— Sou um Oclumente tão bom quanto você, se duvidar, até melhor! — respondeu de supetão, fazendo Storm e Regulus rirem. Eles não sabiam se riam do cinismo de Athena ou pelo humor ácido de Snape.

Athena grunhiu, irritada.

— Não me provoque!

Snape deu de ombros.

— Não é nada.

— Fingido — Regulus sussurrou.

— Será que dá pra parar com esse drama todo? — Avery perguntou. Severus permaneceu calado, olhando a estante e a ignorando. Athena odiava ser ignorada e ele sabia disso.

Storm e Regulus observavam a birra dos dois risonhos. Era incrível como às vezes eles conseguiam ser piores do que crianças.

— Vai mesmo ficar irritado comigo apenas por eu ter me defendido? — Athena chamou a atenção do melhor amigo.

— Defendido? — ofegou incrédulo. — Você poderia tê-la matado, Circe!

Athena revirou os olhos para as expressões exageradas que Storm e Regulus fizeram. Snape apenas a chamava pelo seu nome do meio quando estava irritado consigo.

— Mas, está assim por causa do Macdonald? Virou o quê? O bom samaritano? — Storm perguntou.

— Ele não está irritado pela Macdonald — Avery cruzou os braços. — Ele está assim por causa da tapada da Evans!

Snape grunhiu e Regulus e Storm resmungaram inconformados.

— Ah não, Severus! — O Black balançou negativamente a cabeça. — A Evans? Sério? Achei que já tinha superado.

Snape permaneceu estático em seu lugar. Os olhos furiosos e os lábios pressionados, uma leve coloração vermelha se espalhava pelo seu rosto pálido e um sentimento de irritação e desilusão o tomaram. Ele não gostava de tocar naquele assunto, era humilhante de diversas formas.

— Isso não vem ao caso — sussurrou.

— Quando vai entender que a sangue-ruim da Evans não dá a mínima para você? — diz Athena, o encarando séria. — Ela nunca foi sua amiga de verdade! Na primeira oportunidade, ela te abandonou e correu para os braços do Potter e daquele grupinho ridículo. Ela merece pagar pelo que fez! — Sua voz saiu um tanto alta e ela suspirou, não adiantava argumentar, conhecia Snape o suficiente para saber o quão cabeça dura ele era. — De qualquer forma, eu apenas estava me defendendo — deu de ombros com uma expressão cínica no rosto.

— Eu a afastei! — Snape exclamou. — A culpa foi minha, ela não tem que pagar por nada.

— Ela não pode se ofender por ouvir a verdade — Storm disse e em seguida, ela, Athena e Regulus se entreolharam e riram.

Severus cruzou os braços e lançou um olhar de censura. Para ser sincero, ele nunca ligou para os status de sangue, mas no mundo onde vivia, e com as pessoas que convivia, não seria bem-vindo ele andar com nascidos-trouxas ou mestiços, mesmo sendo um. A família Avery parecia anular qualquer requisito de seu pai em sua linhagem, e apenas focar que ele era um Prince, descendente de uma das maiores famílias da nobreza bruxa.

Snape cresceu em uma casinha pequena, em um bairro pobre de classe trabalhadora. Nunca teve roupas boas, muita comida no prato ou brinquedos novos. E para completar, seu pai apenas trabalhava para alimentar seu vício em bebidas e descontava seu fracasso na sua mãe e em si. Nunca recebeu amor ou atenção, sua própria mãe vivia em um estado preocupante de depressão e ele podia contar nos dedos quantas vezes ele a viu sorrir em toda sua vida. Então, aprendeu a ser um sobrevivente desde cedo. E para sobreviver no mundo bruxo e ser protegido pelos Avery, ele sabia que deveria seguir tudo o que lhe falavam e a sua horrível doutrina purista. Mas, Lily era uma exceção. Por muito tempo em sua vida, a ruiva foi a única fonte de afeto que ele tinha, então, seria inevitável ele não desenvolver um apego emocional a ela.

O sonserino sabia que ela nunca iria querer se envolver romanticamente com ele, mas pelo menos tinha a amizade dela e aquilo bastava. Porém, após o maldito ocorrido causado pelos marotos, Lily Evans não olhava mais em seu rosto e não aceitara os inúmeros pedidos de desculpas que o mesmo lhe dera. O deixando afundado no remorso desde então.

