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━━ 𖥔 ִ ་ ،𝟮𝟬. 𝗢 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗶𝗻𝗼 𝗱𝗲𝘀𝘁𝗲 𝘀𝗮𝗻𝗴𝘂𝗲. ❪𝗽𝗮𝗿𝘁𝗲 𝟭❫

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━━ Ilhas do Céu ; Skypiea | Dia 1, a chegada.
ᘡElisabette, Anjo da Morte. ❪O ponto de vista Dela❫

Não demorou menos que um dia inteiro para que finalmente alcançasse as Ilhas do Céu. Ao longe, avistava o sol se pondo, transformando as nuvens que compunham o Mar Branco-Branco em uma mistura de cores laranja e rosa claro. Estar aqui novamente desperta em mim... não. Não tenho certeza do estado do meu coração, não consigo senti-lo. No entanto, estou convicta de que estaria tão acelerado em meu peito quanto da primeira vez em que parti deste lugar em direção ao mar azul. Tudo parece igual, mas ao mesmo tempo não é, eu sei disso. Este lugar... conheço-o como a palma da minha mão.

Não estou certa do propósito da minha vinda aqui nem de como conseguirei permanecer escondida por dois anos inteiros antes de retornar ao mar azul. Sinto-me completamente perdida e reconheço que minha decisão de vir até aqui foi totalmente impulsiva, mesmo ciente de que as chances de encontrar Gan Fall sem ele estar rodeado por soldados são bastante reduzidas, uma vez que retomou o título de Deus de Skypiea.

O que as pessoas aqui irão dizer se me virem? O que irão pensar? Não que me importe de fato, não dou importância a elas, mas me preocupo com minha segurança e com a vida que ainda tenho, pois sei que preciso retornar aos meus companheiros em breve.

Sentei-me sobre os joelhos e apoiei as mãos sobre as coxas, batendo levemente em minha pele enquanto pensava no que faria a seguir.

Bem, estou em Skypiea agora... e então? Devo sair caminhando sem rumo até ter a sorte de encontrar aquele velho Gan Fall? Será que os sacerdotes ainda estão vivos e livres, foram presos ou, na pior das hipóteses, executados? Meu sangue gela só de pensar na possibilidade. Posso não ter tido uma boa relação com eles, já que sempre fui vista apenas como a "Filha de Enel" ou "A Santa" que deveriam proteger quando necessário, mas admito que senti e ainda sinto falta deles, até mesmo do Senhor Shura, que era bem mais rígido comigo.

Respirei fundo e observei ao redor. Tudo tão tranquilo... tão silencioso. Lembro-me de que costumava ser mais movimentado, com sons altos e pessoas cantando e celebrando algo. As Ilhas do Céu são um verdadeiro paraíso na terra, como costumam dizer sobre lugares magníficos. E, de fato, Skypiea é um país extraordinário se você observar com atenção os mínimos detalhes. Pode não ter muitas semelhanças com as ilhas do mar azul, porém é tão singular que chega a ser perfeito. Skypiea é... um paraíso. Essa é a melhor definição. Paraíso... paraíso. Um paraíso na terra - ou acima dela.

É peculiar estar em casa e não me sentir mais parte dela. Parece que não pertenço mais a este lugar, embora traga consigo tanto recordações boas quanto ruins. Passei muito tempo aqui, desde que nasci, conheço cada pedaço das vezes que desci do Jardim Superior para as redondezas da ilha. Cada fragmento deste lugar é uma lembrança que desperta em minhas memórias, sejam elas doces ou amargas... não estou certa se me sinto bem, tampouco se me interesso... apenas sei que estar aqui novamente, agora sozinha, sem meu pai ou os sacerdotes, nem mesmo meus companheiros de tripulação, é... estranho.

Meu peito está vazio sem o meu coração, mas ainda sinto o peso dele aqui dentro, o peso dessa angústia que tem me assombrado desde o momento em que percebi o quão sozinha me sinto sem eles... sem ele.

Pareço uma tola, ou talvez o seja realmente, pois tudo o que eu queria era vê-lo. Encontrá-lo. Olhá-lo nos olhos e perguntar: "você me ama?" e por fim aguardar por sua resposta, rezando fielmente para que obtivesse palavras gentis e amorosas de um pai para sua filha.

