Chร o cรกc bแบกn! Vรฌ nhiแปu lรฝ do tแปซ nay Truyen2U chรญnh thแปฉc ฤ‘แป•i tรชn lร  Truyen247.Pro. Mong cรกc bแบกn tiแบฟp tแปฅc แปงng hแป™ truy cแบญp tรชn miแปn mแป›i nร y nhรฉ! Mรฃi yรชu... โ™ฅ

โ”โ” ๐–ฅ” ึด เผ‹ ุŒ๐Ÿฎ๐Ÿณ. ๐—จ๐—ป๐—ถ๐—ฑ๐—ผ๐˜€ ๐—ฝ๐—ผ๐—ฟ ๐˜‚๐—บ ๐—ฐ๐—ผ๐—ฟ๐—ฎ๐—ฐฬง๐—ฎฬƒ๐—ผ.


โ”โ” Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Punk Hazard.

Elisabette nรฃo sabia hรก quanto tempo estava naquela sala, nem o que havia acontecido apรณs ter sido golpeada por Vergo. Tudo o que a mulher lembrava era de ter ouvido a voz rouca e ofegante de Trafalgar antes de perder a consciรชncia. Ela olhou ao redor e notou que ainda estava na fรกbrica. Um suspiro escapou rasgando por seus lรกbios enquanto sentia um aperto forte sobre seu corpo. Imediatamente, tentou se mexer, mas teve dificuldades para realizar essa simples tarefa. Confusa, baixou o olhar e notou as correntes grossas que a prendiam. Seus olhos se arregalaram e sua pele empalideceu pelo susto ao se dar conta daquele imprevisto: havia sido capturada e estava sendo mantida presa em algum lugar daquela maldita fรกbrica, que em poucas horas jรก havia se tornado um de seus lugares menos favoritos do Mar Azul.

Com certa dificuldade, ela conseguiu se reerguer do chรฃo e ficar de pรฉ, cambaleando algumas vezes atรฉ bater o rosto na parede ao lado, sentindo suas pernas fraquejarem um pouco. "Onde estou?", pensou consigo mesma, enquanto examinava o ambiente, sem ver nada alรฉm de paredes e chรฃo, todos feitos de metal.

Suspirou profundamente. Olhou em volta, engoliu em seco e batucou o pรฉ no chรฃo, sentindo apenas o piso gรฉlido que enviava arrepios por seu corpo aquecido pelo casaco. Elisabette deu alguns passos e notou uma enorme porta. Encostou o ouvido nela, escutando vozes abafadas do outro lado. "Achei", pensou, sorrindo ao perceber que havia encontrado uma saรญda. Sem pensar muito, deu alguns passos para trรกs e correu o mais rรกpido que pรดde em direรงรฃo ร  enorme porta metรกlica, acertando-a com a testa coberta por Haki de Armamento para quebrรก-la em uma sรณ porrada.

Na sala ao lado, encontravam-se alguns dos lacaios de Caesar Clown - cerca de 30 deles. O olhar dos homens se aterrorizou ao se deparar com Elisabette parada diante deles, com um imenso calombo vermelho pulsante em sua testa, enquanto os encarava com um semblante de quem se segurava para nรฃo chorar. Ela respirou fundo e chacoalhou a cabeรงa, tentando afastar os pensamentos sobre a dor que sentia naquele momento para focar somente na quantidade de adversรกrios que teria de enfrentar, estando acorrentada e desarmada. A mulher de cabelos platinados fitou cada um deles, memorizando suas faces, antes de lhes dar um sorriso gentil e amรกvel, enquanto seus olhos azuis se tornavam sombrios. Isso os deixou assustados, fazendo com que alguns recuassem para agarrar suas armas e apontassem todas na direรงรฃo dela.

- Vocรชs sabem por que me chamam de "Anjo da Morte"? - ela indagou aos homens, caminhando lentamente em sua direรงรฃo enquanto seu sorriso se ampliava de forma perturbadora.

- Para trรกs! Ou vamos atirar! Temos permissรฃo! - um deles gritou, puxando o gatilho e disparando em sua direรงรฃo, mas ela desviou sem muita dificuldade.

