━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟮𝟰. 𝗔𝗹𝗶𝗮𝗻𝗰̧𝗮 𝗣𝗶𝗿𝗮𝘁𝗮.
━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Punk Hazard.
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫
Brook foi gentil ao pegar minha foice e meu casaco de penas e entregá-los a mim assim que nos encontramos. Agora, aqui estou eu, envolvida nas plumas negras e finalmente equipada. Sentada próxima às crianças adormecidas - todas nocauteadas pelas balas soníferas de Usopp -, enquanto elaborávamos um plano para resgatar Nami, após ela ter sido sequestrada por duas criaturas imponentes, que não se assemelhavam em nada a gigantes, e eu sequer consegui compreender o que eram, pois seus movimentos foram mais rápidos do que minha percepção de tempo e espaço, resultando apenas em um desvio rápido o suficiente para agarrar Chopper pelo braço e nos jogar para trás de uma coluna, a fim de evitar sermos pegos em uma explosão causada por essas criaturas.
Olhei para minhas mãos e as vi pálidas, mais pálidas do que o normal, considerando que minha pele é bastante clara. Eu também tremia de frio, e meus pés doíam ao tocar o chão extremamente gélido do nosso esconderijo improvisado, que, aos meus olhos, já havia perdido seu status de esconderijo uma vez que fomos descobertos e atacados. Soltei um suspiro e abracei meu corpo, buscando calor em meu casaco e encolhendo-me para tentar me aquecer.
Nunca imaginei que a neve pudesse ser tão gelada, a ponto de fazer meu corpo inteiro tremer, minha pele gelar e todos os pelos do meu corpo se arrepiarem com a ventania que soprava do lado de fora e penetrava o local em que estávamos. No mínimo, era bonita, porém... me assusta. A neve me assusta. Eu não gostei. É muito estranha, é branca demais e não oferece muitos pontos de referência para que eu possa me guiar. E se eu me perder? Como meus companheiros irão me encontrar? Meus pés doem tanto ao tocar o chão, é como se estivesse tocando um solo ardente. O chão... está tão gelado que queima minha pele.
- Pessoal, cuidem das crianças! - escutei Luffy falando, saindo correndo logo em seguida, e rapidamente me levantei, seguindo-o.
- Eu irei com você! Posso usar o Mantra para nos guiar até ela! - alertei ao capitão, que olhou para mim e sorriu.
- Esperem aí, vocês dois! Foi o meu corpo que levaram! - Franky interveio, nos fazendo parar e olhar para ele.
O que se seguiu era algo que eu deveria esperar, e não sei por que fiquei surpresa: Franky não ouviu os avisos de Chopper e ingeriu o Monster Point antes do momento adequado, transformando-se assim na forma monstruosa e mais bestial do médico de nosso bando. Apenas... não esperávamos que ele começasse a nos perseguir e atacar como se fôssemos seus inimigos. Portanto, o que restou a mim e ao Chapéu de Palha foi fugir correndo, comigo na liderança para nos guiar até a ruiva e esperar que Luffy não cedesse à adrenalina causada pelo desespero e tomasse outro caminho, e que Franky não fizesse o mesmo e o seguisse.
Se minhas asas estivessem livres, seria muito mais fácil guiá-los. No entanto, enquanto elas estiverem atadas por este dispositivo, não poderei fazer nada além de correr, e correr está sendo um verdadeiro desafio. Cada passo que dou é como pisar em chamas solidificadas, fazendo a planta dos meus pés arderem como se estivesse afundando em um mar de fogo, semelhante ao que vimos nas margens de Punk Hazard.
Para nossa sorte, pude sentir a presença de Nami não muito longe de onde estávamos, e não hesitei em alertar o capitão. Ele prontamente assentiu e, sem aviso, me pegou em seus braços e acelerou os passos antes que fôssemos esmagados na neve pelo casco traseiro de Chopper... quer dizer, Franky! Ou Chopper-Franky? Franky-Chopper? Cho... ky? Meu Deus, até estou confusa com toda essa situação em que Trafalgar-san nos colocou ao trocar seus corpos. Entretanto, sendo sincera, agradeço por terem apenas passado por essa troca em vez de terem tido seus corações roubados como eu. Que terror! Todos nós estaríamos em dívida com ele, além de mim.
