
━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟰𝟰. 𝗡𝗮𝘀𝗰𝗶𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗮𝗿𝗮 𝗺𝗼𝗿𝗿𝗲𝗿.
━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Reino de Dressrosa.
Tudo o que Elisabette conseguia sentir era um desespero avassalador, um pavor que lhe consumia a alma e, acima de tudo, um pânico insuportável. Era como se o fardo do mundo estivesse sendo lançado mais uma vez sobre seus ombros, como se toda a responsabilidade recaísse unicamente sobre ela. Seu olhar atônito e aterrorizado permanecia fixo no rosto desolado de Bellamy, que se apresentava em um estado deplorável, coberto por um mar de sangue que escorria de sua testa, lábios e narinas. Os hematomas manchavam sua pele em tons sombrios de roxo e vermelho, enquanto lágrimas de vergonha e desamparo deslizavam por suas bochechas, refletindo a dor de sua situação desesperadora.
Seus olhos se encontraram, e ali, naquele instante trágico, Elisabette percebeu que desde o início ele sabia que ela estava em Dressrosa, mas jamais poderia imaginar que seu reencontro se daria em meio a tal calamidade.
Ela trincou os dentes com uma força descomunal, abaixando a cabeça para evitar que seus olhares se encontrassem, recordando-se do que um dia compartilharam e de como tudo entre eles havia se desenrolado até culminar naquela situação em que se viam, praticamente como... inimigos? Nem mesmo eles sabiam ao certo. O Hiena tinha plena consciência de que não conseguiria trair Doflamingo, apesar de tudo; assim como ela sabia que não seria capaz de abandonar seu capitão para ir ao encontro dele.
As palavras de Donquixote eram cruéis, proferidas com a intenção de ferir o ego e a dignidade do rapaz, agora colocado em uma posição humilhante diante deles. Ele nunca soltou as cordas que imobilizavam a platinada contra o chão, enquanto ela se recusava a escutá-lo, a lhe proporcionar o prazer de testemunhar sua humilhação sem que pudesse fazer nada para impedir. Todo aquele cenário... fez com que ela desejasse explodir em milhões de volts, obliterando cada canto daquele lugar opressivo e insuportável. O desespero pulsava em suas veias, clamando por libertação.
- Faça o que fizer, continuará sendo um brutamontes barato, Bellamy! - o Shichibukai gritou com um sorriso maligno, gargalhando alto, sem esperar que alguém protestasse contra suas palavras.
- O que está dizendo? O Bellamy mudou! - Luffy retrucou, sua voz ressoando repleta de raiva e indignação.
- Tudo bem... já basta. Mate-me de uma vez... - Bellamy murmurou com fraqueza, quase inaudível, seus olhos castanhos fixando-se nos do garoto de chapéu de palha, que parecia se indignar ainda mais com toda aquela cena.
Doflamingo gargalhou alto com o apelo angustiado e miserável de seu "fiel" seguidor, deixando Luffy tão enfurecido que não hesitou em gritar, enraivecido, e esticar um chute poderoso na direção de seu adversário. Entretanto, quando seu pé estava prestes a tocá-lo, o homem mais velho entre eles foi rápido o suficiente para puxar a birkan com suas cordas e lançá-la à frente do golpe, sendo atingida em cheio e arremessada contra a parede devido ao impacto.
- EITA, PREULA! DESCULPA, LIS!
- Awwn... - a jovem grunhiu, esparramada no chão enquanto se apoiava nos cotovelos e, de repente, se viu surgindo atrás do Cirurgião da Morte.
Quando Law olhou para trás e encontrou o profundo abismo azul de seus olhos, uma onda de frio percorreu seu estômago, arrepiando sua alma. Ele a viu mordendo os lábios com intensidade - um gesto que, embora não tivesse compreendido plenamente, ele sabia que revelava a luta interna dela para conter as lágrimas. Algo no ar lhe dizia que não apenas ela, mas também Luffy, haviam vivenciado experiências marcantes com aquele homem, Bellamy. De fato, os dois haviam enfrentado situações distintas e dolorosas.
Enquanto seu coração se contorcia com a ideia de que ela estava tão próxima e íntima de outro homem, uma sensação de aperto se instalou em seu peito ao testemunhar a angústia e o desamparo refletidos em seu olhar, como se estivesse à espera de tudo, menos daquela realidade cruel.
