𝟬𝟭. O BANDO DO CHAPÉU DE PALHA
O GOING MERRY ESTAVA A TODO VAPOR e bem movimentado às 08:00 da manhã. Apelidada apenas de "Merry", o novo navio do Bando do Chapéu de Palha estava sendo carregado com vários caixotes de comidas dados por Zeff antes que eles embarcassem. Deneb insistiu que ela pagaria a ele ─ uau, pela primeira vez ela pagaria algo em sua vida, mas o chefe do restaurante disse que não aceitaria o dinheiro que ela havia juntado. Por um divino milagre, ele simplesmente deixou que eles levassem, dizendo que viveria por um milagre dela voltar e trazer ouro para ele.
Zeff é um ex-pirata, por isso, era tão durão com as pessoas ao seu redor ─ às vezes, sendo assustadoramente agressivo. Normalmente ele não demonstra suas emoções, apenas na maioria das vezes, uma autoridade para o Baratie. No entando, Zeff praticamente adotou Sanji e o ensinou tudo que ele sabia sobre cozinha e outras coisas mais que o rapaz nunca poderia aprender sem alguém. Assim como, quando quatro meses atrás, basicamente adotou Deneb como sua "segunda filha" e a ensinou o que sabia durante esse tempo.
Ele ficou muito feliz quando viu que ela tinha uma recompensa.
Enquanto Usopp, Zoro e Deneb descarregavam as coisas no navio, Luffy e Nami organizavam as coisas para a primeira partida deles em uma hora.
Weishun tratou de levar suas coisas cedinho para o barco ─ bem, ela não tinha lá tantas coisas para se levar... pelo menos era o que ela achava. Apenas uma mala cheia de lembranças dos seus pais ─ como todas as anotações que sobraram, uma bolsa com as roupas e acessórios que ela tinha e outra menor com alguns brinquedos, duas vasilhas e um pacote fechado.
Além das suas economias que juntou e um whisky que roubou de um cara rico no ano passado.
O sorriso no rosto de Deneb era tão óbvio! Ela estava tão realizada em poder fazer essa viagem, entrar nessa aventura e explorar o que tanto sonhou. Achar as respostas para suas perguntas nunca respondidas e finalizar os segredos que ninguém nunca desvendou. A felicidade era tanta que ela simplesmente cantarolava enquanto carregava caixotes pesados.
─ Maluca. ─ Roronoa murmurou para si mesmo ao ver aquela cena.
Seguindo a vibe de "destruidor de toda a alegria e felicidade", ele simplesmente não acreditava como alguém poderia ser tão... confiante. Ela estava mais na merda que todos eles, com várias pessoas atrás dela, sem os pais, chutada para fora da família que reinava Goa... e mesmo assim, ela ficava feliz com as pequenas coisas que aconteciam na sua vida.
─ Ah, fala a verdade, você gostou dela. ─ Usopp interviu, falando algo que ele não queria escutar, mas que todo mundo acreditava que era real. ─ Vocês até se parecem.
─ Não precisa ofender. ─ Não que ele ficasse ofendido com muitas coisas... na verdade, com basicamente nada, mas parecia o certo a se dizer quando o que ele mais queria era fingir que não
Chumbo trocado não dói.
Terminando de carregar as caixas do seu lado, Deneb subiu as escadas do navio e parou na frente de Zoro e Usopp. Estava bastante calor e eles já estavam organizando as coisas parar partir há algum tempo. Um pouco de suor descia pela testa da garota, enquanto outros pingos entravam na bandana amarrada no braço direto ou por dentro da bota de couro. Os shorts e o cropped jeans eram os únicos que ainda estavam intactos.
─ Que isso no seu cabelo? Um ninho de passarinho? ─ Zoro perguntou como se estivesse falando sério. Até mesmo fingir estar analisando os fios no cabelo dela.
Eram apenas dois laços pretos básicos, um de cada lado, que prendia seu cabelo fazendo a famosa "maria-chiquinha".
─ Pelo visto você acordou de bom humor. ─ Ela sorriu, dando dois tapinhas no ombro do mais velho. ─ Ei, vocês viram o Chopper?
─ Quem? ─ Usopp perguntou.
─ Deve ser o amigo imaginário dela. ─ Com a língua afiada, Zoro mandou mais uma para o compilado de "coisas que ele não deveria falar, pois vai se arrepender depois que ela começar a abrir a boca".
Usopp riu.
Fazia uns quatro ou cinco dias que ele estava com Luffy, Usopp e Nami no navio. Então, apesar de ter mantido silêncio nos primeiros três dias, agora, de vez em quando, até zombava com a cara de seus companheiros ─ que ele não admite ser seus companheiros.
