โโ ๐ฅ ๐ฌ๐ต. ๐ฃ๐ถ๐ฟ๐ฟ๐ฎ๐น๐ต๐ฎ ๐ฑ๐ผ ๐ฏ๐ฎ๐ป๐ฑ๐ผ ๐ฑ๐ผ ๐๐ต๐ฎ๐ฝ๐ฒฬ๐ ๐ฑ๐ฒ ๐ฃ๐ฎ๐น๐ต๐ฎ.
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๐ก๐ข๐ง๐ ๐๐ ๐๐ซ๐ง๐ฅ๐๐ ๐ ๐๐ ๐ฃ๐ข๐ฅ๐ง๐๐ก๐๐๐: O conteรบdo a seguir contรฉm cenas envolvendo sangue e ferimentos graves/abertos. Caso haja algum tipo de sensibilidade, recomendo que pule diretamente para os parรกgrafos finais para evitar qualquer desconforto ao ler.
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โโ Arquipรฉlago Sabaody, Grand Line ; prรณximo a Red Line.
แกElisabette, Anjo da Morte. โชO ponto de vista Delaโซ
Eu nรฃo sabia hรก quanto tempo estava fugindo, tampouco tinha noรงรฃo de que horas eram. Olhava ao meu redor e, mesmo com a mente confusa pelo cansaรงo, conseguia identificar que jรก era noite. Os caracรณis comunicadores espalhados pelo Arquipรฉlago Sabaody continuavam anunciando o mesmo aviso de horas atrรกs: nosso bando fora eliminado e eu fui a รบnica que conseguiu escapar, por isso todos os fuzileiros deveriam focar somente na minha captura. Tive sorte de ter conseguido fugir voando e ter despistado alguns soldados, mas, quando mais precisava, perdi as forรงas nas asas e caรญ no chรฃo, restando-me apenas correr.
Minhas pernas estavam tremendo como nunca antes, e eu sabia que a qualquer momento iria acabar sucumbindo ao cansaรงo. Entretanto, enquanto estivesse em tal situaรงรฃo - gravemente ferida e perdendo sangue -, nรฃo podia desmaiar e iria lutar contra a exaustรฃo.
Com passos cambaleantes e cada vez mais lentos, senti minha vista escurecer e caรญ de joelhos no chรฃo, usando as mรฃos de apoio para nรฃo bater com o rosto no gramado. Trรชmula e suando frio, senti um lรญquido quente subindo pela minha garganta e vomitei sangue pela quarta vez. Assustada e sem saber o que fazer, apenas fiquei encarando a poรงa vermelha diante de mim em completo silรชncio, apenas escutando os sons que vinham das cidades vizinhas de cada mangue.
Eu queria gritar. Eu queria gritar atรฉ que minha voz ficasse rouca e desaparecesse de uma vez. Desaparecesse como meus companheiros. Eu queria ter desaparecido junto com eles. Eu queria estar com eles. Queria que estivรฉssemos todos juntos no convรฉs jogando conversa fora ou na cozinha jantando enquanto falรกvamos sobre nosso dia, sobre o que vimos ou o que descobrimos.
Mas nรฃo. Eu estava sozinha agora. Sozinha e assustada. Machucada e, se tudo continuasse como estava, em poucas horas eu morreria. Nรฃo era preciso ser mรฉdico para olhar nos meus olhos e dizer: "vocรช estรก morrendo", era nรญtido que eu estava. Estou com medo. Estou perdida. Nรฃo sabia para que lado ficava o bar Olho da Cara, nem mesmo lembrava onde havia ficado minha bolsa; logo, eu nรฃo poderia ligar para ninguรฉm, nem mesmo para Duval para pedir ajuda ou para Hachi. Tudo o que eu tinha era... Inazuma. Era isso. Uma foice e um corpo molenga.
Olhei ao meu redor novamente e sรณ via borrรตes, minha visรฃo estava escurecida e desconexa. Eu estava completamente vulnerรกvel, e isso me deixava apavorada. E se aparecessem mais fuzileiros navais? Como eu ia me defender, nem forรงas eu tinha para usar o Mantra. Odiava admitir, porรฉm sabia que estava indefesa como uma crianรงa perdida.
