
𝖢𝖧𝖠𝖯𝖳𝖤𝖱 𝖳𝖧𝖨𝖱𝖳𝖸 𓂃˙♡
' „ 🧭 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐃𝐀𝐑𝐊
CAPÍTULO 30
━━━━━━━ Eu Me Voluntario
𝗘𝗨 𝗦𝗢́ tenho uma opção agora: contar para ele. Contar para ele significa contar para Sophia e Holt — o que não me parece tão má ideia, já que teria de contar alguma hora —. Da mesma forma, tenho de ser cuidadosa. Corey não me parece ser alguém que não poderia confiar, seu pai é quem me aterroriza.
━━━ Tá tudo bem, Corey ━━ falei, deslizando a flanela pelos braços. A amarrei em volta do ombro, esperando que estancasse o sangue.
━━━ Não, não está tudo bem! Você foi mordida, agora o mundo não vai ser salvo… e, claro, você não vai ficar viva! ━━ exclamava, aterrorizado.
Minhas mãos seguram nos ombros dele, enquanto tento puxar a atenção de seus olhos para mim. As duas orbes acastanhadas encaram as minhas e vejo como seus olhos são escuros.
━━━ Corey, eu não vou morrer. Sou imune a essa merda de vírus.
Responder cada pergunta específica de Corey foi exaustivo, porém, engraçado. Seu jeito me lembrava o de Lily, o que doía o coração.
· · • • • ✤ • • • · ·
Quando já era escuro, quando mais ninguém estava no CAT, eu permaneci ali. Era arriscado mexer nas substâncias sozinha, mas eu sabia tudo que tinha de fazer. Mamãe era a minha heroína e agora eu seria a dela.
Ainda que o sono estivesse ameaçando me derrubar, virei uma xícara de café pela goela e entrei na jaula de vidro para pegar mais uma amostra de pele do fedorento. Ele se debatia nas correntes, tentando me morder com os dentes que não tinha.
Depositei a amostra nova e a antiga em duas lâminas diferentes. Observei um dos microscópios, já cansada de ver a mesma coisa. Pinguei o ácido sobre a pele nova, o barulho dela fritando era estranhamente satisfatório. Mas nada mudou. Permaneceu intacta. Tirei o olho do microscópio, respirando fundo para conter a vontade de gritar.
━━━ Não se cobre tanto, Grace.
Não. Só poderia ser alucinação pela quantidade de café que tomei. Carl não estava ali. Mas… parecia tão real.
━━━ Você não é real. Sai daqui ━━ bati minha cabeça com as mãos, apertando os olhos com força. Sua mão toca meu ombro, então o cheiro caloroso de sua pele torna-se próximo. ━━━ Eu sinto tanto a sua falta ━━ admiti, sentindo as lágrimas caírem.
━━━ Você não está obtendo resultado, porque está pensando em mim o tempo inteiro ━━ diz ele. Paro para olhá-lo, seu rosto está pálido exatamente como naquela noite. ━━━ Grace, não me deixe te atrapalhar.
━━━ Não é fácil, Carl ━━ respondi, sentindo uma pontinha de raiva misturar-se com a tristeza em meu peito.
Carl se afasta de mim, sua mão quentinha já não aquece meu ombro. Não vejo o que está fazendo, já que estou mais preocupada em secar as lágrimas que caem da minha bochecha.
━━━ Experimente colocar este. ━━ A voz da mamãe ecoa pela sala, então tenho certeza de que estou maluca. ━━━ Faça o que tiver que fazer, Sophie. Eu só preciso que você acorde. Acorde!
𝟔 𝐃𝐈𝐀𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒
Puxo o ar com força como se todo o oxigênio no meu corpo fosse sugado por uma máquina. Meu coração está acelerado e antes que eu possa me acalmar e perceber que já é dia, Sophia e Corey entram no CAT.
━━━ Por Deus, Sophie, passou a noite aqui? ━━ pergunta Sophia, jogando alguns livros sobre a cadeira.
Saber que todos eles já sabiam da minha imunidade era meio tranquilizante e meio apavorante.
Após algum tempo, Holt entrou na sala. Atrás dele, Mercer o acompanhava, mas não chegou a entrar na sala. Minha expressão de nervosismo deve ter sido notada por Corey, já que foi o primeiro a falar quando ele saiu:
━━━ Não se preocupe. Não contamos a ele sobre o seu super poder ━━ brinca Corey, jogando uma amêndoa para dentro da boca. ━━━ Meu pai é um cuzão quase 100% do tempo, mas ele é legal.