─ Falou o cara que disse que tem amigos... Espadas não contam. ─ O deboche de Zoro sumiu na mesma hora que ela o atacou na ferida. ─ Agora que você já acabou com seu show de piadas horríveis, eu falei do Chopper, meu cachorro.
Usopp e Zoro não pareceram entender ─ eles nem sabiam que ela tinha um cachorro. Os três olharam para os lados procurando por ele, já que a garota havia dito que trouxe o cachorro para o navio antes de qualquer coisa. Porém, quando os três pousaram seu olhar em um canto, avistaram Chopper, um Shiba inu que media até 43 centímetros, que fazia xixi nas botas reservas do Roronoa.
─ Seu cachorro desgraça...
Antes que Zoro fosse para cima do cachorro ─ esquecendo-se que ele era apenas um cachorro, Deneb correu para a frente do rapaz e bloqueou sua passagem. O de cabelos verdes tentou ir para um lado, tentou ir para o outro, mas foi bloqueado por ela.
─ Ele é só um cachorro. ─ O sorriso de "pare de tentar matar um cachorro" foi bem sincero.
─ Porque tem que vim você, cem malas e um cachorro mijão? ─ Zoro resmungou, cruzando os braços. Ele nunca passaria por cima dela, mas estava a centímetros de surtar com aquele delinquente. ─ Você já vai dar trabalho demais.
─ Você se cansa rápido, Roronoa? ─ Inocentemente, ela perguntou, no sentido de indagar se ele desistia fácil.
Apesar de ter sido uma pergunta inocente, ela pegou Zoro de surpresa. Ele não entendeu exatamente o que ela quis dizer com aquilo, e a levar pelo sorriso no rosto dela, não se julgou ao imaginar que era alguma besteira.
─ Weishun Deneb, venha aqui! ─ Zeff gritou, tirando os dois daquela conversa.
─ Prometo que ele não vai fazer mais isso, só... tira ele e coloca lá dentro, ok? ─ Ela pediu sorrindo... Aquele maldito sorriso de alguém que sabia que havia acontecido alguma merda, mas usaria das suas táticas de "garota legal" para sair dessa.
Quando Deneb saiu para encontrar Zeff, Zoro olhou para o cachorro seriamente e andou em sua direção.
─ Vem cá totó.... ─ Ele chamou Chopper, estalando os dedos da mão direita. ─ Antes que eu acabe com você.
A garota de cabelos rosas desceu as escadas voando que nem um foguete e pulou sob o piso do deck.
─ O que foi? ─ Perguntou ao capitão do Baratie.
Sem falar nada, o velho barbudo tirou uma sacola de pano escondida na sombra do Going Merry e abriu para que ela visse. Lá continha um monóculo com uma marcação à faça da letra "Z", uma bússola dourada de três agulhas chamada de "Log Pose'', um compasso, uma concha antiga e um pano de tamanho médio que ele usava para limpar sua antiga espada da época de pirata.
─ Sério? ─ Zeff não precisou falar mais nada para que Weishun entendesse que ele estava lhe dando seus antigos pertences piratas. ─ Você é tão legal! Eu te amo, Zeff! Obrigado, obrigado, obrigado! ─ Ela agradeceu sem parar, pulando de alegria. ─ Quando acharmos o tesouro, prometo que vou trazer uma parte pra você!
O cozinheiro não sabia a última vez que havia escutado um "eu te amo" de alguém ─ talvez ele realmente nunca tivesse escutado, mas sorriu sem graça com a confissão da mais nova. Ela quase pulou em cima dele e o agarrou como se fosse um grande urso. Assim como foi significativo para Zeff escutar aquelas palavras, também foi significativo para Deneb receber as antigas relíquias piratas do capitão do Baratie.
─ E vocês, cuidem dela. ─ Ele apontou para Usopp e Zoro, que viram aquela cena.
─ Eu não sou babá. ─ Zoro logo retrucou.
Zeff fez menção em pegar um pedaço de madeira que estava largado do deck para jogar na direção do espadachim, mas Deneb o impediu.
─ Você é muito mal agradecido em garoto! ─ O cozinheiro gritou, apontando o pedaço de madeira para o Roronoa. ─ Eu estou te deixando levar ela, meu garçom e ainda comida!
"Ninguém pediu seu garçom" seria uma resposta adequada, mas Zoro preferiu ficar em silêncio e só aceitar que ele iria resmungar de qualquer jeito ─ como se ele, Roronoa Zoro, tivesse algo para falar de alguém resmungando.