E, talvez, era isso que eu realmente era, uma crianรงa perdida. Eu nem sabia como sairia de Sabaody com vida, nem se conseguiria encontrar meus companheiros novamente. Quais eram as chances de eles estarem vivos? Eu estava tรฃo chocada que sequer conseguia escutar como funcionavam os poderes da Nikyu Nikyu no Mi, como eu poderia ter certeza de que eles haviam sido apagados da existรชncia ou simplesmente terem, sei lรก, sido arremessados tรฃo rรกpido que nossos olhos nรฃo conseguiram identificar os movimentos? Pensar nisso me causava uma angรบstia enorme por nรฃo conseguir sequer chegar a uma conclusรฃo.
Passei anos sozinha. Anos e anos. Anos e anos solitรกria em um lugar que me fora ensinado que era um local sagrado, e minha รบnica missรฃo era protegรช-lo - Upper Yard, o Jardim Superior -, portanto amizades estavam fora de cogitaรงรฃo.
Endireitei meu corpo e sentei sobre as pernas, ficando de joelhos e de frente para a poรงa do meu prรณprio sangue. Sabia que, enquanto aquela bala continuasse alojada no meu quadril, tudo apenas iria se complicar e de nada a minha fuga iria adiantar. De alguma forma, eu precisava removรช-la do meu corpo. Iria doer, eu sabia que iria, iria doer muito e talvez atรฉ acabasse desmaiando no processo, contudo eu precisava fazer ou pelo menos tentar. Eu nรฃo tinha conhecimentos mรฉdicos, o mรญnimo que eu sabia era colocar e retirar curativos... e na minha bolsa haviam curativos, pomadas e absorventes para caso de emergรชncia. Porรฉm, eu nรฃo lembrava onde a tinha deixado ou se tinha caรญdo dos meus braรงos enquanto voava em total desespero e desgoverno, batendo contra paredes, รกrvores e pรกssaros.
Levei uma mรฃo atรฉ o quadril e dedilhei a abertura ardente em minha pele. Senti um arrepio percorrer minha espinha e um gemido fraco escapou de meus lรกbios. Tremulamente, coloquei o dorso da minha mรฃo esquerda na boca e mordi devagar, usando a prรณpria mรฃo para conter meus gritos.
Com cuidado, enfiei o dedo indicador dentro da ferida, podendo sentir o objeto cilรญndrico enterrado na minha carne - arfando novamente - depois, enfiei o polegar. Nรฃo demorou para que meus pequenos membros segurassem de forma desajeitada o projรฉtil e, entรฃo, depois de hesitar por alguns segundos, puxei para fora. A ardรชncia e os arrepios tomaram conta do meu corpo inteiro, me fazendo reagir com uma mordida forte na mรฃo a ponto de um dos meus dentes perfurar a pele pรกlida, resultando no derramamento de pequenas gotรญculas que vibravam na cor vermelha.
- Se Deus รฉ por mim, imagine se fosse contra... - murmurei com a voz fraca, quase inaudรญvel de tรฃo desgastada que eu estava.
Continuei sentada de joelhos, olhando para a bala na minha mรฃo e, mesmo com a visรฃo escurecida e embaรงada, consegui identificar quase que de imediato o material do qual era feita: chumbo, mas chumbo com uma coloraรงรฃo branca. Franzi o cenho em confusรฃo, nunca havia visto balas desse tipo, seriam somente feitas para o uso dos Dragรตes Celestiais? E se fosse, por quรช? Atรฉ com isso eles querem parecer superiores ร s pessoas? Que idiotas! E agora estรก doendo e sangrando ainda mais... foi uma atitude imprudente, mas necessรกria.
Apesar da dor pulsante e do sangue que continuava a escorrer, eu sabia que nรฃo podia ficar ali parada. Com a determinaรงรฃo pulsando em meu peito, ergui-me lentamente, ignorando a tontura que ameaรงava me derrubar novamente. Olhei ao redor, procurando por algum abrigo temporรกrio onde pudesse descansar e cuidar dos meus ferimentos.