- Ué, as pegadas acabam aqui!
- É um precipício! - gritei, apontando na direção para onde ele estava nos levando.
- Quem é Fabrício... AHHHHH!!!!!
- KYAAAAAAHHHHHHH!!!!
Antes mesmo que pudéssemos fazer qualquer coisa, nos segurar em algum lugar para evitar uma queda de metros e metros antes de cairmos de cara no chão, Franky nos atropelou, o que resultou na nossa queda de qualquer forma.
Passamos direto por Nami, que estava amarrada, e ela não tardou em nos avisar para tomarmos cuidado, pois "eles" estavam por perto. Ao olhar para baixo, vi estalagmites formadas por gelo, o que aumentou meu pânico diante daquela situação. Soltei-me de Luffy e saltei para agarrar-me à montanha gelada, grunhindo em resposta assim que minhas mãos desprotegidas tocaram na neve e um arrepio percorreu minha espinha, provocando uma sensação desagradável em meu estômago. Meu capitão, por outro lado, não parecia nada preocupado, pois rapidamente ativou seu Haki de Armamento e destruiu todos os espinhos gélidos antes mesmo de tocar o chão, evitando assim sua própria morte e a de nosso companheiro descontrolado.
Agarrei Inazuma e a rodeei no ar antes de segurá-la com a mão livre. Em seguida, escalei a parede de neve até chegar onde as duas criaturas estavam, sorrindo de canto ao perceber que lutaria ao lado de meu capitão mais uma vez. Comecei a pular de rocha em rocha para tentar alcançá-los e finalmente atacá-los com minhas habilidades, mas parecia ser impossível, até mesmo para Luffy, uma vez que eles demonstravam ser mais velozes do que nós dois. Se ao menos minhas asas estivessem livres... maldição! Não posso falhar aqui, não agora. Não nesse momento. Não outra vez... não posso.
"Seus tolos! Conhecemos estas montanhas como as Palmas das mãos!"
"Há inúmeros lugares onde podemos nos esconder!"
E eles estavam certos. Estávamos sendo tolos ao lutar dentro do território inimigo, onde nossos adversários tinham total conhecimento de onde ir e de onde vir se quisessem nos pegar desprevenidos. Luffy desviava de suas balas de um lado, e eu desviava do outro. Sempre que eu tentava algo contra um deles, eles desapareciam antes mesmo que eu pudesse preparar algum ataque! Eram tão rápidos que nem mesmo meu Mantra conseguia me ajudar a identificá-los diante de suas rápidas trocas de posição. Eu já estava cansada, irritada e quase me dando por vencida. Podíamos apenas pegar Nami e sair dali o mais rápido possível, porém era impossível até tentar o mínimo.
De forma surpreendente, o capitão conseguiu rebater as balas que foram disparadas contra ele, atingindo assim uma das criaturas e nocauteando-a, o que deixou a outra em estado de fúria. Ela simplesmente arremessou algo contra uma montanha de neve, e esta começou a desmoronar em nossa direção. No entanto, Franky foi rápido o bastante para agarrar a enorme pedra de gelo, dar um giro no ar e acertar os dois seres gigantes, que ouvi um dos meus companheiros chamar de yeti.
- Luffy! - Nami gritou, sendo novamente levada, desta vez por um dos yetis que não havia sido atingido.
- Filho da puta!
- O que você disse!?
- Eu disse que sou astuta! - saí correndo na frente do garoto com chapéu de palha, com o objetivo de alcançá-la.
Eu sentia cada mínimo grão de neve queimar a sola dos meus pés como agulhas ardentes, como se estivesse correndo por uma pista cheia de pedras ferventes, assim como era descrito o inferno. Contudo, não podia me deixar levar pela dor e pelo desconforto que sentia em minha pele. Não importava as queimaduras ou o quanto ficasse prejudicada depois, não podia permitir que fizessem sabe-se lá o que com o corpo do meu companheiro que estava sendo habitado por Nami naquele momento. Logo, todo o dano que o corpo robótico de Franky sofresse, ela quem iria sentir e suportar as dores, e nunca, em hipótese alguma, eu poderia permitir isso com a nossa navegadora.