- Eh? Vรฃo atirar? - de repente, pegando impulso no chรฃo a ponto de fazer uma pequena cratera com seus pรฉs, ela saltou em direรงรฃo ao mesmo homem, esmagando seu pescoรงo com o joelho. - Quem deu permissรฃo a vocรชs para atirar em mim, hein?

- Desgraรงada! Metam bala nessa vagabunda!

Elisabette apenas revirou os olhos e deu de ombros, desviando facilmente dos disparos enquanto comeรงava a atacรก-los um por um a uma velocidade absurda, deixando-os atordoados. Mesmo acorrentada e com as asas atadas novamente, ela ainda conseguia correr rapidamente por todos os cantos da sala, pegando impulso nas paredes e no chรฃo para saltar de um lado para o outro, acertando chutes e cabeรงadas fortes o suficiente para quebrar ossos e crรขnios. Os outros infelizes maiores que ela tiveram membros arrancados por mordidas violentas, restando apenas os gritos de agonia e pavor ecoando por todo aquele lugar.

Olhando ao redor mais uma vez, notou que cinco deles corriam em sua direรงรฃo, apontando suas espadas. Isso apenas a fez sorrir mais, divertindo-se com a situaรงรฃo, levando em conta que hรก tempos nรฃo fazia aquilo: instaurar o caos e sentir a adrenalina percorrendo suas veias ao ver o medo e o horror que sua presenรงa ou olhar provocavam.

Ela se abaixou antes de ser perfurada pelas lรขminas, vendo o quinteto acertar uns aos outros com suas prรณprias espadas e cair em seguida. Isso lhe deu tempo para se levantar e caminhar na direรงรฃo dos outros lacaios de Caesar Clown, que voltaram a atirar contra ela, assustados e em choque. Eles a encaravam com terror estampado nos rostos, questionando-se se aquilo era real, se aquela รบnica mulher era realmente capaz de causar toda aquela chacina, mesmo acorrentada como um animal feroz. Naquele momento, Magni D. Elisabette parecia exatamente isso.


Os golpes combinados de Luffy foram suficientes para arrebentar a enorme porta de metal que dava passagem ao local onde sua companheira estava sendo mantida refรฉm. No entanto, ao adentrar o ambiente, um odor insuportรกvel inundou sua narina, e a cena diante dele teria o feito recuar de susto se nรฃo tivesse entrado em estado de choque com o que viu.

Havia corpos espalhados por todas as partes, corpos dos lacaios de Caesar Clown, alguns dilacerados, outros com marcas de cortes profundos, mas a maioria com membros arrancados e jogados por todos os cantos. E bem no meio da sala, estava ela, Magni D. Elisabette, ajoelhada diante de uma pilha de cadรกveres. As correntes que antes a prendiam estavam quebradas, assim como o dispositivo preso em suas asas.

Ao se aproximar da mais nova em silรชncio e com um certo olhar de receio, o Luffy notou que ela sussurrava algumas palavras que ele nรฃo conseguia decifrar. Ele franziu o cenho e se ajoelhou ao lado dela, pousando uma mรฃo em seu ombro, o que a fez virar o rosto e abrir lentamente os olhos para encarรก-lo com um sorriso curto, com um semblante sereno e tranquilo, como se tudo aquilo nรฃo fosse nada demais.

โ€ O que 'cรช 'tรก fazendo? - ele questionou a companheira, dando mais uma olhada ao redor.

- Rezando pela salvaรงรฃo deles.

- Salvaรงรฃo?

- Nรฃo que eles sejam salvos, รฉ claro... sรฃo tantos pecados que considero impossรญvel que Deus os perdoe. - disse a mulher, levantando-se de onde estava e encarando seu capitรฃo. - Hรก pecados que nem Deus รฉ capaz de perdoar.

- ...que Deus, Elisabette?

Magni se calou, fixando seu olhar azulado nos olhos castanhos de seu capitรฃo, que a encarava com uma seriedade rara, reservada para ocasiรตes em que a chamava pelo nome, em vez do apelido carinhoso. O clima tornou-se tenso, como uma bigorna sobre os ombros dos dois jovens, que permaneciam em um silรชncio absoluto, apenas o som distante do caos no corredor ao lado quebrando a quietude daquele momento.

