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05.


drama do sono
*capítulo cinco*🥱

Era de manhã. Exatamente sete e vinte e cinco de um sábado normal. Uma manhã ensolarada, quente e pacífica. Bem, era pacífica até Bianca ser acordada de seu querido sono profundo por um alto barulho vindo do apartamento a sua frente, o apartamento de Eddie e por um momento ela quis ir até lá, socar a carinha e o sorriso bonito do mesmo. O que ele poderia estar fazendo tão cedo em um sábado? E num volume alto o bastante para acordar a mulher, que dormia e sonhava com o ator Henry Cavill junto a ela. A mulher resmungou, pegando um dos travesseiros extras que tinha e pôs em sua cabeça, num ato dramático, para abafar o som, mas que, infelizmente, não funcionou pois o Brock parecia ter derrubado os pratos de seu apartamento e feito mais barulho.

"É hoje que eu sou presa por matar o meu vizinho e amigo. Que minha vovó não me mate por ser presa." Pensou ela.

Ela resmungou mais uma vez e então se levantou e foi em direção a porta de sua casa, a abrindo e indo bater na porta do seu amigo. Bianca não ligava se ele ou qualquer outro vizinho a visse, naquela hora da manhã, de pijama, um conjunto de calor do mickey mouse, e que seu cabelo estivesse parecendo um ninho de rato. Talvez ela se importaria, se fosse mais tarde, mas agora só se importava em acabar com o barulho e voltar a dormir. Era sua folga, no final das contas! Bianca apenas queria dormir, seria pedir muito?

- Eddie! - chamou o homem, que no mesmo momento caiu, dentro de sua banheira e fez um silêncio repentino. - Eddie? Eddie? Está tudo bem? Está muito quieto, para o meu gosto. Você não morreu aí dentro, morreu? - a mulher tentou abrir a porta do mesmo, mas ela estava trancada. Um estranho barulho soou de dentro e um grito, o que assustou a mulher e a fez tentar abrir a porta mais uma vez. - Oh, Eddie Brock! Abre essa porta agora, você está me preocupando, cara. Abre a porta, por favor.

Depois de um silêncio sem resposta, a voz do homem soou cansada e bem baixa do outro lado da porta. - Bianca....

- O que está acontecendo? - perguntou preocupada. - Eu ouvi barulhos e então você gritou. Edd o que está havendo? - O silêncio se instaurou ali, mas então, de repente a porta se abriu e a mulher foi puxada com tudo para dentro do apartamento e o homem se afastou da mesma com medo dela o repudiar.

Ele não aguentaria vê-la olhando de tal maneira em sua direção. Ele não ia aguentar isso. A mulher havia sido uma luz na vida dele após o término com Anne, e um dos motivos para tentar ser melhor e não pensar apenas em si. Era uma tarefa difícil deixar de ser egoísta do dia para noite, estava tentando não cometer os mesmos erros do passado e ser uma pessoa melhor, mas é difícil e às vezes deslizes são cometidos.

A Drummond olhou por todo o local, e parecia um lixão de tantas coisas e lixo jogado no chão. Os móveis não estavam em seus respectivos lugares, a geladeira estava com a porta aberta e tudo revirada, fora as outras coisas e o cheiro de lixo que estava ali. Bianca se aproximou dele e tocou seu braço. - O que está acontecendo? Me responda, por favor. Estou preocupada contigo. - seu tom de voz foi fraco, ela tentava não falar muito alto e o assustá-lo.

A raiva que estava em seu corpo havia sumido, e no lugar, a preocupação e o desespero haviam tomado.

- Bi eu preciso de ajuda. - ele suplicou. - Eu...tenho algo em meu corpo, Bi. Algo que fala comigo, me faz agir como um doido e ter muita fome, muita mesmo. - ele se afastou e passou as mãos por seus cabelos e foi em busca, de novo, de algo para comer. Eddie foi em direção a sua geladeira onde pegou uma embalagem de um peixe cru, o rasgou e começou a comer. Bianca arregalou os olhos e virou a cabeça para o lado, tentando não vomitar pois o homem comia o peixe, que não era uma coisa que a mulher gostava de comer e nem de sentir o cheiro, ainda mais cru e rapidamente.

- Você está dizendo um verme? Uma bactéria? Um parasita? - Eddie a olhou, parando de comer e se aproximou dela. - Esse é o momento em que eu morro?

- Não, claro que não. Eu nunca vou te machucar, prometo. - ele a encurralou, entre a bancada e seu corpo. Os dois se olharam por longos segundos, até que o homem suspirou e pegou seu celular ao lado da mulher e a mostrou. - Eles estão fazendo testes em pessoas, Bi......Estão sequestrando moradores de ruas, os testando e os matando. Eu tenho provas.