Era o que eu mais desejava.

O que eu mais almejava.

Apenas queria ouvi-lo dizer que me amava novamente, como quando eu era criança, quando o mundo era pequeno e desconhecido para mim... quando Enel era tudo o que eu tinha e Skypiea era tudo o que eu conhecia e onde eu gostava e queria sempre estar, afinal... porque era onde ele estava.

Meu estômago ronca, pois não como desde que deixei Amazon Lily, e sinto minhas asas doendo devido ao tanto que voei sem descanso até chegar aqui, a cerca de 10 mil metros de altura, onde, vez ou outra, precisei lidar com chuva forte e o sol ardendo em minha pele - que agora estava queimada em algumas partes -, além da ventania que por pouco não me arremessava de volta para o mar azul. Enfim, cheguei ao meu destino... ao lugar onde tudo isso começou. Meu corpo dói, meu nariz lateja e a fome está me deixando fraca. Queria comer, nem que fosse um pedaço de pão mofado, para saciar minha fome, e um montinho de folhas para usar como travesseiro e descansar minha cabeça, mesmo que fosse por meia hora ou, se for pedir demais, por um dia inteiro sem interrupções.

Quando percebi, já era noite. Ouvia o som das cigarras celestes cantando ao ritmo da brisa noturna que soprava em meus ouvidos. Deixei escapar um suspiro de frustração enquanto me encolhia no chão e abraçava o próprio corpo para tentar me aquecer pelo que seria o resto de uma noite fria, silenciosa e a mais solitária de todas desde que vi meus companheiros desaparecendo um por um pelas mãos de Bartholomew Kuma.

O que devo fazer, pai? Qual é a sua opinião sobre o que devo fazer? Pai, pode me ajudar mais uma vez? Foi você quem enviou Trafalgar-san para me salvar naquele dia em que estava prestes a morrer? Ele foi o milagre pelo qual implorei a você? Pai, ajude-me novamente. Ilumine meu caminho para que eu encontre Gan Fall, clareie meus pensamentos para que eu possa chegar a uma conclusão, para que eu saiba como abordá-lo, para que eu possa fazer as perguntas certas. E, pai, você sabia, não sabia? Sempre soube que ele era meu avô, afinal, minha mãe era filha dele e você se casou com ela... por que escondeu isso? Por quê? Foi medo? Receio? Apenas queria entender os motivos por trás de tantos segredos.

Eu sempre soube qual é meu verdadeiro nome, apenas nunca entendi qual era a sua urgência para que eu o escondesse. O que significa esse "D." nele? Se fosse apenas isso, eu não me importaria, não daria a mínima, mas não sou a única. Luffy tem, Ace e o Rei dos Piratas também tinham, aquele homem que apareceu por último em Marineford, o tal Barba Negra, também possui esse "D." no nome... isso, de certa forma, nos conecta? Ou é apenas uma coincidência? Entretanto, se fosse, não haveria motivo para esconder, certo? Eu não sei. Eu nunca sei. Você nunca me disse e, vendo como as coisas estão agora, sei que você nunca me dirá.

- Que fome... eu deveria ter ao menos trazido algo para comer... - murmurei para mim mesma, ouvindo os ruídos vindos do meu estômago vazio, e suspirei insatisfeita.

Um arrepio percorreu minha espinha ao sentir alguém se aproximar, vindo em minha direção como um animal feroz, e tudo que tive tempo de fazer foi dar uma cambalhota por cima de um tiro de uma Burn Bazooka. Todos os pelos do meu corpo se arrepiaram e minhas asas ficaram agitadas, enquanto olhava na direção de onde as chamas da explosão haviam vindo, me deparando novamente com outro disparo. Joguei-me no chão e rolei para longe, levantando-me imediatamente e tropeçando no meu próprio pé, caindo sentada no chão, mas ainda tive tempo de desviar novamente. Contudo, alguém me agarrou pelas costas e conseguiu me imobilizar no chão.