━━━ Seu pai é um gato, isso sim ━━ diz Sophia, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo. ━━━ Ainda te amo, Corey. ━━ Ela o beija a bochecha e para ao meu lado. Seus olhos curiosos examinam meus experimentos da madrugada. ━━━ Ei, onde achou isso?
Meus olhos sobem para o objeto que aponta, mas nada faz sentido. Eu nem sabia que o CAT tinha aquele ácido que mamãe me mostrou ontem, como poderia ter sido eu que o peguei? Minha visão torna-se embaçada, flashes rápidos de um hospital estampam a visão. Balanço a cabeça para voltar ao normal e é como se tivesse reiniciado meu cérebro.
━━━ Ahm… ━━ Tento formar uma resposta, já que eu não tinha ideia de onde estava.
━━━ Estava na prateleira de cima, não? ━━ diz Holt, tirando algumas vidrarias da gaveta que referia.
━━━ Sim, é. Estava lá.
Holt me entregou algumas vidrarias, fiz uma mistura de ácidos e substâncias que achei que seriam corretas. O ácido que antes tinha a cor verde, tornou-se azul cobalto. Meus parceiros estavam ocupados demais experimentando novas fórmulas e não notaram a coloração do líquido na vidraria. Pedi que Corey me passasse uma lâmina nova e a posicionei sob a lente do microscópio.
Espiei pelo microscópio a pele do fedorento, estava ordinária como sempre. Pinguei uma gotinha de ácido sobre a pele e esperei alguma reação. Apenas cinco segundos depois, as moléculas pareciam estar se fragmentando, dividindo-se cada vez mais. Sua divisão agiu como a ruptura de uma camada grossa, exibindo a que estava sob si. Reajustei o microscópio, pois não conseguia ao menos piscar com a descrença.
━━━ É um veneno! ━━ exclamei, saltando da cadeira. Meu primeiro instinto foi agarrar um pedaço de papel para anotar cada pequeno detalhe que me fez chegar a conclusão.
━━━ O que? ━━ Dr. Holt deixou a jaula de vidro, aproximando-se da mesa de experimentos.
━━━ A teoria principal era que qualquer coisa que este surto fosse, seria um vírus, certo? ━━ falei, largando o caderno sobre a mesa. Andava pela sala, não conseguindo conter a emoção do próprio corpo. Eles apenas balançavam a cabeça. ━━━ Não é um vírus. É um veneno. As moléculas se fragmentaram, sedimentando com a camada inferior, que a deixou em vantagem. A camada debaixo era repleta de moléculas de veneno.
Holt franziu as sobrancelhas, como se estivesse organizando as informações mentalmente. Ele espiou o microscópio e um sorriso formou-se em seus lábios.
━━━ Sophie Grace Jenner, você não sabe no que se meteu.
𝟐𝟎𝟎 𝐃𝐈𝐀𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒
Dia 20 de junho. Data em que, para outros, é apenas mais um dia, mas para mim, é o meu aniversário. Dezenove anos. É engraçado pensar que tudo isso começou quando tinha apenas onze. Para ser sincera, não pude dar a mínima para esse dia. Estava focada demais finalizando o soro de teste. O soro que poderia salvar a humanidade.
Eu rabiscava algumas anotações no meu caderninho quando o walkie talkie emitiu seu ruído.
━━━ E aí, Jenner aniversariante, na escuta? ━━ pergunta Corey.
Agarrei o aparelho e, me esforçando para não revirar os olhos, respondi:
━━━ Na escuta.
━━━ Precisamos da sua ajuda. Buscamos algumas coisas para o CAT, mas não conseguimos levar sozinhos. Encontra a gente na frente do apartamento da Sophia daqui cinco minutos.
E, simples assim, desligou. Não argumentei. Terminei de anotar o que precisava e cinco minutos depois, abri a porta do CAT. Por um segundo, meu instinto foi me proteger pelo susto, graças a deus não o ouvi.
━━━ Feliz aniversário! ━━ exclama Sophia, formando um sorriso gigantesco. Corey segurava um dos bolos da Sra. Sullivan nas mãos, onde velinhas brilhavam com o fogo.
━━━ Faz um pedido logo, Sophie! Disse ao Michael que estaria em casa para o almoço ━━ diz Holt, aflito.
━━━ Larga de ser cricri, Joseph. Vai poder almoçar com seu marido daqui a pouco! ━━ reclama Sophia. ━━━ Faça um pedido, Soph.