Snape era extremamente grato pela amizade de Athena, Storm e Regulus. Eles eram sua válvula de escape, seus melhores amigos, as pessoas que o mais entendiam no mundo. Os três tinham um lugar em seu coração. Mas, ele não conseguia deixar de pensar em Lily e de se sentir culpado pelo que falara para a ruiva.

Avery observou o estado de seu amigo e mordeu os lábios, apreensiva. Ela odiava a Evans, assim como odiava todo sangue-ruim, mas quando a ruiva se afastou completamente de Snape, Athena passou a odiá-la mais, por de certa forma, ter machucado seu melhor amigo.

— Tudo bem — resmungou amargurada. — Eu não toco mais na escória da Evans — respirou fundo, contrariada. — Mas você esperava que eu fizesse o que? Ela querendo me estuporar e eu recebendo ela com um abraço? Vai se ferrar, Snape!

O jovem arqueou as sobrancelhas e sorriu ligeiro. Storm também sorriu e Regulus observou Athena risonho. A relação de Snape e Avery era engraçada.

— Estamos no começo de uma guerra, Severus, e você terá que escolher apenas um lado. — Sua voz saiu séria e o sorriso do sonserino sumiu. — Espero que não me decepcione.

Severus aproximou-se da melhor amiga e a encarou profundamente.

— Minha lealdade sempre pertencerá a você. — Athena sentiu o baque da promessa. Ela sabia que não importava a situação, Severus sempre estaria com ela. Ele poderia decepcionar até mesmo Tom, mas não a ela. E isso era o suficiente para si.

Encarando-se os melhores amigos compartilharam um sorriso.

A atenção deles foi dispersa quando Astrie entrou apressadamente no quarto. Ela os ignorou e começou a vasculhar sua gaveta desesperadamente. Os sonserinos se entreolharam e voltaram para a Monitora-Chefe.

— Está precisando de algo, Rowle? — Regulus perguntou. Astrie pulou para outra gaveta e a passou a revirá-la.

— Preciso esfregar na cara de Gideon Prewett que eu também tenho um broche de Monitor-Chefe. Aquela duplicata vive se mostrando por aí como se fosse um pote de ouro depois do arco-íris! — resmungou.

Os jovens não se aguentaram e riram.

— O Prewett? — perguntou Storm, cínica. — Vocês dariam um belo casal, pena que ele é um traidor de sangue.

Astrie parou os movimentos e encarou Storm, enojada. Snape segurou o riso.

— Não me insulte desse jeito! — bradou. — Será que o Loki engoliu meu broche?

Athena cerrou os olhos e levou a mão ao peito, ofendida.

— O Loki não é um cachorro para engolir coisas! — A metamorfomaga quase gritou. — Meu filho é um príncipe refinado. — Levantou o queixo em desprezo. — É mais fácil a Storm ter engolido o seu broche do que o Loki!

— Ei! — Storm protestou e jogou uma almofada na direção de Athena, que desviou e lançou um olhar zombeteiro para a amiga.

Astrie achou graça, mas voltou a procurar seu broche. Snape observou algo no uniforme da Monitora brilhar e cutucou Regulus, que também achou. O Black se aproximou sorrateiro e puxou o objeto com rapidez, a assustando. — Está falando desse broche? — perguntou, ironicamente, estendendo-o para Astrie. Ela o pegou rapidamente e esboçou uma careta.

— Ora, ora — Selwyn assobiou baixo. — Essa trapalhada toda é apenas para se gabar para o Prewett? Que bonitinha — caçoou.

— Calada! Se não vou lhe dar uma detenção. — Rowle ameaçou. Storm arqueou as sobrancelhas em deboche e Regulus a imitou. — Vocês são insuportáveis! — Jogou as mãos para o alto e depois caminhou até a porta. Ela parou subitamente e se virou para os amigos. — Estão esperando o quê? Vamos, o café já está sendo servido! Andem! — disse autoritária e logo após retirou-se do quarto.

Severus foi o primeiro a cruzar a porta, apressando-se a andar ao lado de Astrie, logo Regulus os acompanhou, andando do outro lado da Monitora-Chefe. E os três passaram a conversar sobre banalidades. Storm deu um aceno com a varinha trancando a porta do dormitório e acompanhou Athena, as duas andavam um pouco mais afastadas do trio.

— Tena — Storm a chamou em um sussurro. — Você sabe que as coisas irão se complicar agora, certo? Irão grudar na nossa cola mais do que o normal.

Athena encarou a parceira, soltando um longo suspiro.