- É muita audácia retornar a este lugar depois de tudo o que você fez ao povo! - uma mulher gritou, enquanto me segurava pelos braços e prendia minha cabeça contra o solo.

- O que fez ao Chapéu de Palha!? Achei que ele tinha levado você para longe daqui, Santa Praga! - assim que reparei bem no homem que agarrou meu cabelo para levantar meu rosto, me senti engasgar com saliva ao reconhecê-lo: Wyper. - Responda!

- Eu não fiz nada! Me larga! Eu... eu vim em paz!

- Em paz... em paz... em paz!? - ele afundou meu rosto no chão, esfregando com força. - Como pode dizer uma coisa dessas!? Como pode ser tão... tão... tão cínica!? - gritou.

- Laki, me solte! - tentei me remexer, mas ela apenas reforçou mais o seu aperto. - Ah!

Senti uma pancada forte na cabeça e um estalo vindo de onde Wyper estava, observando o cano de sua Burn Bazooka sujo com um pouco de sangue. Minha primeira reação foi arregalar os olhos e tentar me levantar novamente, mas senti uma pontada no local onde havia sido atingida e logo o sangue quente começou a escorrer da minha nuca pelo meu pescoço e peito, obrigando-me a respirar fundo.

Minha visão ficou turva e logo todos os sons começaram a se tornar cada vez mais distantes conforme minha consciência começava a se esvair. Senti Laki soltar meu corpo e me largar caída no chão, depois vi Wyper me carregar debaixo do braço e apertar com força minha cintura para me manter firme mesmo sendo tão nítido que eu não tinha mais forças para nada, nem mesmo para reagir, então ele começou a andar enquanto conversava algo com ela, mencionando sobre me levar até Gan Fall ou simplesmente amarrar pesos em meus pés e jogar meu corpo fraco no Mar Branco-Branco para que eu afundasse e eventualmente morresse afogada.

- Não, vamos apenas levá-la ao Gan Fall! Ele saberá o que fazer; há tempos ele está preocupado com... esta garota. - a mulher disse, tomando-me do braço dele e me carregando em seu colo.

- Está sentindo compaixão por essa maldita!?

- Claro que não! - ela gritou com rigidez, pude sentir seu corpo estremecer. - Mas olhe para ela, já está fraca demais e parece que já apanhou bastante antes de chegar até aqui. O que mais você quer? Ela já teve o bastante!

-Tem razão... - Wyper murmurou. - Ela está bem pálida e tem alguns curativos e ataduras pelo corpo; o nariz também parece estar quebrado. - ele disse, me encarando com ódio.

Por fim, não aguentei. Tudo estava saindo do meu controle; eu nem tinha forças para tentar me defender ou me libertar dos braços de Laki, que, mesmo não me segurando com força, eu não conseguia mover. Meu estômago doía, minha visão escurecia a cada segundo, e minha nuca latejava pelo golpe. Céus, por que tive que me encontrar logo com esses dois? Nem que fossem os Boinas Brancas ou qualquer outra pessoa de Skypiea, mas precisava ser justo eles, que são de Shandora e me odeiam com todo o seu ser.

Minhas pálpebras começaram a pesar, e as vozes deles começaram a ficar distantes. Eu sequer conseguia olhar em volta, e, quando percebi, estava apagada.

━━ Ilhas do Céu ; Skypiea | Dia 3, sob custódia.

Acordei sentindo uma dor terrível na cabeça e mal conseguia me mexer até notar o que impedia meus movimentos: correntes prendendo meu pulso com algemas. Engoli em seco e olhei ao redor, percebendo imediatamente que eu estava presa em uma cela... nas masmorras do Templo Sagrado. Estava escuro, mas ainda havia um pouco de iluminação vinda da pequena janela no final do corredor e não há mais ninguém aqui além de mim, nem mesmo outros prisioneiros nas outras celas.

Pelo menos era o que eu imaginava.

Pela visão periférica, pude notar que havia mais alguém comigo e, assim como eu, também acorrentado. Entretanto, pude ver que algo diferenciava as algemas dele das que eu usava, a coloração mais escura e em um tom de azul meio esverdeado. Kairouseki. Resumidamente, aquele homem era usuário de uma Akuma no Mi e, olhando bem para ele, chego à conclusão de que é um forasteiro, não de outra ilha do céu e sim do mar azul. A falta de um par de asas em suas costas é uma grande prova disso.

