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โ”โ” ๐–ฅ” ึด เผ‹ ุŒ๐Ÿญ๐Ÿณ. ๐—ข ๐—ฐ๐—ฎ๐—ผ๐˜€ ๐—ฑ๐—ฎ ๐—š๐˜‚๐—ฒ๐—ฟ๐—ฟ๐—ฎ ๐—ฑ๐—ฒ ๐— ๐—ฎ๐—ฟ๐—ถ๐—ป๐—ฒ๐—ณ๐—ผ๐—ฟ๐—ฑ.

โ”โ” Arquipรฉlago Sabaody, Grand Line ; prรณximo a Red Line.

No mesmo instante em que a garota de cabelos platinados havia feito aquela pergunta, Law arqueou uma sobrancelha e estreitou o olhar em sinal de confianรงa, sem compreender o objetivo da indagaรงรฃo e, ainda mais, por que ela optaria por aquilo dentre tantas possibilidades. Os olhos de Elisabette estavam fixos nos dele, seu rosto demonstrava agitaรงรฃo, com os lรกbios inquietos, ora sendo mordidos, ora apenas respirando profundamente. Seu olhar percorria desde as รณrbitas acinzentadas atรฉ as mรฃos dele, que seguravam a sacola com as frutas que havia coletado e colocado dentro.

E, de fato, ela estava ร  beira de um surto, de um colapso mental, prestes a deixar todas as suas emoรงรตes extravasarem de uma sรณ vez naquele momento em que se sentia tรฃo vulnerรกvel, em um momento em que se sentia tรฃo... sozinha. Odiava ter que pedir ajuda ao Cirurgiรฃo da Morte, especialmente quando nรฃo tinha mais nada a oferecer e havia dado tudo o que tinha, ou melhor, tudo o que seu bando tinha.

O que Nami lhe diria quando descobrisse, quando soubesse que ela entregou tudo de mรฃo beijada sem reagir? O que seus companheiros diriam ao saber que ela nรฃo foi capaz de proteger o Thousand Sunny? E Luffy? O que ele iria pensar dela? A mandou voar, fugir para longe, obviamente pensando nela como alguรฉm que poderia garantir a seguranรงa do navio deles, certo? Afinal, proteger algo e afastar ameaรงas era o que ela fazia de melhor, nรฃo era? Ela sentiu como se tivesse falhado, estivesse perdendo tudo e mais um pouco. Primeiro, seu pai, depois, seus companheiros e agora todo o tesouro que haviam batalhado - roubado, na verdade - para conseguir? Nรฃo... ela nรฃo podia aceitar, mas nรฃo conseguia fazer nada, nรฃo quando Law havia separado sua cabeรงa do corpo e a deixado completamente ร  mercรช dele.

- O que vocรช pretende fazer em Marineford, garota? - ele a encarou com curiosidade enquanto mantinha um olhar atento ร s suas reaรงรตes.

- Eu quero salvar o Ace.

- O "Punhos de Fogo"..? - o homem de pele morena se ajoelhou onde a cabeรงa dela estava apoiada, segurando-a pelos cabelos enquanto ela resmungava. - Vocรช รฉ maluca, pirralha do bando do Chapรฉu de Palha? - em um movimento rรกpido de seus dedos, o corpo dela se reconectou ร  cabeรงa.

- Nรฃo! - gritou. - Talvez um pouco. ร€s vezes, o sangue fala mais alto, sabe? - ela deu um sorriso leve, enquanto o outro apenas revirou os olhos. - Enfim, eu preciso ajudรก-lo! ร‰ um favor que devo retribuir.

- Isso รฉ suicรญdio. - Trafalgar deu de ombros, virando-se para ir embora, mas antes que pudesse fazรช-lo, sentiu duas mรฃos agarrando seu braรงo, fazendo-o parar e olhar para trรกs.

- Eu nรฃo tenho mais a quem recorrer... por favor, me ajude.

- Como se eu tivesse alguma obrigaรงรฃo de fazer isso.

- Por favor.

- Vocรช รฉ muito insistente. - ele puxou o braรงo do aperto dela e encarou-a com olhos severos e sombrios. - Quer tanto assim morrer?

- Nรฃo vou morrer. Jรก lidei com coisa muito pior. - a garota pontuou, agora segurando-o pelo pulso com firmeza e, aos poucos, aumentando a forรงa em suas mรฃos.

Law, por sua vez, se calou novamente enquanto seu olhar se dirigia diretamente aos olhos azuis dela, ao passo que o aperto em seu pulso aumentava a ponto de ele nรฃo sentir dor, mas ainda assim experimentar um incรดmodo desconfortรกvel. Incรดmodo devido ร  insistรชncia da mais jovem e desconforto pelo toque repentino. Ele detestava a forma desesperada como Elisabette o encarava, com aqueles olhos que tremiam em sinal de desespero e tรฃo inquietos como se fossem saltar de sua face em direรงรฃo ao rosto dele. Pensar na cena, ao mesmo tempo que foi idiota, atรฉ para alguรฉm como ele, achou estupidamente assustador. Sua รบnica reaรงรฃo foi bufar e afastรก-la novamente.

Sem dizer mais nada - sabendo que seria novamente confrontado com as insistรชncias quase chorosas dela -, o Cirurgiรฃo da Morte simplesmente se teletransportou do navio diretamente para o gramado, fazendo com que a platinada perdesse o equilรญbrio e caรญsse de joelhos no chรฃo.

Rapidamente, ela se levantou, correndo atรฉ a amurada do Sunny para observar o homem moreno se afastar aos poucos do local, deixando-a para trรกs sem dizer mais nada, deixando-a sozinha e sem nada do que lhe havia sido confiado para proteger. Afinal, era essa a รบnica razรฃo pela qual Luffy a mandara voar, a mandara fugir. Nรฃo passava por sua cabeรงa que ele queria, na verdade, apenas que ela escapasse ilesa dos ataques de Bartholomew Kuma. No fundo... Elisabette ainda acreditava que sua รบnica funรงรฃo sempre seria ser a guardiรฃ de algo, de alguรฉm, de um lugar.