Respirei fundo. Por mais que já soubesse o que fosse pedir, fingi pensar mais um pouco. Meus olhos fecharam e minha boca encheu de ar, assim o liberando para apagar as velas. Quero estar com Carl novamente, pedi.
𝟐𝟎𝟒 𝐃𝐈𝐀𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒
Estou tomando café da manhã na cafeteria da Sra. Sullivan quando Sophia, Corey e Holt entram. Corey parece estar com os olhos inchados, Sophia e Holt estão sérios como nunca tinha os visto antes. Cada um puxa uma cadeira e acomodam-se em frente a mim.
━━━ O que houve? ━━ pergunto, sentindo o suco de laranja descer pela garganta com dificuldade.
━━━ Sophie, o que vamos lhe dizer agora pode ser difícil de lidar ━━ diz Holt, segurando as próprias mãos sobre a mesa. ━━━ Sabemos que os testes físico-químicos dos soros são feitos em cavalos, certo?
━━━ Sim, por isso pedi que testasse em um dos cavalos do estábulo ━━ falei, sentindo aquela estranha sensação na barriga.
A respiração de Sophia aparenta ficar mais irregular, o nervosismo cresce nela e é aparente.
━━━ Antes de testarmos nos cavalos, testamos em outros animais. Nenhum deles teve o resultado ideal, não é? ━━ continua Sophia. Balanço a cabeça. ━━━ Só tem uma forma certa de testar o soro, uma forma que tem 97% de chance de dar certo. A única forma certa é se…
━━━ Testarmos o soro em mim.
𝟐𝟎𝟓 𝐃𝐈𝐀𝐒 𝐃𝐄𝐏𝐎𝐈𝐒
Passei a noite em claro. Testar o soro em mim significava 97% de chance de ser aprovado, 3% de chance de ser negado e, definitivamente, 98% de chance que me levará à falência. Holt estava certo, era algo difícil de lidar. Não dormi, tentando a todo custo tomar uma decisão. E realmente a tomei.
Atravessando o corredor deserto e amplo, entrei na sala do CAT, decidida. Meu coração quase pulava do peito, mas sabia que estava fazendo a coisa certa.
━━━ Eu me voluntario como cobaia.
· · • • • ✤ • • • · ·
Deitada na maca, vestindo uma daquelas camisolas hospitalares, observando as paredes transparentes da jaula de vidro — que já não abrigava o fedorento que sequestramos —, eu sabia que estava fazendo a coisa certa. Sabia que era o certo, pois não tinha vontade de chorar. O peito ardia, mas era o correto.
Sophia entrou primeiro, disse algumas palavras bonitas e saiu da jaula. Então Corey. Corey não parava de chorar, como se nos conhecêssemos há anos. Ele quase não conseguiu dizer nada, mas suas lágrimas falaram por ele. Por fim, Dr. Holt entrou também. Com um sorriso melancólico no rosto, ele parou ao meu lado.
━━━ Tem certeza de que é isso que deseja?
━━━ Sim. Se a minha morte significar a vida de milhares de pessoas, é isso que desejo.
Holt balançou a cabeça e engoliu seco. Sua mão agarrou a máquina que sustentava o soro e o frequencímetro. Ele rasgou o papel que protegia a agulha. Fechei os olhos quando ele perfurou minha pele.
━━━ Foi bom te conhecer, Sophie Grace. ━━ Vejo o Dr. Holt através das paredes de vidro agora.
De início, não senti nada. Dois minutos depois foi como se um vento frio me cortasse o corpo. Um calafrio percorre a minha nuca. Um sentimento que é familiar de uma forma que não quero pensar. Foi isso que mamãe sentiu? Tento afastar o pensamento.
Quero gritar. O frio que sinto dói, mas minha pele está fervendo como fogo. O frequencímetro apita com rapidez, imprudente, parece tão alto que juro estar me ensurdecendo. Minha visão começa a ficar turva. Uma dor lancinante se espalha por todas as minhas mordidas. Minha cabeça grita de dor enquanto as luzes, que eram fracas, me torturavam.
Agora, meu corpo inteiro está em colapso. Estou sentindo ele inteiro tremer. Minha visão se torna cada vez mais embaçada. Não há mais como parar. Minha cabeça está quase explodindo até que…
Tudo fica preto.
000) Este não é o capítulo final! Não morram do coração! Tem mais dois.
001) Interajam nos comentários, isso motiva demais.
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