Que diabos Elisabette havia feito com ele? Em um dia, seu desejo era apenas que ela devolvesse tudo o que havia sido furtado; no dia seguinte, uma atração avassaladora o dominava, como se um ímã invisível o puxasse em direção a ela, cada vez mais forte e irresistível. E mesmo que tivesse a opção de resistir, ele sabia que se recusaria a fazê-lo.
Ele sabia que, se qualquer outra pessoa estivesse naquela situação, com a vida à mercê da sua, completamente vulnerável por causa dele, não hesitaria em aceitar a morte ou se ferir, mesmo ciente de que isso poderia trazer consequências àquela pessoa. No entanto, quando se tratava dela, de Elisabette... Law desejava tudo e nada ao mesmo tempo. Queria o caos, ansiava por ferir seus inimigos, vingar aquele que habitava seu coração com uma intensidade avassaladora, fazer justiça por sua família e amigos de Flevance. Queria causar dor e desgraça a todos ao seu redor... exceto a ela.
Ele desejava a morte, almejava apenas a paz, mas essa paz não poderia ser alcançada enquanto houvesse qualquer possibilidade de danificá-la.
Um espectro de assombro o envolvia. Seu passado o perseguia; o presente o aprisionava e, principalmente, o que poderia ser seu futuro o atormentava. Mais fracassos? Novas vitórias? Trafalgar não sabia; não tinha sequer uma pista. Contudo, uma certeza pulsava em seu íntimo: ele não desejava um mundo onde suas ações a conduzissem inexoravelmente para a morte injusta.
Foi então que, sem aviso prévio, Luffy decidiu agir ao iniciar um ataque com seu Gomu Gomu no Red Hawk, avançando com toda a força em direção a Doflamingo. O garoto com chapéu de palha estava enfurecido tanto pelas condições em que o Shichibukai havia deixado Bellamy quanto por ter sido persuadido a ferir sua companheira involuntariamente. Naquele momento, Law trocou de lugar com Doflamingo, deixando-o à mercê do ataque e, em seguida, dirigiu-se diretamente a Trebol, utilizando o Radio Knife, que resultou no maior sendo fatiado em várias partes.
Porém, era esperado que nada conseguisse ferir Doflamingo a ponto de fazê-lo recuar, e ele não tardou a criar mais um clone para lutar contra o Chapéu de Palha. Utilizando Bellamy, sob seu controle, para contra-atacar sempre que o moreno cicatrizado se aproximava dele, Doflamingo não se furtou a golpeá-lo de volta, satisfeito ao observar o olhar fulminante nos olhos do garoto. Law e Elisabette lutavam juntos contra Trebol, que tentava a todo custo prendê-los com suas gosmas viscosas (N/A: OH NOJEIRA, PODE IR ME TIRANDO 😭💀); no entanto, os dois jovens mostravam-se capazes de lidar com toda a meleca proveniente do executivo.
A jovem de cabelos platinados sentiu um fraquejar nas pernas e não tardou a tropeçar nos próprios pés, caindo de joelhos no chão. Ela não teve tempo de proteger o Cirurgião da Morte de um ataque certeiro, o Strong Light, que partiu das mãos do Shichibukai e atingiu agulhas afiadas de cordas no ombro do tatuado, fazendo-o cair imediatamente ao chão. Os olhos dela se arregalaram, e ela usou todas as forças em suas asas para defender Luffy ao vê-lo sendo golpeado e arremessado na direção de Bellamy, que estava com espadas apontadas para ele.
Colocada entre a cruz e a espada, Elisabette encarou Law e, em seguida, seu capitão, sentindo a cabeça latejar em confusão devido à adrenalina. Antes que pudesse pensar, lançou-se à frente de Luffy e recebeu dois cortes no peito, caindo logo depois. No mesmo instante em que viu sua companheira caída no chão, não muito longe de seu aliado, Luffy sentiu tudo ao seu redor estremecer. Quando avançou novamente contra Donquixote, foi puxado pelas gosmas de Trebol e socado brusca e fortemente contra o chão, formando uma cratera prestes a se romper abaixo de seu corpo.
- Acham que conseguiriam vencer? Apenas de pensar que três pivetes como vocês se permitiram acreditar, mesmo que por um momento, que podiam me derrotar é uma humilhação insuportável! - disse o loiro de forma zombeteira, esboçando um sorriso de escárnio em seus lábios. - Escutem bem. Eu descendo de uma das mais nobres linhagens do mundo... os Tenryubito!
