━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟬𝟱. 𝗧𝗿𝗼𝗰𝗮 𝗱𝗲 𝗼𝗹𝗵𝗮𝗿𝗲𝘀.
━━ Arquipélago Sabaody, Grand Line ; próximo a Red Line.
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫
Eu estava sentada no gramado, olhando emburrada para o chão, enquanto Chopper gritava e corria ao meu redor, me enchendo de mais curativos e ataduras nos novos ferimentos e arranhões que haviam se espalhado pelo meu corpo depois da minha "pequena" desavença com Urouge, o Monge Louco. Nunca achei que fosse ouvir sermão de alguém menor que eu, principalmente se tratando de uma criatura tão adorável quanto o médico do nosso bando. Confesso, eu me sentia meio entre ficar enraivecida pelas reclamações ou derreter de amores pela expressão fofa que ele tinha em seu semblante enquanto cuidava de mim. Zoro, por outro lado, demonstrou não ter dado tanta importância para o que havia acontecido, parecia estar mais focado no fato de eu ter apanhado.
Depois que meus hematomas foram tratados corretamente pelo nosso pequeno companheiro, o espadachim nos mandou tomar cuidado e saiu novamente, dizendo que ia voltar para novo... mas, como era de se esperar, ele foi para o lado oposto de onde o Thousand Sunny estava atracado. O chamei, Chopper também, tentamos avisá-lo, no entanto, ele nos mandou calar a boca e, claro, o obedecemos.
Eu estava andando um pouco manca, minha perna estava um pouco dolorida e isso resultou em eu tendo que arrastar o pé enquanto carregava a rena em minha cabeça, que falava com nosso capitão através do meu caracol-comunicador bebê. Logo descobrimos que ele, Brook, Camie-chan, Papaggu e Hachi estavam indo ao parque de diversões, o Sabaody Park. Minha mente estava num turbilhão, lembrando de tudo que havia acontecido em minha vida e do reencontro inesperado com alguém de Birka que, na minha concepção, talvez fosse um pouco aconchegante se fôssemos ao parque junto dos nossos companheiros.
Chopper, claro, aceitou a ideia sem nem pensar duas vezes e começou a me contar como parques de diversões eram incríveis, também falando das atrações que geralmente tinham: montanha-russa, roda-gigante, carrossel e carrinhos de bate-bate.
Eu acho impressionante como cada segundo que passo no mar azul novas coisas me deixam mais e mais cativada e encantada com o quão diversificado esse mundo em que vivemos pode ser! Pessoas se juntando em um só lugar para se divertirem todas juntas em um lugar chamado Sabaody Park, tem como não se animar com isso? E há doces! Eu amo doces. Sanji sempre me prepara inúmeros tipos de doces gostosos quando eu peço.
Contudo, embora eu realmente esteja contente e ansiosa para conhecer o parque de diversões e encontrar Luffy e os outros, ainda estou pensando no que aconteceu, também na pessoa que me tirou da briga. Não consegui ver seu rosto, minha visão estava embaçada e escurecida, tudo que escutei foi sua voz... e pelo timbre, pude deduzir sem nenhuma sombra de dúvidas que era um homem, um homem - não muito - mais velho do que eu. Me pergunto quem era e o que o motivou a me "salvar". Não sei se nosso médico conseguiu ver quem era, mas acredito que não, ele mesmo estava tão apreensivo e nervoso quanto eu... aquele maldito do Urouge! Como ele ousa? Covarde, usando minha própria habilidade contra mim.
- Lis, você sabe para onde estamos indo? - escutei meu pequeno companheiro perguntar, dando um tapinha de leve em minha testa e me fazendo olhar para cima.
- Ué, estamos indo para o parque de diversões nos encontrar com o capitão. - fiz um beicinho. - Por quê?
- O parque de diversões é para o outro lado.
- O QUÊ!?
O escutei rir alto e me comparar com o espadachim do bando, dizendo que eu falava tanto dele, mas que acabava agindo igualmente a ele quando se tratava de direção. Talvez seja verdade e eu e Zoro sejamos dois bobos que sempre vão acabar se perdendo, porém o meu caso é bem diferente do dele, isso é tão óbvio que chega a ser estúpido comparar! Afinal, Upper Yard era fácil de distinguir, as ruas de Skypiea também, eu conhecia todas as regiões das Ilhas do Céu, quanto ao mar azul... ainda é complicado. É tudo muito verde, ou amarelo claro, são muitas cores diferentes e novo, é fácil de eu me perder e, na maioria das vezes, minha única opção é voar o mais alto que posso e tentar me localizar, o que sempre dá certo.
