
━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟮𝟳. 𝗨𝗻𝗶𝗱𝗼𝘀 𝗽𝗼𝗿 𝘂𝗺 𝗰𝗼𝗿𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼.
━━ Segunda parte da Grand Line, Novo Mundo ; Punk Hazard.
Elisabette não sabia há quanto tempo estava naquela sala, nem o que havia acontecido após ter sido golpeada por Vergo. Tudo o que a mulher lembrava era de ter ouvido a voz rouca e ofegante de Trafalgar antes de perder a consciência. Ela olhou ao redor e notou que ainda estava na fábrica. Um suspiro escapou rasgando por seus lábios enquanto sentia um aperto forte sobre seu corpo. Imediatamente, tentou se mexer, mas teve dificuldades para realizar essa simples tarefa. Confusa, baixou o olhar e notou as correntes grossas que a prendiam. Seus olhos se arregalaram e sua pele empalideceu pelo susto ao se dar conta daquele imprevisto: havia sido capturada e estava sendo mantida presa em algum lugar daquela maldita fábrica, que em poucas horas já havia se tornado um de seus lugares menos favoritos do Mar Azul.
Com certa dificuldade, ela conseguiu se reerguer do chão e ficar de pé, cambaleando algumas vezes até bater o rosto na parede ao lado, sentindo suas pernas fraquejarem um pouco. "Onde estou?", pensou consigo mesma, enquanto examinava o ambiente, sem ver nada além de paredes e chão, todos feitos de metal.
Suspirou profundamente. Olhou em volta, engoliu em seco e batucou o pé no chão, sentindo apenas o piso gélido que enviava arrepios por seu corpo aquecido pelo casaco. Elisabette deu alguns passos e notou uma enorme porta. Encostou o ouvido nela, escutando vozes abafadas do outro lado. "Achei", pensou, sorrindo ao perceber que havia encontrado uma saída. Sem pensar muito, deu alguns passos para trás e correu o mais rápido que pôde em direção à enorme porta metálica, acertando-a com a testa coberta por Haki de Armamento para quebrá-la em uma só porrada.
Na sala ao lado, encontravam-se alguns dos lacaios de Caesar Clown - cerca de 30 deles. O olhar dos homens se aterrorizou ao se deparar com Elisabette parada diante deles, com um imenso calombo vermelho pulsante em sua testa, enquanto os encarava com um semblante de quem se segurava para não chorar. Ela respirou fundo e chacoalhou a cabeça, tentando afastar os pensamentos sobre a dor que sentia naquele momento para focar somente na quantidade de adversários que teria de enfrentar, estando acorrentada e desarmada. A mulher de cabelos platinados fitou cada um deles, memorizando suas faces, antes de lhes dar um sorriso gentil e amável, enquanto seus olhos azuis se tornavam sombrios. Isso os deixou assustados, fazendo com que alguns recuassem para agarrar suas armas e apontassem todas na direção dela.
- Vocês sabem por que me chamam de "Anjo da Morte"? - ela indagou aos homens, caminhando lentamente em sua direção enquanto seu sorriso se ampliava de forma perturbadora.
- Para trás! Ou vamos atirar! Temos permissão! - um deles gritou, puxando o gatilho e disparando em sua direção, mas ela desviou sem muita dificuldade.
- Eh? Vão atirar? - de repente, pegando impulso no chão a ponto de fazer uma pequena cratera com seus pés, ela saltou em direção ao mesmo homem, esmagando seu pescoço com o joelho. - Quem deu permissão a vocês para atirar em mim, hein?
- Desgraçada! Metam bala nessa vagabunda!
Elisabette apenas revirou os olhos e deu de ombros, desviando facilmente dos disparos enquanto começava a atacá-los um por um a uma velocidade absurda, deixando-os atordoados. Mesmo acorrentada e com as asas atadas novamente, ela ainda conseguia correr rapidamente por todos os cantos da sala, pegando impulso nas paredes e no chão para saltar de um lado para o outro, acertando chutes e cabeçadas fortes o suficiente para quebrar ossos e crânios. Os outros infelizes maiores que ela tiveram membros arrancados por mordidas violentas, restando apenas os gritos de agonia e pavor ecoando por todo aquele lugar.