Luffy suspirou profundamente e fez um gesto para que ela o seguisse. Elisabette, como sempre, obedeceu sem questionar. Esse comportamento submisso dela sempre causava um incรดmodo no estรดmago de Luffy. Embora ele fosse seu capitรฃo, ela o seguia com uma devoรงรฃo que sugeria algo alรฉm de simples lealdade, como se ela pertencesse a ele. O garoto com o Chapรฉu de Palha, geralmente tรฃo alegre e de coraรงรฃo puro, sentia-se impotente quando olhava para Elisabette, como se de alguma forma tivesse falhado com sua companheira.

Ele sabia que nรฃo era culpa dela, que suas aรงรตes eram resultado dos horrores que Enel havia infligido, e das liรงรตes duras ensinadas por seu pai, a quem ela considerava um Deus, um Salvador.

Enquanto caminhavam lado a lado, Luffy olhou para a platinada e pensou: "onde estou errando?" Ele queria entender, precisava saber. Quando a conheceu, nรฃo sentiu uma obrigaรงรฃo de salvรก-la daquela vida. Ele simplesmente gostou dela e a quis como amiga, como companheira para dividir suas aventuras na busca de se tornar o Rei dos Piratas. Lembrava-se de como seus olhos brilhavam de admiraรงรฃo quando ele lhe contara seu sonho, quase como uma crianรงa que ganha seu doce favorito.

Ele a fez parar de ser agressiva, de ser desconfiada. A fez rir, ensinou-a a brincar de pique, tomou banhos de espuma com ela, dividiu sua carne e contou-lhe sobre seus irmรฃos - especialmente sobre o falecido Sabo. Mas nada parecia mudar realmente em sua mente. Por mais que tentasse, que suplicasse em silรชncio, Elisabette permanecia devota a Enel, como se ele fosse realmente um Deus capaz de iluminar seu caminho e ajudรก-la quando necessรกrio.

- Olha, o Tral 'tรก vindo ali! Ei, Tral! - ele gritou de repente, agarrando-a pela cintura e se atirando na direรงรฃo do aliado, que apenas deu um passo para trรกs e entortou os lรกbios em sinal de desdรฉm. - Achei ela, acredita? 'Tava ali rezando. - riu.

- Rezando?

- Sou devota.

- Que seja. - Law disse, dando de ombros e passando pelos dois piratas mais jovens.

- Espera, Tral-san! - ela se soltou do aperto de Luffy e correu atรฉ o moreno tatuado, que apenas a encarou em silรชncio. - Posso ir com vocรช? Eu... queria falar sobre uma coisa.

- 'Cรช vai com ele, Lis?

Elisabette ficou calada, desviando o olhar de seu capitรฃo e olhando para Trafalgar, que se manteve quieto por alguns segundos, apenas encarando os olhos dela enquanto ponderava suas palavras, avaliando se deveria considerar e aceitar o pedido ou mandรก-la direto para o Inferno, por considerรก-la barulhenta e agitada. Tudo o que queria naquele momento era resolver toda aquela situaรงรฃo, destruir a mรกquina que produzia SAD e partir rumo a Dressrosa.

- Vamos. - ele disse em um tom rรญspido, gesticulando para que ela o seguisse.

- Luffy, nos vemos depois. - ela sorriu, depois saiu.

O garoto com o Chapรฉu de Palha retribuiu o sorriso, assentindo ao levantar o polegar, e logo correu na direรงรฃo oposta, anunciando que iria encontrar o Mestre e chutar sua bunda atรฉ que ele pedisse clemรชncia. Elisabette apenas riu das palavras do garoto, vendo-o desaparecer de vista antes de se virar novamente e encarar as costas do capitรฃo dos Piratas de Copas, que caminhava a passos lentos e em total silรชncio, quase como uma alma penada desfilando por um cemitรฉrio. Entรฃo, ela apenas o seguiu.