Respirei fundo e o ar puro adentrou meus pulmões, um ar totalmente diferente daquele que eu costumava respirar acima das nuvens. Aqui, o ar é... meio termo. Ele é quente, mas também é gelado, é um aroma - digamos assim - bom de se sentir. Nas Ilhas do Céu, o ar é um pouquinho mais quente, acredito que seja pela proximidade do sol, embora no Jardim Superior eu me sentisse um pouco mais refrescada, principalmente quando era noite.
Gosto do mar azul, gosto demais! Conheci pessoas incríveis, lugares novos, provei comidas diferentes e cada dia que passa são inúmeras descobertas que faço mesmo sem querer, porém... apesar de tudo... é inevitável não sentir saudades de Skypiea.
Nossa relação poderia não ser a melhor, entretanto, eu até gostava da presença dos sacerdotes no meu dia a dia. No fim, eles conversavam bastante comigo e aprendi muitas coisas com eles. Me pergunto como estão e se também sentem minha falta, se ficam pensando se um dia irei voltar ou se pensam em me procurar... eu gostaria que eles o fizessem, não só eles, mas também... o meu pai. Não sei se ele, de fato, morreu, tampouco se conseguiu ir para Fairy Vearth mesmo que sozinho. Evito pensar nele ou nos anos que vivi ao seu lado, todavia é complicado evitar tais emoções. O conheço literalmente desde sempre. Estive com ele desde sempre.
É aquilo, o sangue sempre falará mais alto. E foi como ele me disse, "você é sangue do meu sangue, carne da minha carne". Somos pai e filha. Somos Deus e serva. O que ele pensava sobre mim? O que Enel pensava quando olhava nos meus olhos e colocava a mão sobre minha cabeça para me abençoar por mais um dia viva? Eu queria saber. Eu queria perguntar. Não é um desejo, é uma necessidade. Uma necessidade de saber. Pai, apesar dos apesares, você me amava? Pai, eu fui mesmo importante? Eu cumpri o papel que você me destinou? Eu queria que ele me respondesse. Eu, apenas... queria ver o meu pai pelo menos uma única vez.
• ʚĭɞ •
Quando finalmente chegamos ao Sabaody Park, um sorriso instantaneamente se abriu em meus lábios, mostrando todos os meus dentes, e meus olhos brilharam como grandes estrelas diante de tamanha novidade. Confesso que senti vontade de arrancar meu casaco e voar bem alto para ver tudo que aquele parque de diversões tinha a oferecer, no entanto, tive que me conter para evitar confusão e olhares indesejados.
Assim que avistei Luffy, Brook, Camie-chan, Papaggu e Hachi, corri até eles com Chopper em minha cabeça e, assim que estávamos todos juntos, fomos aproveitar o parque.
Cada brinquedo era incrível, todos eles faziam meu estômago revirar e meu coração disparar como se fosse explodir de tanta agitação. A montanha-russa fez meu cabelo balançar tanto quanto quando eu saio voando em alta velocidade no céu, foi magnífico! Eu me pergunto se algo assim poderia ter nas Ilhas do Céu, se as pessoas de lá iriam gostar, se as crianças iriam aproveitar tanto quanto eu estou aproveitando nesse momento. Havia inúmeras barracas de comida, comprei tantos doces que sentia meus dentes doerem de tanto açúcar e minha mandíbula latejar pela quantidade de guloseimas que eu já havia mastigado.
Entretanto, meu preferido foi o carrinho de bate-bate. Nunca me diverti tanto descontando minhas frustrações atropelando pessoas que nem conheço. Foi um pouco sádico da minha parte? Talvez, mas e daí? Ninguém morreu, nem se machucou, então tudo bem.
Assim que fomos em todos os brinquedos, nos reunimos para tomar sorvetes. Camie-chan ficou na bicicleta de bolha, enquanto os outros foram comprar mais lanches e eu, obviamente, fiquei observando a roda-gigante um pouco afastada deles.