Sentindo seu sangue gelar nas veias, ela apenas se sentou encostada no batente e encarou o chรฃo, indignada, desesperada e, principalmente, assustada. Trafalgar Law nunca foi seu amigo; desde que se aproximaram, foi apenas por interesse dele em saber o que havia acontecido com seu bando. Depois, fizeram um acordo que ela mesma quebrou por impulso, ao deixar-se levar pelo calor do momento. Era tรฃo รณbvio que ele nรฃo iria mais ajudรก-la, mesmo que ela oferecesse algo em troca. Entรฃo, por que ainda se sentia daquele jeito, tรฃo insatisfeita com a reaรงรฃo e resposta dele? Eles nรฃo eram nada, nรฃo eram amigos, tampouco colegas. Se tiveram algo, foi uma questรฃo de interesse mรบtuo em um รบnico objetivo. Ele queria o dinheiro que ela ofereceu, e ela apenas queria um lugar para dormir. Era justo? Sim. E o que ela fez? Desperdiรงou a lasca de confianรงa que o Supernova havia depositado nela.

"Maldiรงรฃo", pensou Elisabette, agarrando suas pernas com forรงa e abraรงando a si mesma usando suas asas, sem saber o que fazer e se vendo perdida naquele momento.

Sim, era verdade que nรฃo conhecia Ace, que sequer o havia visto uma รบnica vez em sua vida, e tudo que sabia sobre aquele pirata era o que seu capitรฃo havia lhe contado. Entretanto, se ele era alguรฉm importante para Luffy, se era sua famรญlia, alguรฉm que ele amava, ela precisava fazer alguma coisa. Era seu dever como sua tripulante, como sua subordinada... como sua companheira! Luffy havia feito tanto por ela, e ela queria retribuir. Ele a salvou, a libertou, lhe mostrou um mundo que ela nรฃo conhecia, segurou suas mรฃos e disse "vamos" quando nรฃo tinha mais ninguรฉm em sua vida.

- O que eu faรงo, pai? - ela sussurrou, suas mรฃos tocando o chรฃo do navio e agarrando a grama verde enquanto mordia os lรกbios com forรงa.

Pai... por que sempre era a ele que ela insistia em pedir ajuda quando se via em momentos como aquele? Por que ainda teimava em se desesperar a ponto de implorar que Enel a ajudasse, quando ele nem mesmo podia ouvi-la? Ou podia? Ela nรฃo sabia. Mas queria acreditar que sim, que ele iria ouvi-la, iria atender ร s suas preces. Que Enel viria e lhe daria uma luz do que fazer, que voltaria para protegรช-la, para salvรก-la, como todo pai faz por seu filho. Era o que ela queria, era o que ela desejava em todos os momentos em que se sentia amedrontada pela vida... o carinho de seu pai, o colo dele, os braรงos segurando-a e os lรกbios dele beijando sua cabeรงa enquanto a ninava, fazendo-a se sentir protegida e acolhida, como um dia ele fez.

Em silรชncio, Elisabette se levantou e caminhou atรฉ a proa do navio, onde encontrou o leรฃozinho amarelo de juba laranjada, sentando-se ali e se encolhendo novamente, adotando uma posiรงรฃo fetal e se sentindo indefesa, assustada como um passarinho filhote ao cair do ninho e se encontrar imerso em um mundo de perigos longe de sua mรฃe para protegรช-lo. Talvez, quando todos a confundiam com um pรกssaro, era isso que ela realmente era, um pรกssaro, mas um pรกssaro pequeno, um passarinho, um filhote pequeno, assustado e indefeso.

Muito irรดnico, assim ela diria. Afinal, para alguรฉm que sempre foi temida por um povo, que a haviam nomeado como "Anjo da Morte", agora estava assustada com o desconhecido, com a solidรฃo que a assolava e a fazia sentir-se tรฃo minรบscula neste mundo tรฃo grande e imenso.

O mar era bonito, muito lindo e gracioso, foi o que a birkan pensou na primeira vez em que o viu, quando seus olhos encontraram o oceano vasto e azul, refletindo o brilho do luar em seu prรณprio olhar, fazendo-a sentir sensaรงรตes incomparรกveis a tudo que conhecia, tudo que jรก havia visto e do que sabia. Existiam muitos pรกssaros diferentes, animais de diversos tamanhos, outros piratas, gigantes, homens-peixes, outros seres humanos de diversas culturas e tradiรงรตes diferentes das que ela conheceu nas Ilhas do Cรฉu. Tudo novo. Tudo grande. Tudo... desconhecido.

Um suspiro escapou por seus lรกbios, misturando-se ร  brisa fresca que soprava seus cabelos e suas asas, fazendo a penugem voar em um balanรงo suave com o vento enquanto ela olhava para cima, contemplando o cรฉu, observando as nuvens e refletindo sobre sua vida, sobre o que faria e o que diria.

Queria salvar Portgas D. Ace acima de tudo; precisava encontrar uma forma de ir, mas como? Nรฃo sabia pilotar um navio e nรฃo tinha como pegar o Sharky Submerge, pois nรฃo conseguiria fazรช-lo funcionar e estaria se arriscando a travar em alto mar e afundar, sendo eventualmente esmagada pela pressรฃo ou morrendo por falta de oxigรชnio. Tambรฉm nรฃo poderia pegar o Mini Merry, apesar de saber bem como usar um waver, pois, embora seja um meio de transporte comum em Skypiea, poderia ser perigoso se o combustรญvel se esgotasse no meio do trajeto. Outro problema seria a falta de conhecimento sobre a localizaรงรฃo de Marineford e a dificuldade em obter informaรงรตes para chegar lรก sem levantar suspeitas.