Avistei uma pequena clareira cercada por รกrvores frondosas e decidi que seria o local perfeito para um breve descanso. Com passos trรดpegos, me dirigi atรฉ lรก, cada movimento acompanhado por uma onda de dor lancinante. Ao chegar, deixei-me cair sobre a grama macia, apoiando as costas contra o tronco de uma รกrvore.
Respirei fundo, tentando acalmar meu corpo e minha mente tumultuada. As perguntas continuavam a ecoar em minha cabeรงa, sem respostas claras. Como escapar da perseguiรงรฃo dos fuzileiros? Onde estariam meus companheiros? E, mais importante ainda, como sobreviver naquele lugar hostil e desconhecido? Enquanto as sombras da noite comeรงavam a se estender pelo cรฉu, percebi que precisava formular um plano. Nรฃo podia me dar ao luxo de ficar parada, ร mercรช dos meus inimigos. Com determinaรงรฃo renovada, comecei a traรงar mentalmente os prรณximos passos, jurando a mim mesma que, acontecesse o que acontecesse, eu nรฃo desistiria facilmente.
- Eu deveria procurar o Rayleigh com o cartรฃo de vida... - ponderei comigo mesma, logo suspirando pesadamente ao lembrar de um pequeno detalhe. - Ah, ele ficou na minha bolsa.
E agora? O que eu faรงo? A bala foi removida, mas ainda estou sangrando e meu corpo estรก tรฃo pesado que, se eu me levantar outra vez, nรฃo vou conseguir ficar de pรฉ e vou cair. Tambรฉm duvido que vou conseguir me reerguer novamente. Respirei fundo. Olhei para o cรฉu e vi a lua... ou assim dizendo, Fairy Vearth - A Terra Sem Fim.
Pai, eu te peรงo... nรฃo, eu imploro. Se vocรช รฉ mesmo Deus, como vocรช me fez acreditar que era, por favor, eu imploro do fundo do meu coraรงรฃo, me ajude porque eu sou tua filha, sangue do teu sangue, carne da tua carne. Eu estou desesperada. Se vocรช รฉ um ser onipresente, onisciente e onipotente como sempre se gabou que era, entรฃo me ajude porque eu nรฃo tenho mais a quem recorrer. Eu estou completamente sozinha em um lugar ao qual eu nรฃo pertenรงo. Pai, me diga, nem que seja por um รบnico sinal, o que eu deveria fazer? Por favor, nรฃo me deixe. Nรฃo me deixe desolada assim. Me ajude. Me envie alguรฉm. Me socorra. Eu sou tua filha, sangue do teu sangue, pai... carne da tua carne, meu pai. Eu errei em escolher Luffy ao invรฉs de vocรช, mas entenda, eu queria ser livre e provei da liberdade... e ela tem gostos diversificados.
รs vezes รฉ doce, outras vezes รฉ amarga, tambรฉm pode ser salgada ou azeda. Eu nunca achei que poderia sentir gostos de algo que nรฃo fosse fรญsico. Entretanto, รฉ bom, pai. ร bom ser livre. ร bom poder escolher, mesmo que... tenha resultado nisso. Nessa solidรฃo. Estou aqui, sozinha e desamparada, machucada e cansada, sem ter para onde ir ou quem me ajudar. Pai, me dรช um sinal, me diga, vocรช vai me ajudar? Vocรช ao menos estรก vivo e ouvindo meu clamor? Me ajude, por favor, meu Deus.
Meu corpo, por fim, tombou para o lado. Caรญ deitada sobre o gramado, sentindo o grude da grama tocar a lateral do meu rosto. Um zumbido tomou conta da minha audiรงรฃo, eu nรฃo escutava mais nada alรฉm do longo e fino "piiiiiii" no meu ouvido, deixando minha cabeรงa dolorida pelo som irritante.
Senti sangue escorrer do meu quadril e lambuzar ainda mais a minha saia e minhas pernas, agora escorrendo por cima da barriga e ventre, fazendo-me sentir o choque tรฉrmico do lรญquido quente molhando minha pele gรฉlida pelo frio e pela hemorragia que sofria. Tentei me levantar, todavia minhas mรฃos nรฃo mexiam, nem nenhum outro mรบsculo em meu corpo respondia aos meus comandos. Abri a boca para resmungar e nenhum som saiu, apenas o ar se esvaiu dos meus lรกbios. Fechei os olhos com forรงa, comecei a orar novamente, agora com mais desespero, implorando pela misericรณrdia divina.
