[💌] 𝒑𝒓𝒐𝒕𝒆𝒄𝒕𝒊𝒗𝒆 𝒔𝒂𝒗𝒊𝒐𝒖𝒓 ✧ ཻུ۪۪⸙͎ ፧ ࿐
ZAYN TOMOU UM BANHO RÁPIDO, resmungando um pouco sobre a friagem da água antes de se enrolar em sua toalha amarela com orelhinhas de gato e sair do banheiro, caminhando até seu armário sem muita ideia do que vestir, escolhendo uma calça de moletom verde claro unida a uma camisa de mangas longas branca lisa, uma touca da mesma tonalidade de sua calça e meias pretas com desenhos de cactus às decorando. Feliz com sua escolha, o menor se vestiu e pegou cobertas limpas e quentinhas de dentro de seu armário, voltando para o primeiro andar em seguida, espirrando algumas vezes no trajeto e sentindo suas costas doerem por nenhum motivo aparente. O moreno detestava ficar doente, sempre se sentia débil, mais indefeso do que o normal e poderia dizer que seria divertido se recebesse mais atenção de sua mãe quando estava naquele estado, no entanto as coisas nunca acabavam por ser assim uma vez que ela apenas deixava os horários em que deveria beber seu remédio presos na geladeira e desaparecia pelo resto do dia — e às vezes até da noite — para estar no trabalho. Porém, não era como se o garotinho já não estivesse acostumado à solidão, ela era sua única companheira fixa desde que seus pais tinham decidido que era melhor ficarem longe um do outro por algum tempo, algo que já fazia mais de dez anos. Quer dizer, seu pai voltaria quando ele e sua mãe estivessem bem de novo, era só uma questão de tempo e Malik acreditava que tudo seria como antes quando acontecesse, sua mamãe finalmente passaria todo o tempo do mundo com ele como costumava fazer quando era menor e seu papai o levaria para brincar no parque nos finais de semana, eles seriam uma família muito feliz e tudo ficaria muito bem. Ou era isso que o menor esperava.
— Pirralho, você está me ouvindo? — O mais novo caiu de seus pensamentos ao ouvir a voz rouca e grave de Liam, piscando algumas vezes e concordando lentamente para a suposta pergunta mesmo sem ter a escutado muito bem. O maior suspirou, pegando os cobertores de seus braços e os levando de volta para a pequena sala de estar, deixando-os sobre o sofá para voltar para a cozinha em seguida com o moreno em seu encalço. — Eu fiz leite com chocolate para você e dilui aspirinas nele para amenizar a sua dor de cabeça e a febre, você só precisa beber e descansar, vai se sentir melhor logo, ok? — Explicou rapidamente, ainda de costas para o árabe enquanto fazia algo que ele não conseguia ver até que o castanho se virasse e seus olhos brilharam como duas estrelas cadentes ao ver o que ele segurava em suas mãos.
Faziam pelo menos seis anos desde a última vez que tinha visto aquele artefato pela última vez, estava convencido de que sua mãe tinha a jogado fora até aquele momento. O pequeno coçou seus olhos um pouco, aproximando-se do maior com um pouco mais de velocidade, oferecendo-lhe um sorriso radiante ao pegar a mamadeira azul em suas miúdas mãos, sentindo-se tão melhor sem precisar de nada.
— Lee, onde-onde você achou? Zee pensou que… a mamãe tinha jogado fora. — Divagou confuso, mostrando o objeto para o mais velho que franziu sua testa.
— Estava em cima do armário de louça e caiu quando eu estava procurando chocolate em pó. Estava bem empoeirada, mas só precisei lavar direito e pronto, ficou nova em folha. — Gesticulou sem muito ânimo, balançando seus ombros enquanto olhava para um ponto aleatório atrás do moreno, sobressaltando-se quando ele pulou em seus braços, envolvendo seu pescoço com aqueles braços magros, apertando-o o mais forte que conseguia, levando a proximidade a deixar o mais velho sentir o cheiro doce de seu sabonete e shampoo.
— Obrigado, obrigado, obrigado, Lee! Faz tanto tempo que a mamãe não deixa o Zee usar ela. — Exclamou entusiasmado, mesmo que sua voz estivesse soando um pouco rouca. Liam uniu suas sobrancelhas, perdido, tirando os braços do menor de seu pescoço e afastando-o para que pudesse lhe encarar em seus olhos.
— Por quê sua mãe não deixou você, sabe, usar a mamadeira? — Payne mordeu seu lábio inferior, esfumaçando seus pensamentos absurdos para se concentrar em Malik, este que suspirou, segurando a mão do mais alto e o encaminhando de volta para a sala de estar.
Os dois se sentaram lado a lado no sofá vermelho e o moreno desdobrou um cobertor felpudo rosa escuro, aproximando-se mais do mais velho para que pudesse cobrir ambos. O castanho siseou em protesto, contudo o menor não fez caso a isso, apoiando sua cabeça no ombro dele para sugar o bico de sua mamadeira por um instante antes de dizer qualquer coisa, pois aquela era uma de suas memórias mais dolorosas sobre a parte sombria de sua relação com sua mãe.