O dia em que Ohm disse que eu precisava treinar minhas pernas e aprender a ser veloz com elas, pois nem sempre poderia contar com minhas asas, estava sendo posto à prova neste mesmo instante. Jamais imaginei que tal situação pudesse vir a acontecer, que prenderiam minhas asas de forma que eu não conseguisse soltá-las e me visse na obrigação de colocar todas as minhas forças e agilidade nesses membros do meu corpo, sem me importar em fraquejar ou tremer com eles, não quando tinha total consciência do quão veloz eu conseguia ser quando necessário.
Mais uma vez, eu sentia aquela presença estranha, que me fazia arrepiar e me sentir perdida. Não fazia muito tempo que a havia sentido, como um chamado, como um pedido de socorro silencioso e desesperado, algo como... alguém que precisava de mim, que precisava me ver. E eu não entendia o motivo de sua presença, de sua aura, de seu ser estar ansiando por isso. Não era de fato uma necessidade pela minha presença, mas sim uma urgência em ser socorrido, em ter um consolo, um ombro para desabar.
Quem seria? Quem poderia ser? Por que esse desespero? Consigo sentir meus companheiros e identificar cada um deles, onde estão e como se sentem, assim como o mesmo acontece com os fuzileiros navais e com os homens que "vivem" em Punk Hazard, com exceção dessa única pessoa.
Na verdade, havia alguém em quem eu desconfiava profundamente, uma alma envolta em mistério, cujos sentimentos turbilhonavam em seu coração e em seu ser. Entretanto, poderia ser apenas uma suposição infundada. Afinal, como alguém poderia mudar tão drasticamente em tão pouco tempo? Apenas dois anos se passaram. Não há razão para tal metamorfose, não há lógica que explique isso. Mas, e se fosse possível? Deveria eu estar ciente disso? Afinal, de certa forma, estamos intrinsecamente ligados por suas habilidades, pelos poderes de seu fruto do diabo... por nosso pacto e a dívida que ainda me une a ele, a Trafalgar Law, o renomado Cirurgião da Morte.
Foi então que, no exato momento em que alcancei o topo da montanha e vi Nami caída no chão, sem hesitar um instante e indo prontamente em seu socorro, meus olhos foram instantaneamente capturados pelo olhar dele. Ao deparar-me com Trafalgar-san, do outro lado, fitando-me intensamente. Agora, tinha certeza, era a sua presença que provocava em mim aquela sensação peculiar, que me deixava ansiosa e em alerta, curiosa e intrigada. O porquê disso? Não sei, talvez jamais saberei até que descubra a verdade, e nem mesmo desejo tal conhecimento.
Era como sempre, como da primeira e última vez em que o vi. Seus olhos, que pareciam azuis, mas que na verdade possuíam uma tonalidade acinzentada que eclipsava qualquer outra cor ao seu redor, seus cabelos negros, cortados de forma angular, escapando levemente por baixo do chapéu que adornava sua cabeça - substituto de seu antigo gorro. Seu olhar voltado para mim era tão penetrante e incisivo como eu me recordava das raras vezes em que pensava nele, quando sua lembrança surgia, ponderando sobre como saldaria minha dívida. Sua pele morena, em contraste com a alvura da neve e os flocos da mesma cor, parecia tão... singular.
- Você a salvou? - sussurrei, incerta se minha voz alcançara seus ouvidos. - Obrigada... - sorri levemente, desviando minha atenção para minha amiga.
- Ai, ai... esses caras não têm nenhum senso de cavalheirismo! São uns bárbaros.
- Você está machucada?
- Não, querida. Não se preocupe. - ela sorriu, lançando-me um piscar de olhos.
De imediato, Trafalgar pareceu não se importar com o que havia feito, como se aquilo não fosse nada demais, como se tivesse agido por mera conveniência. De fato, não ficaria surpresa se ele realmente não estivesse atribuindo grande importância ao fato de ter salvo a vida de nossa companheira. Mesmo que eu não o conheça profundamente e nossa "relação" tenha se desenvolvido apenas alguns dias, acredito ter uma compreensão suficiente para reconhecer que ele a ajudou apenas por querer algo em troca, assim como ocorreu comigo há dois anos.
