𝗲𝘅𝘁𝗿𝗮 𝗰𝗵𝗮𝗽𝘁𝗲𝗿 : 𝗈𝗇𝖾
CAPÍTULO EXTRA : UM
Era noite, e era fria. Hanami não soube dizer quando as noites se tornaram insuportavelmente frias que nem ao menos as cobertas eram capazes de lhe aquecerem. Em um resmungo a rosada se remexeu na cama, uma fresta de luz -dada a porta do quarto das irmãs Uchihas aberta- veio de encontro com os seus olhos.
Um soluço choroso foi escutado, aquela voz inconfundível chorando chegou aos ouvidos de Hanami. Sarada!
Em pés desajeitados, seus dedos viram de encontro com o chão gelado do quarto, afobada e rápida até a porta entre aberta do quarto das irmãs. Seus pés pararam por um instante perto da porta, e a pouca luz que se fazia na sala de sua residência cortou seu rosto num feixe.
Ela viu Sarada agarrada aos próprios joelhos sentada no sofá, seu ombro subia e descia conforme lamentava pelo sonho que tivera. Seu choro cortava o coração de Hanami como uma faca afiada, feridas que seriam incapaz de serem curadas com falsas promessas. O coração da gêmea mais velha batucou em angústia, desejando saber o que havia ocorrido para Sarada chorar tanto.
Sakura, que estava sentada ao lado da filha mais nova com uma face preocupada, acariciava os cabelos negros da Uchiha chorosa. Sarada se lembrou de seu sonho; eram uma família feliz, Sasuke estava em casa comemorando o aniversário das gêmeas Uchiha. Mas, quando Sarada acordou, percebeu que aquilo não se passava de um sonho bobo.
ᅳ É que... Eu só queria que o papai estivesse aqui! ᅳ A Uchiha chorou, como se estivesse se explicando para sua mãe, esta que afagou suas costas cobertas pelo pijama estampado de morangos. ᅳ Ele não gosta mais da gente, mamãe?
Sakura fechou os olhos por uns instantes, seu rosto tentando não transparecer a falta que o marido fazia em sua vida e nas filhas. As palavras de Sarada acertaram seu coração em cheio, sangrando feito uma fonte de praça.
ᅳ Não, filha. O papai nos ama. Ele só... ᅳ A mais velha mesmo foi incapaz de terminar sua frase. Era como se visse a si mesma lamentando de noite por não ter Sasuke ao seu lado; por estar criando duas meninas sozinhas, reconciliando a vida de médica, mãe e ninja. ᅳ Ele só está em um missão importante. Protegendo a vila e nós.
A voz doce de Sakura chegou aos ouvidos da menina consumida pelas sombras do quarto, apenas um feixe de luz iluminando seu olho esquerdo enquanto ouvia o que Sakura tinha a dizer. Como folhas secas sendo levadas pelo vento; não traziam qualquer consolo, apenas uma angústia interminável e mais vazio em seu peito.
Escutou os lamentos de Sarada, o que fez com que seu coração acelerasse ainda mais. A do cabelo negro limpou as lagrimas com as mãos, entre soluços ao observar sua mãe sorrindo de forma melancólica.
ᅳ Eu só queria que o papai estivesse aqui... Eu só queria que...! ᅳ A garotinha soprou, sendo aconchegada pelos braços de sua mãe. Sua voz chorosa entre soluços cortando o silêncio como uma lâmina ligeira. ᅳ Eu só queria ele!
Como um forte trovão, a voz doce de sua irmã ecoou em sua mente. Um nó se formou na garganta de Hanami quando as lagrimas começaram a se acumular no canto de seus olhos arregalados, fechando os dedos em punhos ao lado de seu corpo. O mundo ao redor parecia tremer sob o peso da verdade cruel e inegável.
Porque...
Porque? Sempre isso. Sempre há um porque.
Porque o papai não está em casa?
Porque o papai não volta?
Porque o papai não veio no nosso aniversário?
Porque a mamãe está chorando?
Porque Sarada está triste?
Porque?
