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━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟯𝟰. 𝗖𝗵𝗮𝗺𝗮𝗱𝗼 𝗱𝗼 𝗦𝗶𝗹𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗼.

𝗡𝗢𝗧𝗔 𝗗𝗘 𝗘𝗫𝗧𝗥𝗘𝗠𝗔 𝗜𝗠𝗣𝗢𝗥𝗧𝗔𝗡𝗖𝗜𝗔: O conteúdo a seguir contém cenas envolvendo vômito e sangue. Caso haja algum tipo de sensibilidade, recomendo que pule diretamente para os parágrafos finais para evitar qualquer desconforto ao ler.







━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; em algum lugar do mar.

Robin estava com Elisabette na sala de estar do Thousand Sunny, ambas sentadas no grande sofá em frente ao aquário. Alguns peixes nadavam ali, enquanto outros apenas observavam as mulheres com seus olhos arregalados e curiosos, fixos nos seios voluptuosos das duas. A arqueóloga segurava um livro didático, ensinando a mais jovem a escrever com mais precisão, uma vez que ela sabia escrever algumas palavras, mas com letras desorganizadas e, na maioria das vezes, inelegíveis.

De fato, Elisabette havia melhorado consideravelmente, embora ainda cometesse alguns erros em letras aqui e ali. A birkan tinha escrito alguns nomes, as letras do alfabeto e também os números de um a dez. Nico Robin sentia seu coração aquecer sempre que percebia a evolução de sua eterna menina, sentindo-se orgulhosa ao vê-la sorridente ao escrever corretamente o nome de algum companheiro, não se importando tanto se alguma letra estivesse de cabeça para baixo ou virada para o lado oposto. Para ela, o simples fato de a platinada ter escrito o mais próximo do correto já era suficiente para fazê-la sorrir de orgulho.

- Eli-chan.

- Sim?

- Você está bem? - perguntou a mulher mais velha com um sorriso, sua mão movendo-se até o rosto da mais jovem para colocar uma mecha de cabelo atrás de sua orelha. - Você emagreceu alguns quilinhos.

- Ah, é mesmo? Nem reparei. - Elisabette levantou as sobrancelhas com surpresa, depois olhou para o próprio corpo com um olhar confuso.

- E está dormindo demais também. Sabe, isso não é comum em você. - Robin observou, fechando o livro e colocando-o sobre suas coxas.

- Bem... eu só estou um pouco cansada esses dias. Não é nada sério.

‐ Verdade?

- Absoluta!

- Não está mentindo?

- Necas de pitiririba!

- Venha aqui, venha. - a morena abriu os braços, convidando a jovem para um abraço e, sem hesitar por um instante, ela a abraçou.

Elisabette envolveu a cintura da mais alta com os braços, enquanto Robin, por sua vez, envolveu os ombros da jovem com os seus, repousando o rosto sobre os cabelos platinados da mais nova. Suas mãos acariciavam delicadamente a cabeça de Elisabette, depositando beijos suaves em sua testa, como se estivesse cuidando de uma criança pequena e indefesa - e, talvez, apenas talvez, Robin a enxergasse dessa forma, uma menina que necessitava de seu abraço, de seus beijos, de seus cuidados e, acima de tudo, de seu colo acolhedor.

Enquanto estava aninhada nos braços da companheira, a jovem de cabelos platinados sentiu sua mente se encher de pensamentos que a assombravam, rememorando tudo o que havia ocorrido nos últimos dois anos.

Ela sentia como se sua cabeça fosse um verdadeiro inferno. Tantas coisas em tão pouco tempo para processar e sem ninguém em quem realmente pudesse confiar para compartilhar seus sentimentos. Ela sabia que, se desabafasse, seus companheiros apenas a olhariam com aquele olhar de pena que tanto detestava, um olhar que a fazia sentir-se uma idiota vulnerável. Embora gostasse de ser a coitadinha que recebia atenção por estar sofrendo ou ter sofrido, Magni ainda desejava... compreensão.

