QUATORZE : DEIXAR PARA DEPOIS

[ ALGUNS DIAS DEPOIS ]

Uma das vantagem de ter o chakra de Yori renascido em si são seus jutsus e técnicas inéditas.

"Técnicas Inéditas" porque Yori foi esquecido, todas as escrituras sobre ele foram apagadas da história da humanidade como num piscar de olhos. Para Yori, era como se ele estivesse ensinando novamente e novamente, enquanto para Hanami era tudo novo -não só pra ela, mas para aqueles ao seu redor.

Diferente do comum, como quando você pratica durante muito tempo até que finalmente aprende, para Hanami é como se viesse uma ideia a sua cabeça. Ela apenas sabe, conjurando os sinais de mão que vem a sua cabeça enquanto Yori lhe conta mais sobre os jutsus.

Falando nisso, foi como da primeira vez que conjurou um "Chidori", na luta contra sua mãe não muito tempo atrás. Na verdade, Hanami nada mais estava do que conjurando a "personificação do trovão". Ela se tornava rápida, e agora, precisava ser rápida para desviar da lâmina veloz de Sasuke.

Enquanto Hanami continha as investidas de seu pai com sua própria katana -que, outrora, obteve de seu pai-, Sasuke não possuía qualquer problema em continuar golpeando sua lâmina. Observando o sharingan de dois tomoes brilharem entre seus cabelos rosados, ele se sentiu um verdadeiro pai orgulhoso.

Kawaki e Boruto quase se perdiam diante da velocidade dos golpes do Uchiha para cima da mais nova, que possuía olhos ansiosos para prever seus movimentos. O sol brilhou sobre os cabelos bicolores do garoto mais velho, pousando ambas as mãos para dentro da bermuda que utilizava no dia de calor. Para o novo Uzumaki, seria ótimo observar a luta entre os Uchihas, isso porque começou seu treinamento ninja com Naruto não tem muito tempo -o que quer que acontecesse nessa luta serviria de aprendizado para ele.

Ele estivera pensativo sobre como o pai de Hanami parecia assustador.

Kawaki também não pode deixar de notar o quão Hanami parecia inexperiente no uso de uma katana, e de fato era. Faziam apenas alguns dias que a menina havia começado seu treino com a lâmina junto de seu pai - e, quanto a Boruto, insistiu em assistir o treino da amiga com seu mestre, aproveitando para trazer o mais novo irmão junto.

ᅳ Pés firmes, Hanami! ᅳ O Uchiha avisou, cada vez mais fazendo a garota recuar para trás conforme avançava. Sasuke sabia que ela era apenas uma criança inexperiente, porém faria dela uma ninja excepcional.

A rosada atendeu ao sinal, percebendo que, ao firmar mais seus pés na grama baixa, ela não recuava tanto devido a força do outro. Vez ou outra recuperando passos ao andar para frente, fazendo o mais velho recuar -foi impossível para Sasuke conter o sorriso diante da melhora da filha.

Com um último baque de lâminas, a dupla de pai e filha Uchiha se afastaram. Sasuke se recompôs imediatamente, enquanto a outra estivera cansada devido ao uso excessivo de seus braços. Ela bufou, sua mente pensando o que Kuwon tinha de tão interessante para mostrar para Sarada hoje, justo no dia de seu treinamento -este era o motivo pela falta de Sarada hoje.

A katana prateada de Sasuke refletia a face da rosada de longe, podendo observar o próprio reflexo cansado. Havia um encomodo em suas vistas, como um cisco ou algo assim, Hanami se lembrou que já havia reclamado desse incômodo mais cedo para sua mãe. A Uchiha, outrora, decidiu desativar seus olhos.

A garota sabia que seu pai não estaria satisfeito até que ela finalmente o desarmasse ou o ferisse -para Hanami, qualquer uma das opções seria impossível. Droga! Ela pensou, rangendo os dentes, Sasuke nem ao menos parecia cansado.

ᅳ Se quer me desarmar, precisa vir com a intenção de me matar, Hanami. ᅳ Ele soprou, do outro lado do bosque ensolarado que deixava sua pele ainda mais quente.

Kawaki se perguntou até onde a força de Sasuke iria.

Pensa, Hanami! Pensa! Irritando a si mesma, ela não conseguia pensar em nenhum plano. Apertou o cabo da katana, sentindo o suor escorrendo por sua bochecha quente.

Hanami lembrou de Meris, e de como ela só conseguia prever os ataques do inimigo quando seus olhos estavam nele.

Sasuke pensou sobre o que se passava na cabeça da mais nova.

Os pés da mais baixa foram frenéticos contra a grama, empunhando a katana a frente se seu corpo. Sasuke a atacou com sua lâmina, de sharingan ativado Hanami conseguiu desviar, deslizando por debaixo das pernas do mais velho quando soltou sua lamina a frente dele.