A rosada mais nova mordeu o lábios, percebendo que sofreria com o vazio da ausência de Sasuke se não o ignorasse. Sentiu o gosto metálico do sangue, ecoando entre a sala e a fresta da porta os soluços de dor da irmã mais nova.
A figura de Sasuke veio a mente como um fantasma, sempre distante: uma sombra que prometia voltar, mas nunca cumpria. A lembrança dos momentos vazios, do coração em eco, das noites em que Sakura tentava disfarçar a solidão com um sorriso frágil e falso, das lágrimas de Sarada molhando o travesseiro.
Sasuke sempre de costas. Sempre distante. Sempre uma sombra. Sempre uma promessa quebrada.
Tudo isso se acumulava dentro de Hanami como uma forte tempestade prestes a explodir em chamas quentes. Uma onda de raiva tomou seu corpo, que se estremeceu e se arrepiou dos pés ao cabeça; o calor subiu da ponta dos pés gélidos até os olhos úmidos, junto de uma pontada de dor que ela foi capaz de ignorar. Sua fúria ardia em chamas, queimando em vermelho por de trás de suas orbes.
Com o tempo acumulado tudo, sua dor se transformou em fogo, de fogo em fúria. A fúria em algo mais profundo, um legado reinando em dor e sofrimento, manchando a história de cor carmesim brilhante.
Sarada abraçou sua mãe, abafando seu choro diante dos ombros e braços amorosos dela. Ela sabia que não precisava de mais nada a não ser sua mãe e irmã.
ᅳ Será que... O papai... acha que sua missão é mais importante que nós? ᅳ A menina chorosa perguntou retórica, já sabendo a resposta.
Aquela pergunta era tão simples mas, ao mesmo tempo, tão devastadora. O calor em seus olhos se intensificou, Hanami percebeu que Sasuke não passava de um fantasma; seu coração se quebrou em cacos minúsculos, fazendo um barulho estrondoso dentro de si mesma, permitindo-se que a primeira lágrima escorresse de sua bochecha ao se chocar contra o chão.
Num barulho alto, ela escutou o próprio choro silencioso molhar o chão de seu quarto, enquanto seus olhos brilhantes observavam a dor de Sarada e Sakura através da fresta. Sua visão parecia estar mais nítida, podendo observar os mínimos detalhes do rosto de Sarada, mesmo que de longe.
Hanami estremeceu em um resmungo, virando a cabeça de forma lenta até o espelho ao lado da cama de Sarada, pendurado na parede. Observou a própria figura refletida no vidro espelhado, consumida pelas sombras da noite gelada, destacando-se em meio a escuridão seus olhos vermelhos e brilhantes.
O sharingan.
Um tomoe negro rodopiando de um lado ao outro em sua íris vermelha, brilhante e arregalada, inundada pelas lágrimas de ódio que escorriam em suas bochechas. Aquele era o legado Uchiha, mas não era um presente, era um peso; um peso nascido das lágrimas de sua irmã, da solidão de sua mãe e das promessas falsas de seu pai.
Sua boca entre aberta não podia acreditar no que via. Apenas dois olhos avermelhados e brilhantes diante de uma única fresta iluminando parcialmente seu rosto naquelas sombras gélidas. Do outro lado da porta Sarada continuava a chorar, alimentando ainda mais o seu ódio. Seus punhos se tornaram fortes, sentindo as próprios unhas sobre a carne de sua mão; sua sobrancelhas se juntaram quando Hanami voltou a encarar as duas através da porta.
Porque, mesmo que seu ódio a cegasse e a impulsionava, o amor que sentia por sua irmã seria o que realmente a sustentaria.
. . . ♥︎ ?! notas da autora:
Eu achei que seria importante mostrar o motivo pelo qual Hanami despertou o sharingan. E bem, está aí!
Eu estive praticando bastante esse tipo de escrita, mais dramática e tals. O que vocês acharam? Vocês gostaram ou acharam meio forçado ou estranho? A opinião de vocês é importante! ❤️
Fun fact: Sarada usa pijama estampado de moranguinhos quanto a Hanami usa de flores rosadas.
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