Durante o percurso, somente o som dos sapatos de Law tocando o chรฃo metรกlico ecoava pelo enorme corredor. Apenas eles dois estavam ali, longe o suficiente de onde todos tentavam se reunir - logo, nรฃo havia barulho vindo da algazarra causada pelos outros membros da tripulaรงรฃo do Chapรฉu de Palha ou dos homens do G-5. Inconscientemente, o Shichibukai agradecia o fato de ela estar calada, sem incomodรก-lo com perguntas tolas ou conversas fiadas. Entretanto, ao mesmo tempo, ele se interessava pelo motivo de ela estar ali, caminhando ao seu lado sob a desculpa de "querer falar sobre uma coisa", algo que o intrigava, embora ele jรก suspeitasse qual seria o assunto.

- Jรก se passaram dois anos... o que vocรช tem feito?

- Muitas coisas.

- Entendo... - sussurrou, soltando um suspiro e inflando o peito de ar para ter coragem de continuar. - Posso fazer uma pergunta?

- Jรก estรก fazendo.

- Por favor!

- Pergunte. - ele a encarou de canto, com um olhar irritado.

- Escute... - Elisabette sussurrou, agarrando o pulso dele com forรงa moderada para fazรช-lo parar de andar.

No momento em que sentiu a mรฃo dela sobre seu pulso, Law imediatamente parou de andar e virou o rosto na direรงรฃo dela, abaixando um pouco o olhar para encontrar os olhos da mais nova, que o encaravam com um lampejo de medo. Ele manteve o semblante neutro, confuso com a maneira como ela o olhava, considerando que quem estava coberta e fedida de sangue era ela. Era ele quem deveria estar olhando-a daquela forma... e isso o irritou de certa forma. Era como quando a encontrou em Sabaody, em um estado deplorรกvel e miserรกvel, mesmo para um pirata.

Olhos cansados, hematomas por todo o corpo, roupas rasgadas e uma expressรฃo de quem havia visto o Inferno com os prรณprios olhos. E, bem, ter visto seus companheiros desaparecendo um por um sem poder fazer nada para impedir talvez fosse, de fato, como encarar o Inferno.

Timidamente, a birkan soltou o pulso dele e encolheu os ombros, levando as mรฃos ร  barra de sua saia, segurando-a com nervosismo. O que ela deveria dizer? Como formularia aquela pergunta a ele? Nรฃo o conhecia tรฃo bem, mas algo lhe dizia que a resposta dele nรฃo a agradaria, e isso apenas intensificava o frio em seu estรดmago. Ela engoliu em seco e colocou uma mecha de cabelo solta atrรกs da orelha, voltando a olhar nos olhos dele. Por um momento, ela se viu perdida em suas orbes acinzentadas.

Quando o conheceu, Elisabette nรฃo havia notado claramente a aparรชncia dele, sua figura masculina e autoritรกria diante dela, com aquela voz rouca e baixa, mas potente e firme o suficiente para contrastar com a suavidade com que falava.

A pele morena bronzeada parecia reluzir sob a luz das lamparinas que iluminavam o caminho deles; os olhos de cor cinza-azulada eram tรฃo frios e sombrios quanto o cรฉu antes de uma tempestade, capazes de devastar uma populaรงรฃo inteira com uma รบnica ventania - ele prรณprio parecia estar ali apenas para causar e observar o caos, como um demรดnio. A mandรญbula bem definida, as costeletas e a barba curta eram caracterรญsticas que ela jรก havia visto em muitos homens por onde passara, mas algo em Trafalgar a deixava ansiosa e a fazia sentir-se vulnerรกvel.

- Quando aquele homem apertou seu coraรงรฃo... eu me senti estranha, como se o efeito tambรฉm estivesse me prejudicando de certa forma. - ela sussurrou, vendo-o manter o olhar fixo nela. - Onde estรก meu coraรงรฃo?

- Com a minha tripulaรงรฃo.

- Entendo...

- Era sรณ isso? - o homem indagou, vendo-a se encolher.

- Nรฃo... tem mais uma coisa que preciso saber.

- Diga.

- O que vai acontecer comigo se vocรช morrer?