E depois de tanto pensar, de tanto ponderar consigo mesma, Elisabette por fim caiu na realidade, dando-se conta de que, por mais que quisesse, nรฃo conseguiria mover um dedo do Arquipรฉlago Sabaody sem estar colocando a prรณpria vida em risco ao tentar se envolver em uma briga que nรฃo era sua apenas para retribuir um favor que nรฃo era de fato um favor, afinal, Luffy a salvou porque quis, nรฃo porque queria algo em troca. E ela sabia. E รฉ claro que sabia. No entanto, nรฃo aceitava. Nรฃo queria. Nรฃo podia.

"Pai, me ajuda", ela comeรงou sua prece, juntando as mรฃos em sinal de oraรงรฃo e sentando-se de joelhos na proa do Sunny, olhando para o cรฉu com um olhar desesperado, com o corpo rรญgido e os mรบsculos tremendo como se fossem rasgar e sangrar por toda a sua pele. "Sou eu, Elisabette, a sua filha", continuou, clamando por ele, pedindo sua ajuda, desejando que, milagrosamente, a mรฃo de Enel pesasse sobre sua cabeรงa e lhe dissesse "estou aqui" e "eu vou te ajudar". Seu coraรงรฃo disparou, seu olho ardeu e, se fosse fraca, choraria ali mesmo, na solidรฃo e no silรชncio daquele navio que outrora era cheio de pessoas rindo e se divertindo juntas, mas que agora era tรฃo silencioso que chegava a doer no peito pela angรบstia de saber o motivo daquele sossego.

"Vocรช pode me ouvir? Por favor, me ajude", implorou novamente, apertando os olhos com forรงa e mordendo os lรกbios para evitar perder a concentraรงรฃo com o som da prรณpria voz. "Sou eu, me ajude", continuou sua sรบplica por fim, abrindo os olhos e encarando o cรฉu novamente. "Estou clamando por sua ajuda, pai", disse em pensamento, levando as mรฃos atรฉ o coraรงรฃo e respirou fundo. "Por favor", foram suas palavras antes de finalizar com um simples, porรฉm sincero, "amรฉm".

Novamente, a garota de cabelos platinados ficou de pรฉ. Em silรชncio, ela olhou ao redor, nรฃo avistando ninguรฉm, nem uma รบnica sombra ou um รบnico som que nรฃo fosse aqueles vindos do arquipรฉlago. Abatida, desceu da proa do navio com um deslizar de pรฉs direto para o piso do convรฉs e caminhou para a porta da cozinha, trancando-se lรก dentro e recostando-se na parede amadeirada, observando cada canto daquele cรดmodo e sentindo um pesar ao, mais uma vez, nรฃo encontrar ninguรฉm.

Nรฃo havia Sanji cozinhando, nem Luffy tentando espiar o que havia dentro da geladeira enquanto Usopp e Chopper distraรญam o cozinheiro. Nรฃo tinha Zoro cochilando na mesa ou Robin lendo ao lado dele e lhe dando um cafunรฉ nos fios esverdeados de seus cabelos. Ela sentiu falta de Brook, de suas cantorias, de ouvi-lo cantarolar "Saquรช de Binks" e tocando suas melodias doces em seu violino. Queria danรงar com Franky e ouvir Nami chamรก-la para ajudรก-la a organizar seus mapas. Merda, ela havia se apegado rรกpido demais a eles, como pรดde? Enel a avisou. Ela nasceu e cresceu seguindo ordens, afinal. Nรฃo iria saber se virar sozinha.

"Quando todos eles sumirem da sua vida, vocรช ficarรก completamente sozinha e nรฃo terรก a quem recorrer."

Foram palavras cruรฉis demais para uma garota que passou a vida toda solitรกria ter que ouvir logo antes de passar por uma das maiores mudanรงas de toda a sua existรชncia: ir embora de seu lar, se afastar do colo de seu pai e nunca mais ver ou sentir tudo aquilo que conhecia.

Elisabette nunca soube o que iria sentir, o que deveria sentir e o que seu coraรงรฃo queria. Era sempre o que ele queria, o que Enel dizia e o que seu Deus, o seu pai, a mandava fazer ou dizer. Foi tudo rรกpido, desde sempre. Nasceu, e quando deu por si mesma estava com 8 anos de idade, sentada em um barco e observando o lugar onde cresceu ser destruรญdo por aqueles que via como pessoas boas que a queriam bem. Depois, viu sua mรฃe ser morta em seu lugar, com uma espada atravessando o seu peito e acertando o seu coraรงรฃo, sentindo o sangue quente de sua genitora espalhar-se por ela enquanto seu assassino olhava em seus olhos com frieza, jogando sobre ela a culpa da morte da mulher.

A menina suspirou, dirigindo-se ao armazรฉm e procurando por algo para comer. Ela encontrou ovos, temperos e outros ingredientes, mas nada que soubesse cozinhar para se alimentar. Restou-lhe apenas sentar-se no chรฃo de madeira e se encolher no cantinho, ficando debaixo de uma prateleira enquanto olhava para o nada, mais uma vez pensando no que fazer para esperar pela volta de seus companheiros, sentindo a falta deles pesando em seu peito.

- Seja o que Deus quiser... - murmurou para si mesma, abraรงando-se com suas asas, utilizando-as para encontrar algum apoio emocional, conforto e proteรงรฃo.