Enquanto a dor e a confusรฃo me consumiam, senti como se o tempo parasse ao meu redor. Cada respiraรงรฃo tornou-se um esforรงo, cada batida do meu coraรงรฃo um eco distante. Lutei para manter a consciรชncia, mas a escuridรฃo parecia me puxar para baixo.
Pouco a pouco, meus olhos foram se fechando e meu corpo ficava cada segundo mais pesado, impedindo-me de fazer qualquer movimento mรญnimo.
Pai, estou implorando que me ajude. Por favor. Me ajude. Me ajude. Me ajude. Me ajude... me ajude! Vocรช disse, vocรช me prometeu, vocรช jurou que eu sempre poderia chamar por vocรช quando precisasse de ajuda ou percebesse um perigo do qual nรฃo poderia lidar. Vocรช disse que nรฃo iria tardar em vir para o meu socorro. Isso tambรฉm foi uma de suas mentiras? Eu sei que sim, mas quero acreditar que nรฃo. Por favor, me salve. Nรฃo me deixe sozinha. Mande alguรฉm. Mande... ajuda. Por favor. Eu estou precisando. Pai... por favor, me ajude.
โฆ ใ . โ ห โ
โโ แกNarrador. ; โชO ponto de vista do Leitorโซ
Haviam sido horas seguidas desde que os caracรณis comunicadores comeรงaram a anunciar o "fim" dos piratas do Chapรฉu de Palha e que apenas Elisabette fora capaz de escapar, deixando a todos presentes no Arquipรฉlago Sabaody espantados com a notรญcia.
Como um bando tรฃo formidรกvel havia sido aniquilado tรฃo rapidamente, sem que ninguรฉm tivesse visto? Para os civis, isso era nada alรฉm do que mais um dos trabalhos bem feitos da Marinha que, naquele fatรญdico dia, tinha soldados sob comandos de muitos vice-almirantes e, principalmente, tambรฉm comandados pelo Almirante Borsalino Kizaru. Enquanto isso, para piratas mais espertos - vulgo Pior Geraรงรฃo -, era bastante intrigante o que aconteceu a Monkey D. Luffy, outrora o causador de um dos maiores incidentes da histรณria - destruiรงรฃo de Enies Lobby e declaraรงรฃo de guerra direta ao Governo Mundial -, ter tido fim junto de seus demais companheiros, com exceรงรฃo, รฉ claro, de uma รบnica garota.
Trafalgar Law, por mais que odiasse admitir, procurava por ela, pela "pirralha do bando do Chapรฉu de Palha", como havia apelidado a mais jovem. Em seu รขmago, ele sentia que nรฃo seria apenas um simples Almirante e alguns soldados que teriam a capacidade de fazer tal feito e, se sua hipรณtese estivesse correta e o corsรกrio Bartholomew Kuma realmente estivera nos arquipรฉlagos em algum momento, sabia que talvez tivesse sido ele o causador do tal "fim" daquele formidรกvel bando de piratas. Law apenas precisava encontrar aquela bendita menina, tratรก-la e ter suas dรบvidas esclarecidas.
No comeรงo, seu interesse em Elisabette nรฃo tratava de nada alรฉm de uma simples antipatia por sua aparรชncia infantil e as birras que adolescentes da idade dela costumavam ter. E, se ele fosse sincero consigo mesmo, confessaria que odiava ter que lidar com pessoas bem mais jovens do que ele, como bebรชs, crianรงas e, principalmente, adolescentes em fase rebelde, o que, para o tatuado, seria terrรญvel se fosse o caso dela. Quer dizer, com 16 anos รฉ a idade em que seres humanos comeรงam a surtar e apontar o dedo para tudo, certo?
Entretanto, agora a histรณria era diferente. Trafalgar a viu voando e como ela era veloz. Tambรฉm viu como o corpo dela produzia eletricidade sem que ela fosse uma usuรกria de Akuma no Mi, e isso o deixou, de certa forma, intrigado.
