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โ”โ” ๐–ฅ” ึด เผ‹ ุŒ๐Ÿฐ๐Ÿฎ. ๐—–๐—ผ๐—ฟ๐—ฎ-๐˜€๐—ฎ๐—ป. ๏ข”















โ”โ” Em algum lugar do North Blue ; Memรณrias...
แ˜กTrafalgar Law, Cirurgiรฃo da Morte. โชO ponto de vista deleโซ

Havรญamos atracado em uma ilha de clima outonal hรก algumas horas, por volta das seis ou sete da manhรฃ, quando chegamos ao porto e nos dirigimos ao hotel mais prรณximo da estrada. Cora-san estava dormindo, e jรก era quase trรชs da tarde quando acordei. Eu havia tomado um banho, arrumado a cama onde tinha dormido e comeรงado a preparar algo para comermos. Eu sabia que ele ainda insistiria em me levar a outros hospitais e, pelo que percebi, havia dois na regiรฃo. Pareciam ser hospitais pรบblicos, acessรญveis ร  populaรงรฃo, uma vez que a ilha era pequena e monรณtona. Por isso, acreditei que o dinheiro nรฃo seria um problema naquele momento, ao menos enquanto estivรฉssemos ali.

Ainda me parecia confuso e estranho lidar com aquele idiota me acompanhando a todos os lugares, fazendo o possรญvel e o quase impossรญvel para me levar a todos os hospitais do North Blue - aquele tolo desmiolado havia me levado atรฉ a tribos indรญgenas, na esperanรงa de que os curandeiros pudessem tratar minha doenรงa, mas nem eles conseguiram. Eu jรก havia aceitado meu destino, reconhecido que minha vida nรฃo duraria mais um ano e que meu corpo estava fadado a perecer pelo Chumbo Branco. Apenas Cora-san nรฃo havia aceitado essa realidade, e insistia em me salvar a qualquer custo. Bobagem. Era perda de tempo, e ambos sabรญamos disso.

Assim que terminei de preparar nosso cafรฉ, ouvi um baque e o som de coisas caindo vindos do quarto onde Cora-san estava. Nรฃo demorei a revirar os olhos, jรก imaginando que o desastrado havia tropeรงado em algo e derrubado todos os objetos ao redor, sendo sorte dele se nรฃo tivesse, por acaso, colocado fogo em alguma coisa.

Pouco depois, ele apareceu na cozinha e se sentou de maneira desajeitada e despreocupada ร  mesa, me observando com um sorriso no rosto, enquanto eu colocava os ovos mexidos nos pratos e servia o cafรฉ para nรณs dois. Eu detestava assumir o papel de dona de casa, mas nรฃo podia confiar nele para cuidar da alimentaรงรฃo, jรก que ele mal sabia ferver รกgua sem derramar a panela sobre si mesmo. Sinceramente, ร s vezes eu me perguntava como ele havia chegado ร  idade adulta com todos os membros no lugar e sem uma รบnica cicatriz profunda.

- Bom dia, Law! Como vocรช dormiu esta noite? - ele sorriu de forma assustadoramente larga, e eu me encolhi atrรกs da mesa, observando-o com desconfianรงa.

- Eu... dormi pouco.

- Ora, mas vocรช รฉ apenas um garotinho minรบsculo e magrinho, parece um gato de rua, sabia? Vocรช precisa dormir bem para crescer forte e alto, igual a mim!

- Eu nรฃo quero ser igual a vocรช! - retruquei, cruzando os braรงos e franzindo o cenho. - E eu nรฃo sou magro! Nem minรบsculo!

- Claro que รฉ, veja sรณ! - sem qualquer aviso, ele agarrou minha mรฃo, me levantou no ar, ergueu um pouco minha camisa e comeรงou a cutucar minhas costelas, visivelmente marcadas na pele. - Sรณ pele e osso!

- Ah! Pare com isso, seu idiota!