Os minutos sozinha se transformaram em horas, e as horas se estenderam atรฉ se tornarem um dia inteiro. Elisabette jรก se sentia sonolenta, porรฉm temia dormir sozinha. Silenciosamente, levantou-se do chรฃo e dirigiu-se ao quarto que compartilhava com as outras duas mulheres da tripulaรงรฃo, Nami e Robin. Ao observar as cobertas espalhadas pelo chรฃo - desde quando procurava por suas joias -, comeรงou a arrumรก-las, colocando cada uma em seu devido lugar. Enquanto realizava essa tarefa, sentia o perfume de suas amigas impregnado nos tecidos das cobertas e travesseiros, evocando em sua memรณria os momentos que viveram juntas desde que se conheceram.

"Saudades delas", disse em pensamento, deitando-se na cama da navegadora e puxando os lenรงรณis sobre seu corpo, enquanto segurava a blusa do pijama da arqueรณloga, abraรงando os tecidos contra si mesma e ficando em uma posiรงรฃo fetal, sentindo-se tรฃo pequena quanto uma concha na areia apรณs ser levada para longe dos corais pelas ondas do mar.

Deixando-se vencer pelo sono e pela fome, os olhos da birkan comeรงaram a pesar e fechar aos poucos, enquanto sua visรฃo escurecia e sua consciรชncia se esvaรญa. "Quando eu acordar, eles estarรฃo aqui...", ela sussurrou enquanto comeรงava a adormecer entre os cobertores de Nami, segurando firmemente a blusa de Robin. Nรฃo apenas nelas, mas tambรฉm em seus outros companheiros, ela pensava, desejando fervorosamente que Deus atendesse ao seu pedido e os trouxesse de volta, para que pudessem estar juntos novamente, se divertindo, vivendo novas aventuras e explorando novos lugares neste mundo em que viviam.

โ€ข สšฤญษž โ€ข

No dia seguinte, apรณs horas de sono, Elisabette acordou abruptamente ao ouvir algo bater contra o Thousand Sunny, fazendo o navio balanรงar e resultando em sua queda da cama de Nami, o que a fez cair de cara no chรฃo do quarto. Confusa, a garota levantou-se imediatamente e correu descabelada, com o rosto todo amassado, denunciando que acabara de acordar de um sono profundo.

Seu primeiro instinto foi correr o mais rรกpido possรญvel atรฉ o convรฉs. Ao chegar lรก, deu de contra com a porta fechada, resmungou, abriu-a e foi imediatamente atรฉ a amurada para se apoiar e verificar se via alguรฉm. Foi entรฃo que avistou Urouge parado segurando um enorme pedaรงo de barra de ferro, - provavelmente usado para golpear o navio -, o que a fez dar um passo para trรกs, com o cenho franzido. Como aquele maldito sempre a encontrava? (Eu, como autora, digo que รฉ porque eu quero que isso aconteรงa, entรฃo nรฃo me questionem, apenas apreciem o conteรบdo.) Ela bufou e voou atรฉ ele, parando em sua frente.

Por alguns segundos, a birkan encarou o homem nos olhos com um olhar severo, enquanto ele mantinha o mesmo sorriso debochado nos lรกbios. Cรฉus, como aquele maldito sorriso a irritava; sรณ de olhar para ele, seu sangue fervia e todo o seu corpo entrava em estado de alerta, em modo de defesa.

- Isso sรฃo modos!? - indagou retoricamente a platinada, cruzando os braรงos e estufando as bochechas com ar de irritaรงรฃo.

- E isso sรฃo horas de acordar, Praga? - ele riu, entรฃo a agarrou pelos pulsos e a colocou debaixo do braรงo de forma que ela nรฃo conseguia se soltar. - Vamos ali.

- HEIN!? ME SOLTA!

- Que fedelha barulhenta... - o Monge Louco murmurou para si mesmo, encarando-a com raiva enquanto a menor se debatia, tentando se livrar do aperto dele, mas parecia impossรญvel.

- ME LARGAAAAAAAAAAAA!!!! AHHHHHH!!!!! AH! AH! AAAHHHHHHHHHHH!!!!! AAAAAAAAHHHHAH!!!!! - na esperanรงa de irritรก-lo, Elisabette comeรงou a gritar estridentemente; no entanto, apenas recebeu um murro na cabeรงa e um pano enfiado na boca para ser silenciada.

Em passos rรกpidos, quase como se estivesse correndo, Urouge comeรงou a se afastar do Sunny, enquanto a garota de cabelos platinados nรฃo sabia como sair daquela situaรงรฃo, tampouco conseguia imaginar o que ele queria com ela e o porquรช de sua aรงรฃo. Detestava que aquele maldito Supernova sempre fosse capaz de pegรก-la desprevenida, mesmo quando ela tinha certeza de que estava atenta. Era sempre ele. Sempre. Sempre. E sempre! "Inferno", ela xingou em pensamento, ainda tentando se soltar; entretanto, parecia inรบtil, e quanto mais ela se mexia, mais forte ele a apertava debaixo de seus braรงos.

Quando por fim afrouxou o aperto, o birkan mais velho apenas a jogou no chรฃo com brusquidรฃo. No mesmo instante, ela o encarou com raiva, prestes a atacรก-lo como um animal furioso diante de sua presa, e claro, ele era sua presa. Seus cabelos platinados caรญam por seu rosto, seu vestido estava amarrotado e seu rosto ainda estava inchado, o que apenas intensificou a raiva que a garota sentia dele naquele momento. Ela fechou os punhos com forรงa, ranger os dentes, sua pele alva ficando morena e seus fios cor de prata arrepiando-se como um gato bravo e arisco - como ela parecia naquele momento.