Olhando ao redor mais uma vez, notou que cinco deles corriam em sua direção, apontando suas espadas. Isso apenas a fez sorrir mais, divertindo-se com a situação, levando em conta que há tempos não fazia aquilo: instaurar o caos e sentir a adrenalina percorrendo suas veias ao ver o medo e o horror que sua presença ou olhar provocavam.
Ela se abaixou antes de ser perfurada pelas lâminas, vendo o quinteto acertar uns aos outros com suas próprias espadas e cair em seguida. Isso lhe deu tempo para se levantar e caminhar na direção dos outros lacaios de Caesar Clown, que voltaram a atirar contra ela, assustados e em choque. Eles a encaravam com terror estampado nos rostos, questionando-se se aquilo era real, se aquela única mulher era realmente capaz de causar toda aquela chacina, mesmo acorrentada como um animal feroz. Naquele momento, Magni D. Elisabette parecia exatamente isso.
Os golpes combinados de Luffy foram suficientes para arrebentar a enorme porta de metal que dava passagem ao local onde sua companheira estava sendo mantida refém. No entanto, ao adentrar o ambiente, um odor insuportável inundou sua narina, e a cena diante dele teria o feito recuar de susto se não tivesse entrado em estado de choque com o que viu.
Havia corpos espalhados por todas as partes, corpos dos lacaios de Caesar Clown, alguns dilacerados, outros com marcas de cortes profundos, mas a maioria com membros arrancados e jogados por todos os cantos. E bem no meio da sala, estava ela, Magni D. Elisabette, ajoelhada diante de uma pilha de cadáveres. As correntes que antes a prendiam estavam quebradas, assim como o dispositivo preso em suas asas.
Ao se aproximar da mais nova em silêncio e com um certo olhar de receio, o Luffy notou que ela sussurrava algumas palavras que ele não conseguia decifrar. Ele franziu o cenho e se ajoelhou ao lado dela, pousando uma mão em seu ombro, o que a fez virar o rosto e abrir lentamente os olhos para encará-lo com um sorriso curto, com um semblante sereno e tranquilo, como se tudo aquilo não fosse nada demais.
‐ O que 'cê 'tá fazendo? - ele questionou a companheira, dando mais uma olhada ao redor.
- Rezando pela salvação deles.
- Salvação?
- Não que eles sejam salvos, é claro... são tantos pecados que considero impossível que Deus os perdoe. - disse a mulher, levantando-se de onde estava e encarando seu capitão. - Há pecados que nem Deus é capaz de perdoar.
- ...que Deus, Elisabette?
Magni se calou, fixando seu olhar azulado nos olhos castanhos de seu capitão, que a encarava com uma seriedade rara, reservada para ocasiões em que a chamava pelo nome, em vez do apelido carinhoso. O clima tornou-se tenso, como uma bigorna sobre os ombros dos dois jovens, que permaneciam em um silêncio absoluto, apenas o som distante do caos no corredor ao lado quebrando a quietude daquele momento.
Luffy suspirou profundamente e fez um gesto para que ela o seguisse. Elisabette, como sempre, obedeceu sem questionar. Esse comportamento submisso dela sempre causava um incômodo no estômago de Luffy. Embora ele fosse seu capitão, ela o seguia com uma devoção que sugeria algo além de simples lealdade, como se ela pertencesse a ele. O garoto com o Chapéu de Palha, geralmente tão alegre e de coração puro, sentia-se impotente quando olhava para Elisabette, como se de alguma forma tivesse falhado com sua companheira.
Ele sabia que não era culpa dela, que suas ações eram resultado dos horrores que Enel havia infligido, e das lições duras ensinadas por seu pai, a quem ela considerava um Deus, um Salvador.
Enquanto caminhavam lado a lado, Luffy olhou para a platinada e pensou: "onde estou errando?" Ele queria entender, precisava saber. Quando a conheceu, não sentiu uma obrigação de salvá-la daquela vida. Ele simplesmente gostou dela e a quis como amiga, como companheira para dividir suas aventuras na busca de se tornar o Rei dos Piratas. Lembrava-se de como seus olhos brilhavam de admiração quando ele lhe contara seu sonho, quase como uma criança que ganha seu doce favorito.
Ele a fez parar de ser agressiva, de ser desconfiada. A fez rir, ensinou-a a brincar de pique, tomou banhos de espuma com ela, dividiu sua carne e contou-lhe sobre seus irmãos - especialmente sobre o falecido Sabo. Mas nada parecia mudar realmente em sua mente. Por mais que tentasse, que suplicasse em silêncio, Elisabette permanecia devota a Enel, como se ele fosse realmente um Deus capaz de iluminar seu caminho e ajudá-la quando necessário.