- Lis, seus pés...
- Eu sei. - voltei a olhar para minha amiga e ofereci um sorriso tranquilizador, na tentativa de acalmá-la. - Assim que voltarmos, pedirei ao Chopper para cuidar deles.
Meus pés estavam praticamente congelados devido ao longo contato com o frio excessivo da neve e do gelo, amalgamados contra minhas solas. Minha pele já assumia uma coloração roxa, enquanto a ponta dos dedos estava tão pálida que quase se assemelhava ao algodão. A dor era intensa, tornando a tarefa de andar e correr quase impossível. Porém, não podia me dar ao luxo de não prosseguir, pois com as asas presas, não tinha outra opção senão usar os pés para me deslocar, para cima e para baixo, de um lado para o outro.
- Nami! Lis!
- Luffy, aqui!
- Uh, vocês... - Luffy desviou seu olhar de nós duas e voltou-se para Trafalgar-san, que começou a subir o pequeno monte onde estávamos. - Oe, Tral! Você salvou a Nami?
- Estive pensando... e vim aqui falar com você, Mugiwara-ya. - o mais velho entre nós disse, olhando para o capitão com seriedade, enquanto ele quebrava as correntes da navegadora com os dentes. - Acredito que tenha chegado aqui por acidente. Porém, há uma chave crucial em algum lugar desta ilha que poderia desencadear o caos no Novo Mundo. Existem apenas duas maneiras de sobreviver no Novo Mundo: subordinar-se aos Yonkou ou enfrentar todos eles. E você não parece ser do tipo que trabalharia para um deles.
- Pode crer! Eu quero continuar como capitão.
- Então proponho que formemos uma aliança!
No momento em que suas palavras cessaram, um silêncio ensurdecedor pairou entre nós quatro, onde o único som presente era o uivo da ventania da tempestade de neve que nos envolvia. Trafalgar Law não parecia estar fazendo aquela proposta de maneira superficial, tampouco dava indícios de falsidade em relação à lealdade e confiança mútua na aliança que estava sendo sugerida entre nossa tripulação e a sua. Sua voz, seu olhar, sua postura... qualquer observador atento poderia analisá-lo e afirmar com toda a certeza que ele não estava apenas proferindo palavras vazias, que havia sinceridade em suas intenções. E, embora eu esteja sempre em alerta em sua presença, agora só consigo sentir verdade e honestidade em suas palavras... e não sei por quê.
Tenho muitos motivos para desconfiar dele, para não querê-lo próximo do meu capitão e dos meus companheiros, muitos motivos para sentir a urgência de protegê-los dele, mas não consigo, pelo menos não mais. Ou talvez, devo dizer, não neste momento, não agora.
Kaido... o capitão da tripulação das Cem Feras. Este é o homem que Trafalgar-san deseja que derrotemos juntos, em união, pela aliança. E, como era de se esperar, Luffy simplesmente concordou sem pensar duas vezes após ouvir o nome proferido pelos lábios do Cirurgião da Morte, que sempre manteve sua serenidade e calma ao abordar todas as questões, como se estivesse ponderando cuidadosamente cada palavra dirigida ao garoto de chapéu de palha. Nami, por outro lado, não pareceu apreciar a ideia, enquanto eu... bem, ele é o capitão, então reclamar não adiantaria, e o que me resta é aceitar as ordens de Luffy como sua subordinada.
- Tral! Antes de partirmos, você poderia remover isso das asas da Lis? - o moreno de cicatriz na bochecha me puxou bruscamente pelo braço, virando-me de costas para o homem diante de nós. - Já tentamos de várias formas, mas não conseguimos!
- Posso. - com um movimento rápido dos dedos, o dispositivo em minhas asas se soltou e caiu ao chão.
- Oh! Obrigada! - olhei para ele e sorri amplamente, recebendo apenas um estreitar de olhos em resposta.
- Vocês tiveram sorte de não terem se afastado muito da fábrica.
- Por quê? - Nami o olhou com um olhar desconfiado.
- Porque isso é uma bomba. É como a coleira usada por escravos, semelhante às que vimos na casa de leilões, dois anos atrás. - ele explicou, fazendo-nos arregalar os olhos. - Se ela tivesse se afastado mais da fábrica, teria morrido explodida.