Entretanto, assim que se deu conta da quantidade de pessoas no lugar para o qual Urouge a havia trazido e o quรฃo agitadas estavam, Elisabette se levantou e olhou ao redor com um olhar confuso, tentando entender o que estava acontecendo. Por que seus rostos estavam tรฃo pรกlidos? Por que seus olhares eram tรฃo horrorizados, como se tivessem testemunhado algo perturbador? Por que estavam todos reunidos e gritando, correndo de um lado para o outro em completo desespero? Confusa, ela encarou a grande tela no centro do arquipรฉlago em que estavam, deparando-se com uma cena que nunca sairia de sua cabeรงa: Portgas D. Ace caรญdo no chรฃo, com um buraco no meio das costas, muito sangue ao redor dele e, aparentemente, morto, e diante dele, seu capitรฃo, Monkey D. Luffy, de joelhos e inconsciente, enquanto o cenรกrio ao redor era de completa destruiรงรฃo.

Seus olhos se arregalaram e sua pele ficou pรกlida como a das pessoas que corriam ao seu redor, seu coraรงรฃo disparou no peito e um arrepio percorreu sua espinha. Aquela era a tรฃo temida guerra em Marineford? Era isso que temiam acontecer devido ร  captura de Punhos de Fogo? Luffy tambรฉm seria morto? Nรฃo... ele nรฃo... o que ela faria? O que poderia fazer? Elisabette se desesperou e encarou Urouge nos olhos, sem perceber os outros piratas ditos como novatos ali, mas para ela, isso pouco importava.

- Para que lado fica Marineford!? - a menina perguntou sem rodeios, atraindo alguns olhares para os dois.

- Para o norte. - ele sorriu, apontando na direรงรฃo que ela deveria seguir.

- Se eu for voando, quanto tempo levaria para chegar lรก?

- Vocรช รฉ rรกpida como uma รกguia, nรฃo vai demorar menos de meia hora. - Urouge riu ao vรช-la sair correndo. - Espere!

- O quรช!? - seus olhos o fuzilaram como adagas, demonstrando claramente o quรฃo inquieta estava.

- Pegue isso, Praga. - assim que falou, o homem jogou um Eternal Pose em sua direรงรฃo e ela rapidamente agarrou. - Agora vรก.

- Isso... - ela arregalou os olhos ainda mais ao reconhecer a palavra escrita, "Skypiea". - Onde conseguiu isso!?

- ร‰ meu.

Por um tempo, a platinada permaneceu em silรชncio, alternando seu olhar entre a bรบssola em suas mรฃos e o homem a alguns passos de distรขncia dela, enquanto ela tinha uma expressรฃo sรฉria e, ao mesmo tempo, confusa. O que ele queria? Ajudรก-la? Por quรช? Para quรช? Seus encontros sempre foram marcados por derramamento de sangue de ambos, por hematomas espalhados por seus corpos e por juramentos de morte entre eles, entรฃo, por que de repente essa "boa aรงรฃo"? E, acima de tudo, como ele imaginou que ela queria ir para Skypiea? Oh, era รณbvio, ela sabia, mas da mesma forma... ajuda vinda dele era, no mรญnimo, suspeita. Todavia, ela nรฃo tinha tempo para perguntas naquele momento, pelo menos nรฃo se quisesse chegar o mais rรกpido possรญvel em Marineford para resgatar seu capitรฃo cabeรงa oca.

Sem dizer nada, ela apenas assentiu e, novamente, saiu correndo na direรงรฃo das margens do Arquipรฉlago Sabaody, na esperanรงa de pegar impulso o suficiente para saltar o mais alto possรญvel e sair voando em disparada.

- Inazuma! - ela gritou, erguendo a mรฃo para o alto e, em segundos, raios azulados e brilhantes a rodearam com sua foice aparecendo em sua mรฃo, que ela logo agarrou.

Se precisasse lutar, ela lutaria. Se precisasse matar um, dois ou cinquenta fuzileiros navais, ela mataria. Se precisasse dar sua vida por Luffy, ela tambรฉm o faria sem nem pensar duas vezes. Ele lutou por ela, salvou-a, lutou por Robin, salvou-a, lutou por todos os seus companheiros, salvou-os, ajudou-os de certa forma e cada um deles retribuiu de alguma maneira ou ainda o faria. E agora era a vez dela, era a vez de Elisabette retribuir tudo o que ele havia feito e por tรช-la levado consigo para o mar azul, mesmo depois dela ter dito que nรฃo iria, que nรฃo merecia, e sem se importar, ele simplesmente a levou.

A garota de cabelos platinados sentia os รขnimos ร  flor da pele, uma mistura de determinaรงรฃo e urgรชncia a impulsionava. A visรฃo do Eternal Pose indicando Skypiea em suas mรฃos era um lembrete constante de sua missรฃo. A imagem de Luffy ajoelhado e inconsciente em meio ao caos de Marineford ecoava em sua mente, alimentando sua resoluรงรฃo.

Com o coraรงรฃo acelerado e os mรบsculos tensos, ela decidiu agir. Sem hesitaรงรฃo, deu um salto do arquipรฉlago direto para as margens do mar, a adrenalina pulsando em suas veias enquanto seus pรฉs tocavam a รกgua. Em um movimento fluido, desdobrou suas asas e, com um impulso vigoroso, alรงou voo em direรงรฃo ao norte, em direรงรฃo ao epicentro da batalha.

Enquanto cortava o ar com velocidade, Elisabette canalizava toda sua determinaรงรฃo para superar qualquer obstรกculo que surgisse em seu caminho. Cada batida de suas asas era impulsionada pela determinaรงรฃo de alcanรงar Marineford o mais rรกpido possรญvel. As dรบvidas e desconfianรงas que pairavam sobre seu encontro com Urouge eram rapidamente dissipadas pela urgรชncia de sua missรฃo naquele momento. Seu รบnico pensamento era chegar a tempo de oferecer sua ajuda a Luffy e tirรก-lo daquele inferno. As palavras de gratidรฃo e admiraรงรฃo que ecoavam em sua mente pela coragem e sacrifรญcio do capitรฃo ecoavam como um louvor, impulsionando-a adiante. Com cada quilรดmetro percorrido, sua determinaรงรฃo sรณ se fortalecia, alimentando sua determinaรงรฃo de enfrentar o desconhecido e cumprir seu dever como parte do bando dos Chapรฉus de Palha.