Sasuke elevou as sobrancelhas ao resmungar, observando-a reaparecer atrás de si num salto, pronta para chutar sua cabeça. O Uchiha se virou e desviou daquilo com facilidade, quando observou a katana tomar o lugar de Hanami no ar.

Rinnegan.

Hanami reapareceu no chão -onde antes estava a katana-, uma das pernas esticadas para dar uma rasteira nele e, quando o fez, Sasuke desapareceu feito poeira no par.

Um clone! Pensou Boruto, observando a luta de longe ao lado de Kawaki. O bicolor que percebeu o quão eficiente foi a estratégia da rosada, notando que teria sido mais destrutiva se ela tivesse tempo de conjurar um Chidori ou uma Lança Trovão.

A Uchiha resmungou quando o clone de Sasuke desapareceu, desapontada.

ᅳ Ah, qual é! ᅳ Ela praguejou, havia se cansado por nada. Suas orbes verdes ainda observando o local onde o clone desapareceu, notando sua lamina caída no chão.

ᅳ Você está melhorando com o rinnegan. ᅳ Dessa vez era o verdadeiro Sasuke, que desde que tudo aquilo começou estava parado ao lado de Kawaki e Boruto, os mesmos que tomaram um susto pela sua figura coberta pelas sombras das arvores -eles que sequer conseguiram notar sua presença ali.

As orbes verdes da garota voltaram-se até seu pai, parado dentre as sombras que tomavam conta de si. Ela bufou, se levantando e pegando sua katana em mãos, cansada.

Sasuke se aproximou de sua filha, e ela pode notar que o verdadeiro Sasuke sequer tirou sua lamina da bainha. Ficando frente a frente com a menina, o rapaz notou a face decepcionada de Hanami.

ᅳ Terminamos por hoje. ᅳ Ele soprou, roubando a atenção dos olhos da mais nova.

ᅳ Que?! Mas porque, pai? ᅳ Surpresa, Hanami questionou. Parecia que o tempo havia passado rápido demais hoje.

ᅳ Tenho algumas coisas para resolver com sua mãe e o Hokage. ᅳ Respondeu indiferente. Hanami pensou que provavelmente ele ficaria sabendo do incômodo em seus olhos.

ᅳ Tudo bem, pai... ᅳ Suspirou tristonha, guardando a katana na bainha em sua cintura.  Seus olhos caíram para o chão, e Sasuke não se contentou com a face triste da menina.

Ele dobrou os joelhos, tomando a altura de Hanami para si quando seus dedos indicador e médio tocaram a sua testa de forma ligeira.

Hanami estremeceu os ombros, e de olhos atentos encarou as orbes negras de seu pai. Em sua face havia um sorriso, sorriso esse que era raro de se ver quando se tratava de Sasuke Uchiha.

ᅳ Não faz essa carinha triste. ᅳ O mais velho avisou, num sorriso simpático. ᅳ Pense sobre o seu progresso de hoje, melhore o que for preciso e tentaremos de novo outra vez. ᅳ Ele relevou, afagando os cabelos curtos e brilhantes da menina.

Sasuke se levantou, seus pés servindo de sustentação para si mesmo quando ainda a observava de cima. Hanami sorriu para ele, não havia muito a se fazer quanto a isto, seu pai possuía afazeres mais importantes que não podia deixar para depois.

Como dito antes, o dia passou rápido.

A paleta alaranjadas estava sobre o céu de Konoha, o sol sumia em meio ao horizonte infinito rodeado de árvores verdes e saudáveis. A brisa quente e aconchegante do verão atingiu Konoha, arrancando as folhas das arvore que voaram por aí.

Para Kawaki, aquela paisagem era nova. Bonita o suficiente para captar a atenção de seus olhos acinzentados e admirados com aquela beleza; ignorando completamente a conversa de Mitsuki enquanto Eizen pouco afastado ao seu lado.

Sobre a face do Hokage, Hanami sentiu o vento quente atingir seu rosto, fechando seus olhos verdes e gentis quando seu cabelo foi bagunçado. Ao seu lado, Boruto e Kawaki observavam a paisagem do fim de tarde, pouco mais abaixo Kuwon e Sarada, que pareciam estar mais interessados na própria conversa do que socializar com o grupo, enquanto Eizen e Mitsuki compartilhavam informações científicas -Hanami jurou escutar "ninjutsu médico" sair da boca de Eizen vez ou outra.

A Uchiha do cabelo rosa se perguntou o que de tão interessante tinha o papo de Kuwon para fazer Sarada gargalhar.