"Somos superiores simplesmente por termos nascido. Eu possuía o mais raro dos poderes do mundo."
"Entretanto, meu pai abandonou esse poder supremo no mundo em que nascemos, e nós quatro viemos morar neste mundo de esterco!"
"Que se dane esse discurso de 'viver como humanos!' Meu pai era um imbecil! O que acham que aconteceu?"
"Ao completar dez anos, eu já havia visto o céu e o inferno! Foi quando matei meu pai, o responsável por tudo, e retornei a Mariejois com sua cabeça! Mas... os Tenryubito do paraíso jamais aceitariam uma família de renegados!"
"Eu sabia que não havia como fugir do inferno... e naquele instante, jurei... jurei que destruiria tudo o que eles dominam neste mundo!"
"A minha vida foi completamente diferente da de vocês! Eu não tenho tempo para brincar com crianças!"
ᘡTrafalgar Law, Cirurgião da Morte. ❪O ponto de vista dele❫
Por fim, minhas deduções estavam, de fato, corretas. Doflamingo não era apenas um desgraçado que sentia prazer e satisfação em fazer as pessoas ao seu redor sofrer; ele também era um Tenryubito - o que acabou por justificar todas as vezes em que se comportou de maneira abominável com aqueles que demonstravam o mínimo de felicidade que não fosse decorrente de suas artimanhas. Tudo estava em um caos, um caos diferente daquele que eu desejava causar. Mugiwara-ya estava praticamente rendido, com as mãos atadas nas costas, enquanto precisava lutar contra Bellamy e um clone, ao mesmo tempo em que Elisabette-ya tentava, a todo custo, evitar que Doflamingo continuasse a me causar danos fatais.
Quando Mugiwara-ya finalmente atravessou o chão e foi lançado para o piso abaixo de onde estávamos, Elisabette-ya também foi rendida ao ser agarrada pelas gosmas de Trebol, que não tardou a jogá-la ao meu lado, fazendo com que a garota rolasse várias vezes até parar, batendo as costas contra o pequeno muro. Naquele momento, percebi que tudo estava perdido e que todos os anos de planejamento e cálculos haviam sido em vão.
Eu não me importava com mais nada, nem com as respirações ofegantes de Elisabette-ya, nem com a decepção que Doflamingo dizia sentir, tampouco com os poderes milagrosos da Ope Ope no Mi. Nada mais importava e, mesmo assim... eu não conseguiria ficar parado sem fazer nada. Eu precisava lutar.
Por mais que eu odiasse admitir, uma parte de mim ainda pertencia à Família Donquixote. Não importava o quanto eu tentasse negar; eu sabia que fazia parte deles e sentia meu estômago embrulhar ao ter que aceitar esse fato. Se sou o que sou, foi porque eles me moldaram e me fizeram ser quem sou hoje. Querendo ou não, eles eram uma parte de mim. Se eu sabia esgrima, era graças a Diamante; se eu sabia lutar, era pela arte marcial de Lao G; e se minha mira era perfeita, era devido ao Gladius. Tudo o que aprendi foi com eles, mas... se estou vivo, é pelo sacrifício de Corazón.
- Sou muito grato a você! Com todo este poder, poderei derrotá-lo! - gritei, sentindo o peito queimar em raiva e desespero, desejando a todo custo acabar com tudo isso de uma vez por todas.
As lágrimas dos meus pais, da minha irmã, da madre e as de Corazón serão todas enxugadas quando eu acabar com esses malditos que tentam se sobressair sobre o sofrimento dos mais fracos politicamente. O choro de cada um deles será ouvido quando tudo isso finalmente terminar, e eu preciso pôr um fim a isso. Deixou de ser apenas um desejo; tornou-se uma necessidade que não posso ignorar. Não importa quanto tempo leve ou quantas vidas sejam perdidas no processo, os Tenryubito um dia cairão, e a queda deles começará com um de seus renegados: Donquixote Doflamingo.
Cora-san, finalmente serei livre... quando realizar o seu sonho! Quando eu deter Doflamingo!
Minha luta contra ele estava quase em pé de igualdade, não fossem algumas quedas frequentes de ambas as partes, nas quais, em determinados momentos, eu conseguia levá-lo ao chão sem dificuldades, enquanto ele me arrastava com facilidade. Por outro lado, Elisabette-ya parecia ter todas as vantagens a seu favor, uma vez que, apesar das pernas aparentemente enfraquecidas pela Febre das Árvores, ela ainda demonstrava estar tão veloz quanto de costume, o que lhe conferia uma vantagem para escapar das amarras de Trebol e acertá-lo nas partes não cobertas de gosma.