- Olha, o Tral 'tá vindo ali! Ei, Tral! - ele gritou de repente, agarrando-a pela cintura e se atirando na direção do aliado, que apenas deu um passo para trás e entortou os lábios em sinal de desdém. - Achei ela, acredita? 'Tava ali rezando. - riu.
- Rezando?
- Sou devota.
- Que seja. - Law disse, dando de ombros e passando pelos dois piratas mais jovens.
- Espera, Tral-san! - ela se soltou do aperto de Luffy e correu até o moreno tatuado, que apenas a encarou em silêncio. - Posso ir com você? Eu... queria falar sobre uma coisa.
- 'Cê vai com ele, Lis?
Elisabette ficou calada, desviando o olhar de seu capitão e olhando para Trafalgar, que se manteve quieto por alguns segundos, apenas encarando os olhos dela enquanto ponderava suas palavras, avaliando se deveria considerar e aceitar o pedido ou mandá-la direto para o Inferno, por considerá-la barulhenta e agitada. Tudo o que queria naquele momento era resolver toda aquela situação, destruir a máquina que produzia SAD e partir rumo a Dressrosa.
- Vamos. - ele disse em um tom ríspido, gesticulando para que ela o seguisse.
- Luffy, nos vemos depois. - ela sorriu, depois saiu.
O garoto com o Chapéu de Palha retribuiu o sorriso, assentindo ao levantar o polegar, e logo correu na direção oposta, anunciando que iria encontrar o Mestre e chutar sua bunda até que ele pedisse clemência. Elisabette apenas riu das palavras do garoto, vendo-o desaparecer de vista antes de se virar novamente e encarar as costas do capitão dos Piratas de Copas, que caminhava a passos lentos e em total silêncio, quase como uma alma penada desfilando por um cemitério. Então, ela apenas o seguiu.
Durante o percurso, somente o som dos sapatos de Law tocando o chão metálico ecoava pelo enorme corredor. Apenas eles dois estavam ali, longe o suficiente de onde todos tentavam se reunir - logo, não havia barulho vindo da algazarra causada pelos outros membros da tripulação do Chapéu de Palha ou dos homens do G-5. Inconscientemente, o Shichibukai agradecia o fato de ela estar calada, sem incomodá-lo com perguntas tolas ou conversas fiadas. Entretanto, ao mesmo tempo, ele se interessava pelo motivo de ela estar ali, caminhando ao seu lado sob a desculpa de "querer falar sobre uma coisa", algo que o intrigava, embora ele já suspeitasse qual seria o assunto.
- Já se passaram dois anos... o que você tem feito?
- Muitas coisas.
- Entendo... - sussurrou, soltando um suspiro e inflando o peito de ar para ter coragem de continuar. - Posso fazer uma pergunta?
- Já está fazendo.
- Por favor!
- Pergunte. - ele a encarou de canto, com um olhar irritado.
- Escute... - Elisabette sussurrou, agarrando o pulso dele com força moderada para fazê-lo parar de andar.
No momento em que sentiu a mão dela sobre seu pulso, Law imediatamente parou de andar e virou o rosto na direção dela, abaixando um pouco o olhar para encontrar os olhos da mais nova, que o encaravam com um lampejo de medo. Ele manteve o semblante neutro, confuso com a maneira como ela o olhava, considerando que quem estava coberta e fedida de sangue era ela. Era ele quem deveria estar olhando-a daquela forma... e isso o irritou de certa forma. Era como quando a encontrou em Sabaody, em um estado deplorável e miserável, mesmo para um pirata.
Olhos cansados, hematomas por todo o corpo, roupas rasgadas e uma expressão de quem havia visto o Inferno com os próprios olhos. E, bem, ter visto seus companheiros desaparecendo um por um sem poder fazer nada para impedir talvez fosse, de fato, como encarar o Inferno.
Timidamente, a birkan soltou o pulso dele e encolheu os ombros, levando as mãos à barra de sua saia, segurando-a com nervosismo. O que ela deveria dizer? Como formularia aquela pergunta a ele? Não o conhecia tão bem, mas algo lhe dizia que a resposta dele não a agradaria, e isso apenas intensificava o frio em seu estômago. Ela engoliu em seco e colocou uma mecha de cabelo solta atrás da orelha, voltando a olhar nos olhos dele. Por um momento, ela se viu perdida em suas orbes acinzentadas.