Cora-san sempre tentava amenizar minha situaรงรฃo com piadas toscas de gente mais velha ou fazendo alguma palhaรงada que, querendo ou nรฃo, ร s vezes me fazia rir. Era um ciclo ao qual eu jรก havia me acostumado. Eu nรฃo dormia ร  noite, passava grande parte do tempo acordado, processando tudo o que havia acontecido, ainda tentando lidar com o luto e com a fase de negaรงรฃo da qual eu me recusava a sair para avanรงar rumo ร  aceitaรงรฃo. O รณdio que ainda me consumia servia como combustรญvel para a chama da vinganรงa que eu ainda desejava contra tudo e todos que me cercavam, mesmo aqueles que nada tinham a ver com o que aconteceu em Flevance e com seus habitantes.

Em uma noite como qualquer outra, estรกvamos no barco que utilizรกvamos para navegar. O mar estava calmo, e o vento soprava levemente, mas o suficiente para me fazer tremer. Eu estava com febre e jรก havia vomitado sangue algumas vezes, sendo salvo por Cora-san, que soube como me acalmar e me ajudar naquela situaรงรฃo, evitando que eu ficasse ainda mais apavorado do que jรก estava.

Eu detestava chorar na frente de desconhecidos. Na verdade, odiava chorar diante de qualquer pessoa, nรฃo importava quem fosse. Nรฃo era porque eu jรก era uma pessoa reservada - eu sempre fui assim, mesmo antes de perder minha famรญlia e amigos. Esse sempre foi meu modo de agir.

Eu tinha amigos. Brincava e ria com eles, amigos de escola com quem interagia atรฉ fora dela. Tinha minha irmรฃ, com quem convivia desde o nascimento dela; ela era uma parte de mim. O mesmo se aplicava aos meus pais, que sempre estiveram ao meu lado, desde os meus primeiros passos, primeiras palavras, desde tudo. Agora, assustado e sem mais ninguรฉm no mundo, Donquixote Rosinante era a pessoa a quem eu me agarrava naquele momento, sabendo que, em um mundo injusto e cruel onde eu havia nascido e era obrigado a viver, ele era o รบnico que permanecia ao meu lado.

- Ei, Law... vocรช jรก ouviu falar da lenda das Ilhas do Cรฉu?

- Ilhas... do Cรฉu?

- Sim, exatamente! As Ilhas do Cรฉu, Skypiea! - ele disse entusiasmado, enquanto acariciava gentilmente minha barriga, coberta pelo lenรงol grosso que me protegia do frio. - Nunca ouviu falar?

- Nรฃo...

- Dizem que existe uma ilha no cรฉu, acima das nuvens que vemos daqui debaixo. - enquanto falava, ele apontou o indicador para o alto, sorrindo. - As pessoas que habitam lรก sรฃo como anjinhos, com asinhas nas costas e vozes delicadas, que te ajudam a relaxar. Ah! E tambรฉm hรก histรณrias de que os anjos da guarda vรชm desse lugar! Serรก que o seu anjo da guarda nรฃo estรก lรก?

- Esse anjo da guarda รฉ um imbecil que estรก fazendo um Pร‰SSIMO trabalho... - murmurei, encolhendo-me sob o lenรงol ao sentir a febre arrepiar meu corpo e o frio se intensificar. Eu estava uma confusรฃo de calor e frio, sem nem saber mais se estava realmente acordado conversando ou apenas delirando.

- Ei, nรฃo diga isso! Seu anjinho da guarda deve ser uma crianรงa como vocรช; talvez esteja perdido e sem saber como ajudรก-lo. - ele riu. - Quem sabe ele apareรงa aqui algum dia, querendo recompensรก-lo pelo tempo em que deixou vocรช na mรฃo.

- E eu vou encher ele de porrada...

- E se for uma menina? Vocรช vai bater em uma menina?

- Nรฃo! - respondi rapidamente, franzindo o cenho. - Talvez! Se ela for barulhenta e chata! Eu arranco a cabeรงa dela fora!

E ele simplesmente riu. Riu como um tolo, como se sua risada pudesse dissipar a dor que pairava no ar. Ele sempre ria. Sempre. Em todas as ocasiรตes, estava ali, sorrindo para mim, tratando-me como se eu fosse um bebรช, seu bebรช. No entanto, eu nรฃo era. Eu nรฃo era filho dele, e ele nรฃo era meu pai.