O fato de os três termos um D. em nossos nomes era o que me proporcionava aquele fraco lampejo de esperança. Os membros do clã D. são inimigos jurados dos Deuses, o que nos tornava, de certa forma, uma ameaça para o Governo Mundial, que tanto defende os "descendentes" dos Deuses - os Tenryubito. Nós três éramos uma ameaça de grande potencial para Doflamingo, e eu sequer sabia o porquê, mas compreendia o quanto isso poderia afetá-lo. Não estava disposto a utilizar todas as cartas na manga apenas para vê-lo se perder na própria loucura e insanidade.
- Meu verdadeiro nome é Trafalgar D. Water Law.
- D.? - escutei o murmúrio alto da sentinela, notando seu olhar azulado e assustado fixo em mim.
- Você é um D.? É esse o seu nome secreto? Está me dizendo que é seu destino estar aqui!? - foi dito e feito: Doflamingo veio em minha direção como um zangão carregado de fúria.
Ele havia sido estúpido e ingênuo o suficiente para se deixar levar pela raiva e ficar ao alcance dos meus poderes, oferecendo-me a oportunidade perfeita para abrir uma Room que englobasse apenas nós dois, permitindo-me atingi-lo em cheio com um Injection Shot no abdômen. A princípio, isso não pareceu surtir efeito algum. Doflamingo saltou, e eu fui em sua direção com um Counter Shock, mas ele desviou, embora eu tenha sido rápido o bastante para abrir outra Room e cortar uma parte da torre com o Takt.
Havíamos novamente iniciado outra troca de golpes que pareciam não ter fim, nem mesmo um único ou minúsculo sinal disso. No entanto, eu não me importava; tudo o que eu queria era ferir e desgastar aquele bastardo o máximo que pudesse. Eu desejava vê-lo gritar de dor e chorar por se sentir à beira da morte. Eu apenas queria que Doflamingo sentisse na pele tudo o que um dia experimentei por culpa dele e de seus semelhantes.
Contudo, quando estava prestes a lhe arrancar o coração com o Mes, ele conseguiu agarrar meu pulso com força e me deter no ar.
- Você não consegue enxergar a situação de fora. Preocupa-se tanto com os detalhes que não consegue aproveitar o momento. Você ainda não puxou o gatilho. - disse ele, sorridente, olhando em meus olhos com prazer ao me ver à sua mercê. - Na verdade, ainda nem pôs o dedo no gatilho. Quanto mais fraca a pessoa é, mais permite que a dor alheia a destrua. Se quisesse realmente me matar, deveria continuar incitando o conflito entre Kaido e eu.
Cada palavra proferida por Doflamingo era como uma martelada na cabeça ou um tiro no peito. Eu não me importava com nada, ou pelo menos tentava não me importar. Passei anos da minha vida usando a máscara de uma pessoa fria e calculista que não se importava com nada nem com ninguém, enquanto, no fundo, eu não sou merda nenhuma. Não sou um homem; sou um menino. Sou apenas a porra de um menino assustado e sem rumo algum na vida.
Doflamingo então esticou a perna para o alto e pousou a panturrilha em meu braço, começando a se lançar na direção do chão, comigo preso a ele. Entretanto, ao chegarmos ao solo, não pude evitar sentir uma dor insuportável e dilacerante no mesmo instante em que meu braço foi decepado pelas cordas afiadas dele, fazendo-me gritar desesperadamente e agonizar de dor ao sentir o sangue começar a escorrer pelo ferimento agora aberto em meu corpo. Meu pânico apenas aumentou quando o vi novamente sacar uma pistola e apontá-la para mim.
Escutei Trebol rir enquanto Elisabette-ya apenas ficou paralisada, me encarando em choque, seus olhos alternando entre observar meu rosto e meu braço cortado, agora caído ao meu lado, enquanto eu tentava conter o sangramento de forma falha e miserável. A determinação de Doflamingo não diminuiu nem mesmo quando o corpo de seu clone foi arremessado do andar em que o Mugiwara-ya estava lutando, fazendo-o apenas rir diante da situação.