E, apรณs menos de meia hora de voo determinado em direรงรฃo ao seu desrino, ela finalmente avistou a baรญa. No entanto, o que encontrou ali nรฃo foi um cenรกrio de paz, mas sim um caos instaurado. Navios de guerra da Marinha estavam em chamas, enquanto outros estavam destroรงados, espalhando destroรงos pelo mar. Piratas e marinheiros se engalfinhavam em uma luta desesperada, enquanto uma parte da รกgua prรณxima ร  costa estava misteriosamente congelada, lhe denunciando a presenรงa de Aokiji.

Em pleno ar, ela observou ao redor, procurando por seu capitรฃo, mas os gritos de รณdio e desespero, tanto de piratas quanto de fuzileiros, a deixavam atรดnita, aflita e perdida em meio a tanto barulho. Voou para um lado e depois para o outro, atรฉ que escutou alguรฉm anunciando sua presenรงa. Um marinheiro a avistou e atirou contra ela, mas ela imediatamente desviou e encarou na direรงรฃo de um grupo que apontava suas armas para ela. Sem muito esforรงo, agarrou sua foice e lanรงou raios na direรงรฃo deles ao usar sua habilidade Cutting Lightning, observando-os entrar em desespero com seus avanรงos.

Pousando sobre o chรฃo gรฉlido pelo congelamento, mais uma vez a garota observou ao seu redor, buscando por pistas de onde o garoto com chapรฉu de palha poderia estar e, que Deus o livre, que nรฃo estivesse morto.

- CAPITรƒO! - Elisabette gritou, olhando em volta mais uma vez, atรฉ que um grupo de homens vestidos de presidiรกrios se aproximou dela.

- Vocรช! Vocรช faz parte do bando do Chapรฉu de Palha, nรฃo รฉ!?

- Sim! ร‰ ela! Elisabette, O Anjo da Morte!

- Parem de encher o saco! - ela agarrou um deles pelo colarinho e o levantou no ar com uma mรฃo enquanto a outra apontava a lรขmina de sua foice para ele. - Onde estรก o meu capitรฃo?

- QUE MEDO! ELE Tร ALI!

Assim que o homem disse isso, a mais nova entre eles virou-se para encarar na direรงรฃo em que ele apontava, deparando-se com um homem-peixe de cor azul segurando Luffy enquanto um palhaรงo voava com eles para longe. Um olhar de desespero estampou-se no rosto dela ao notar enormes esferas de magma sendo lanรงadas contra eles e, mais uma vez, pegou impulso pisando na cara de um dos detentos e voou rapidamente atรฉ onde eles estavam, empurrando para longe uma das bolotas de lava com a lรขmina de Inazuma, surpreendendo o palhaรงo que a olhou assustado.

- QUEM DIABOS ร‰ VOCรŠ, MENINA!?

- Elisabette! Luffy รฉ meu capitรฃo! Me entregue ele e o homem-peixe!

- Como vou saber que vocรช nรฃo estรก me enganando!? - ele recuou um pouco, olhando-a com desconfianรงa.

- Vocรช quer morrer aqui, nariz vermelho dos infernos!? - suas mรฃos agarraram o tecido do kimono do homem-peixe e ela tentou puxรก-lo para seus braรงos. - Vamos logo!

O palhaรงo de cabelos azuis, apรณs um momento de hesitaรงรฃo, entregou relutantemente Luffy e o homem-peixe para ela. Com um olhar desconfiado, ele observou enquanto a jovem os segurava com firmeza, pronto para intervir caso houvesse qualquer sinal de traiรงรฃo - ou nรฃo, pois Buggy queria se livrar daquele bendito problema. Determinada a escapar daquele campo de batalha catastrรณfico, a garota de cabelos platinados se moveu rapidamente, desviando dos tiros de balas de canhรฃo e esquivando-se dos disparos das espingardas dos fuzileiros navais. Enquanto avanรงava, ela tambรฉm precisava estar atenta para evitar ser atingida pelas esferas de magma que ameaรงavam a todos, principalmente a ela por estar com o alvo consigo.

O caos ao seu redor era ensurdecedor, com explosรตes, gritos e tiros ecoando por toda a baรญa. Concentrando-se em seu objetivo de escapar daquele inferno, ela avanรงou com todas as forรงas que tinha, mantendo-se firme diante dos obstรกculos que surgiam em seu trajeto, enquanto lutava para proteger seu capitรฃo e garantir sua prรณpria sobrevivรชncia.

E, como um milagre em meio a todas as desgraรงas atรฉ entรฃo, um submarino de cor amarela com uma Jolly Roger sorridente emergiu, deixando todos assustados e atentos. Um inimigo? Um aliado? A quem pertencia aquele submarino? Alguns estavam confusos, enquanto outros jรก sabiam de quem se tratava, afinal, era sim um pirata famoso da Pior Geraรงรฃo.

No instante em que os olhos azuis de Elisabette fitaram aquela caveira sorridente, imediatamente reconheceu a quem pertencia e quem era o capitรฃo daquele navio - e submarino - pirata. Um sorriso esperanรงoso se formou nos lรกbios dela, imaginando o motivo dele estar ali, por saber que Luffy ficaria bem, que ele estaria fora de perigo, pois notou o ferimento em seu peito e o quรฃo debilitado ele estava. Afinal, hรก quanto tempo ela havia dormido? Hรก quanto tempo ela esteve adormecida enquanto ele lutava para salvar seu irmรฃo? O mรญnimo que ela conseguiu foi evitar a morte de seu capitรฃo, torcendo para que tudo ficasse bem.

- Coloquem o do Chapรฉu de Palha no meu navio! - Trafalgar Law gritou com todo o seu fรดlego, chamando toda a atenรงรฃo para ele e seu bando.