Mas... eu ficaria feliz que fosse.





โ”โ” Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Reino de Dressrosa.
Atualmente.

Quando me dei conta, Mugiwara-ya jรก havia formado praticamente trinta aliados de uma sรณ vez, sem sequer propor tal aรงรฃo aos terceiros. Os competidores do Coliseu Corrida, que haviam sido transformados em brinquedos e salvos pelo "Deus Usopp", decidiram por conta prรณpria retribuir a atitude heroica do artilheiro dos Chapรฉus de Palha, que, de alguma forma, os transformou novamente em pessoas. Entretanto, essa alianรงa tornou-se nada mais do que uma disputa sobre quem possuรญa o ego mais inflado: Mugiwara-ya, Roronoa, Elisabette-ya ou os competidores. Todos estavam decididos a espancar Doflamingo e matรก-lo, algo que, sem sombra de dรบvidas, eu tambรฉm desejava - obviamente.

Estรกvamos os quatro em cima de um touro, Moocy, acompanhados por mais dois esquisitos cujas identidades eu sequer conhecia, mas que deixaram evidente sua lealdade a Mugiwara-ya.

Nosso caminho em direรงรฃo ao Palรกcio parecia cada vez mais complicado ร  medida que nos aproximรกvamos. Seja Pica tentando nos atingir, os lacaios de Doflamingo atirando contra nรณs ou pessoas fazendo tudo ao seu alcance para nos eliminar e conquistar as recompensas por nossas cabeรงas. Estressante. Irritante. Uma combinaรงรฃo de infortรบnios enquanto eu era jogado de um lado para o outro como uma boneca de pano, com os membros do bando do Chapรฉu de Palha revezando-se para ver qual dos trรชs demonstrava menos cuidado ao me carregar como se eu fosse um pedaรงo de bosta seca.

No entanto, dentre os trรชs, quem ainda parecia ter o mรญnimo de atenรงรฃo ao me segurar era Elisabette-ya. E eu sei que isso nรฃo se deve a um genuรญno cuidado por parte dela, mas sim ao fato de que essa ordinรกria sente, de forma literal, as minhas dores - algo que eu sequer sabia ser possรญvel. Quero dizer, antes eu imaginava que, se eu morresse, meus poderes seriam desfeitos e seu coraรงรฃo ficaria desprotegido, o que levaria a uma morte imediata. Nunca imaginei que atรฉ os danos que eu sofria eram repelidos em seu corpo, pois, se eu soubesse disso, teria me ferido intencionalmente vรกrias vezes apenas para torturรก-la por todas as vezes em que ela me fez passar raiva hรก dois anos, no Arquipรฉlago Sabaody.

- Eu sinto Inazuma... mas nรฃo consigo chamรก-la! - ouvi a voz fina e estridente de Elisabette-ya relinchar acima de mim, quando ela simplesmente se sentou em meu colo, sem mais nem menos. - Como o Anjo da Morte vai lutar sem a foice!?

- Se vocรช fosse mais atenta, nรฃo teria perdido sua arma! - retrucou Roronoa, dando um cascudo na cabeรงa dela.

- Eu nรฃo perdi! Doflamingo a escondeu!

- Entรฃo grite mais alto, gรชnio!

- Eu nรฃo sou um gรชnio! Eu sou uma birkan!

ร€s vezes, ainda me surpreendia com a maneira como ela parecia tรฃo desatenta, alternando, em um piscar de olhos, entre a pessoa mais insensata da face da Terra e uma assassina de sangue frio, desprovida de qualquer piedade, nem mesmo por um inocente animal. Essa faceta fragmentada de sua personalidade revelava-se ainda mais intensamente sempre que seu pai era indiretamente mencionado ou, como ocorreu mais cedo, quando ela se entregou a minutos de gritos desesperados por ele. Nรฃo eram chamados de uma crianรงa anseando pelo conforto daquele que lhe deu a vida, mas sim clamor de um ser angustiado em busca de salvaรงรฃo.