Law nรฃo a respondeu imediatamente, permanecendo parado, olhando nos olhos dela enquanto refletia sobre sua declaraรงรฃo. "...eu me senti estranha, como se o efeito tambรฉm estivesse me prejudicando de certa forma", foi o que ela havia dito, certo? Ele havia escutado bem. Muito bem. Por um momento, foi um pequeno choque ouvi-la falar aquilo, pois nรฃo esperava que, se por acaso ele sofresse algum dano que colocasse sua vida em risco, ela sentiria o efeito imediatamente. Sempre imaginou que ela sรณ seria afetada se ele morresse e ela, por estar com seu coraรงรฃo protegido pelos poderes de sua Ope Ope no Mi, morreria sem nem ter tempo de entender como e por quรช.

- Vocรช tambรฉm morre. - respondeu ele em um tom frio, observando os olhos dela se arregalarem e uma gota de suor escorrer por sua testa.

Se de uma coisa Elisabette tinha certeza sobre o destino de todos - inclusive o dela -, era que a morte era inevitรกvel para todo ser vivo, seja humano, homem-peixe ou apenas uma flor que brotara em um solo outrora considerado infรฉrtil. Nunca esteve em seus planos morrer jovem, tampouco morrer por alguรฉm que nรฃo fosse seu pai... ou Luffy.

Contudo, saber que sua vida estava de fato nas mรฃos do Cirurgiรฃo da Morte foi algo que fez seu sangue gelar e seu corpo ficar estรกtico enquanto processava aquelas trรชs palavras que a atingiram como um raio, embora jรก tivesse desconfiado no instante em que sentiu o primeiro sinal de fraqueza quando o mais velho teve seu coraรงรฃo esmagado pela primeira vez. E, por mais que tenha agido por impulso ao avanรงar contra Vergo, Magni sentiu imediatamente a necessidade de defender o aliado assim que percebeu que ele estava inapto para lutar, completamente ร  mercรช dos inimigos.

As รบnicas vezes em que viu a morte tรฃo prรณxima de si e sua vida passar diante de seus olhos foram: quando viu Enel pela รบltima vez e quando esteve em Sabaody, mas acabou sendo salva por Trafalgar Law. Foram duas รบnicas situaรงรตes, suficientes para chacoalhar sua cabeรงa e fazรช-la olhar para trรกs e pensar: "eu nรฃo quero morrer, eu nรฃo posso morrer." Esse pensamento se tornou um propรณsito em sua vida, nรฃo perdรช-la e continuar vivendo atรฉ que tivesse vivido tempo suficiente para poder descansar apรณs inรบmeras aventuras e descobertas. Afinal, ela tinha apenas 19 anos, por que interromper sua continuidade justo agora? Nรฃo era justo. Havia tantas coisas que Elisabette ainda queria ver, tantos lugares que precisava conhecer, missรตes para realizar, promessas para cumprir... nรฃo poderia morrer, nรฃo ainda.

Por um momento, seus pensamentos desviaram-se daquela situaรงรฃo, mas ela manteve seu olhar fixo no rosto dele enquanto sua mente a levava para outras ocasiรตes.

Elisabette lembrou-se de seu pai, da รบltima vez que o viu, de suas รบltimas palavras antes de desmaiar e acordar apenas para ver Maxim despencando dos cรฉus, caindo no Mar Branco-Branco ao mesmo tempo em que o badalar do Sino Dourado ecoava por todas as partes de Skypiea, como um mantra que lhe despertou e a trouxe de volta ร  consciรชncia. Ela presenciou a derrota de Enel e o vislumbre de Luffy refletido nas nuvens, anunciando a libertaรงรฃo daquele povo.

Um arrepio frio e agonizante percorreu sua espinha ao recordar que nรฃo havia terminado ali, apenas com a derrota de Enel, mas que tambรฉm houveram consequรชncias devastadoras, como a destruiรงรฃo de uma grande รกrea de mata de Upper Yard, resultando no ressurgimento da temida Febre das รrvores. Ela assumiu a missรฃo de encontrar as plantas necessรกrias para criar a cura, alรฉm de buscar o tal Nekomamushi, que estaria com a Tenshi Tenshi no Mi em mรฃos. Por que tantas responsabilidades recaรญam sobre ela? Ela sequer sabia se voltaria algum dia para as Ilhas do Cรฉu, nรฃo enquanto as pessoas ainda nutrissem aquele รณdio por ela, aquele repรบdio.