Minha única reação foi arregalar os olhos e engolir em seco, levando rapidamente uma das mãos até minhas asas e encará-lo com pavor. A simples ideia de ter estado à beira da morte sem sequer saber causa-me calafrios, arrepiando minha pele e, com certeza, acelerando meu coração - mesmo sem senti-lo. Pude perceber meus músculos se contraindo e minha pele arder por baixo do meu casaco, que ainda me proporcionava um mínimo de aquecimento.
A ideia de morrer raramente cruzou minha mente e, nas poucas vezes em que esteve presente, foi durante momentos em que a morte parecia iminente... mas não chegou. Primeiro, quando fui derrotada por Zoro em Upper Yard, e mais uma vez, há dois anos, no Arquipélago Sabaody, quando fui baleada e vi minha vida passar diante dos meus olhos, memórias fugazes escapando das minhas lembranças, escorrendo entre meus dedos sem que eu pudesse segurá-las. Entretanto, graças a Trafalgar-san, cá estou eu... e, de novo, ele me "salvou". Em Sabaody, ele cuidou dos meus ferimentos e, apesar de ter contraído uma dívida enorme com ele e de ele ter tomado meu coração como garantia, novamente ele me socorreu ao retirar aquela bomba de minhas asas, mesmo que tenha sido a pedido do capitão.
- Muito obrigada. - sorri fracamente.
- De nada.
Não pude evitar que uma expressão de surpresa surgisse em meu rosto ao ouvi-lo proferir um simples "de nada". Não sei se ele foi apenas educado, ou se isso ainda é resultado do que lhe disse há dois anos atrás... não, não pode ser, não faz sentido. Por que seria assim? Não há motivo. É apenas... bobagem da minha parte.
Era evidente que o restante de nossos companheiros, assim como Nami e eu, também estariam apreensivos sobre nossa aliança com os Piratas de Copas. Até Robin apontou que muitas uniões entre tripulações resultam em traições e mortes, o que, confesso, me deixou mais vigilante em relação aos mínimos movimentos e palavras proferidas pelo dito Cirurgião da Morte, Trafalgar Law. Apesar da experiência que compartilhamos há dois anos e da confiança que tenho nele até certo ponto, devo admitir que ele continua sendo um completo estranho, não apenas para mim, mas para todos aqui. Tudo o que sabemos sobre ele é o que é relatado nos jornais - embora eu não os leia -, no entanto, a verdadeira essência de sua personalidade permanece completamente desconhecida para nós.
Queríamos ajudar as crianças, enquanto, por outro lado, Trafalgar-san parecia interessado apenas na destruição da fábrica e em avançar diretamente na derrota do Yonkou Kaido, um dos Quatro Imperadores do Mar. Contudo, conhecendo nosso capitão, todos sabíamos que, para ele, uma aliança significava estabelecer laços de amizade com nossos aliados, algo que não agradou aos ouvidos do pirata tatuado, que o encarava constantemente com descrença e lampejos de arrependimento em seus olhos cinzentos.
No fim, para investigar melhor a droga utilizada nas crianças, Chopper ficou encarregado de ir com nosso aliado até a fábrica, onde ele iria distrair a secretária de Caesar Clown, Monet, uma mulher-pássaro, para que o médico de nosso bando tivesse liberdade para circular pelo laboratório e realizar suas investigações, além de procurar por algo mais que pudesse ajudar no combate à abstinência dos pequenos.
Não seria uma tarefa fácil; qualquer deslize poderia resultar em nossa captura e derrota. Portanto, precisaríamos ser perspicazes se quiséssemos alcançar nossos objetivos: salvar aquelas pobres crianças, destruir a fábrica e, por fim, sequestrar o Mestre e usá-lo como refém para sabe-se lá quem. Não consegui ouvir o plano exato porque estava distraída com Tony Tony preso no chapéu de pintas de Trafalgar-san, então não escutei absolutamente nada. Farei o que considerar necessário e torcerei para estar certa e não levar cascudos.