Eu podia sentir a brisa de um começo de tarde tocar meu rosto e balançar meus cabelos - também derretendo o sorvete em minha mão. Eu sentia uma tranquilidade inexplicável, uma vontade imensa de permanecer do jeito que eu estava: quieta, escutando pessoas se divertindo, degustando de um doce geladinho e, pela primeira vez em anos, com meu Mantra desativado. Não tinha porquê me preocupar, não haviam motivos. Era paz o que eu sentia. Virei o rosto minimamente para o lado e meus olhos logo fixaram-se em três pessoas específicas: Luffy, Chopper e Brook.
Oh, eram eles. Foram eles. Eles eram o motivo de eu me sentir assim. O bando dos Chapéus de Palha era a razão pela qual meu coração havia encontrado um refúgio de tantos problemas pessoais e familiares; era graças a eles que eu podia sentir meu coração ter alívio. Mas, Luffy... foi tudo, na verdade, graças a ele principalmente. Enquanto eu estava em Skypiea, todos sempre me olhavam com medo, com pavor e faziam o possível para me agradar, menos ele. O garoto com chapéu de palha foi a primeira pessoa a olhar para mim sem medo e, ironicamente, o primeiro a sorrir genuinamente na minha presença. Foi isso o que mais me intrigou nesse idiota, o fato de ele, desde o começo, mesmo sabendo quem eu era e o que eu fazia, me querer como sua companheira.
Não sei se nosso capitão é um irresponsável que faz as coisas sem pensar ou se ele realmente sabe quem merece estar na sua tripulação e ter o prazer de chamá-lo de capitão, também chamar a todos nós de "seus companheiros". Ri comigo mesma, sentindo uma gota do meu sorvete cair por minha mão e escorrer por minha pele, deixando-me um pouco melecada pelo líquido marrom claro. Não tardei em enfiar a sobremesa inteira na boca e estufar as bochechas, depois passar a língua no local que havia sujado.
Quando o sorvete desceu rasgando a minha garganta, senti uma agonia quase que insuportável na cabeça e gritei de desespero, levando ambas as mãos até minhas têmporas. Era isso que eles chamavam de ter o "cérebro congelado"? Caramba! Eles falam o que é, mas nunca como evitar.
Continuei resmungando com as mãos massageando todas as áreas possíveis da minha cabeça enquanto me virava para onde todos estavam e, naquele momento, meu corpo paralisou.
Camie-chan.
Cadê a Camie-chan?
Meu coração parou. Eu literalmente senti como se ele tivesse parado por um único segundo enquanto suor escorria por minha testa e meus olhos ficavam arregalados.
Levaram a Camie-chan.
Levaram ela justo no momento em que eu abaixei minha guarda.
Por malditos cinco minutos.
Todos ficaram desesperados e começaram a correr de um lado para o outro, gritando pelo nome da sereia de cabelos verdes enquanto tudo que eu conseguia fazer era ficar parada e olhando fixamente para o lugar onde ela estava e deveria estar naquele momento se eu não tivesse parado para perder tempo pensando em coisas fúteis ao invés de ficar reparando-a. Eu tinha dito a Papaggu que eu ficaria de olho nela, mas fui dar prioridade às minhas bobagens e a deixei sozinha.
Ela vai ser vendida e escravizada. Camie-chan, uma menina tão doce e gentil, que me aconselhou a esconder minhas asas para me proteger foi sequestrada sem que eu pudesse mover um único dedo para evitar que o pior acontecesse.
Caí de joelhos no chão e fiquei encarando o gramado com um olhar horrorizado. As únicas coisas que passavam por minha cabeça, era ela. Apenas ela. Apenas Camie-chan e sua voz amigável, me fazendo perguntas bobas sobre as Ilhas do Céu e eu lhe retribuindo com questionamentos sobre a Ilha dos Homens-Peixe. Nossa amizade fluiu tão rapidamente que tudo isso está me atingindo em cheio como uma pancada forte no estômago, como se eu estivesse prestes a perder outra pessoa que amo... não posso... eu não posso permitir. Nos conhecemos hoje, porém ela não pode viver isso! Eu não aguentaria viver sabendo que uma amiga está vivendo horrores como escrava.
• ʚĭɞ •
Começamos a nos reunir para efetuar a operação: "Resgatar Camie Com Força Total". Em pouco tempo ficamos sabendo que haveria um leilão de escravos no Mangue #1, "O Grande Leilão Mensal Humano" e que nossa amiga sereia seria leiloada lá para ser vendida como... escrava. Eu não entendia muito bem como funcionava o dinheiro do mar azul, os berries, porém sabia que minhas joias valiam uma boa quantia e não pensei duas vezes antes de voltar no nosso navio para pegá-las e colocá-las numa pequena sacola de pano, depois guardando em minha bolsa para... usá-las como moeda de troca se fosse preciso.