Deneb subiu as escadas rapidamente e ficou ao lado de Zoro, apenas para dizer:
─ Pede obrigado.
─ Eu não vou pedir. ─ Negou imediatamente.
Ele, Roronoa Zoro, não iria pedir obrigado para ninguém... ele não pediu pela comida e blá blá blá. O cozinheiro que quis distribuir e agora estava reclamando e blá blá blá.
A garota discretamente cutucou o braço de Zoro, que virou o rosto para o outro lado. Ela repetia um "por favor", mas vendo que não funcionou, partiu para o "fala logo ou não vou te deixar em paz". Como um último recurso para chamar sua atenção e fazê-lo olhar para ela, Deneb moveu seu quadril para o lado, empurrando um pouco o rapaz para o lado. Ele a olhou incrédulo e escutou em um sussurro "vai logo".
E obviamente... ele desistiu.
─ Obrigado. ─ Falou curto e grosso, para que ela lhe deixasse em paz.
Zeff que estava de braços cruzados soltou um riso e saiu andando de volta para o Baratie. Deneb olhou para Zoro e fez um sinal de positivo, sorrindo daquele mesmo jeito irritantemente fofo, mas convencido.
─ Cheguei pessoal! ─ Sanji gritou pulando para dentro do navio.
─ Porque o garçom tá vindo, em? ─ O Roronoa revirou os olhos, não aguentando todo aquele circo.
E os palhaços de verdade ainda nem havia chegado.
─ Porquê a gente não sabe nem esquentar uma água? ─ Usopp respondeu em meio a uma pergunta.
Sim, basicamente todos eles eram menos cem na escala de "saberes básicos na cozinha" ─ até porque nenhum deles tinha algo pra chamar de casa e aprender a brincar de 'casinha'.
─ Eu sei cozinhar. ─ Deneb falou, um pouco surpresa por eles serem tão ruins na cozinha. ─ Como assim vocês não sabem esquentar nem uma água?
─ Ótimo! ─ O Roronoa falou. ─ Padeiro, você tá fora.
─ Ele agora faz parte do bando, Zoro. ─ Luffy disse ao se aproximar dos demais. ─ E obrigado senhor Zeff! Quando eu virar o rei dos piratas e conseguir o tesouro te pago tudo isso! ─ O garoto gritou para o velho que já estava um pouco longe. ─ Por enquanto deixa na minha conta!
Zeff se virou para o navio e deu uma 'banana' para Luffy com os braços. O bando, menos Luffy que não entendeu, riu.
─ Qual é, o velhote ainda tá bravo comigo por causa dos pratos. ─ Luffy fez uma careta, desentendido. ─ Eu joguei eles na água... isso não é lavar?
Nami chamou os demais para se juntar ao redor de um latão no meio do navio, estava na hora da reunião inicial.
─ Deneb, o que você tem pra gente? ─ Nami perguntou, ansiosa para ver o mapa do pai da garota.
A Weishun pegou um mapa de um tamanho maior que estava em cima da mala, tirou o cordão que o prendia e o espalhou para que todos vissem. Não haviam desenhos de ilhas nem nada demais, eram mais como as partes gerais ─ se eles lessem as anotações, entenderiam melhor o resto.
O mapa estava dividido em quatro partes: a Grand Line como a corrente oceânica e perpendicular a ela, bem no meio, a linha da Red Line. East Blue e South Blue na parte esquerda e North Blue e West Blue na direita. A primeira parte da Grand Line era chamada de "Paraíso" e estava localizada entre East e South Blue, enquanto o "Novo Mundo", o lugar mais perigoso e explorado apenas por Gol D. Roger, ficava entre North e West Blue.
─ Porra, o seu pai fez tudo isso? ─ Nami expressou sua felicidade em palavras, porque se fosse em outra coisa, ela queria gritar de tão entusiasmada.
─ A gente tá ferrado. ─ Usopp falou, com aquela confiança contagiante. ─ Vai todo mundo vim atrás da gente se souber disso!
─ Então Den, o que são essas marcações? ─ A chamando por um apelido inventado naquele momento, ele perguntou apontando para o mapa.
─ Como a gente morava na Ilha Ohara, no West Blue, até os marinheiros resolverem destruir porque eles "já sabiam demais"... ─ Estava claro a raiva que Deneb sentia dos marinheiros. Eles acabaram com o local onde ela nasceu e com a vida de diversas pessoas. ─ O meu pai deve ter chegado perto o suficiente para conseguir descobrir como chegava lá.