Quando o conheceu, Elisabette não havia notado claramente a aparência dele, sua figura masculina e autoritária diante dela, com aquela voz rouca e baixa, mas potente e firme o suficiente para contrastar com a suavidade com que falava.
A pele morena bronzeada parecia reluzir sob a luz das lamparinas que iluminavam o caminho deles; os olhos de cor cinza-azulada eram tão frios e sombrios quanto o céu antes de uma tempestade, capazes de devastar uma população inteira com uma única ventania - ele próprio parecia estar ali apenas para causar e observar o caos, como um demônio. A mandíbula bem definida, as costeletas e a barba curta eram características que ela já havia visto em muitos homens por onde passara, mas algo em Trafalgar a deixava ansiosa e a fazia sentir-se vulnerável.
- Quando aquele homem apertou seu coração... eu me senti estranha, como se o efeito também estivesse me prejudicando de certa forma. - ela sussurrou, vendo-o manter o olhar fixo nela. - Onde está meu coração?
- Com a minha tripulação.
- Entendo...
- Era só isso? - o homem indagou, vendo-a se encolher.
- Não... tem mais uma coisa que preciso saber.
- Diga.
- O que vai acontecer comigo se você morrer?
Law não a respondeu imediatamente, permanecendo parado, olhando nos olhos dela enquanto refletia sobre sua declaração. "...eu me senti estranha, como se o efeito também estivesse me prejudicando de certa forma", foi o que ela havia dito, certo? Ele havia escutado bem. Muito bem. Por um momento, foi um pequeno choque ouvi-la falar aquilo, pois não esperava que, se por acaso ele sofresse algum dano que colocasse sua vida em risco, ela sentiria o efeito imediatamente. Sempre imaginou que ela só seria afetada se ele morresse e ela, por estar com seu coração protegido pelos poderes de sua Ope Ope no Mi, morreria sem nem ter tempo de entender como e por quê.
- Você também morre. - respondeu ele em um tom frio, observando os olhos dela se arregalarem e uma gota de suor escorrer por sua testa.
Se de uma coisa Elisabette tinha certeza sobre o destino de todos - inclusive o dela -, era que a morte era inevitável para todo ser vivo, seja humano, homem-peixe ou apenas uma flor que brotara em um solo outrora considerado infértil. Nunca esteve em seus planos morrer jovem, tampouco morrer por alguém que não fosse seu pai... ou Luffy.
Contudo, saber que sua vida estava de fato nas mãos do Cirurgião da Morte foi algo que fez seu sangue gelar e seu corpo ficar estático enquanto processava aquelas três palavras que a atingiram como um raio, embora já tivesse desconfiado no instante em que sentiu o primeiro sinal de fraqueza quando o mais velho teve seu coração esmagado pela primeira vez. E, por mais que tenha agido por impulso ao avançar contra Vergo, Magni sentiu imediatamente a necessidade de defender o aliado assim que percebeu que ele estava inapto para lutar, completamente à mercê dos inimigos.
As únicas vezes em que viu a morte tão próxima de si e sua vida passar diante de seus olhos foram: quando viu Enel pela última vez e quando esteve em Sabaody, mas acabou sendo salva por Trafalgar Law. Foram duas únicas situações, suficientes para chacoalhar sua cabeça e fazê-la olhar para trás e pensar: "eu não quero morrer, eu não posso morrer." Esse pensamento se tornou um propósito em sua vida, não perdê-la e continuar vivendo até que tivesse vivido tempo suficiente para poder descansar após inúmeras aventuras e descobertas. Afinal, ela tinha apenas 19 anos, por que interromper sua continuidade justo agora? Não era justo. Havia tantas coisas que Elisabette ainda queria ver, tantos lugares que precisava conhecer, missões para realizar, promessas para cumprir... não poderia morrer, não ainda.
Por um momento, seus pensamentos desviaram-se daquela situação, mas ela manteve seu olhar fixo no rosto dele enquanto sua mente a levava para outras ocasiões.