— Uh, sabe, Lee, a mamãe não gostou muito de o Zee não querer mais crescer… — Começou a dizer sutilmente, fitando a televisão desligada com um olhar vazio em seu rosto. Payne permaneceu quieto, esperando que ele prosseguisse. — Ela disse que o Zayn tinha que crescer e virar um garoto independente porque ela não pode cuidar de um bebê se ela não tem mais um bebê e… o Zee tentou explicar para a mamãe que ele ainda é o bebê dela, ele jura que tentou explicar como os garotos grandes explicam, mas ela não entendeu de jeito nenhum, entende, Lee? — Os olhos dourados do menino ficaram molhados e ele fungou, pondo sua mamadeira na boca outra vez antes de ir adiante. — Então, uh, quando-quando o Zee fez quatorze, a mamãe decidiu que era hora de crescer de… uma vez. — O menor respirou fundo, sua voz embargada. — Ela tirou a mamadeira e a chupeta do Zee, disse que só-só bebês usam essas coisas e…
Suspirando, o maior fez algo que nunca imaginou ser capaz outra vez, puxando o garotinho choroso para seu colo, ele esfregou suas costas e permitiu que o mesmo tivesse seu próprio tempo para se acalmar.
— A mamãe, ela– — o moreno apertou seus olhos, agarrando a camisa do mais alto com força — ela bateu no Zayn toda vez que ele fez c-coisas de bebê-ê até ele parar, Lee, ela ficava tão, tão brava quando o Zee não obedecia! Mamãe disse que tudo era culpa do Zayn, mas-mas Zee jura que não fez nada, Lee, eu foi um bom menino… — Chorou alto, encolhendo-se mais nos braços firmes do tatuado, recordando-se da dor e das palavras duras da matriarca Malik aos seus ouvidos, hostil e irritada como ele jamais tinha visto antes.
— Ei, tudo bem, baixinho, tudo bem, ela não está aqui e não vai machucar você outra vez, shhh. — Tranquilizou Liam em tom ameno, afagando a nuca do mais baixo com as pontas de seus dedos, tentando entender o que estava se passando na vida do outro. Payne sabia que nada daquilo era da sua conta e que muito menos deveria estar se importando com o assunto uma vez que seu objetivo era se afastar de Zayn ao invés de ficar mais próximo, mas o jeito do árabe lhe levava a ter vontade de protegê-lo ferozmente e saber sobre seus problemas tornava esse desejo pior. — Não precisa chorar, eu estou aqui com você agora, coisinha feia, eu sou… seu melhor amigo, não é? — Indagou titubeante, baixando a guarda ao observar os diminutos olhos dourados um pouco avermelhados olhando para si fixamente e tentou sorrir — algo que mais se pareceu com uma careta — para eles.
Malik sorriu levemente, concordando ligeiramente com suas palavras, abraçando-se ao castanho como um bebê coala, rodeado de alegria por enfim ter um amigo para quem contar seus segredos assim como faziam os personagens de seus desenhos favoritos.
— Sim, sim, Zee tem um amigo agora! — Relembrou a si mesmo e apesar do entusiasmo evidente em sua voz, ainda assim ela soou cansada contra o peito do tatuado. — Um amigo grande para proteger o Zaynie? — Acrescentou depois, indeciso.
Liam assentiu, empurrando a mamadeira azul na mão esquerda do menor em direção a sua boca, sussurrando suavemente em seu ouvido:
— Um amigo que vai se certificar de que nada mais machuque você, Zayn, nunca mais. — Prometeu sombrio, sentindo o amorenado balançar a cabeça contra seu peito com a boca cheia com o bico da sua tão estimada mamadeira azul, permitindo-se descansar nos braços aquecidos de Payne.
Em pouco tempo, o recipiente estava vazio e o mais baixo estava ressonando sutilmente, adormecido com o som moroso dos batimentos cardíacos do castanho aos seus ouvidos, bastante cômodo de encontro a ele para se preocupar com qualquer outra coisa no mundo. E, por mais que ainda se sentisse arisco sobre a ideia, Liam aceitou a tarefa que lhe havia sido implicitamente designada; proteger o pirralho era uma coisa de sua incumbência agora e ele a exerceria com maestria, porque por fim tinha a oportunidade de se redimir completamente por não ter protegido uma das pessoas mais importantes de sua vida e estava muito disposto a impedir que esse erro fosse cometido novamente. Manteria o menor seguro e isso era uma promessa definitiva.
Mais tarde, quando escondeu a mamadeira azul de volta onde a encontrou e levou o garoto adormecido para sua cama, embalando-o em seus cobertores verdes com coelhinhos cinzas e entregando o unicórnio de pelúcia para que ele segurasse, o castanho se sentiu seguro o suficiente para voltar a delicatessen, trancando a porta de entrada da mesma maneira que a tinha encontrado, desaparecendo na escuridão da rua com as mãos enfiadas em seus bolsos e a cabeça voando para tempos muito longe dali.
Assim que Trisha Malik voltou para casa naquela mesma noite, encontrou tudo exatamente como tinha deixado quando saiu, observando seu filho dormindo placidamente em seu quarto escuro com somente a luz das estrelas grudadas no teto o iluminando e pela escuridão, a mulher não conseguiu ver o novo bicho de pelúcia que agora pertencia a coleção dele. Ela caiu no sono imediatamente ao deitar em sua cama como fazia todas as noites, sem perceber que a chave reserva da casa tinha desaparecido.
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só quero esclarecer que quando o zayn usa a chupeta dele, geralmente ele faz isso escondido da mãe :*
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