— Eu sei — respondeu. — É por isso que o Lorde decidiu suspender qualquer ataque por no mínimo um mês. — Elas viraram um corredor e se mantiveram aos sussurros. — Mas, de qualquer forma, não poderemos contribuir com muita coisa, presos nessa escola e com Dumbledore sempre de olho, precisamos ter cuidado.

Storm assentiu.

— Mas isso não nos impede de agir por debaixo dos panos, afinal, você tem uma missão a cumprir. — A Selwyn sorriu cinicamente.

Athena lhe empurra levemente pelos ombros.

— Nós temos uma missão. — Ela arqueou as sobrancelhas sugestivamente. — Não agirei sem vocês, e muito menos sem você. — A sonserina se cala ao passar por um grupo de lufanos. Eles a encararam com desconfiança e se mantiveram longe. Athena apenas segurou o riso. — É a minha Capitã, terá que ir na frente de qualquer plano.

A jovem Selwyn balança a cabeça negativamente e é a sua vez de empurrar a amiga.

— Vou ter que pedir um aumento para o tio Zeus, a função está ficando difícil.

Athena cerrou os olhos em ofensa. — Sua¹syníthis! — esbravejou em grego, logo após as duas riram.

Ao se aproximarem da entrada do Grande Salão, avistaram dois corvinos que as esperavam pacientes. — Achei que teria que buscar as donzelas, se esqueceram do caminho? — Dionísio pronunciou-se de forma sarcástica.

— Culpe a sua prima e seus discursos de ódio. — Storm apontou para Athena. — Se acender um incenso perto dela, ela some — riu entrelaçando seu braço com de Dionísio, que não pode deixar de zombar da prima.

Rafe que já encontrava-se com os braços em volta da noiva, gargalhou, recebendo um beliscão de Athena em troca. — Ai, mulher! — protestou passando a mão em sua costela. — Bom dia, la mia vita — sussurrou no ouvido de sua amante, deixando um beijo em seguida.

Avery limitou-se apenas a lhe oferecer um sorriso e logo ajeitaram suas poses e entrelaçaram suas mãos enquanto adentravam no Grande Salão. Storm e Dionísio os seguiam em uma calma conversa. A tensão que pairava no lugar era sufocante, podia-se escutar alguns cochichos que se misturavam com o barulho dos talheres batendo nos pratos, mas nada além disso. O falatório tão costumeiro era escasso. A maioria dos alunos encontravam-se quietos, com posturas apreensivas e derrotadas, encaravam suas refeições monotonamente. Os poucos que se atreviam a falar, eram cautelosos e praticamente sussurravam.

Mesmo após o discurso do diretor, na qual o mesmo acalentava os alunos e funcionários com palavras reconfortantes e de esperança, eles se encontravam amedrontados. E não era para menos, nunca em toda história da escola, Hogwarts havia sofrido um ataque tão brutal e para piorar, nenhum dos alunos estavam devidamente preparados.

Dumbledore sabia que aquilo havia sido um mero aviso. O pior, infelizmente, ainda estava por vir, e o diretor temia pela vida de seus alunos. O maior alvo do ataque havia sido os nascidos-trouxas, a maioria deles possuíam ferimentos e arranhões pelo corpo. Alguns chegaram a sangrar, mas não era grave. Outros, que não tiveram a mesma sorte, se encontravam aos cuidados de Madame Pomfrey. 

A enfermaria de Hogwarts nunca esteve tão cheia, muitos alunos estavam internados e seguirão nessa situação complicada por alguns dias. O próprio St. Mungus havia mandado poções e uma equipe de reforço para ajudar os feridos, pois Madame Pomfrey não estava dando conta de tudo sozinha. A notícia já havia se espalhado e Dumbledore e Minerva estavam tendo que lidar com muitas cartas e berradores de pais preocupados, e alguns que chegaram de surpresa para levar de volta seus filhos para casa.

Albus passou seu olhar pelas mesas, averiguando pela milésima vez seus alunos. Seu olhar focou na casa das cobras e por um longo tempo, permaneceu ali. Alguns alunos da Sonserina haviam sofrido lesões, mas nada foi considerado grave. Por um lado, aquilo reconfortava o diretor, por outro, o deixava extremamente desconfiado. Não querendo julgar as habilidades de luta dos sonserinos, ele sabia que muitos aprendiam a duelar cedo por conta de seus pais, mas também era de seu conhecimento que a maioria ou eram filhos de Comensais ou eram apadrinhados por eles, e conhecendo Tom como ninguém, sabia que ele não pouparia ninguém para cometer suas atrocidades.