- Eu nรฃo quero morrer.

- ร‰ uma pena. - respondeu ele, dando de ombros e lanรงando uma รบltima olhada em seus olhos azuis antes de se afastar novamente.

- Nรฃo me dรช as costas. - disse a platinada com firmeza, agarrando seu ombro e puxando-o de volta, segurando-o pela nuca e aproximando seu rosto do dele. - Eu nรฃo terminei de falar.

- O que foi agora, sua pirralha!?

- Eu nรฃo sei qual รฉ a sua relaรงรฃo com aquele homem, Vergo, mas saiba que vocรช pode contar comigo para mantรช-lo longe de vocรช, porque sinto a presenรงa dele se aproximando de onde estamos. - falou, seu olhar penetrando o dele e notando o cenho franzido do mais velho. - E se olhar bem para o meu corpo, vai ver que sou tudo, menos uma pirralha como vocรช sempre insiste em dizer. Entรฃo, se puder evitar me chamar assim, agradeรงo.

- Qual รฉ o seu problema? - Law cerrou os dentes, olhando para ela dos pรฉs ร  cabeรงa, seus olhos parando por alguns segundos no decote dela antes de encarar seu rosto novamente. - Nรฃo tente bancar a heroรญna outra vez, senรฃo vai ganhar outro olho roxo. Ou nรฃo estรก satisfeita com este?

- Isso nรฃo vem ao caso.

- E qual seria o "caso"? - perguntou com desdรฉm, desvencilhando-se do aperto dela em sua nuca e afastando-se alguns passos.

- O caso รฉ: eu nรฃo quero morrer.

- Entendo. E o que eu tenho a ver com isso?

- Tudo! - ela cruzou os braรงos, fazendo um beicinho. - Veja bem, se vocรช morrer, eu morro junto! E eu nรฃo quero morrer... por isso, me vejo na obrigaรงรฃo de evitar que vocรช morra. - encolheu os ombros, soltando um suspiro. - Vocรช nรฃo se sente mal sabendo que se vocรช morrer, eu morro tambรฉm? Isso รฉ egoรญsta da sua parte.

- Bem, se for assim, vocรช tambรฉm estaria sendo egoรญsta ao me forรงar a continuar vivo sรณ porque vocรช nรฃo quer morrer.

Elisabette silenciou-se apรณs as palavras de Trafalgar, sentindo um turbilhรฃo de emoรงรตes a inundar seu peito. O impacto das palavras dele, cruas e desprovidas de qualquer delicadeza, fez com que um nรณ se formasse em sua garganta. O silรชncio que se seguiu era tรฃo pesado quanto as correntes que ela imaginava em seus pulsos, uma carga emocional que ameaรงava esmagar sua determinaรงรฃo. Seus olhos, que antes estavam cheios de uma mistura de sรบplica, agora refletiam uma vulnerabilidade que ela raramente deixava transparecer. A lembranรงa de suas experiรชncias passadas - os momentos de quase morte, o terror de Sabaody, e o abandono de Enel - misturava-se com a realidade fria de sua situaรงรฃo atual.

Ela era, de fato, uma pirata, uma guerreira acostumada a enfrentar adversidades, mas a perspectiva de sua vida estar tรฃo intimamente ligada ร  do Cirurgiรฃo da Morte a perturbava profundamente. A responsabilidade de proteger alguรฉm que claramente nรฃo desejava sua proteรงรฃo parecia um fardo insuportรกvel, uma ironia cruel do destino.

Ele observou o silรชncio da mais nova, notando a tempestade de emoรงรตes que passava por seus olhos azuis. Apesar de sua postura firme e palavras duras, ele sentia uma pontada de desconforto. A verdade era que a conexรฃo entre eles, estabelecida de forma tรฃo fria e prรกtica, havia se tornado um vรญnculo que ele nรฃo podia simplesmente ignorar.

- Eu apenas desejo recuperar meu coraรงรฃo; depois disso, vocรช pode tirar a prรณpria vida ร  vontade.

โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”โ”

Bแบกn ฤ‘ang ฤ‘แปc truyแป‡n trรชn: Truyen247.Pro