- "O do Chapรฉu de Palha"!? - o palhaรงo brotou ao lado da birkan, se pendurando em seu braรงo como um encosto. - Isso รฉ jeito de se referir a alguรฉm? Ei, menina, leva seu capitรฃo pra longe daqui, mas nรฃo entrega ele, nรฃo! - avisou.

- Fique tranquilo, aquele รฉ o...

- Quem รฉ vocรช, seu moleque!?

- O do Chapรฉu de Palha um dia serรก meu inimigo, e esse laรงo nos une. Nรฃo hรก por que deixรก-lo morrer aqui. - o Cirurgiรฃo da Morte falou, determinado a conseguir o que queria. - Eu vou ajudรก-lo a sair daqui. Deixem-me cuidar dele por ora!

- Cuidar!? - Elisabette franziu o cenho, surpresa por ter acertado em sua suposiรงรฃo. - Nariz vermelho, me solte!

- QUEM VOCรŠ CHAMOU DE "NARIZ VERMELHO"!?

- Eu sou mรฉdico!

- Trafalgar-san! - ela gritou, tentando ir, mas fora segurada. - Me solte, palhaรงo! Ele vai ajudar!

- ร‰ BUGGY! EU SOU BUGGY, O PALHAร‡O!

- Boga! Me deixa ir!

- BUGGY!!!!

Enquanto discutiam, mais tiros foram efetuados contra eles, fazendo-os voar de um lado para o outro para desviar, com sangue de Luffy e do homem-peixe espirrando de seus corpos, deixando Elisabette assustada ao ver todo aquele vermelho se espalhando.

- Rรกpido! Coloque os dois no navio! - Law ordenou.

Com o peso dos dois homens em seus braรงos, a garota voou o mais rรกpido que pรดde em direรงรฃo ao Polar Tang, sua respiraรงรฃo entrecortada pelo esforรงo e pela tensรฃo que permeava o ar. Cada batida do seu coraรงรฃo era um eco de desespero diante da iminente ameaรงa que estava ao seu redor, lhe deixando aflita e ansiosa. Os gritos da guerra em sua volta ecoavam em seus ouvidos, enquanto ela lutava para alcanรงar a seguranรงa do submarino para salvar o Chapรฉu de Palha.

Entretanto, antes que pudesse alcanรงar o convรฉs, uma explosรฃo irrompeu no ar, uma bala de canhรฃo cortando o cรฉu com rastros de fogo e com forรงa devastadora. O tiro a atingiu em cheio, lanรงando-a para baixo e fazendo-a perder o equilรญbrio. Com um esforรงo final, Elisabette conseguiu arremessar Luffy e o homem-peixe para o convรฉs do Polar Tang antes de ser engolida pelas รกguas revoltas. O desespero a envolveu enquanto ela lutava contra a correnteza, suas mรฃos estendidas em busca de uma esperanรงa que parecia escapar por entre seus dedos.

Por um momento, ela viu sangue escapar por sua boca, vendo o rastro escarlate subir para a superfรญcie ao mesmo tempo em que ela afundava no mar, sem saber nada e sem forรงa nas pernas o suficiente para emergir e boiar e se salvar de um afogamento.

Ela gritou no mar, vendo as bolhas subindo e seu corpo afundando cada vez mais, atรฉ que agarrou Inazuma e comeรงou a atirar para baixo, aproveitando o impulso dos raios para se empurrar para cima atรฉ o momento em que sua cabeรงa emergiu e o ar entrou em seus pulmรตes. Assustada, a menina olhou ao redor para tentar se localizar e viu uma parte do gelo que cobria as รกguas um pouco prรณxima dela e nรฃo tardou em segurar-se ali para nรฃo afundar novamente. Desesperada, olhou para todos os lados em busca do submarino amarelo comandado por Law, imediatamente encontrando aqueles olhos cinzentos agarrados na amurada e encarando-a com o mesmo pรขnico que ela tinha em seu prรณprio olhar.

Nรฃo รฉ que se importasse com ela, mas Trafalgar nรฃo podia deixรก-la para trรกs depois de testemunhar tudo o que a mais nova havia passado apenas para chegar ali. Porรฉm, antes que qualquer um dos dois pudesse fazer algo - ele para ajudรก-la ou ela para se ajudar - o mar partiu-se em vรกrias colunas de รกgua salgada, causando grandes ondas que cobriam navios e outras que destruรญram partes de Marineford. Barba Negra estava usando os poderes da Gura Gura No Mi para causar ainda mais caos e destruiรงรฃo naquele lugar.

Ela subiu em cima do chรฃo congelado e bateu as asas para tentar voar, mas uma onda a derrubou e ela foi arrastada novamente para o fundo do mar e mais uma vez se viu presa na correnteza, conseguindo escapar com grande dificuldade e finalmente ficou no ar em pleno voo.

O moreno de pele tatuada olhou para ela e, mesmo distante, pรดde perceber o quรฃo desesperada ela estava. A ventania era forte e turbulenta, nรฃo a deixando se manter quieta ao voar; marinheiros atiravam contra ela, seja com balas normais ou as de canhรฃo, porรฉm ela dava o seu melhor para desviar, mesmo sendo atingida por algumas, que rasgavam seu vestido e outras a pele de suas pernas, afetando suas penas e fazendo-as se espalhar pelos cรฉus, como um pรกssaro atingido por um tiro de chumbo.

- LEVE ELE! - Elisabette gritou, apontando para longe. - TIRE O MEU CAPITรƒO DAQUI, POR FAVOR!