Ela apontou para duas marcações no meio da Red Line e uma grande com uma exclamação no final da Grand Line.
─ Então, estamos aqui em East Blue, ou seja, pra chegar no Novo Mundo temos que passar pela Rede Line primeiro. ─ Weishun usava um lápis de escrever para que eles pudessem ver exatamente onde ela estava apontando. ─ A Nami pode explicar pra vocês como vai funciona, mas resumindo, pra passar para o outro lado temos duas opções: a montanha reversa ou uma passagem subaquática que liga diretamente a outra parte da Grand Line
─ Ouvi dizer que não é fácil passar pela montanha reversa, mas por enquanto é o único jeito. ─ Nami nunca nem chegou perto de lá, mas trabalhando entre outros piratas, já ouviu falar sobre ela e soube mais ou menos como funcionava. ─ A gente não sabe como passar em uma passagem subaquática... Vou ver se nas anotações do seu pai tem algo depois.
Deneb fez que sim com a cabeça.
─ Beleza, então tá resolvido galera! ─ Luffy disse como se fosse a coisa mais simples do mundo. Na sua cabeça, não existiam problemas. ─ Mas e o tesouro?
─ Como todo mundo sabe ele aparentemente está na Laugh Tale...
─ Uma ilha lá no fim do mundo que ninguém sabe onde é, já sabemos. ─ Zoro a interrompeu, suspirando. ─ Não tem como você resumir ainda mais?
─ Você é tão lerdo que não consegue nem escutar uma conversa de dez minutos? ─ Sanji zombou do Roronoa. ─ Tá difícil em!
─ Calados! ─ Deneb ordenou aos dois. ─ Escuta querido... eu já tô resumindo. ─ Com sua paciência de Jó, ela respondeu Zoro. ─ Então voltando ao assunto... Ninguém sabe onde fica, mas existe um jeito de descobrir.
─ Como assim? Que jeito? ─ Nami perguntou com os olhos brilhando e um sorriso no rosto.
─ Existem quatro Poneglyphs que, quando lidos juntos, levam a quatro ilhas que, se alinhadas, vão nos levar a localização da Laugh Tale! ─ Ela disse animada... Só não entendendo do porquê ninguém ficou tão entusiasmado quanto ela.
─ Então a gente nunca vai encontrar! ─ Usopp respondeu, jogando um pano velho no chão. ─ Que droga!
Todos eles pareciam mais desanimados ou preocupados depois do que ela falou. Deneb e Sanji se olharam, balançando a cabeça.
─ Esperem pessoal, deixem ela terminar! ─ Sanji pediu com calma.
─ Esperar o que? ─ Nami indagou, agora um pouco irritada. ─ Só quem conseguia ler os Poneglyphs era quem morava na ilha Oha...
Quando ela finalmente se deu conta de quem estava na sua frente, a garota de cabelos ruivos abraçou a Weishun e gritou bem alto. Ela pulava constantemente no mesmo lugar, enquanto segurava Deneb.
─ O que tá acontecendo? ─ Luffy arqueou a sobrancelha e perguntou, confuso. ─ É seu aniversário?
Zoro, parando de se chatear com a grande explicação, também entendeu o que ela estava querendo dizer.
─ A gente não precisa de mais ninguém... ─ O Roronoa colocou a mão direita sob a bainha das suas espadas e disse para o bando, enquanto olhava para Deneb. ─ Ela é a única que sabe ler.
Usopp e Luffy gritaram de felicidade, e assim como Sanji, se juntando a Nami e pulando enquanto abraçavam Weishun Deneb. A garota, feliz pelo reconhecimento e pelos abraços, apenas pulava de volta. Rindo como se eles já tivessem conquistado o mundo.
Quando todo mundo finalmente a soltou, Zoro olhou para ela e, em um gesto simples, fez um sinal de positivo com a mão esquerda. Como se dissesse "até que você mandou bem" ─ ele era um homem de poucas palavras. A Weishun sorriu para ele, fazendo o mesmo sinal. Ela não precisava da aprovação dele para nada, pois tinha consciência de que estava ajudando ao máximo o grupo, mas... era legal vê-lo a "parabenizando".
Era a mesma coisa que dizer que eles estavam juntos nessa... ou eram amigos... coisas assim.
─ Então capitão, para onde estamos indo? ─ Deneb perguntou ao rapaz do chapéu de palha, o chamando pela primeira vez de 'capitão'.
─ Em busca do One Piece! ─ Monkey D. Luffy gritou bem alto, para que o mundo inteiro ouvisse que eles estavam prontos para essa aventura.
super rookie, ⚔️
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