Não uma compreensão superficial, pois sabia que ninguém seria capaz de entendê-la verdadeiramente. Afinal, como poderiam entendê-la se sequer haviam passado por algo semelhante? Era doloroso, mas Elisabette sabia que ninguém poderia compreender o que ela sentia em relação à sua vida, a Enel, a Skypiea e a si mesma. E... ela estava bem com isso. Ela havia aceitado tal fato. Ela havia aprendido a lidar com a realidade de que jamais teria alguém com quem compartilhar seu sofrimento, sua dor. Havia aprendido que, naquele mundo, sua dor era somente sua e de mais ninguém. Seus companheiros estavam ali, mas o que poderiam dizer? Nunca olhavam para ela com verdadeira compreensão quando falava sobre Enel ou fazia insinuações sobre ele, e isso doía. O olhar deles, o olhar de pena, como se fosse um tabu o fato de que ela amava o pai apesar de tudo.









Naquele dia, horas mais tarde, quando o sol começava a se pôr, os Chapéus de Palha, como de costume, estavam reunidos no convés em pequenos grupos, ocupados com suas atividades diárias. Alguns pescavam, outros riam e cantavam, enquanto alguns poucos simplesmente aproveitavam o fim do dia.

Elisabette e Law estavam juntos, apoiados na amurada, observando o pôr do sol em silêncio, desfrutando da calmaria do final de tarde. Desde que o aliado de seu capitão havia garantido que a ajudaria, eles começaram a passar mais tempo juntos, conversando sobre a evolução da Febre das Árvores em seu corpo, com ele lhe administrando alguns medicamentos na esperança de retardar o avanço da doença, ou simplesmente ficando assim, em silêncio, mas unidos. Embora ainda não fossem amigos ou colegas, apesar de ela já o considerar como tal, haviam aprendido a apreciar a companhia um do outro.

- Posso perguntar uma coisa? - a mais nova sussurrou, com o queixo apoiado nos braços, que descansavam sobre a madeira da amurada do navio.

- Já está perguntando. - ele a encarou de soslaio e notou seus olhos arregalados, como se estivesse prestes a atacá-lo. Law estalou a língua e revirou os olhos. - O quê?

- Você acha que eu emagreci?

- Um pouco. - murmurou, olhando-a dos pés à cabeça e analisando seu corpo, notando que, de fato, a magreza estava visível, mesmo que não fosse tão nítida.

- Mas que mer... - ela se calou, não terminando sua frase.

- Pode xingar se quiser, não é como se eu fosse brigar com você por isso.

- O Franky diz que é feio xingar... - Elisabette encolheu os ombros, seus olhos azuis buscando os dele em busca de algum consolo, mas encontrando apenas desdém, o que a fez franzir o cenho.

- Não vou contar a ele.

- Não?

- Não.

Elisabette deu-lhe um sorriso suave, um gesto que fez Law erguer as sobrancelhas em surpresa. Ele não esperava que ela ficasse tão feliz apenas por ter a liberdade de falar palavrões em sua presença, sem temer que ele contasse aos seus companheiros de bando. Law não compreendia completamente, mas notava que ela sempre parecia se conter em certos comportamentos diante de seus amigos, seja ao rir ou ao expressar certos pensamentos, como se estivesse constantemente temerosa. Embora ele não a conhecesse tão bem, algo em seu íntimo dizia que ela própria se reprimia.

Ela, por outro lado, desviou o olhar do dele e passou a contemplar o sol que começava a se esconder por trás do mar. O crepúsculo alaranjado e rosado refletia em seus olhos azulados, como se eles próprios houvessem capturado aquelas cores, conferindo-lhes um brilho quase único e vívido. Os últimos raios solares daquele dia cintilavam em suas mechas loiras, tornando-as mais destacadas, como se elas próprias fossem a luz do sol em meio às nuvens brancas que eram seus fios platinados.