Elisabette-ya era um enigma que me confundia profundamente. Nรฃo desejo entender sua essรชncia, e nรฃo sei se deveria, mas ร  medida que o tempo avanรงa, sinto-me cada vez mais enredado por ela e pelas tribulaรงรตes com as quais lida dia apรณs dia, noite apรณs noite.

Recordo-me do momento em que perdeu seus companheiros em Sabaody, desolada e ferida, prestes a ser capturada pela Marinha - um destino provavelmente nรฃo muito diferente do que aguardou os Punhos de Fogo naquele fatรญdico dia. E quando percebi, jรก me via cuidando de seus ferimentos, proporcionando-lhe banhos revigorantes, oferecendo roupas minhas para que pudesse vestir-se e penteando seus cabelos para que nรฃo despertasse em um estado precรกrio.

Tudo comeรงou com um simples desejo de obter uma informaรงรฃo e, de repente, encontrei-me comprando alimentos para ela, lendo uma carta e, por fim, a parabenizando pelo seu aniversรกrio. Seria estupidez afirmar que ainda recordo daquela data? Certamente. Seria uma estupidez dos infernos.

Ao mesmo tempo em que anseio por desvendar os mistรฉrios que envolvem sua pessoa, por compreender as nuances de seus sentimentos e o que realmente a define, uma sombra de receio permeia meu ser. Temo que, ao criar um vรญnculo com ela, me encontre aprisionado em uma teia da qual nรฃo conseguiria me libertar, um entrave que se tornaria um fardo nรฃo apenas para mim, mas tambรฉm para ela. E, mesmo diante das desavenรงas que nos separaram e ainda persistem, frutos de nossas personalidades tรฃo diametralmente opostas, eu... eu hesito em aceitar a ideia de partir e deixรก-la sozinha. ร‰ um dilema angustiante, pois mesmo ciente de que ela possui a forรงa necessรกria para enfrentar o mundo, a ideia de sua solidรฃo me atordoa.

Quando fixo meu olhar nos olhos dela, que reluzem com um azul profundo, semelhante a milhares de safiras lapidadas para adornar as mulheres da elite, e que cintilam com a vivacidade do mar sob a luz do sol radiante, perco-me na confusรฃo dos meus prรณprios sentimentos. Pergunto-me se ainda รฉ simpatia provocada pela Febre das รrvores ou se, na verdade, รฉ algo mais intenso e proibido. Um sentimento que poderia nos destruir ou apenas a mim, dado que ela parece tรฃo distante e alheia ao meu tormento.

O que sei com certeza รฉ que nรฃo desejo vรช-la mais uma vez com aquele olhar de dor. Nรฃo quero continuar a contemplรก-la na incerteza de que nada se resolverรก e que um dia ela simplesmente nรฃo despertarรก. Nรฃo anseio por passar as horas solitรกrio no convรฉs, lidando com a realidade de que ela nรฃo estarรก ali ร  meia-noite em ponto, surgindo como um espectro sonolento, com o rosto marcado pelo travesseiro e os cabelos desordenados ou amarrados em um rabo de cavalo feito ร s pressas.

Minha รบnica sรบplica รฉ: nรฃo quero mais testemunhar seu choro silencioso, seu sofrimento oculto enquanto tenta engolir suas dores sem clamar por socorro aos seus companheiros. Ela teme perturbar os planos que elaborei - nรฃo os deles - e isso me dilacera como uma broca no peito.

Estava tรฃo absorto em meus pensamentos que, apรณs observar o Mugiwara-ya desferir socos contra Pica, com seus punhos envoltos pelo Haki do Armamento, tudo o que percebi foi Roronoa, de repente, permanecer para trรกs. Elisabette-ya se remexeu em meu colo, apoiando as mรฃos em meu peito para encontrar equilรญbrio e encarรก-lo com um olhar que mesclava confianรงa e preocupaรงรฃo. A relaรงรฃo entre eles lembrava a dinรขmica de dois irmรฃos; ele parecia o mais velho, preocupado em colocar a caรงula encrenqueira nos trilhos. Contudo, ambos eram igualmente bagunceiros e barulhentos... isso me remete a algo de muitos anos atrรกs, a ponto de nรฃo recordar com clareza.

- Zoro nunca perde. Ele me disse isso e eu acredito. - sussurrou ela enquanto observava os homens que nos acompanhavam, que temiam a derrota do Caรงador de Piratas.

- Ele fez um voto de nunca ser derrotado! - complementou Mugiwara-ya, com seu tรญpico sorriso despreocupado estampado no rosto.

Senti os olhos de Elisabette-ya sobre mim e percebi algo que havia notado hรก muito tempo. Era ressentimento, um lampejo fraco de raiva, como se ela dissesse: "Veja o que vocรช estรก nos fazendo passar". Engoli em seco, soltei um suspiro entrecortado e olhei para as nuvens no cรฉu que formavam a gaiola que nos aprisionava em Dressrosa. Lembrei-me de tudo o que havia enfrentado hรก treze anos, da dor e da mรกgoa que se acumularam dentro de mim como um bolo de lodo tรณxico, adoecendo-me pela sede de vinganรงa contra Doflamingo, algo que nรฃo consigo acreditar que seria capaz de realizar completamente sozinho.

Foi hรก dois anos que vi quem seria capaz de virar o mundo de ponta-cabeรงa e causar um caos total. Afinal, quem teria a audรกcia de socar um Tenryubito, mesmo ciente da puniรงรฃo que se seguiria? Ninguรฉm, absolutamente ninguรฉm. Ninguรฉm jamais havia tomado tal atitude, atรฉ que o idiota com um chapรฉu de palha apareceu na casa de leilรตes da maneira mais inusitada possรญvel, para salvar uma sereia de se tornar escrava.

No fim, creio que isso jรก estava destinado a acontecer. Meu caminho jรก havia sido predestinado a se cruzar com o Mugiwara-ya, mesmo que de forma aleatรณria, como em um conjunto de ilhas, onde eu o veria enfrentar a maior potรชncia mundial apenas para vingar um amigo. O que ele fez em Marineford pode ter sido considerado por muitos uma loucura, um ato suicida, uma vez que era um simples novato problemรกtico no meio de grandes nomes tanto da Marinha quanto da Pirataria, motivado apenas pelo desejo de salvar o irmรฃo, e acabou da maneira que acabou. Dias depois, ele retornou ao local para prestar suas condolรชncias a todos que se foram naquele dia. ร‰ estranho admitir, mas Monkey D. Luffy estรก mais prรณximo de se tornar o Rei dos Piratas do que qualquer outro em todos os mares.

- Ei, Mugiwara-ya.

- Hรฃ?

- Sei que precisamos matรก-lo se quisermos sobreviver... jรก tomei minha decisรฃo. O plano que sugeri derrubaria Doflamingo indiretamente. Mas, para ser sincero, desejo causar-lhe mal diretamente. Fui derrotado antes, mas agora serรก diferente! - falei com a voz carregada de determinaรงรฃo e certeza; queria ser firme em minhas palavras.

Eu estava exausto, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Tudo me atingia como um balde de tijolos e, desta vez, nรฃo tinha mais a quem me agarrar, nรฃo havia mais quem me consolasse e dissesse que tudo ficaria bem. Ele nรฃo estava mais aqui e nรฃo voltaria. Nรฃo importava o quanto eu quisesse ou implorasse a Deus e ao mundo. Cora-san havia morrido. Ele nunca voltaria.

- Treze anos atrรกs, Doflamingo matou... um homem que era tudo para mim. Seu nome era Corazรณn. O ex-executivo da Famรญlia Donquixote.

- O quรช!? Ele era um companheiro dele?

- Sim, era. Ele salvou minha vida... e era... - respirei fundo, sentindo os olhos arderem, mas nรฃo me permitiria chorar por isso, nunca mais, tampouco na frente das pessoas. - Irmรฃo biolรณgico do Doflamingo!

Assim que terminei de falar, Mugiwara-ya ficou em silรชncio, nรฃo demonstrando nenhuma reaรงรฃo, assim como Elisabette-ya, que apenas me encarava em silรชncio, assim como seu capitรฃo. Os รบnicos sons que ouvรญamos eram os cascos do touro galopando, as pessoas gritando nos quatro cantos do reino e as explosรตes. Tambรฉm permaneci em silรชncio, alternando meu olhar entre os dois atรฉ o momento em que ela o olhou de lado e ele fez o mesmo, soltando apenas um suspiro enquanto ela esticava os braรงos e os estalava, saindo de cima de mim e ficando de pรฉ sobre o touro. Ela levantou uma mรฃo, fechou os olhos, franziu o cenho e pareceu se concentrar.

Paralelamente a isso, Mugiwara-ya estalou o pescoรงo e os dedos de ambas as mรฃos, colocou o chapรฉu de palha na cabeรงa e ajustou a cordinha para que ficasse firme e nรฃo saรญsse voando. Os dois pareciam ter chegado a um acordo silencioso, como se aquela simples troca de olhares tivesse funcionado como um diรกlogo completo sobre os prรณs e contras da nossa situaรงรฃo atual.

- INAZUMA! - de repente, um raio de brilho azulado atravessou o cรฉu, rasgando o ar, enquanto a foice de Elisabette-ya surgia em sua mรฃo. - Tch. Que demora!

- Vocรช precisa ser mais gentil com sua arma, fia!

- Eu nรฃo sou sua filha!

- Shishishishi! Vocรช ainda diz isso! - o idiota riu, e ela apenas fez um beicinho... adorรกvel.

Apรณs a revelaรงรฃo de minhas palavras, a confissรฃo de minha verdadeira motivaรงรฃo em relaรงรฃo ao desejo ardente de testemunhar a queda de Donquixote Doflamingo, percebi que ambos comeรงaram a encarar a situaรงรฃo com uma seriedade renovada. Mesmo que os sorrisos zombeteiros ainda adornassem seus lรกbios, havia uma mudanรงa palpรกvel no ar, como se o peso da realidade comeรงasse a se instalar entre nรณs.

O futuro era incerto, e eu nรฃo sabia o que nos aguardava. Contudo, nutria a esperanรงa de que tudo se resolveria, de que Doflamingo encontraria seu fim e eu teria a oportunidade de honrar a memรณria de Cora-san. Era um anseio profundo, um desejo de retribuir a ele tudo o que havia feito por mim: todas as histรณrias sussurradas sob as estrelas, cada carรญcia que aquecia meu coraรงรฃo e, acima de tudo, o fato de ele ter enxergado em mim alguรฉm digno de ser salvo. Essa dรญvida com sua memรณria me impulsionava, como uma chama ardente em meio ร  escuridรฃo que me engolia aos poucos.

- Capitรฃo! - Elisabette-ya exclamou repentinamente, cortando ao meio um de nossos inimigos que tentara atacar o garoto com chapรฉu de palha por trรกs. - Hรก muitos deles aqui!

- Vamos derrotรก-los juntos!

- Sim! โ™ก

Assim, lado a lado, os dois comeรงaram a repelir nossos adversรกrios, afastando-os de nรณs enquanto protegiam o touro que nos transportava em suas costas e, claro, me protegendo tambรฉm - mesmo que eu estivesse balanรงando como uma minhoca em uma frigideira com sal. Os competidores do Coliseu Corrida tambรฉm estavam presentes, enfrentando outros soldados e abrindo caminho para o Mugiwara-ya, impedindo que nossos inimigos o atingissem. Apesar da aparรชncia pouco convencional da estratรฉgia, estava se mostrando extremamente eficaz e nos poupou mais tempo do que havรญamos imaginado.