Quando os cabelos de Kawaki se bagunçaram mais uma vez, ele se perguntou se deveria questionar Hanami sobre o poderoso chakra que ela carregava dentro de si. Afinal, a presença de Yori deixava Kawaki com um certo "medo" pelo karma que possuia, até mesmo um tanto desconfortável -ele só não sabia distinguir se seu desconforto era perante o coração acelerado ou seu karma.

Seus olhos tomaram ela para si, tão serena e inexpressiva encarando o entardecer cair sobre Konoha. Seus cabelos sedosos voavam com a brisa, ela se quer parecia estar encomodada com isso, muito pelo contrário, estava tão bonita quanto no dia que Kawaki a conheceu.

Sua pupila se dilatou em meio a imensidão das orbes azuladas, e Kawaki se questionou o porque de se sentir assim quando na presença dela. A Uchiha parecia possuir a própria linha de pensamento agora, observado o horizonte que refletia em seus olhos verdes e brilhantes, foi quando Kawaki notou que seus cílios eram tão rosados quanto seu cabelo.

Seu nariz erra arrebitado, e seus lábios brilhantes possuíam uma coloração rosada devido ao gloss de melancia que passou antes de se encontrar com os amigos na face do Nanadaime -que, ora, na verdade o gloss era de Sarada. Kawaki não deixou de notar o quanto sua bandana ninja parecia surrada, se perguntando se aquela bandana realmente era dela.

A boca do rapaz se abriu, e ele silabou seu nome de forma doce.

ᅳ Hanami.

Ela, por outro lado, levou sua cabeça até ele num resmungo, se questionando qual seria o motivo por ele ter chamado seu nome.

Numa vez se ambos os olhos se encontraram, Kawaki não queria desfazer aquela troca. Era como se, para o Uzumaki, o tempo tivesse parado enquanto estava sob vigia dela, incapaz de ser ferida quando estivesse com ele. Kawaki se questionou como um ser tão demoníaco quanto Yori podia residir numa garota doce como Hanami.

Já havia alguns bons dias que se conheceram, e desde então tudo fluiu para uma ótima amizade entre os ninjas. Bem, pelo menos era assim que Hanami pensava.

Hanami nunca viu Kawaki com outros olhos, afinal, esses mesmos olhos já estavam ocupados admirando Boruto.

Kawaki tinha um pouco de raiva disso.

Quer dizer, ele não era cego. Qualquer um era capaz de saber o que significava o brilho nos olho da menina quando Boruto estava por perto.

O bicolor sentiu um certo ciúmes, encarando o reflexo de si mesmo nos olhos esmeraldas da Uchiha. Era como se ele fosse incapaz de quebrar aquele contato visual tão intenso, mesmo sabendo que suas orbes eram incapazes de brilhar pra ele.

Kawaki pensou se, agora, não seria uma boa hora para contar como se sentia -pensou também sobre quanto tempo se passou quanto admirava ela-; porém ele temia, temia a reação dos demais e, principalmente, de Hanami, outrora que o Uzumaki loiro ainda estava na presença.

E, por falar nele, Boruto se perguntou o que Kawaki tinha de tão interessante para falar com Hanami.

O loiro elevou as sobrancelhas, sendo separado de Kawaki apenas por Hanami a seu lado -fazendo com que a rosada esteja no meio de ambos os garotos-, Boruto encarou os cabelos esvoaçantes da rosada, sedosos e cheiroso.

O Uzumaki mais novo bufou, seus ombros se esbarraram com os da menina "sem querer", chamando a atenção dela para si. As orbes verdes foram capazes de notar a frieza que Boruto possuía em seus olhos de cor azul gentil -afinal, não era comum ele a olhar dessa forma.

O de madeixas loiras se levantou, guardando ambas as mãos no bolso de sua jaqueta quente quando se afastou dos demais.

ᅳ Boruto! ᅳ Era Mitsuki, chamando a atenção do grupo para o Uzumaki de pé, que parou onde estava no mesmo instante, encarando os amigos através de seu ombro. ᅳ Já vai pra casa? ᅳ Questionou.

ᅳ Já sim. ᅳ Ele revelou indiferente, sem qualquer emoção aparente em seu tom de voz quando deu as costas para o grupo novamente. ᅳ Eu e o Kawaki temos que treinar com o papai amanhã... ᅳ Acrescentou, a ventania alcançou seus cabelos loiros e bonitos.

De olhos estreitos, Boruto encarou seu irmão através dos ombros. Kawaki estreitou os olhos também, em busca de uma resposta pelo olhar de seu irmão em si.

ᅳ Não é, Kawaki? ᅳ Boruto questionou, se referindo ao treinamento com seu pai pela manhã -que, por sinal, não existia nenhum treinamento-, sua voz era pesada e fraca.

O bicolor elevou as sobrancelhas, sentindo um incômodo no peito quando notou que os olhos da garota não estavam mais em si.

É, Kawaki teria que deixar para depois.