Bianca pegou o celular e começou a ver as fotos que Eddie tinha tirado na noite anterior nas empresas e indústrias de Carlton Drake. Eram coisas terríveis, e a cada foto a mulher ficava cada vez mais com nojo e repulsa do homem. Quando Drummond viu a foto de Maria, a moradora de rua amiga de Brock, encolhida numa sala de vidro, ela sentiu seu coração se quebrar e seus olhos se encherem de lágrimas. Ela não merecia aquilo. Ninguém merecia ser tratado como um experimento e ter sua liberdade roubada. Eram seres humanos, podiam não ter dinheiro ou uma casa ao final do dia, mas ainda sim, eram seres humanos e mereciam respeito de todos.

Eddie Brock, percebendo a tristeza e a raiva no rosto de Bi, a abraçou de lado. Ele estava sentindo as mesmas coisas que ela, raiva, tristeza e o seu senso de justiça aumentando a cada segundo, não apenas por Maria, que era sua amiga, mas também pelas outras pessoas e por algo dentro de si que o deixava com muita fome de vingança.

- O que faremos com essas provas? - a Drummond perguntou, ainda colada ao corpo do homem. - Não podemos enviar em nosso nome, eles nos prejudicará.

- Vou enviar a um amigo de confiança. - a mulher assentiu, encarando Eddie profundamente em seus olhos e o analisou.

- Você não está bem hoje. - comentou.

- Não, não estou. - ele confirmou. - Bianca....

Bianca passou a palma de sua mão pela testa do homem, pescoço e então, logo em seguida, segurou o rosto com as duas mãos. O Brock fechou seus olhos, com vergonha de ser observado tão de perto pela mulher. Suas bochechas, antes pálidas, estavam avermelhadas.

- Você está com febre. Não acha melhor ir ao médico ver o que tem?

- Não tenho condição e também nem vai dar tempo de marcar uma consulta para hoje. - Bianca sorriu, se afastando do mesmo, que não gostou dela ter feito isso, e foi até sua porta, o encarando. - Já vai embora? Vai me abandonar, me deixar?- ele soou desesperado.

- Sim, mas já volto. Vou me arrumar, para irmos ao médico. Você deveria fazer o mesmo.

- Nós vamos ao médico? - questionou.

Bianca sorriu de novo, abrindo a porta do homem. - Sim, e o médico será meu primo. Ele vai nos atender, afinal está me devendo um favorzinho. - piscou um dos olhos para o Brock e saiu dali.

Eddie ficou parado, no mesmo lugar, observando onde a mulher estava e logo balançou a cabeça, indo até seu pequeno closet e colocando um novo par de roupas. E quando ele estava pegando uma calça jeans limpa e nem com cheiro de lixo, uma voz gritou seu nome dentro de sua cabeça e o fez se assustar e bater a cabeça em uma das prateleiras. Foi nesse momento que o homem teve a certeza que ele não estava normal e que a ida ao médico com sua vizinha e sua crush seria uma ótima ideia.

- Eu nem te falei hoje mais cedo, mas seu pijama do Mickey Mouse era muito lindo, Bianca.

- Você reparou em meu pijama? - o olhou, com as sobrancelhas arqueadas enquanto.

- Só um cego não repararia em você, Bi. - A resposta de Eddie Brock fez o rosto de Bianca ficar vermelho como um tomate e a mulher sorrir instantaneamente. Os dois adultos caminhavam lado a lado, em direção ao hospital que Jack trabalha e que ficava a poucos metros de onde eles estavam. Ambos entraram no prédio, foram até o andar dele e falaram com a secretaria, que os mandou esperar alguns minutos, pois o Drummond estava atendendo outro paciente, mas que não ia demorar. - Estou ansioso, Bianca.

- Não fique, você vai ver que não será nada. - garantiu, com esperança.

- E se eu estiver com uma doença terminal e morrer?

A mulher riu, segurando na mão do homem e o encarando, tocando o rosto dele com a outra mão dela. - Você não vai morrer. Eu não vou deixar, ok?

O Brock engoliu seco, assentindo e com muita vontade de beijar os lábios vermelhos de Bianca, que estava a poucos centímetros de distância dele. Seu coração batia rapidamente, seu corpo suava e pedia, não, implorava pela Drummond, mas ele não cedia pois estava com medo de estragar tudo o que tinha com sua vizinha. Em seu antigo relacionamento tudo tinha acabado por um erro, agora ele tem medo de começar um novo e terminá-lo da mesma maneira: por um erro seu.

- Obrigada, Bi. - sorriu fraco em direção a mulher. - Não só hoje, mas por tudo e por estar mudando a minha vida e eu para melhor.

- Você também está mudando a minha vida, Eddie Brock, para melhor. - o respondeu, recebendo um beijo na bochecha do homem.