Tentei aproveitar um momento de distração de Doflamingo para pegar Kikoku e tentar novamente atingi-lo com um Counter Shock, o que, por um breve instante, pareceu funcionar até eu me dar conta de que não havia surtido efeito. Fui retribuído com uma enxurrada de cortes nos ombros e no abdômen, não vendo nada além de clarões cegantes e meu sangue voando como água no ar. Fui jogado contra o muro de forma brusca e bati as costas na parede baixa de tijolos, sendo capaz de escutar o estalar de cada osso que formava minha coluna. Novamente, Doflamingo apontou a pistola para o meu rosto, quase a pressionando contra minha testa.
- Sua morte é inevitável. Morrerá em vão, como um vira-lata! Mas, se você vai mesmo morrer, por que não tiramos proveito disso? - ele murmurou ao tocar meu peito, aproximando-se de meu ouvido para sussurrar mais baixo, embora ainda audível. - Será bom para nós dois. Só vou dizer isso uma vez. Preste atenção, Trafalgar D. Water Law. Execute em mim a técnica suprema da Ope Ope no Mi... a Cirurgião da Juventude Eterna. E depois, morra. Em troca, garantirei um desejo seu, seja ele qual for. - pude notar um sorriso ladino nos lábios dele ao lançar um olhar de canto para a pirralha do bando do Chapéu de Palha, que ainda nos encarava atônita e atenta.
- Se vai mesmo fazer isso... é uma ótima ideia! Será bom para nós dois. Certo, eu aceito!
No momento exato em que terminei de falar, vi a expressão de choque de Elisabette-ya mudar para desespero e pânico. Ela podia ser lenta para entender as coisas a ponto de se tornar ineficaz, mas era esperta o suficiente para compreender toda a nossa conversa desde que tudo começou a envolver morte e vida eterna.
- Então, traga Corazón de volta à vida, agora! Depois disso, você deverá beijar os pés de cada pessoa deste país! - sorri de volta, observando os dois homens engasgarem. - Não adianta acreditar nele? Só pode estar de brincadeira! Quem não tem noção do perigo é você, Doflamingo! Os Chapéus de Palha já realizaram diversos milagres. Você não será capaz de derrotar o Mugiwara-ya! Tampouco conseguirá recuperar o Caesar dele!
- Law! Como se atreve a dizer isso ao Doffy!?
- É o seu futuro que está por um triz... - e fui baleado.
- TRAL-SAN! - escutei o grito dela, mas não tive forças para encará-la.
- O que está escrito em suas costas... "Corazón"? Está tentando zombar de mim? - ele bradou, sua voz carregada de indignação. - Quem você pensa que é para chamar seu bando de Piratas de Copas!? - dois tiros ecoaram. - Você sequer assumiu o título de Copas! Por que ostenta o naipe!? - Quatro tiros seguiram-se.
Sete disparos foram suficientes para me fazer tombar de bruços, quase desfalecido no chão, a vida escorrendo de meu corpo em um mar de sangue. Mesmo enquanto a consciência se dissipava, ainda podia ouvir o som do gatilho sendo puxado, um aviso sombrio de que, mesmo sem balas, Doflamingo ainda desejava me ferir, contido apenas pela falta de munição. Ouvi um grito distante, vindo de Elisabette-ya, até que a senti agarrar-me e virar meu corpo para fitá-la.
Minha visão estava turva e a sensação de que minha vida se esvaía tornava-se cada vez mais palpável; no entanto, eu não poderia partir. Não enquanto a dela ainda estivesse em minhas mãos. Seus olhos estavam arregalados, e seu semblante refletia um pânico absoluto, enquanto ela me balançava e clamava por mim, alheia ao fato de que o movimento frenético do meu corpo apenas intensificava minha hemorragia. Conhecendo-a como conheço, sabia que ela não tinha consciência disso; mas mesmo se tivesse, continuaria a me agitar na esperança desesperada de me trazer de volta à realidade. Afinal... ela sempre foi assim.
Não desejava assustá-la, mas era imperativo que Doflamingo e Trebol acreditassem que eu estava prestes a sucumbir. Caso contrário... teria feito tudo o que estivesse ao meu alcance para acalmá-la, mesmo que fosse apenas por um momento fugaz. Sabia que isso poderia ser suficiente para dissipar o medo profundo que estampava seu olhar.
"So don't make me sad, don't make me cry
Sometimes love is not enough and the road gets tough
I don't know why..."