Os pensamentos da jovem estavam distantes, perdidos em um lugar longínquo, alheios a todos ao seu redor, mas, como sempre, centrados nele - em Enel. Por mais magoada que estivesse, por mais rancor que houvesse em seu peito e por mais perguntas que se acumulassem em sua mente, ela se sentia incapaz de odiá-lo. Tudo o que lhe restava era sofrer em silêncio pela ausência daquele que lhe deu o "dom da vida", como ele costumava dizer.

Seu olhar encontrou a lua no céu, ainda pequena e sem luz para refletir, apenas presente. Elisabette manteve-se quieta, observando o satélite, imaginando como seria estar lá, naquele lugar que por muitos anos chamou de Fairy Vearth, pois acreditava tanto em seu pai a ponto de crer que a lua era chamada assim. Que ingênua, não? Quantas outras mentiras ele havia lhe contado que ela ainda acreditava, como uma criança inocente que confia cegamente nas palavras dos pais? Oh, pobre criança tola que ela costumava ser e, de certa forma, ainda era. Uma mulher tola. Fútil. Acreditava em tantas coisas bobas, tantas mentiras. Quão imbecil ainda era? Elisabette se questionava todos os dias, a todo momento.

Deus era aquele capaz de segurar raios, em cuja presença tambores ressoavam. E era isso que ela via em seu pai, era essa a razão pela qual acreditava que ele era um deus, aquele a quem ela deveria servir, diante de quem deveria se ajoelhar e adorar.

Mas se ele era tão poderoso, por que foi derrotado? E, principalmente, se ele era seu pai, por que não voltou para procurá-la? Ela havia passado três dias e quatro noites esperando por ele, porém... Enel não voltou. Ele se foi. Ele foi embora, deixando-a para trás, sozinha, desolada, sem ninguém para cuidar dela ou protegê-la. Isso é, até que aquele garoto com chapéu de palha a encontrou sentada, envolta em seu casaco, estendeu a mão para ela e disse: "vamos". Elisabette recusou. Lutou para não ir. Gritou, brigou e até mesmo tentou tirar a própria vida, entretanto... Monkey D. Luffy não lhe permitiu morrer.

- Minha Anjinha. - Sanji surgiu de repente, estendendo uma bandeja com uma taça de suco. - Para você, querida.

- Obrigada, Sanji. - ela sorriu gentilmente, acenando com a cabeça e observando-o segurar sua mão para beijar-lhe o dorso.

- O que deseja comer durante seu turno? Já deixarei preparado, pois sei que logo irá dormir para retornar à meia-noite.

- Onigiri, por gentileza.

- Onigiri? - o loiro a olhou confuso, mas não deixou de manter o sorriso em seus lábios. - Achei que não gostasse.

- Eu gosto, mas... sem umeboshi, por favor.

- Certo. Deixarei alguns onigiris preparados para você, mas os esconderei na geladeira para que, você sabe quem, não os coma e deixe nada para você, Minha Anjinha. - ele disse, dando um último beijo terno em sua mão antes de girar nos calcanhares e caminhar rebolando até Nami e Robin, seus olhos exibindo grandes corações saltitantes.

- Você vai ficar de vigia hoje também?

- Antes era por causa do Caesar, mas agora também preciso ficar de olho em você. - Law respondeu em um tom monótono, encarando-a de soslaio. ‐ Não posso arriscar dormir e deixar que você se engasgue com o próprio sangue. Seria patético.

- Que gentil... - ela murmurou com ironia, um beicinho se formando em seus lábios.

Trafalgar a observou com o cenho franzido, notando como suas bochechas inflavam junto com o beicinho. Ele a amaldiçoava mentalmente por sempre deixá-lo com as pernas fracas quando a via fazendo aquela expressão que ele detestava achar fofa. Quer dizer, quando foi que ele começou a reparar que as bochechas dela sempre ficavam mais cheias quando comprimia os lábios em um bico? Ou que seu sorriso era um pouco torto por causa dos dentes ligeiramente separados e quebrados? O moreno de pele tatuada imediatamente engoliu em seco e colocou a mão no rosto dela, afastando-a, para então voltar a encarar o pôr do sol e a luz da lua surgindo no céu em meio às estrelas.









Law estava recostado no mastro do navio, vestindo uma camisa de mangas compridas preta com a pequena Jolly Roger dos Piratas de Copas estampada no lado esquerdo do peito, na direção de seu coração - irônico, por assim dizer. Seus braços estavam cruzados sobre o busto, com sua espada apoiada ao lado, enquanto observava Caesar Clown roncar como uma baleia sofrendo de dor. Seu rosto exibia um semblante cansado e exausto como de costume, as olheiras abaixo de seus olhos acinzentados mais nítidas na penumbra daquela noite, em que a lua, embora presente, estava escondida por trás das nuvens, assim como as estrelas, cujo brilho também era ofuscado por elas.

Já havia passado da meia-noite; ele podia perceber isso pelo silêncio que envolvia o Thousand Sunny. Nem mesmo as vozes dos tripulantes eram ouvidas vindas da cozinha, o que certamente indicava que todos estavam dormindo, inclusive ela.

Não que ele estivesse preocupado ou ansioso para vê-la; desde quando ficava esperando que ela aparecesse sempre que chegava aquele horário? Law apenas havia se acostumado com a presença dela, mesmo que isso significasse ficar até as seis da manhã escutando as tolices que ela dizia, aturando sua risada escandalosa ou os tapas que ela lhe dava quando ria, que ele nunca esperou que pudessem ser tão fortes ou pesados vindos de mãos pequenas e esguias como as dela.

E falando no diabo... Elisabette finalmente apareceu. Seus cabelos, normalmente soltos, estavam presos em uma trança desgrenhada e bagunçada, com um fio de saliva que ia do canto direito de seu lábio até o queixo, indicando que havia acabado de acordar. Ela vestia apenas uma camisola branca diferente das que costumava usar; era um pouco mais larga e longa, indo até os pés e com mangas compridas que cobriam parcialmente suas mãos, deixando visíveis apenas a ponta de seus dedos e as unhas pintadas. Quem a visse de longe poderia jurar que era um fantasma. Em uma das mãos, ela segurava uma pequena vasilha envolta em um pano e um laço, provavelmente um bentô.

Law ficou em silêncio, observando-a se aproximar dele com passos lentos até que ela se jogou no chão para se sentar, encostando-se folgadamente ao seu ombro. Ele estreitou os olhos e a encarou com o cenho franzido, ainda aprendendo a lidar com seus toques inesperados que, aos poucos, estavam se tornando comuns. Era sempre assim. Elisabette o abraçava do nada, apertava sua mão para cumprimentá-lo, dava tapinhas em suas costas ou braço, pedia "toca aqui", e ele, desde que havia começado a passar mais tempo com ela, apenas aceitava tudo em silêncio.

- Onigiri. - ela abriu a vasilha e mostrou a ele os bolinhos de arroz bem feitos pelo cozinheiro do bando, estendendo a vasilha para que ele pegasse um. - Pedi sem umeboshi, lembra? Pode comer também, tem o bastante para nós dois. - sorriu fracamente.

- Ah... valeu. - respondeu com um tom fraco de surpresa, pegando um e dando uma mordida cuidadosamente para ter certeza de que não havia aquele bendito ingrediente que ele detestava, confirmando que realmente não havia.

- Pedi muito porque sabia que você ia ficar aqui hoje.

- Obrigado. - ele sussurrou, sentando-se ao lado dela e pegando outro onigiri.