Elisabette lembrou-se de seu pai, da última vez que o viu, de suas últimas palavras antes de desmaiar e acordar apenas para ver Maxim despencando dos céus, caindo no Mar Branco-Branco ao mesmo tempo em que o badalar do Sino Dourado ecoava por todas as partes de Skypiea, como um mantra que lhe despertou e a trouxe de volta à consciência. Ela presenciou a derrota de Enel e o vislumbre de Luffy refletido nas nuvens, anunciando a libertação daquele povo.
Um arrepio frio e agonizante percorreu sua espinha ao recordar que não havia terminado ali, apenas com a derrota de Enel, mas que também houveram consequências devastadoras, como a destruição de uma grande área de mata de Upper Yard, resultando no ressurgimento da temida Febre das Árvores. Ela assumiu a missão de encontrar as plantas necessárias para criar a cura, além de buscar o tal Nekomamushi, que estaria com a Tenshi Tenshi no Mi em mãos. Por que tantas responsabilidades recaíam sobre ela? Ela sequer sabia se voltaria algum dia para as Ilhas do Céu, não enquanto as pessoas ainda nutrissem aquele ódio por ela, aquele repúdio.
- Eu não quero morrer.
- É uma pena. - respondeu ele, dando de ombros e lançando uma última olhada em seus olhos azuis antes de se afastar novamente.
- Não me dê as costas. - disse a platinada com firmeza, agarrando seu ombro e puxando-o de volta, segurando-o pela nuca e aproximando seu rosto do dele. - Eu não terminei de falar.
- O que foi agora, sua pirralha!?
- Eu não sei qual é a sua relação com aquele homem, Vergo, mas saiba que você pode contar comigo para mantê-lo longe de você, porque sinto a presença dele se aproximando de onde estamos. - falou, seu olhar penetrando o dele e notando o cenho franzido do mais velho. - E se olhar bem para o meu corpo, vai ver que sou tudo, menos uma pirralha como você sempre insiste em dizer. Então, se puder evitar me chamar assim, agradeço.
- Qual é o seu problema? - Law cerrou os dentes, olhando para ela dos pés à cabeça, seus olhos parando por alguns segundos no decote dela antes de encarar seu rosto novamente. - Não tente bancar a heroína outra vez, senão vai ganhar outro olho roxo. Ou não está satisfeita com este?
- Isso não vem ao caso.
- E qual seria o "caso"? - perguntou com desdém, desvencilhando-se do aperto dela em sua nuca e afastando-se alguns passos.
- O caso é: eu não quero morrer.
- Entendo. E o que eu tenho a ver com isso?
- Tudo! - ela cruzou os braços, fazendo um beicinho. - Veja bem, se você morrer, eu morro junto! E eu não quero morrer... por isso, me vejo na obrigação de evitar que você morra. - encolheu os ombros, soltando um suspiro. - Você não se sente mal sabendo que se você morrer, eu morro também? Isso é egoísta da sua parte.
- Bem, se for assim, você também estaria sendo egoísta ao me forçar a continuar vivo só porque você não quer morrer.
Elisabette silenciou-se após as palavras de Trafalgar, sentindo um turbilhão de emoções a inundar seu peito. O impacto das palavras dele, cruas e desprovidas de qualquer delicadeza, fez com que um nó se formasse em sua garganta. O silêncio que se seguiu era tão pesado quanto as correntes que ela imaginava em seus pulsos, uma carga emocional que ameaçava esmagar sua determinação. Seus olhos, que antes estavam cheios de uma mistura de súplica, agora refletiam uma vulnerabilidade que ela raramente deixava transparecer. A lembrança de suas experiências passadas - os momentos de quase morte, o terror de Sabaody, e o abandono de Enel - misturava-se com a realidade fria de sua situação atual.
Ela era, de fato, uma pirata, uma guerreira acostumada a enfrentar adversidades, mas a perspectiva de sua vida estar tão intimamente ligada à do Cirurgião da Morte a perturbava profundamente. A responsabilidade de proteger alguém que claramente não desejava sua proteção parecia um fardo insuportável, uma ironia cruel do destino.
Ele observou o silêncio da mais nova, notando a tempestade de emoções que passava por seus olhos azuis. Apesar de sua postura firme e palavras duras, ele sentia uma pontada de desconforto. A verdade era que a conexão entre eles, estabelecida de forma tão fria e prática, havia se tornado um vínculo que ele não podia simplesmente ignorar.
- Eu apenas desejo recuperar meu coração; depois disso, você pode tirar a própria vida à vontade.
━━━━━━━━━━━━━━━━━━
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro