
โโ ๐ฅ ึด เผ ุ๐ฏ๐ฏ. ๐ฆ๐ฒ๐ป๐๐ถ๐บ๐ฒ๐ป๐๐ผ๐ ๐พ๐๐ฒ ๐ณ๐น๐ผ๐ฟ๐ฒ๐๐ฐ๐ฒ๐บ.
โโ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; em algum lugar do mar.
Elisabette gritou desesperada, encerrando a ligaรงรฃo antes mesmo que Wyper pudesse lhe dizer mais alguma coisa. Afinal, nรฃo havia palavras capazes de consolar sua pobre alma desolada. Ela levou a mรฃo ao peito, sentindo os dedos afundarem em sua pele, e comeรงou a andar em cรญrculos em desespero, com as mรฃos na cabeรงa, respirando e expirando em total descontrole, repetindo inรบmeras vezes a frase: "O que eu faรงo?". Seus passos ecoavam pelo convรฉs enquanto sentia o suor frio escorrer por seu corpo, removendo o pรณ de arroz que escondia as manchas verdes em sua pele.
Ao perceber seu disfarce desfeito, a birkan trincou os dentes e franziu o cenho, sentindo um misto de raiva e pavor a consumi-la. Impelida por um desespero crescente, comeรงou a arranhar fortemente o antebraรงo manchado, numa tentativa vรฃ de eliminar o verde que maculava a palidez de sua figura. Com os olhos arregalados e grunhindo de dor, รณdio e desespero, ela sentiu tudo desmoronar. Sabia que, se nรฃo chegasse a tempo em Dressrosa e fosse para Green Bit, seria a prรณxima a sucumbir ร Febre das รrvores.
- Vocรช prometeu que sempre me ajudaria quando eu precisasse! E onde estรก agora? Por que partiu sem mim? - ela clamou, sua voz embargada pelo desespero. Sozinha, ela comeรงou a golpear o antebraรงo repetidamente contra a amurada do navio, esfregando-o freneticamente contra a madeira logo em seguida, como se buscasse aliviar a angรบstia que a consumia.
E nรฃo importava quantas vezes ela se arranhasse, quantas vezes se batesse ou esfregasse as regiรตes manchadas e contaminadas, Elisabette jamais conseguiria se livrar daquilo por conta prรณpria, e ela sabia disso. Saber era o que mais lhe doรญa. Ainda assim, buscava desesperadamente algum conforto, alguma seguranรงa, continuando com as sessรตes de pancadas e arranhรตes na regiรฃo afetada, enquanto resmungava incessantemente, gritando tanto por seu pai quanto pelo desespero e a raiva que sentia. Raiva de si mesma, raiva da vida e raiva de todo o karma de seus pecados retornando para si como um soco no estรดmago, que a fazia revirar de enjoo e fรบria.
- Vocรช prometeu! Vocรช disse! - a jovem mulher continuou, mordendo e puxando a pele de seu antebraรงo atรฉ sentir o gosto do prรณprio sangue em sua lรญngua. - Por que tenho que pagar por isso sozinha!? Tudo que fiz, fiz por VOCร!
Quando a ardรชncia se transformou em uma dor incรดmoda, ela parou, pressionando a mรฃo contra a ferida sangrenta em seu braรงo. Seus lรกbios tremeram enquanto encarava o verde se misturando ao vermelho de seu sangue, um sombrio lembrete de sua vulnerabilidade. Naquele momento, Elisabette lembrou que, apesar de tudo, ainda se sentia uma menina perdida, sem o pai, sem seu carinho, seu amor, suas ordens.
Ela apoiou o corpo na amurada do navio e abaixou a cabeรงa, fechando os olhos com forรงa enquanto a frustraรงรฃo fervilhava em seu รขmago, o gosto amargo perturbando seus lรกbios. Pensava desesperadamente no que fazer, que rumo seguir, e se conseguiria cumprir seu compromisso de salvar seu paรญs e seu povo. Desejava, de alguma forma, amenizar o peso de seus crimes e livrar-se do remorso que a assombrava sempre que lembrava das poucas gentilezas recebidas daqueles que confiaram nela. Mesmo que nรฃo fosse sua obrigaรงรฃo, ela ansiava por sentir menos culpa. Queria viver sem aquele tormento incessante que gritava em sua mente.
Elisabette tamborilava as unhas na madeira, enquanto incontรกveis pensamentos transitavam por sua mente, apenas intensificando a frustraรงรฃo causada pela pressรฃo que de repente se abateu sobre ela como uma tonelada de pedras.
Suas asas agitavam-se, soltando penas como um pรกssaro estressado que as arranca para chamar a atenรงรฃo de seu dono. Se ainda tivesse seu coraรงรฃo no peito, poderia jurar que o sentiria bater descontroladamente, tomado pelo pรขnico e pela ansiedade que a consumia a cada segundo. A ideia de ter prometido algo a Gan Fall e nรฃo ter conseguido cumprir nem uma parte dessa promessa era como trair nรฃo apenas a ele, que tanto a cuidou e guiou nos รบltimos dois anos, mas tambรฉm a si mesma, que tanto se cobrava para realizar tudo rapidamente, afinal... agora ela realmente precisava ser รกgil.
Conforme as prรณprias palavras de Wyper, Skypiea estava ruindo e sucumbindo ร Febre das รrvores, e seria apenas uma questรฃo de tempo atรฉ que todos estivessem contaminados. O que viria a seguir? Em breve, todas as plantaรงรตes e animais estariam imprรณprios para o consumo, entรฃo do que as pessoas se alimentariam? Era uma situaรงรฃo desesperadora.
Elisabette sentiu uma pressรฃo intensa na cabeรงa, e seu nariz comeรงou a sangrar novamente, fazendo com que o desespero a dominasse novamente. Levou as mรฃos ao nariz, tentando estancar o sangue enquanto seus dedos se sujavam e suas pernas fraquejavam, fazendo-a cambalear atรฉ cair sentada. Olhou em volta e sentiu o corpo gelar. Nรฃo conseguia usar o Mantra. A fraqueza era tanta que uma habilidade que para ela era tรฃo natural havia se tornado impossรญvel de ser ativada. A jovem franziu o cenho e comeรงou a forรงar a ativaรงรฃo da habilidade, sentindo a cabeรงa latejar como se fosse explodir.
De repente, a birkan sentiu duas mรฃos firmes agarrando seus ombros e a virando para trรกs, ficando cara a cara com Law, cujos olhos estavam fixos em suas narinas ensanguentadas. Ele segurou a nuca dela e empurrou sua cabeรงa para baixo, forรงando seu rosto a olhar para o chรฃo. Ela ficou paralisada pelo choque do contato repentino, mas manteve-se quieta, inconscientemente confiando em suas habilidades medicinais. Sabia que o apelido "Cirurgiรฃo da Morte" nรฃo era apenas uma fachada para os poderes de sua Akuma no Mi.
- Tire a mรฃo do nariz. Agora. - ele ordenou, vendo-a levantar a cabeรงa imediatamente para encarรก-lo. - Abaixe! - ele empurrou novamente.
- O que vocรช estรก fazendo!?
- Estou evitando que o sangue vรก para sua faringe e entre nas suas vias aรฉreas.
- Nรฃo entendi bulhunfas! - ela retrucou, mas acabou cedendo e mantendo o rosto inclinado para a frente, observando o sangue pingar sobre suas coxas.
- Apenas... deixe-me cuidar disso. - Trafalgar sussurrou, afastando as mรฃos dela do nariz e levando a prรณpria mรฃo atรฉ o local, mantendo pressรฃo no osso. - Respire pela boca e nรฃo ouse deitar, senรฃo eu te darei mais motivos para sangrar.
- Que grosseria!
Por fim, ela se aquietou, notando o cuidado que Law estava tendo ao ajudรก-la com o sangramento nasal. A mรฃo dele, apesar da firmeza e da pressรฃo ao segurar seu nariz, ainda exibia um certo zelo e suavidade - a pele dele era surpreendentemente macia. Elisabette grunhiu, encolhendo-se ao sentir o incรดmodo do sangue quente sobre suas coxas, mas manteve-se quieta atรฉ que tudo terminasse. Sabia que aquela nรฃo seria a รบltima vez, e que enquanto nรฃo estivesse curada da Febre das รrvores, haveria mais momentos como aquele.
Os dois permaneceram em silรชncio, incapazes de se olhar devido ร s posiรงรตes em que estavam, mas ainda assim atentos aos sons ao redor. A mรบsica vinda do interior do Sunny, as ondas se chocando contra o casco do navio, o ronco estrondoso de Caesar Clown. Elisabette podia sentir a suavidade das mรฃos do tatuado, tรฃo diferentes das suas, calejadas e rudes. "Deve ser porque ele รฉ mรฉdico", pensou consigo mesma, inclinando-se timidamente para o toque dele em seu ombro. Law arqueou uma sobrancelha, comparando-a mentalmente a um animal assustado, ou, na pior das hipรณteses, a si mesmo na รฉpoca em que, ainda crianรงa, passava por situaรงรฃo semelhante.
Quando o sangramento cessou, ele levou cuidadosamente ambas as mรฃos ao rosto dela, segurando-o com delicadeza, e ergueu sua cabeรงa para fazรช-la olhar diretamente para ele. Por mais grata que estivesse, Magni nรฃo podia evitar sentir-se um pouco constrangida pela situaรงรฃo em que havia se colocado mais uma vez na presenรงa do aliado de seu capitรฃo.
E, ao olhar diretamente nos olhos dela, o Cirurgiรฃo da Morte sentiu seu corpo paralisar. Cรฉus, era como olhar para si mesmo. As bochechas infladas, o olhar desconfiado e o beicinho nos lรกbios - quase igual a uma crianรงa birrenta. Law notou que, apesar de todas as lutas, vitรณrias e derrotas, ela ainda possuรญa traรงos e comportamentos de uma menina. Resumidamente, estava se sentindo perdida como se ainda fosse uma. Nรฃo importava se ela tinha 17 ou 19 anos, aquele olhar em seu semblante era como o de uma crianรงa perdida, assustada e desorientada no mundo - um olhar que ele conhecia bem.
- Vocรช disse que isso รฉ transmissรญvel somente de pessoa para animal e vice-versa, estou certo? - Trafalgar sussurrou, com suas mรฃos ainda mantendo o rosto dela erguido para ele.
- Sim, por isso eu... - ela sorriu fracamente, suas mรฃos cobrindo as dele e as afastando de seu rosto, mas nunca as soltando. - Eu vou ter que lidar com isso sozinha.
- Nรฃo vai.
- O quรช..? - Elisabette arregalou os olhos e franziu o cenho, olhando para ele com um olhar confuso.
- Nรฃo estou fazendo isso como uma boa aรงรฃo, entรฃo pode descartar qualquer forma de agradecimento que passe pela sua cabeรงa. - disse ele, segurando as mรฃos dela com firmeza. - ร apenas por conveniรชncia. A morte de um dos tripulantes do seu bando afetaria todo o plano, entรฃo vocรช precisa ser tratada e... mesmo que nรฃo haja uma cura, eu ainda posso retardar o avanรงo da doenรงa. - finalizou, seu olhar penetrando o dela como uma adaga.
- Vocรช vai cuidar de mim?
- Nรฃo exatamente. Eu apenas vou... - antes mesmo que pudesse finalizar sua sentenรงa, ela se jogou nos braรงos dele e o abraรงou com forรงa.
Law paralisou no instante em que a sentiu se agarrar a ele, como se buscasse algum tipo de refรบgio. Por um momento, ele se irritou e agarrou os braรงos dela para afastรก-la, mas ao ver o quรฃo aninhada ela estava em seu peito e o quanto tremia, ele apenas desistiu e deixou que permanecesse ali, agarrada a ele, parecendo tรฃo vulnerรกvel e inofensiva.
Ele ficou calado, olhando para baixo e vendo as asas dela soltando algumas penas e penugens, com pequenas รกreas desprovidas de cobertura, exibindo apenas a pele manchada de verde. Concluiu que a Febre das รrvores estava se espalhando pelo corpo dela como fogo nas folhas secas de uma floresta. Elisabette estava quase igual a ele, igual ร quela รฉpoca sombria de sua vida - nรฃo que agora nรฃo fosse -, tรฃo pequena e tรฃo destruรญda pela ironia de ser um ser vivo, um ser humano, um ser... mortal.
- Tral-san... obrigada.
Law nada lhe respondeu, apenas assentiu em silรชncio e manteve-se na mesma posiรงรฃo, ajoelhado, com ela abraรงada a ele. Naquela noite, ela passou a vรช-lo como alguรฉm em quem realmente poderia confiar, alguรฉm em quem... valia a pena acreditar.
Elisabette poderia nรฃo ser a mais esperta, nem a mais inteligente de seu bando, mas ainda era uma mulher, ainda era uma pessoa, feita de carne e osso, assim como qualquer ser vivo. Ela precisava daquilo, precisava de alguรฉm para se agarrar e acreditar que poderia ser ajudada, seja Enel, Luffy, Bellamy, os sacerdotes, Wyper ou atรฉ mesmo Law. Ela apenas... desejava sentir-se acolhida por alguรฉm, mesmo que esse alguรฉm fosse aquele que literalmente tinha seu coraรงรฃo em mรฃos.
Duas semanas haviam se passado desde que a alianรงa entre os Piratas de Copas e o Bando do Chapรฉu de Palha se formara para iniciar a queda de Kaidou, comeรงando pela destruiรงรฃo da fรกbrica de S.A.D. no Reino de Dressrosa, o que tambรฉm resultaria na derrota do, atรฉ entรฃo, Shichibukai Donquixote Doflamingo, rei daquele paรญs.
Robin estava deitada em uma cadeira de praia ao lado de Franky, os dois de mรฃos dadas enquanto tomavam banho de sol; Nami estava lendo o jornal junto de Momonosuke, que estava sentado em seu colo e prestando atenรงรฃo ร leitura da ruiva; Luffy, Usopp e Chopper estavam pescando, como sempre costumavam fazer, ouvindo histรณrias de Brook sobre sua รฉpoca de pirata no bando dos Piratas Rumbar; Sanji estava na cozinha preparando o almoรงo; Elisabette estava dormindo por cima de Zoro, que tambรฉm dormia em um canto do convรฉs; por fim, Law estava quieto, lendo um livro ao lado de Kin'emon, que meditava.
- Pessoal, problemas! - anunciou o cozinheiro do bando ao sair pela porta da cozinha, atraindo a atenรงรฃo de todos os tripulantes para si.
- Ai, pelo amor de Deus... qual รฉ o problema agora, Sanji-kun? - Nami dobrou o jornal e olhou para ele com a sobrancelha arqueada, jรก demonstrando impaciรชncia.
- Estamos sem mantimentos para os prรณximos dias. O que temos no estoque sรณ vai durar hoje e amanhรฃ.
- O QUร!? - Luffy gritou, saltando da beirada do navio direto para onde a navegadora estava, enrolando os braรงos e pernas ao redor dela. - ร, Nami! A gente precisa parar em uma ilha para comprar mais comida!
- Nรฃo temos tempo. Precisamos chegar logo a Dressrosa. Vamos apenas economizar na alimentaรงรฃo para que os mantimentos durem atรฉ o final do mรชs. - Law interferiu, recebendo um olhar de reprovaรงรฃo do capitรฃo mais novo.
- Nรฃo dรก! Vamos todos morrer de fome assim!
- Na verdade, Luffy, se eu diminuir as porรงรตes de comida na hora de preparar... - o loiro notou os olhinhos brilhantes e o beicinho nos lรกbios do Chapรฉu de Palha, o que o fez suspirar e ceder. - ร, nรฃo tem muito o que fazer... precisamos mesmo comprar mais mantimentos. Caso contrรกrio, ninguรฉm aqui ficarรก bem alimentado e saudรกvel para lutar, se for preciso.
- Bem, o Log Pose estรก apontando para uma ilha ao norte e, pela tranquilidade da agulha, ela deve ser um local tranquilo e monรณtono. - a ruiva anunciou, levantando-se de onde estava e indo atรฉ o timรฃo, chamando o restante de seus companheiros para ajudar na mudanรงa de rotaรงรฃo do navio.
Toda aquela conversa e a mudanรงa de rota do Thousand Sunny apenas serviram para aumentar o estresse de Trafalgar, que jรก sentia seus nervos se tornando tensos devido ao comportamento daquele bando. Para ele, eles mais pareciam um grupo de crianรงas encrenqueiras do que os piratas que haviam se tornado conhecidos mundialmente apรณs os incidentes de Enies Lobby e Water 7, bem como no Arquipรฉlago Sabaody. Como poderiam ser considerados pessoas cruรฉis e perigosas, quando na verdade agiam como bobalhรตes que apenas riam, bebiam, comiam e cantavam o dia inteiro? Law podia jurar que toda aquela sua "aventura" como aliado de Monkey D. Luffy resultaria em quedas de cabelo e no surgimento de fios brancos em meio ร s suas madeixas negras, tudo isso por conta do estresse de estar ali.
Elisabette permanecia adormecida, seus braรงos e rosto repousando sobre o peitoral de Roronoa - cujos mรบsculos fartos e definidos, para ela, assemelhavam-se a nuvens macias. A mรฃo do espadachim, inconscientemente, acariciava as madeixas platinadas dela, algumas mechas loiras enrolando-se em seus dedos enquanto ambos cochilavam e roncavam suavemente. Era uma cena adorรกvel, que em nada refletia os brutamontes agressivos que eram em suas batalhas.
Luffy observou a cena e sorriu amplamente. Ele adorava ver sua companheira tรฃo tranquila daquela forma, dormindo sossegada e calma. Era um dos raros momentos do seu dia a dia que aqueciam e aconchegavam seu coraรงรฃo em relaรงรฃo a ela.
Em silรชncio, o garoto com chapรฉu de palha caminhou atรฉ seus companheiros adormecidos e sentou-se prรณximo a eles, comeรงando a batucar com as mรฃos nos joelhos como se fossem tambores, com a intenรงรฃo de acordar seu espadachim e sua sentinela. Como era de se esperar, a dupla despertou, lanรงando olhares irritados em direรงรฃo ao capitรฃo, que ria ao ver a carranca nos rostos dos dois. Contudo, essa carranca logo se desfez ao verem o enorme sorriso do moreno com cicatriz, que lhes sorria como se hรก muito tempo nรฃo os visse.
- Ei, nรณs vamos atracar em uma ilha prรณxima para comprar mais mantimentos!
- Yawwwnn... tudo bem... - respondeu a jovem de cabelos platinados com um sorrisinho, coรงando os olhos e se espreguiรงando.
- ร, Pomba Lesa! - Zoro a puxou, enrolando seu braรงo no pescoรงo dela e a trazendo para perto. - Nem pense em sair sozinha por aรญ, vocรช sempre se perde em lugares grandes! Parece uma caipira na cidade!
- SEMPRE ME PERCO!? - ela franziu o cenho, cravando as unhas no rosto dele. - Vocรช รฉ quem sempre se perde!
- Shishishishi! Vocรชs sรฃo iguaizinhos!
O Anjo da Morte revirou os olhos e se levantou, esticando os braรงos e as asas para espantar a preguiรงa. Em seguida, alรงou voo atรฉ o ninho do corvo, onde pegou a luneta para procurar a ilha na direรงรฃo indicada por Nami.
Era um dia calmo e ensolarado, com um clima agradรกvel e ameno, perfeito para descansar apรณs os intensos eventos em Punk Hazard e antes da tormenta que seria lidar com Donquixote Doflamingo em Dressrosa. As gaivotas voavam pelos cรฉus, mergulhando ocasionalmente no mar para capturar peixes. Golfinhos pulavam ao lado do navio, chamando a atenรงรฃo dos tripulantes, enquanto o ar fresco cantava junto com a brisa suave. Era um dia tranquilo, um dia bonito.
Enquanto procurava, Elisabette sentiu uma sรบbita fraqueza em suas pernas e dobrou os joelhos, batendo com o queixo na borda do ninho. Grunhiu ao sentir a pancada, imediatamente levando a mรฃo ร regiรฃo machucada e massageando-a, fazendo um beicinho choroso antes de tentar se levantar. Novamente, sentiu moleza em seus membros. A jovem arregalou os olhos e franziu o cenho, percebendo que nรฃo estava sentindo completamente as suas pernas. Engoliu em seco e tentou reunir forรงas, mas a falta de sensibilidade persistia, fazendo-a chiar e colocar mais esforรงo atรฉ conseguir se reerguer, ainda precisando se apoiar na borda para se manter de pรฉ, com os joelhos tremendo e os pรฉs fraquejando.
Ela levou a mรฃo ร cabeรงa, sentindo uma forte dor latejante, e respirou fundo algumas vezes antes de olhar para frente e ver tudo embaรงado. Entretanto, em questรฃo de poucos minutos, tudo voltou ao normal, deixando-a inquieta e preocupada com a prรณpria fragilidade.
Quando voltou a colocar a luneta nos olhos, avistou ao longe um pequeno montรญculo de areia, reconhecendo imediatamente que era a ilha que procuravam. A sentinela encheu o peito para gritar "terra ร vista", sentindo o tremor de excitaรงรฃo pelo navio inteiro ao comemorarem a proximidade de um novo destino para fazer compras, tanto para reabastecer os estoques quanto para adquirir itens pessoais. Elisabette, por exemplo, desejava comprar um novo caderno para desenhar, pois o seu antigo jรก estava quase sem pรกginas em branco.
Elisabette retornou ao navio com quatro caixas de madeira, duas em cada braรงo, erguendo-as sobre os ombros. Sem qualquer delicadeza, ela simplesmente jogou as caixas no convรฉs prรณximas a Sanji, que imediatamente beijou suas mรฃos e agradeceu pela gentileza. Contudo, ele logo se dirigiu a Zoro, repreendendo-o por ter deixado uma dama delicada e frรกgil carregar tudo sozinha, enquanto ele, um maldito marimo preguiรงoso, trazia apenas duas caixas leves e uma sacola de papel com algumas verduras. No entanto, ao notar o conteรบdo da sacola, Sanji parou de falar abruptamente ao perceber que havia ali alguns materiais de desenho, provavelmente destinados ร mais nova que acabara de passar por ele.
- Vou tomar banho e ir dormir. Meia-noite eu volto. - ela disse, passando pela porta e dirigindo-se ao banheiro.
Jรก no banheiro, a platinada rapidamente removeu suas vestimentas e as atirou no cesto de roupas sujas, retirando sua calcinha e lavando-a rapidamente na pia enquanto sentia os ossos de seu corpo rangendo de dor e cansaรงo - algo que hรก tempos nรฃo acontecia. Ao olhar no espelho, notou que abaixo de seus olhos estava um pouco escuro e fundo, suas olheiras naturais sendo substituรญdas por olheiras de fadiga.
Hรก alguns dias ela sentia uma exaustรฃo inexplicรกvel, acabando por ultrapassar seu horรกrio habitual de sono. Magni jรก havia se acostumado a dormir das 6 da manhรฃ atรฉ o meio-dia, e das 6 da tarde atรฉ a meia-noite, totalizando doze horas de sono por dia, tudo para consolidar seu posto de sentinela. No entanto, com aquela fadiga repentina, ela estava dormindo mais do que o necessรกrio para cumprir suas obrigaรงรตes. Conhecendo seus companheiros, especialmente o Caรงador de Piratas, sabia que nenhum deles ousaria acordรก-la para exercer seu cargo, preferindo alternar entre o atirador do bando, a arqueรณloga e o espadachim para ficarem de guarda durante a noite.
O banho comeรงou de forma rรกpida, pois ela queria terminar logo para ir direto para a cama e dormir atรฉ seu horรกrio habitual, evitando a todo custo perder mais um dia como sentinela.
Passou o sabรฃo rapidamente pelo corpo, lavando bem as manchas de sua pele para, ao menos, mantรช-las hidratadas e higienizadas, evitando piorar sua condiรงรฃo. Por fim, lavou seus cabelos e asas, depois sacudiu-se para tirar o excesso de รกgua e sabรฃo. Pegou a toalha, enrolou-se nela, abriu a porta com um chute (sim, ela arrombou. pqp), e saiu correndo para o quarto, sem sequer se preocupar em se secar ou vestir roupas. Apenas se jogou em sua cama e, quase que instantaneamente, adormeceu.
Horas depois, jรก na penumbra da noite, Elisabette caminhava com passos cuidadosos e silenciosos, evitando emitir qualquer som desnecessรกrio enquanto o interior do navio permanecia em absoluto silรชncio, um indicativo de que seus companheiros jรก estavam recolhidos e adormecidos em seus aposentos. Seu destino, porรฉm, nรฃo era o convรฉs, mas sim o consultรณrio de Chopper. Aproveitaria o fato de que seu pequeno companheiro estava dormindo para procurar alguma pomada que pudesse aliviar a sensaรงรฃo de queimaรงรฃo em suas manchas ou qualquer outra substรขncia que pudesse ajudar com o desconforto causado pelo constante latejamento.