- Por nada! ♡

Enquanto comiam em silêncio, os dois estavam sentados lado a lado, observando o céu noturno. O som suave do mar contra o casco do navio era a única música que os acompanhava. As estrelas começavam a surgir lentamente de trás das nuvens, pontuando o céu com seu brilho tímido. Trafalgar mastigava seu onigiri de forma pensativa, ocasionalmente lançando olhares furtivos para o Anjo da Morte. Ele não podia deixar de notar como a luz suave das estrelas refletia nos olhos dela, criando um brilho cintilante que parecia hipnotizar seus sentidos. Cada piscada dela era como um brilho fugaz das estrelas, um vislumbre efêmero da vastidão do universo que parecia se encantar em seus olhos azuis.

A mais jovem, por sua vez, mantinha seu olhar perdido nas profundezas celestiais, saboreando cada mordida do onigiri com uma tranquilidade que ele não conseguia compreender por completo. Ele sentiu-se atraído por aquele brilho, como se cada estrela no céu estivesse conspirando para aproximá-los ainda mais. Sem dizer uma palavra, eles compartilhavam um momento de intimidade silenciosa, onde o simples ato de comer juntos sob o céu estrelado criava um elo profundo e inexplicável entre eles.

Por um momento que parecia inevitável e predestinado, seus olhos se encontraram, prendendo-se em um olhar mútuo e profundo. Elisabette nunca compreendeu plenamente por que isso sempre acontecia, por que seus olhares se cruzavam com uma necessidade quase telepática de se manterem fixos um no outro. Desde a primeira vez que o viu, no Arquipélago Sabaody, durante o leilão de escravos, e posteriormente, na última vez que se encontraram em Amazon Lily, horas antes de tudo desmoronar e seu coração ser feito refém por ele, parecia que o destino insistia em uni-los. Não importava o tempo ou o lugar, seus caminhos sempre se cruzariam de alguma forma, como se uma força maior estivesse determinada a mantê-los conectados.

Seja ela uma menina perdida em um mundo desconhecido ou ele um pirata temido em busca de informações; seja ela uma mulher cujos dias estavam contados ou ele um homem que, sem entender o motivo, sentia a obrigação de salvá-la.

"É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante." (FRIEDRICH NIETZSCHE, Assim Falou Zaratustra - 1883, 1885)

Assim que terminou seu último onigiri, Elisabette sentiu algo borbulhar em seu estômago, como se milhões de pedacinhos de arroz estivessem se agitando dentro dela, recusando-se a digerir e queimando as paredes de seu esôfago. Levou a mão até a barriga e pressionou por cima da camisola, sentindo uma sensação estranha em sua língua, como se ela quisesse saltar para fora de sua boca, e sua garganta começou a se contorcer. Em um movimento rápido, a jovem se levantou com a mão tampando a boca, sentindo um bolo se formar no estômago e se misturar com algo quente e azedo, trazendo um sabor desagradável para sua língua.

- O que foi?

- Eu vou vomitar!

Law arregalou os olhos, mal tendo tempo de reagir enquanto a via voar velozmente para longe dele, abrindo a porta do interior do navio de forma brusca e correndo para o banheiro. A mulher de cabelos platinados levantou a tampa do vaso sanitário, apoiando as mãos na beirada enquanto começava a expelir tudo o que havia consumido ao longo do dia, misturado com sangue.

O café da manhã, o almoço, o lanche da tarde e até mesmo os onigiris que havia comido junto a Trafalgar Law estavam sendo despejados em uma torrente de líquidos avermelhados dentro do vaso. Elisabette sentia sua garganta arder a cada rodada de vômito, e seus olhos lacrimejavam pelo esforço de forçar a garganta a expelir tudo de uma vez, como se estivesse rasgando com uma lâmina de fogo, deixando-a fraca e tonta. Ela olhou para dentro do vaso e viu a água suja com sangue e restos de comida, seus olhos arregalando-se no mesmo instante em que se lembrou da última vez que algo parecido havia acontecido.