Se força bruta fosse possível, teríamos a recuperado no mesmo instante em que chegamos no local que ocorreria o leilão, mas não podíamos, ela estaria em perigo a partir do momento que colocássemos nossas mãos na maldita coleira. E, no fim, o que nos restou foi tentar salvá-la usando aquelas regras imundas e nojentas.
Ver todas aquelas pessoas sendo vendidas daquela forma, como se fossem meros objetos sem emoção alguma, sem ar em seus pulmões ou vida em seus corpos... foi horripilante. Eu sentia meu sangue ferver e minhas feridas latejarem por debaixo das ataduras. Se isso não colocasse em risco a vida das "mercadorias", eu iria obliterar cada canto deste lugar. Ia explodir tudo. Mandaria tudo e todos pelos ares. Cada vendedor, cada comprador e patrocinador. Não iria sobrar ninguém. Escravos? Nada além de meros humanos!? São vidas! Eu não aguentava aquela situação. Imaginar pessoas sofrendo pelo resto de suas vidas e obedecendo alguém por medo... isso me lembrava algo e era o que mais me doía e me fazia sentir empatia por todos aqueles escravos.
- A Camie também vai acabar assim!? - Papaggu perguntou em desespero, era nítido que, de todos nós, ele era o que mais estava sofrendo com aquela situação.
- Nós vamos reavê-la! Podem esperar! - a navegadora disse com determinação, se colocando à nossa frente e tomando a liderança do grupo.
- Mas o que faremos nesta situação? - Franky questionou, também curioso.
- Nós temos muito tesouro no nosso navio. Acho que temos bem uns 200 milhões. - ela, por fim, respondeu, virando-se de frente para nós. - Qual é o preço de uma sereia!?
- Isso deve ser o bastante, mas não tenho como lhe pagar! - Hachi interveio.
- Qual é, Hachi? Você é o guardião da Camie ou o quê? - Nami o encarou com um leve tom de raiva.
- Não é isso!
- Se para recuperar nossa amiga, não me importa o valor! - Nami disse, parecia mesmo disposta e todos concordávamos com sua atitude repentina. - Tudo bem por vocês!?
Todos assentimos com sua decisão e adentramos de vez no leilão, nos aproximando mais das cadeiras onde estava a plateia. As pessoas pareciam enlouquecer diante daquele cenário assustador. Os escravos tinham idades variadas e isso me fazia sentir vontade de vomitar. Crianças, idosos e adultos, principalmente mulheres jovens e, a maioria delas, não eram nem 5 anos mais velhas do que eu. Boa parte dos compradores eram homens ricos ou piratas asquerosos... que nojo. Que nojo! O que eles querem com essas mulheres? Encher o mundo de filhos de gente imunda como eles? Torná-las suas empregadas pessoais? Só de pensar em Camie-chan vivendo algo assim... a culpa volta a socar meu rosto com força. Segurei com força no cabo de Inazuma, sentindo a sua lâmina emanar pequenas faíscas elétricas e, se não fosse pelo perigo da coleira explodir e matar nossa amiga, eu tinha torrado esse mestre de cerimônias na hora.
Estávamos no leilão eu, Nami, Chopper, Franky, Sanji, Hachi e Papaggu, ainda faltavam Luffy, Zoro - que provavelmente estava perdido em algum lugar do arquipélago -, Brook, Usopp e Robin, também os Cavaleiros dos Peixes-Voadores. Com meu Mantra, eu podia senti-los se aproximando e, por mais nervosa que eu estivesse, fiquei um pouco aliviada pela aproximação deles estar sendo em alta velocidade.
- Não saia de perto de mim. - Sanji segurou com força em meu braço e me puxou para perto.
- O que aconteceu?
- Um Dragão Celestial entrou. - ele aumentou o aperto em meu braço. - Não olhe para o lado agora, por favor, minha anjinha.
- Certo... - sussurrei, engolindo seco.