A primeira ideia dele foi sequestrรก-la e levรก-la para o Novo Mundo com sua tripulaรงรฃo para fazer alguns testes nela, para usรก-la como cobaia em alguns experimentos. Ele realmente estava perturbado com a ideia da platinada conseguir tamanho feito e nรฃo sair prejudicada. Porรฉm, a ideia de um sequestro era extremo atรฉ mesmo para ele, que, por muitos, era julgado como um homem sรกdico e cruel. Nรฃo era ร toa que havia ganhado o apelido de "Cirurgiรฃo da Morte".
E havia mais um pequeno detalhe que o impedia: Elisabette era adolescente e, para piorar, era mulher. Existe coisa mais tenebrosa do que lidar com uma garota na fase da adolescรชncia 24 horas por dia gritando que quer ir embora ou que vai esganรก-lo? Law apenas preferiu esquecer a ideia e optar apenas por ajudar, conseguir as informaรงรตes que queria e, por fim, entregรก-la para a Marinha para tentar usรก-la como moeda de troca para finalmente se tornar um Shichibukai. E, caso sua oferta fosse recusada, ele apenas a deixaria sozinha para lidar com sua vida por conta prรณpria.
No entanto, jรก faziam horas desde que o pirata comeรงara suas buscas pela garota e nรฃo havia um รบnico sinal dela. Ele tambรฉm havia notado que a frequรชncia em que os caracรณis comunicadores faziam o anรบncio tinha diminuรญdo mais uma vez; agora eles falavam em intervalos de meia hora. O que, afinal, era bom, pois Law nรฃo aguentava mais aquela voz irritante repetindo a mesma frase vรกrias vezes seguidas.
Trafalgar jรก estava prestes a desistir. Tentaria encontrรก-la novamente no dia seguinte - caso ela nรฃo tivesse o azar de ser capturada. Agora, ele iria voltar ร pousada onde estava com seus companheiros para finalmente descansar depois de um dia cheio e agitado como aquele havia sido. Sendo mรฉdico, sabia que precisava daquele descanso e tratar de alguns ferimentos em seu prรณprio corpo causados pelos Pacifistas, contra os quais havia lutado junto com Eustass "Capitรฃo" Kid, que, assim como ele, tambรฉm tinha saรญdo bastante prejudicado da luta. Porรฉm, o moreno nรฃo deu tanta importรขncia ร quele homem e, assim que viu uma oportunidade para ir embora, ele se foi sem pensar duas vezes.
Ele perambulou por mais algum tempo e, por alguns instantes, escutou algumas risadas baixas e murmรบrios vindos de um local nรฃo muito afastado. Entรฃo, caminhou atรฉ lรก, jรก retirando Kikoku - sua espada - das costas e a posicionando ao lado de seu corpo, caso precisasse lutar ou usar seus poderes para lidar com alguma situaรงรฃo indesejรกvel.
Ao se aproximar, escondeu-se prรณximo a um manguezal identificado pelo nรบmero 37. Quieto, Trafalgar Law observou a situaรงรฃo adiante, buscando nรฃo fazer nenhum som comprometedor que o entregasse naquele momento. Seus olhos acinzentados vagaram pelo ambiente atรฉ se depararem com um grupo de cinco fuzileiros navais parados em cรญrculo, encarando algo no chรฃo enquanto conversavam. Curioso, o homem aproximou-se mais um pouco, adentrando as raรญzes do mangue e ficando ali, quieto e escondido na escuridรฃo. Eles continuaram conversando, atรฉ que o cรญrculo foi desfeito e, nos braรงos de um dos soldados da Marinha, estava ela, Elisabette.
- Avise ao QG que jรก encontramos a pirata... ou o que resta dela. - disse um marinheiro, dando tapas leves no rosto da garota para ver se ela reagia.
- Ela estรก viva? Tem um buraco enorme no quadril dela.
- Sim... encontramos um projรฉtil feito de chumbo branco na mรฃo dela, deve ter sido baleada por um dos Nobres Mundiais na casa de leilรตes. - respondeu, apontando para a ferida em seu corpo.
- Chumbo branco!?