No Arquipélago Sabaody, há dois anos. Recordar tudo o que havia vivido em um único dia naquele lugar foi como receber um golpe certeiro na nuca, fazendo sua visão embaçar e seu coração apertar ao reviver aquela mesma sensação angustiante. E, mais uma vez, ela voltou a vomitar, dominada pela agonia do momento.

Law chegou correndo ao banheiro e se deparou com ela ajoelhada diante do vaso sanitário, seu corpo inteiro tremendo e suando frio, suas asas escolhidas soltando algumas penas. Aproximou-se rapidamente e puxou seu cabelo para trás, enrolando as madeixas platinadas em seu punho para que não se sujassem, enquanto com a outra mão segurava-a pela barriga para mantê-la erguida o suficiente, evitando que vomitasse fora do vaso sanitário. Ele podia sentir o corpo dela tenso e rígido a cada espasmo, enquanto vomitava, e seu próprio coração disparava ao vê-la novamente naquele estado deplorável e angustiante.

Elisabette permaneceu naquela condição por alguns minutos, até que finalmente cessou. Limpou os lábios com o pulso e olhou para trás, seus olhos encontrando os de Trafalgar, que a encarava com a mesma expressão de preocupação que havia demonstrado dias antes.

Num movimento impensado, Law a puxou para perto e a fez repousar sobre si, envolvendo-a com seus braços e segurando-a firmemente contra seu peito. Ele podia sentir o corpo dela tremendo contra o seu, as mãos dela agarrando com força o tecido de sua camisa, como se temesse que ele a soltasse. Mas isso não era necessário, pois ele seria incapaz de deixá-la naquele momento, permitindo que sofresse sozinha. Suas mãos seguravam o corpo dela com cuidado e firmeza, garantindo que ela tivesse o mínimo de conforto. Ele sabia como era sofrer daquela forma e não ter ninguém para oferecer consolo, pois por muito tempo ele mesmo não tivera, até que Corazón apareceu em sua vida, proporcionando-lhe uma segunda chance de viver e oferecendo cuidado quando tudo parecia desmoronar.

- Tral-san... eu não quero morrer... - murmurou ela, encolhendo-se no peito dele como um filhote assustado em meio a uma tempestade.

- Eu sei.

- Eu... eu estou com medo... - fungou, esfregando o rosto na camisa dele, praticamente desfalecida em seu colo. - Estou com medo de morrer... eu não quero...

- Você... você não vai. - sussurrou ele de volta, apertando-a firmemente contra si e repousando o rosto sobre a cabeça dela, inconscientemente inalando o cheiro de seus cabelos. - Eu não vou deixar.

Magni olhou para ele e manteve-se em silêncio, seus olhos quase gritando por ajuda, implorando por um mínimo de esperança de que tudo ficaria bem, de que ela ficaria bem. Entretanto, o olhar dele era um misto de "eu não posso te ajudar" e "sinto muito". Não era necessário que ele verbalizasse para que ela compreendesse que era exatamente isso que ele desejava dizer, mas se sentia incapaz de fazê-lo, e ela sequer entendia o porquê.

No entanto, ela sabia que iria morrer algum dia, talvez sucumbisse à Febre das Árvores ou perecesse em batalha caso fosse necessário, afinal, estava fraca demais até mesmo para utilizar o Mantra. Elisabette simplesmente não aceitava que seu fim fosse este: morrer por conta de uma doença que ela inconscientemente ajudou a espalhar. Não era sua intenção, e ela acreditava que nem mesmo Enel tinha tal objetivo, pois ele não imaginava que poderia desencadear o retorno daquele vírus ao destruir algumas plantações. Mas, no fundo... quando você sabe, você sabe. E ela sentia isso. Ela sabia que iria morrer.

Apenas não sabia quando. E tinha medo desse momento.

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