De repente, um homem surgiu. Um homem cuja aparรชncia me desagrada profundamente, especialmente pela forma arrogante com que se dirigia a nรณs. Ele se apresentou como Kelly Funk, afirmando ter sido oponente do Mugiwara-ya na Chace C. Chegou com toda a pompa, proclamando saber um atalho para o Campo de Flores em frente ao Palรกcio e exigindo que o seguรญssemos. Se dependesse de mim, nรฃo irรญamos acompanhรก-lo e seguirรญamos pelo caminho que eu havia indicado; no entanto, ninguรฉm prestou atenรงรฃo ร s minhas palavras. Essa desconsideraรงรฃo apenas alimentou minha indignaรงรฃo, embora eu estivesse em um estado de total vulnerabilidade, ร  mercรช de qualquer inimigo que ousasse se aproximar. A frustraรงรฃo me consumia, impotente diante da situaรงรฃo.

- Ei, Mugiwara-ya. Quando vocรช pretende remover essas algemas? - perguntei impaciente, jรก sem paciรชncia para aquela situaรงรฃo e para a despreocupaรงรฃo do Chapรฉu de Palha. - Com essas algemas de Kairouseki, sou um alvo fรกcil para o Doflamingo.

- Hum... bem, vamos dar um jeito! Vamos lรก!

- Como vocรช pode ter tanta certeza!? Volte imediatamente para o Planalto!

- Hein? Por quรช? - Elisabette-ya franziu o cenho e torceu o nariz em frustraรงรฃo.

- Eu vou procurar a chave! Essa luta serรก uma questรฃo de vida ou morte!

- Se vocรช estรก tรฃo agoniado, eu quebro com os dentes. - ela disse com um sorriso largo, apontando para a boca enquanto me olhava com aqueles olhos idiotas.

Apenas revirei os olhos diante da proposta absurda feita por Elisabette-ya. Deveria ter esperado que ela soltasse algo desse tipo, e ainda me pergunto por que insisto em ter expectativas de que, em algum momento, ela dirรก algo realmente inteligente ou, no mรญnimo, nรฃo tรฃo burro como agora e em quase todas as nossas conversas noturnas, quando compartilhamos um espaรงo em algum canto do convรฉs do Thousand Sunny.







Nรฃo demorou para que chegรกssemos ao tal atalho e adentrรกssamos naquele tรบnel sem mais nem menos. Entretanto, assim que entramos, notei Elisabette-ya se tornando mais reclusa e atรฉ mesmo arisca, com um olhar estreito estampado em seu rosto enquanto observava todos os lados como um gato desconfiado de tudo e todos. Confesso que nรฃo pude deixar de tambรฉm ficar atento, mesmo sabendo que logo encontrarรญamos Nico-ya, que estava com as chaves das minhas algemas para finalmente me libertar, pois, sinceramente, eu nรฃo aguentava mais a sensaรงรฃo de impotรชncia e de ser tratado como gato e sapato, sendo largado de um lado para o outro.

- Estamos descendo! - ela disse de repente, com os olhos arregalados enquanto suas asas se eriรงaram.

- Pare! Ele estรก pisando em รกgua!

- O quรช? Mas ele disse que era um atalho para o Campo de Flores... - Mugiwara-ya murmurou, olhando ao redor. - Nรฃo tem saรญda!

- Diga para o touro dar a volta!

Nรฃo demorou muito para que Moocy entrasse em pรขnico e comeรงasse a se debater, quase derrubando os trรชs de suas costas. Senti meu sangue gelar ao ouvir passos e ver Elisabette-ya se arrepiar ao olhar para trรกs. Os olhos dela... era como se ela estivesse vendo o verdadeiro terror.

- Luffy. ร‰ uma armadilha.

Meus prรณprios olhos se arregalaram ao ver Doflamingo anunciando que o caminho que seguรญamos levava diretamente a um poรงo de รกgua. Estรกvamos totalmente em apuros. Eu estava algemado e ao nosso redor havia รกgua por todos os lados. Nรฃo tรญnhamos mais salvaรงรฃo.

Pelo menos, era o que eu pensava.

- Capitรฃo. Eu cuido disso. - foi tudo o que ela disse antes de agarrar a foice entre as mรฃos e saltar para a รกgua.

โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”


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