— Façam cara de bobocas, o velho está olhando. — Athena resmungou entredentes. Os sonserinos lançaram olhares discretos para o diretor e esboçaram suas melhores expressões de derrota e apreensão.

— Estava demorando, não? — Rafe murmurou ao lado de Athena. Apesar de ser da Corvinal, às vezes ele se sentava na mesa das cobras juntamente com a sua noiva. — Se preparem, todos vão ficar de olho em vocês por um longo tempo.

Regulus arqueou as sobrancelhas.

— Você e Dionísio também, acham que estão impunes?

— Mas eles têm como se camuflar. — Severus intrometeu-se.

— Felizmente somos corvinos, e ninguém liga para nós — Dionísio deu de ombros.

— É, mas todo mundo sabe que a Sonserina apenas gosta de se associar a Corvinal. — Athena argumentou.

— Mas quem você acha que é mais provável acusarem primeiro? Um pobre corvino que apenas está a procura da verdade e do seu saber, ou uma sonserina maléfica e gótica que anda com uma cobra? — Lestrange perguntou esboçando um pequeno biquinho.

Athena solta um resmungo revoltado e chuta seu noivo por debaixo da mesa. Rafe morde os lábios tentando conter o riso, era terrivelmente bom atazanar sonserinos.

— Isso é sonserinofobia — Storm os acusou.

— Apenas a verdade, baby — Dionísio lhe ofereceu uma piscadela enquanto fazia um toque de mãos com Rafe.

Athena balançou a cabeça negativamente e desviou o olhar. A imagem do diretor entrou em seu campo de visão e ela apertou os lábios, incomodada. Dumbledore ainda a encarava. Ela sabia que ele estava desconfiado, e que ela seria sua maior suspeita, afinal, Tom Riddle era o seu padrinho. Poucos sabiam disso, e para o desgosto de Athena, uma dessas pessoas era Albus Dumbledore. Athena ainda não tinha ideia de como entraria na Ordem da Fênix, mas sabia que não seria por Albus. O homem já tinha uma imagem sua formada na cabeça e ela era irreversível, pelo simples fato de Dumbledore lhe comparar com Tom e enxergar muitas coisas de Riddle em si.

Athena desviou seu olhar para a mesa dos leões, analisando um por um. Obviamente não conseguiria entrar por Dumbledore, mas poderia conseguir uma chave de entrada com um dos grifinórios. Ela sabia que ninguém duvidaria do julgamento de um deles, eram sempre vistos como os heróis imaculados, então, conquistando um, conquistaria todos. Porém, não poderia ser qualquer um. Teria que ser um com influência o suficiente para limpar sua imagem.

A ideia de começar a bolar um plano acendeu em sua mente. Ela estava animada e um tanto curiosa para saber como eles trabalhavam do outro lado. Ah sim, Athena descobriria tudo e os colocaria na palma de sua mão. Mas, antes de tudo, ela teria um árduo trabalho. Traçaria um mapeamento de cada um daqueles malditos grifinórios e analisaria seus pontos altos e baixos. Teria que os acompanhar pessoalmente por alguns dias e observar como se movimentavam e quem mais seguiam. O leãozinho que passasse mais influência, seria seu passe livre para a Ordem.

Um sorriso astuto tomou os lábios da jovem, ela estava decidida. 

Maquiavel fala que para bem conhecer a natureza dos povos, é necessário ser príncipe, e para bem conhecer os príncipes, é necessário pertencer ao povo. E se para pertencer ao povo, ela teria que se misturar com grifinórios burros e sangues-ruins imundos, ela faria. 

contagem de palavras:

5 6 1 1 


glóssario

¹syníthis; é ordinária em grego.

Circe, na Mitologia Grega é filha de Hecate,  

e é uma feiticeira considerada deusa da Lua Nova. 


𝑁𝑂𝑇𝐴𝑆 𝐷𝐴 𝐴𝑈𝑇𝑂𝑅𝐴

Irmãos Carrow adoram fazer a Athena passar raiva. 

Sei que nesses primeiros capítulos estão tendo mais movimentações dos sonserinos, mas tenham paciência que logo os grifinórios terão seus momentos. 

Estou amando as teorias de vocês, continuem comentando que elas fazem meu dia! 

A autora nem é doida por Maquiavel, né? hihihi

É isso, até o próximo capítulo! 

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