Senti-a colocar-me no chão e, em seguida, ela apanhou sua foice, não demorando a liberar faíscas tanto de seu corpo quanto da lâmina prateada. Elisabette-ya parecia tomada por uma fúria desesperadora em razão da minha situação, ciente de que eu estava praticamente morrendo e que, assim, não poderia evitar o desfecho trágico que também resultaria em sua própria morte. Ignoro o que ela planeja ou o que acredita ser capaz de realizar; apenas sei que, independentemente de suas ações, elas não poderão nos salvar. Porque eu não consegui nos salvar.
Foi então que vi, de relance, Doflamingo pegar uma pequena caixa de munições feitas de chumbo e carregar uma única bala em sua pistola, enquanto me encarava no chão com um olhar sério - nem mesmo havia um vislumbre de seu sorriso ladino e debochado. Elisabette-ya o observava, atenta a cada movimento, até o momento em que, ao tossir sangue, ela se virou para me encarar, assustada, largando tudo para vir até mim mais uma vez. Um erro.
"Keep making me laugh, let's go get high
The road is long, we carry on
Try to have fun in the meantime..."
- Elisabette-ya... fuja... para longe... - tentei murmurar, mas tudo o que ela fez foi morder os lábios com força e franzir o cenho.
- E te deixar aqui para morrermos? Sem chance!
- Eu... eu não vou... eu não vou morrer... eu prometi... que não ia... deixar... você... morrer...
- Não é o que está parecendo! - teimosa como sempre, ela tentou me carregar, mesmo fraca. - Vou tirar você daqui!
Doflamingo então deu um passo à frente, apontando a arma para ela; no entanto, ela pareceu não perceber, e eu estava sem força ou energia para nos teletransportar para longe.
- Eu vou tirar você daqui, tudo bem? Eu sei que é difícil, mas você pode confiar em mim? - ela sorriu.
- Desde o momento em que a vi, fiquei verdadeiramente encantado com sua beleza e aparência... contudo, o que mais chamou minha atenção foi esse casaco de penas que você está usando... me lembra alguém que eu não suporto pensar. - disse Doflamingo. No instante em que ela se virou para encará-lo...
Ele disparou contra o rosto dela.
Senti o peso do corpo dela caindo contra o meu peito, e, utilizando as poucas forças que me restavam, ergui a cabeça para encará-la. O que vi me paralisou: sangue escorria do buraco da bala em seu olho direito, e não tardou a jorrar em grandes quantidades. Doflamingo, com um gesto frio, a empurrou lentamente com o pé, fazendo-a rolar para o meu lado. Ela ainda estava viva, encarando-me com seu olho esquerdo, que, pouco a pouco, parecia perder o brilho da vida.
"Come and take a walk on the wild side
Let me kiss you hard in the pouring rain
You like your girls insane..."
Meu coração acelerou enquanto ela me olhava com um misto de pavor e desespero, sua sanidade se esvaindo a cada segundo que passava, incapaz de gritar ou mesmo pronunciar uma palavra diante da dor insuportável que a consumia.
Ela mordia os lábios e cerrava os punhos, enquanto seu olho começava a cintilar, lágrimas finas e pequenas se formando e escorrendo por seu rosto.
Íamos morrer. Eu e ela.
Não havia mais nada que eu pudesse fazer, nem por mim nem por ela. O desespero se apoderava de mim, e a impotência se tornava uma sombra inescapável em nosso destino trágico.
"Choose your last words, this is the last time
'Cause you and I
We were born to die..."
Por fim, os olhos dela começaram a se fechar lentamente, e pude perceber que seu corpo, antes vibrante de vida, estava perdendo todas as forças. Foi nesse momento que ela pareceu apagar-se de vez. A incerteza me consumia: estaria ela morta ou apenas à beira da morte? O único pensamento que consegui processar foi a amarga constatação de que... eu falhei. Foram dias e mais dias em que a ouvi falar desesperadamente, entre risos nervosos e promessas de que não sucumbiria à Febre das Árvores, apenas para vê-la partir, sacrificando-se na tentativa de me salvar.
Porra!
Mais uma vez!
E de novo.
Sempre haverá aqueles dispostos a morrer por mim, sem que eu tenha pedido ou sequer ponderado sobre o que realmente desejava.
Impulsionado por um desespero avassalador, levei minha mão até a dela e apertei-a com toda a força que me restava.
Se o nosso destino era a morte, que enfrentássemos esse fim juntos.
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