- Apenas aqueles que residem na Terra Sagrada de Mariejois tรชm permissรฃo para usar muniรงรฃo com esse tipo de material, sabe, por conta do quรฃo "fatal" pode ser, se รฉ que me entende.
Ao ouvir a conversa dos marinheiros sobre o uso de balas de chumbo branco, Law sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O conhecimento sobre esse tipo de muniรงรฃo trazia ร tona lembranรงas sombrias de seu passado e das atrocidades cometidas pelo Governo Mundial. Uma expressรฃo sombria se formou no rosto do tatuado. Seu olhar, normalmente estoico e frio, agora refletia uma mistura de surpresa e preocupaรงรฃo.
Dependendo do grau da ferida no quadril da mais nova, se pรณlvora contaminada tivesse se alastrado pelo sangue dela, isso seria um problema enorme do qual ele nรฃo queria lidar. Mas, por um motivo que sequer conseguiu explicar, pensar em alguรฉm sofrendo o que ele sofreu na infรขncia por conta da doenรงa do chumbo branco fez com que quase de imediato ele agisse para ajudรก-la. Sem pensar duas vezes, o pirata abriu uma Room grande o suficiente para alcanรงar o grupo de fuzileiros que estavam com a garota, e, usando o Shambles, trocou Elisabette por uma pedrinha que pegou com a mรฃo, agora tendo o corpo desacordado da platinada caรญdo em seus braรงos.
Por alguns instantes, Trafalgar ficou olhando para ela, analisando cada mรญnimo detalhe de seu semblante abatido e rosto ferido. Havia arranhรตes por todo o corpo da jovem, hematomas, sujeira, sangue e suor frio escorrendo de sua testa, resultado da hemorragia que estava sofrendo desde que tinha sido atingida por um tiro disparado horas atrรกs por Santa Shalria.
- Room... Scan! - ele sussurrou, usando mais uma das habilidades de sua Ope Ope no Mi, agora para analisar o interior dela, apenas para saber se havia mais complicaรงรตes com as quais ele teria que lidar.
Para seu alรญvio - e sorte -, nรฃo havia tanto com o que se preocupar em relaรงรฃo aos ferimentos dela, exceto a enorme quantidade de sangue que a mais nova tinha perdido devido ร hemorragia e uma leve infecรงรฃo na regiรฃo do ferimento causado ao ter sido baleada pelo Dragรฃo Celestial. No fim, nรฃo era nada tรฃo complicado que ele nรฃo pudesse resolver em questรฃo de pouco tempo, graรงas aos seus poderes e ao seu conhecimento mรฉdico bastante aprimorado pela Akuma no Mi que havia sido forรงado a ingerir anos atrรกs por seu amigo, Corazรณn. Law levantou-se com Elisabette nos braรงos e deu uma รบltima olhada nos soldados que agora estavam desesperados ao vรช-la sumir inesperadamente das mรฃos dele; depois saiu andando com ela no colo.
Enquanto andava, ele olhava vez ou outra para o rosto pรกlido da platinada desacordada para conferir se estava tudo bem e, em uma dessas vezes, o Cirurgiรฃo da Morte se viu obrigado a parar no meio do caminho para arregalar os olhos e encarรก-la com mais atenรงรฃo. Ele engoliu em seco ao notar que ela nรฃo estava respirando.
Trafalgar tentou se acalmar para analisar a situaรงรฃo, entรฃo a colocou no chรฃo novamente e conferiu o pulso dela. Nada. Ele entrou em choque. Levou dois dedos atรฉ o pescoรงo dela. Nada. Levou a mรฃo atรฉ o peito. E nada. O coraรงรฃo dela nรฃo estava batendo e sua respiraรงรฃo havia cessado. "Eu nรฃo fiquei horas procurando essa fedelha para ela morrer justo agora!", ele pensou consigo mesmo, levando ambas as mรฃos atรฉ o peito dela para realizar uma reanimaรงรฃo cardiopulmonar. Em casos extremos como o de Elisabette, nem mesmo as habilidades que seu fruto do diabo lhe fornecia poderiam ajudรก-lo em tal situaรงรฃo, o que restou a ele foi fazer o que um mรฉdico comum faria.