Eu ainda não sabia corretamente quem eram os "Dragões Celestiais" - ou Nobres Mundiais -, mas tinha uma certa noção de que a presença deles era capaz de colocar até mesmo um almirante da Marinha de joelhos. Era difícil controlar o olhar, eu estava nervosa por Camie-chan e, agora, curiosa para ver um tal Dragão Celestial com meus próprios olhos, porém, vendo que até o cozinheiro do bando ficou tenso, precisei conter minha curiosidade e comecei a rolar os olhos por cada canto do leilão e evitar encarar o nobre que passava por nós.
Ao fazer isso, meu olhar se cruzou com o de alguém que, por algum motivo, tinha seus olhos fixos em mim. Um homem que parecia ser um pouco mais velho do que Zoro, mas bem mais novo do que Robin. Não sabia o nome dele, porém lembrava de já tê-lo visto em um cartaz de procurado.
Ficamos nos encarando por um tempo, enquanto o leilão continuava e nada de anunciarem a sereia de cabelos verdes, porém... pude dar uma boa olhada nele. Ele estava sentado de pernas cruzadas e com os braços apoiados nos assentos vermelhos postos para a plateia sentar-se. Sua pele era morena, mas parecia estar apenas bronzeado; seus olhos tinham uma tonalidade acinzentada ou azulada, puxada para uma cor mais ofuscada que eu não conseguia distinguir devido à pouca claridade do local; seus cabelos eram pretos e os pelos faciais da mesma cor; seu olhar era penetrante e me intimidou por alguns segundos, porém o encarei da mesma forma.
Em sua cabeça, havia um gorro branco com pintas marrons e ele usava um casaco amarelo de mangas pretas que portava uma Jolly Roger sorridente no meio dele - provavelmente era a bandeira de seu navio -, e sua calça jeans tinha um tom azul claro e, assim como no gorro que usava, também havia pintas no tecido. Pude notar também que, em suas mãos, havia algumas tatuagens e uma palavra se formava em seus dedos, em ambos os lados, direita e esquerda.
De repente, as luzes começaram a ficar coloridas e a plateia começou a se agitar, Sanji finalmente me soltou e notei que ele também havia se tornado apreensivo. Com isso, desviei minha atenção daquele magrelo esquisito e comecei a prestar atenção no que acontecia ao nosso redor. Olhei para o palco e as cortinas foram abertas novamente, com um enorme caixote coberto por um pano branco sendo puxado por alguns homens vestidos iguais ao mestre de cerimônias do leilão. Assim que o objeto misterioso foi colocado completamente no palco, um clarão surgiu naquela direção e revelou algo que fez as pessoas gritarem ainda mais: a sombra de uma sereia. Aquela era, sem nenhuma sombra de dúvidas, Camie-chan. Quando puxaram os panos, meu coração disparou ao vê-la num tanque de água, acorrentada como um animal feroz e com uma coleira no pescoço.
- Direto da Ilha dos Homens-Peixe, a sereia Camie! - o apresentador gritou, anunciando nossa amiga a todos ali presentes.
"É uma sereia jovem de verdade!" "Incrível!" "Que achado!"
Inúmeros comentários sobre ela eram feitos assim que ela foi revelada a todos e, por um único segundo, achei que eu fosse explodir de tanta raiva. Camie-chan parecia tão assustada e desesperada, ela olhava para todos os lados e se encolhia dentro do tanque enquanto, por sua linguagem corporal, parecia chorar. Novamente, apertei o cabo da minha foice e rangi os dentes, sentindo cada pedacinho do meu corpo estremecer de ódio e desespero por vê-la naquelas condições. Precisávamos comprá-la logo! Precisávamos dar um lance! Camie-chan precisava sair daquela situação antes que fosse tarde demais.
- Camie! - Hachi e Papaggu gritaram em uníssono. - Vão vender a Camie! - o homem-peixe disse, totalmente transtornado de preocupação.
- Certo, nós vamos recuperá-la! Temos 200 milhões aqui! - Nami disse com confiança.
- Colocaram uma coleira nela como se fosse um bicho selvagem... - murmurei com a voz trêmula.
Estávamos preparados para efetuar nosso lance, determinados a resgatá-la daquela situação, e eu jamais havia sentido tanta confiança como naquele momento. Uma convicção interior afirmava que deixaríamos o leilão com Camie-chan ao nosso lado... e se nosso tesouro não fosse suficiente, minhas joias o seriam! Estávamos decididos a salvá-la a qualquer custo.
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