Ao avistar o consultรณrio, entrou e se surpreendeu ao encontrar Law dormindo sobre a maca, com um livro repousando sobre seu peito, um braรงo cobrindo seu rosto e o outro caรญdo para fora da maca. Sua primeira reaรงรฃo foi franzir o cenho e reclamar mentalmente, temendo que ele a notasse.
Com um suspiro suave, ela caminhou na ponta dos pรฉs atรฉ a prateleira. Sua pele empalideceu ao ver a vasta quantidade de medicamentos, ervas e pomadas disponรญveis. Por um momento, trincou os dentes e arregalou os olhos com o cenho franzido, sentindo a frustraรงรฃo invadir sua paz interior. Afastou-se da prateleira, levou as mรฃos ao rosto e exalou um suspiro irritado. Perfeito. Chopper provavelmente teria algo que poderia ajudรก-la, mas como encontrar? Ela nรฃo sabia o nome de nenhum medicamento e, mesmo se soubesse, ainda nรฃo dominava completamente a leitura para identificar os nomes dos remรฉdios e encontrar o que realmente pudesse auxiliรก-la.
Elisabette pegou uma pomada e examinou a embalagem. Abriu-a e cheirou o conteรบdo, em seguida, aplicou um pouco no dedo e experimentou, fazendo careta ao sentir o gosto azedo da pasta que impregnou sua lรญngua. A expressรฃo no seu rosto revelava seu desagrado com o sabor.
Ela continuou procurando por algum remรฉdio adequado, mas nada parecia ser รบtil. Poderia simplesmente aplicar qualquer coisa que encontrasse em suas manchas e ir para o convรฉs? Sim, poderia, mas sabia que qualquer medicaรงรฃo inadequada poderia trazer mais problemas. Optou por nรฃo arriscar e evitar uma abordagem tรฃo irresponsรกvel, considerando o estado jรก delicado em que se encontrava.
De repente, uma sombra a surpreendeu, e algo tocou suas asas. Virou-se imediatamente, encontrando Law de pรฉ atrรกs dela, com um braรงo estendido para pegar algo na prateleira. Assim que pegou o objeto, ele abaixou a cabeรงa e a encarou com o olhar habitual - um olhar que ela aprendera a nรฃo temer e, pela convivรชncia, jรก estava acostumada a entender como parte de sua personalidade, sem que ela acreditasse que ele tivesse intenรงรตes ameaรงadoras... pelo menos era o que ela queria acreditar.
- Dรณi?
- Lateja e queima.
- Estรก saindo secreรงรฃo?
- Nรฃo.
- Entendi. - ele sussurrou, levando uma mรฃo atรฉ seu rosto e segurando sua bochecha com cuidado, passando o polegar delicadamente sobre a pequena mancha verde. - Estรก desidratado. Hรก um risco de que sua pele rache e comece a sangrar, o que a tornaria mais vulnerรกvel ร entrada de bactรฉrias e sujeira no sistema imunolรณgico.
- E o que devo fazer para melhorar?
- Fique aรญ. - Trafalgar apontou para onde ela estava e puxou um banco, sentando-se de modo que seu rosto ficasse voltado para o busto dela.
Ele pegou a pomada que havia escolhido e aplicou um pouco em seu dedo. Em seguida, ativou uma Room ao redor deles para examinar o conteรบdo e verificar se continha os ingredientes necessรกrios para tratar a situaรงรฃo da pirralha do bando do Chapรฉu de Palha. Observou com atenรงรฃo, avaliando cada ingrediente com cautela, consciente de que qualquer substรขncia fora de ordem ou capaz de fortalecer o vรญrus no corpo dela poderia agravar sua condiรงรฃo, levando-a ร รณbito em poucos dias ou, na pior das hipรณteses, em algumas horas ou atรฉ mesmo segundos.
- Certo... essa pomada pode ajudar. - Law afirmou, levantando o olhar para encarรก-la nos olhos, notando que ela jรก o observava.
- Verdade?
- Sim.
- Que bom... - um sorriso doce se formou em seus lรกbios rosados e ele quase pรดde perceber um brilho de esperanรงa em seu olhar azulado. - Eu sei que estรก fazendo isso por conveniรชncia, mas obrigada mesmo assim.
- Nรฃo hรก de quรช. - o homem murmurou, desviando o olhar dela por alguns segundos antes de retomar o contato visual, parecendo hesitante.