Com a urgรชncia pulsando em seu peito, o pirata mais velho a posicionou de maneira adequada e iniciou os procedimentos de RCP. Comprimiu o peito dela firmemente, contando mentalmente as compressรตes conforme havia aprendido em seus anos de treinamento mรฉdico.
Cada movimento era executado com precisรฃo e determinaรงรฃo, seu olhar focado no rosto inerte da garota de cabelos platinados enquanto ele se esforรงava para trazer de volta os sinais vitais que haviam cessado. Com mรฃos รกgeis e determinadas, alternava as compressรตes torรกcicas com respiraรงรตes de salvamento, soprando ar em seus pulmรตes na esperanรงa de reativar a respiraรงรฃo.
O tempo parecia esticar-se enquanto Law se entregava completamente ao procedimento, bloqueando todo o restante ao seu redor para se concentrar exclusivamente em Elisabette. Cada segundo sem resposta aumentava a tensรฃo em seu peito, mas ele se recusava a desistir, sua determinaรงรฃo alimentada pela necessidade de salvar a vida dela de alguma forma... mas nada adiantava, ela jรก estava morta e todos os seus esforรงos estavam sendo em vรฃo.
Sem saber o que fazer, ele retirou as mรฃos do peito dela e se afastou, sentando-se um pouco distante e encarando o corpo sem vida da jovem. Sua pele, que jรก era clara, agora estava tรฃo pรกlida que parecia estar desaparecendo diante de seus olhos; seus lรกbios, outrora rosados, estavam esbranquiรงados e manchados de seu prรณprio sangue; assim como o sangramento em seu quadril, que continuava mesmo apรณs ela ter perdido a vida. Trafalgar nรฃo esboรงava nenhuma reaรงรฃo alรฉm de fitรก-la, num misto de confusรฃo e espanto. Foram anos estudando para se tornar um bom mรฉdico, tรฃo excelente quanto seu pai havia sido um dia, e agora se deparava com uma รบnica vida que nรฃo pรดde salvar. Odiava admitir, mas foi chocante nรฃo ter conseguido ajudar alguรฉm tรฃo jovem como ela.
Por fim, Trafalgar Law se deu por vencido. Sem dizer nada e nem olhar mais para o cadรกver deitado sobre o gramado, ele apenas se levantou e virou as costas para Elisabette. Foi cruel, ele sabia, mas o que poderia fazer? Guardar o corpo atรฉ que seus companheiros viessem buscรก-la? Nรฃo, ele nรฃo tinha mais nada a ver com aquilo, e tudo foi uma perda de tempo. As horas de busca pela maldita pirralha do bando do Chapรฉu de Palha haviam sido em vรฃo.
Quando estava apenas a poucos passos de distรขncia, um som semelhante a eletricidade chamou a atenรงรฃo do moreno, que imediatamente arregalou os olhos e ficou parado, ainda sem olhar para trรกs. "Serรก que...", ele pensou consigo mesmo, respirando fundo e engolindo em seco, sentindo uma รบnica gota de suor escorrer de sua testa atรฉ a ponta do nariz. Lentamente, o homem virou seu corpo na direรงรฃo de onde a platinada estava e arfou com o que viu. Era tรฃo absurdo que Law acreditava estar sonhando. Ele coรงou os olhos e a encarou novamente, mas a cena continuava se desenrolando diante dele.
Ao se aproximar do corpo da garota de cabelos platinados, ele ficou chocado ao testemunhar seus olhos se abrirem repentinamente, emitindo um brilho intenso que contrastava com a palidez de seu rosto. Seu corpo comeรงou a convulsionar enquanto ondas de eletricidade visรญveis percorriam seu corpo de forma errรกtica, criando um espetรกculo de luzes azuis e brancas.
O coraรงรฃo do pirata acelerou enquanto ele observava a cena perplexo. "Isso รฉ... Akuma no Mi?" ele ponderou para si mesmo, lembrando-se das histรณrias sobre os poderes das frutas do diabo que havia ouvido ao longo de sua vida como pirata e mรฉdico. Mas aquilo era algo alรฉm do que ele jรก tinha visto antes.
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