Sem lhe dar uma resposta, Trafalgar Law cerrou os dentes e, pela primeira vez, atendeu a um pedido dela sem hesitar e deu as costas para ela, ordenando que submergissem. E, quando estavam prestes a voltar para o fundo do mar com Luffy a bordo, um raio de luz atingiu em cheio a popa do Polar Tang, fazendo-o balanรงar de um lado para o outro. Kizaru havia aparecido para intervir nos planos de fuga dos Piratas de Copas, determinado a matar nรฃo sรณ o garoto com chapรฉu de palha, mas o capitรฃo daquele navio tambรฉm.

Naquele momento, o sangue de Elisabette ferveu em suas veias, fazendo-a ficar vermelha de รณdio ao rever o Almirante depois de dias. Segurando com forรงa no cabo de Inazuma e sem olhar para trรกs, ela voou na direรงรฃo do homem para cortรก-lo ao meio, percebendo que seu corpo se dividia em dois, lembrando-se de que ele era do tipo Logia. Kizaru transformou-se em fragmentos de luz e moveu-se para trรกs dela, desferindo-lhe um chute nas costas que a arremessou para longe. No entanto, ela reagiu rapidamente, girando sua arma nas mรฃos e criando uma roda de energia elรฉtrica que comeรงou a disparar pequenos raios cortantes na direรงรฃo dele. Kizaru desviou de todos os ataques, enquanto os raios simplesmente atravessavam seu corpo sem causar danos.

Em um movimento rรกpido, embora nรฃo muito bem pensado, a platinada voou em direรงรฃo ao oceano e emergiu imediatamente na superfรญcie, rasgando uma parte de seu vestido e deixando parte de suas coxas expostas. Rapidamente, ela amarrou o tecido molhado em seu punho e voltou a atacar o Almirante da Marinha com sua foice, apesar dos resmungos dele e dos avisos de que era tolice insistir em atacar um usuรกrio de Fruta do Diabo do tipo Logia com um objeto cortante.

Para surpresa de Borsalino Kizaru, Elisabette o agarrou pela camisa com a mรฃo envolta no tecido molhado, puxando-o para perto. A รกgua do mar escorreu de suas mรฃos pelo corpo do homem mais velho, que imediatamente sentiu a fraqueza tomar conta de seu ser. Com um sorriso nervoso, surpresa pelo sucesso de seu plano, ela olhou nos olhos dele com um sorriso presunรงoso e comeรงou a voar com ele em direรงรฃo ao mar, enquanto ele a segurava nos ombros para tentar se libertar de seu aperto. No entanto, foi em vรฃo, jรก que ela estava encharcada e, para aumentar o desespero do homem, ela mergulhou no mar com ele, retornando depois de alguns segundos que foram suficientes para enfraquecรช-lo.

- Que espertinha... - murmurou Kizaru com a voz ofegante, seu corpo inteiramente sem forรงas.

- Isso รฉ pelo que fez com meus companheiros! - ela disse, jogando-o para o alto e acertando seu estรดmago com um chute. - E isso รฉ por ter ousado tentar matar o capitรฃo! - sua foice girou em suas mรฃos e, em um movimento rรกpido, aproveitando a vulnerabilidade do homem, ela lhe fez um corte que se estendeu desde sua face atรฉ metade de seu peito e logo o homem caiu.

Enquanto Kizaru afundava nas รกguas tumultuadas, a notรญcia de sua derrota rapidamente se espalhava entre os presentes. Os marinheiros, que anteriormente haviam testemunhado o almirante demonstrar seu poder avassalador, agora se viam confrontados com a realidade desconcertante de sua humilhante derrota. Os piratas, por outro lado, celebravam em รชxtase, vendo a queda de um dos principais sรญmbolos da autoridade marinha. Elisabette permanecia imersa em seus prรณprios pensamentos, o peso do que acabara de realizar comeรงando a se fazer sentir. Embora ela se sentisse momentaneamente vitoriosa, sabia que as repercussรตes desse evento reverberariam por todo o mundo dos piratas e da Marinha, lhe causando ainda mais problemas com o Governo Mundial.

Ao mesmo tempo que o prรณprio Kizaru lutava para manter a consciรชncia enquanto as รกguas salgadas envolviam seu corpo enfraquecido. A dor pulsava atravรฉs de seus membros enquanto ele lutava para se libertar da paralisia momentรขnea que o assolava. A ironia da situaรงรฃo nรฃo escapava dele - um homem com liter poder da luz, agora subjugado pela escuridรฃo do oceano. Enquanto sua visรฃo embaรงava e a escuridรฃo se aproximava, ele prometia a si mesmo que, se sobrevivesse a este encontro, buscaria vinganรงa implacรกvel contra aquela maldita garota que ousou desafiรก-lo e lhe humilhar de tal forma.

- Shambles!

De repente, a garota de cabelos platinados estava de pรฉ no convรฉs do Polar Tang, parada de frente para Law, que gesticulava com as mรฃos antes de descansรก-las ao lado do corpo e encarar a mais nova nos olhos com um olhar severo, quase repreensivo. Contudo, ao mesmo tempo, parecia estar aliviado, como se estivesse bravo por ela ter se arriscado, mas satisfeito por ela nรฃo ter morrido e ter dado um jeito na ameaรงa que era Kizaru.

- Capitรฃo, vamos submergir! Rรกpido! - Bepo gritou, assustando a garota, que deu um passo para trรกs.

- Vem logo, sua pirralha inconsequente. - ele disse, agarrando o pulso dela com forรงa e a puxando para dentro do submarino.

Um suspiro de alรญvio se desenhou nos lรกbios dela, denotando a certeza de que Luffy estaria sรฃo e salvo. Contudo, mesmo diante do peso do cansaรงo que comeรงava a se abater sobre seus ombros, ela se recusou a ceder ao repouso, determinada a nรฃo sucumbir ao sono atรฉ que tivesse a seguranรงa absoluta de que seu prรณprio capitรฃo estivesse a salvo e fora de qualquer perigo iminente.

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