Não demorou muito para que ele fosse chamado por Jack, que conversou com eles dois brevemente e logo o encaminhou para a sala de ressonância magnética, o mandando que colocasse um roupão e se enfiasse dentro de uma das máquinas para realizar o exame.

- Eddie? - Jack o chamou. - Está me ouvindo?

- Sim, eu estou. - respondeu. - Onde está sua prima?

- Eu estou aqui, Edd. - Bianca o respondeu, sorrindo e achando fofo o fato que ele não a quer longe, enquanto está doente. - Não vou te deixar sozinho.

- Que breguice, jesus. - resmungou Jack. - Eddie nós vamos fazer alguns exames, como você sabe, e todos eles serão indolores. Você só precisará ficar parado, relaxado e pensar em my little pony.

- Por que My Little Pony? - perguntou o Brock.

- Por que é um desenho bom e idiota. - deu de ombros e Bianca riu. - Nós vamos começar agora. - o aparelho ligou, começando a escanear todo o corpo do homem e então, um barulho alto soou e fez com que o corpo do vizinho da Drummond começasse a tremer descontroladamente e Eddie, gritar. Jack e sua prima se olharam, assustados e em panico. - Eddie Você está bem?

- Desliga. - pediu a mulher, pondo suas mãos em seu rosto. - Desliga!

O homem fez o que a mulher ordenou, e logo os dois foram correndo até onde ele estava. Ambos puxaram a maca, preocupados e perguntando se o Brock estava bem e o que havia acontecido, mas ele não respondia e apenas encarava Bianca, sem emoção alguma. A Drummond se aproximou do seu vizinho, abrindo delicadamente as pernas do mesmo e ficando no meio, tocando seu rosto e o segurando com suas mãos. - Edd?

- Hum?

- Está tudo bem? Está com alguma dor?

- Não. Não estou com dor e estou bem. - mentiu.

De repente, o homem puxou a mulher para mais perto e a abraçou apertado, sentindo que precisava de alguma coisa que amenizasse aquela voz irritante e amedrontante de dentro de sua cabeça e Bianca era a certa para aquilo pois ela transmitia tudo o que ele queria no momento: Ela e paz.

Algum tempo depois, os dois já estavam no complexo de apartamentos e Eddie jantava com Bianca, enquanto era observado pela mesma. - Me desculpe. - proferiu o homem.

- Pelo que? - perguntou curiosa.

- Por estragar seu dia de folga.

- Você não estragou nada, Edd. Não coloque mais culpa em cima de seus ombros. - sorriu, se levantando da mesa e pegando uma caixa de bombons que havia comprado mais cedo e a abriu. - Como foi um bom paciente, o doutor Jack Drummond receitou chocolates para uma boa noite de sono. - estendeu três doces na direção dele, ao vê-lo terminar de comer.

O Brock riu. - Tem certeza que foi o doutor que prescreveu isso, Bianca?

A Drummond deu de ombros. - O que o doutor não sabe, não mata e também não é errado se recompensar por alguma coisa na vida. Às vezes ser egoísta é bom, mas só às vezes.

Eddie riu, pegando os doces e logo começando a comer na companhia da vizinha, que também comia alguns chocolates e observavam Garfield, o gato de Bi, brincando com um ratinho de controle remoto. Após isso, o homem limpou a cozinha da vizinha, apesar dos protestos dela, e logo foi em direção a sua casa para descansar e deixar a Drummond relaxar após ela cuidar dele o dia inteiro, mesmo que ele não quisesse sair de perto e da sensação de casa que ela lhe transmitia.

- Oi Jack! o que houve? - perguntou a mulher após atender uma ligação de seu primo.

- Eddie está com você?

- Não, ele acabou de sair. Porque?

- Preciso que você fique longe dele, ele é problema.

Bianca franziu as sobrancelhas. - Problema? Como assim?

- Após os exames dele, pesquisei o nome dele e o investiguei. Bi, ele é o motivo da ex-namorada dele perder o emprego. Ele traiu a confiança dela e a usou. - suspirou. - Não quero ver você com problemas, e ele é a definição de problemas.

Bianca suspirou. - Eu não posso......eu gosto dele, Jack. - confessou.

- Merda. Você gosta dele, tipo amigo, ou romanticamente falando?

Ela mordeu seus lábios. - Romanticamente falando é querer beijar os lábios dele toda vez que ele está perto de mim? - perguntou. - É querer se incendiar do calor e fogo que o corpo dele emana perto ao meu? - Foi então que, antes que o Drummond pudesse respondê-la, barulhos de tiros foram ouvidos, junto a gritos e xingamentos. - Jack, eu acho que Eddie está com problemas. - barulhos de vidro quebrados foram ouvidos e mais tiros. - Grandes problemas....merda! Isso foi uma metralhadora? - se perguntou.

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