- O quรช?
- Vocรช gostaria que eu aplicasse a pomada em vocรช?
- Sim... por favor.
Law assentiu em silรชncio e puxou o braรงo dela com cuidado, seu aperto suave e gentil em seu pulso enquanto pingava algumas gotas da pomada na mancha verde no antebraรงo dela. Ele tomou cuidado para cobrir bem a รกrea e mantรช-la hidratada, espalhando a pomada com o polegar por toda a regiรฃo manchada. Ela o observava em silรชncio, ocasionalmente emitindo pequenos grunhidos devido ร sensaรงรฃo rรกpida de coceira e frescor sempre que o remรฉdio era aplicado em suas feridas.
Ele continuou seu trabalho com precisรฃo e cuidado, movendo-se para a bochecha de Elisabette. Com um toque gentil, ele aplicou a pomada na mancha verde que se estendia pela pele alva dela. A delicadeza com que espalhou o creme fez com que ela sentisse um alรญvio imediato, embora a sensaรงรฃo de frescor provocasse um leve estremecimento. Ele fez o possรญvel para nรฃo incomodรก-la, mantendo seu toque firme, mas suave, enquanto seus olhos permaneciam fixos na tarefa em mรฃos.
Em seguida, dirigiu-se ao pescoรงo dela, onde outra mancha verde havia aparecido. Ele aplicou a pomada com a mesma atenรงรฃo, certificando-se de cobrir bem a รกrea afetada. A platinada apertava os olhos ao sentir o creme, mas permaneceu imรณvel, confiando no potencial dele como mรฉdico. Por fim, Trafalgar tratou da รบltima mancha na mรฃo direita da mais nova. A pomada foi aplicada com precisรฃo, espalhando-se lentamente enquanto ele observava a expressรฃo dela.
- Hรก mais algumas... - ela sussurrou timidamente, suas mรฃos agarrando a barra de sua camisola com um leve tremor.
- Onde?
- Aqui... - levantou a camisola com hesitaรงรฃo, revelando parte de sua pele exposta, incluindo seus seios e a calcinha. Apesar do embaraรงo visรญvel dela, a atenรงรฃo de Law foi imediatamente atraรญda para as manchas maiores em seu abdรดmen e peito.
- Essas manchas sรฃo maiores que as outras... - observou o moreno, examinando com cuidado as lesรตes na pele dela. Ele ignorou o rubor nas bochechas dela e a quase nudez diante de si, mantendo seu foco na avaliaรงรฃo das manchas.
- Sรฃo essas que ficam latejando...
Trafalgar nรฃo pronunciou mais nenhuma palavra. Com um murmรบrio suave, solicitou permissรฃo e comeรงou a aplicar a pomada com os dedos, iniciando o tratamento. Ele cuidadosamente espalhou o creme sobre a grande mancha verde que cobria quase metade do lado esquerdo do abdรดmen dela, e depois prosseguiu para o peito, onde a mancha, embora recente, representava uma ameaรงa potencial. Com a perspicรกcia de um profissional, pรดde discernir que as manchas, em sua totalidade, indicavam que os dias de Magni D. Elisabette, o Anjo da Morte, estavam se esgotando.
O corpo de Elisabette, com suas formas elegantes e curvilรญneas acentuadas pelos mรบsculos e curvas sensuais, tornava-se ainda mais visรญvel devido ร delicadeza da camisola fina que agora estava levantada, oferecendo uma visรฃo mais ampla de sua figura feminina. A visรฃo de sua calcinha rendada e de seus seios nus, que pareciam prestes a tocar o rosto do tatuado, nรฃo provocou nele qualquer reaรงรฃo indesejada. Ele permaneceu alheio ร tentaรงรฃo, incapaz de olhar para ela com os olhos de um homem, de enxergรก-la com malรญcia ou de sentir qualquer desejo. Embora pudesse reconhecer que ela era uma mulher de notรกvel beleza, tal fato nรฃo lhe despertava qualquer impulso impuro.
Para Law, Elisabette era apenas uma pessoa como qualquer outra.
Para Law, Elisabette nรฃo merecia ser vista sob uma luz tรฃo profana.
E mesmo que merecesse, ele nรฃo seria capaz de observรก-la com os olhos de um homem sujo.
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