- Como os assassinos já devem ter dito, Caesar quer vocês e o G-5 do Caçador Branco mortos, para poder recuperar as crianças. Ele não desistirá até ter o que quer. - o Cirurgião da Morte alertou, nos olhando com aquele seu olhar sério e voz firme. - Caesar foi um cientista do Governo, mas tornou-se criminoso há quatro anos. Se descobrirem que há alguém nesta ilha proibida, ele perderá seu esconderijo perfeito. Por isso, ele usará tudo ao seu alcance para matá-los. Uma recompensa de 300 milhões. Usuário da Gasu Gasu no Mi, um fruto do tipo Logia que produz armas de destruição em massa. Esse é Caesar Clown. - finalizou, deixando todos nós perplexos com sua revelação.
- 300 milhões? Então ele é mesmo perigoso... - Nami murmurou, engolindo em seco.
- Quem não souber usar Haki deve ficar longe dele. Ele não é apenas um cientista.
- Eu, Zoro, Sanji e Lis usamos Haki. - Luffy interveio na conversa, com os braços cruzados e adotando uma postura séria. - E você.
- Eu uso?
- Sabe aquela parada que 'cê fez no braço 'pra socar aquele homem-peixe polvo maluco?
- Sim.
- É aquilo!
- Oh! - um sorrisinho surpreso apareceu em meus lábios e olhei maravilhada para o meu punho.
- ...acho que é o suficiente. Vou voltar ao laboratório.
Eu lembrava bem dos momentos em que meus punhos desenvolviam uma coloração escura, ficando em uma consistência igual ou mais pesada que metal, habilidade esta que eu sequer sabia o nome e como havia conseguido obtê-la, no entanto tinha em minhas lembranças do dia em que a usei pela primeira vez, assim como também tinha consciência de como e quando usá-la. Não sabia o nome, nem havia chegado a batizá-la e me surpreende que seja isso que o povo do Mar Azul chama de "Haki", a mesma coisa que Jinbe havia me dito quando estivemos na Ilha das Mulheres, quando esperávamos pela recuperação de Luffy, após a Guerra de Marineford.
No Reino Ryugu, em um certo momento de nossa batalha contra os Novos Piratas dos Homens-Peixes, um homem-peixe polvo veio para cima de mim, me atacando com seus tentáculos e espirrando um líquido viscoso de cor amarelada que ele dizia ser um veneno letal capaz de matar um homem adulto em questão de horas caso tivesse contato direto com a pele humana por mais de alguns segundos e, se me lembro bem, eu arranquei aquilo do meu antebraço muito antes de dar os segundos que pudessem ser suficientes para me levar a óbito ou, no mínimo, me ferir... o que é estranho, pois... agora começou essa coceira, essa alergia estranha no mesmo local, e também surgiu uma outra coceira irritante na minha bochecha direita, um pouco abaixo do olho. Não é algo que de fato me preocupa, porém é uma coisa que me deixa encabulada de certa forma... por isso, assim que terminarmos em Punk Hazard e tivermos descanso no Sunny, falarei com Chopper para que ele veja o que está acontecendo e se há alguma pomada para aliviar.
- Oe, Tral! Leva a Lis com você, ela vai ser bastante útil na hora da fuga, já que ela voa rápido que só! - Luffy disse com um sorriso, pulando em minhas costas e me derrubando no chão junto com ele. - Ih, foi mal!
- Não tem problema... eles amorteceram a queda. - murmurei, apontando para os meus seios esmagados contra o solo gélido abaixo de nós.
- Não vejo necessidade dela vir junto, muito pelo contrário, pode acabar chamando atenção e...
- Vem, Lis! Eu vou me sentir muito mais seguro se ela vier junto! - Chopper gritou com um sorrisinho, olhando para mim com olhinhos pidões.
Contemplo Trafalgar-san com uma mistura de antecipação e cautela. Seus olhos, profundos e gélidos, parecem carregar o peso de experiências desconhecidas, como se estivessem marcados por segredos e mistérios insondáveis. Em sua postura inabalável, percebo a determinação de alguém que enfrentou adversidades além da compreensão humana e emergiu como uma força indomável. Sinto um arrepio percorrer minha espinha ao encontrar seu olhar, que penetra minha alma com a intensidade de um fogo selvagem, consumindo-me com sua presença imponente e assustadora.
- Certo... vamos.
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