- Finalmente acordou, princesa. - ele proferiu com um sorriso e uma risada contida, enquanto me observava meticulosamente. - Faz dias que você está jogada aí no chão.

- Dias? - indaguei, surpreendida, ao mesmo tempo em que meu estômago emitia um ronco audível. - Aaw~... - levei minha mão ao abdômen e suspirei, desviando meu olhar do dele.

- Em breve trarão comida, princesa. Fique tranquila.

- Elisabette! Meu nome é Elisabette.

- Estou ciente disso, seu rostinho não me é estranho... vi sua imagem nos periódicos, especialmente após as confusões envolvendo você e seu bando em Enies Lobby. - ele riu, embora manifestasse simultaneamente uma sensação de frustração diante da situação.

Eu não o conhecia, mas ele parecia me conhecer. A maneira como ele ria consigo mesmo ao me observar, parecendo analisar até os menores movimentos que eu fazia. Meu olhar se estreitou e o dele também; ficamos nos encarando como se, a qualquer momento, fôssemos rolar no chão e lutar pelo espaço inteiro na cela. Se não fossem as correntes que me prendiam e dificultavam minha locomoção, ou as algemas de kairouseki que prendiam suas mãos, tenho certeza de que isso teria acontecido aqui, neste lugar.

Retomei minha concentração, ignorando a presença daquele homem, e foquei na situação atual em que me encontrava: trancafiada em uma cela, como se eu fosse uma criminosa. Que blasfêmia! Será que esqueceram quem sou, o que um dia fui? Não deveria estar aqui, não deveria estar presa! Deveria estar lá fora, no pátio do Templo Sagrado e não aqui.

Procurei Inazuma ao redor, mas não a avistei. Não tinha ideia de onde ela estava ou o que fizeram com ela. Poderia simplesmente chamá-la para vir até mim, mas com essas correntes não conseguiria manipulá-la adequadamente e poderia acabar me atrapalhando. Maldição! Aquele maldito do Wyper! Malditos Shandias, sempre infernizando minha vida... o que faço? Não posso ficar aqui esperando, sem fazer nada. Preciso elaborar um plano para fugir e encontrar Gan Fall antes que enlouqueça com todas essas dúvidas que têm mexido com a minha cabeça desde que Trafalgar-san leu aquela carta para mim.

Trafalgar-san... ainda não caiu a ficha de que ele está com meu coração em suas mãos, deixando-me completamente à mercê dele. Sinto como se pudesse morrer a qualquer momento, a qualquer deslize que ele cometa. Se algo acontecer com ele, imediatamente afetará a mim, correto? Céus... nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer, que eu teria novamente alguém com o controle literal da minha vida.

Não faço ideia de como vou reunir 1 bilhão de berries para entregá-lo e ter meu coração de volta. Mesmo que dois anos possam ser suficientes para isso, duvido que, estando presa aqui, consiga juntar sequer algumas centenas. Preciso sair daqui. Eu necessito. É imperativo! Mas como? Estou completamente de mãos atadas e com esse estranho que sequer tem forças para se ajudar. Em pouco tempo, poderíamos unir forças em uma aliança rápida para conseguir fugir daqui. Tudo seria mais fácil se eu estivesse com as mãos livres; assim, poderia simplesmente arrebentar essas grades com um soco ou arrancá-las pela força bruta.

- Umbigo. Não tome nenhuma ação que possa aumentar sua sentença, jovem senhorita. - no instante em que ouvi aquela voz, meus olhos se arregalaram e engoli em seco, encolhendo-me no lugar e afastando-me imediatamente das grades.

- Umbigo... McKinley!?

- O quê? Imaginou que seria outra pessoa a vigiar você? Apenas em seus sonhos! - ele afirmou, retirando um molho de chaves de dentro de seu sobretudo e abrindo a cela. - Já faz um tempo, Elisabette.

Antes que eu pudesse proferir qualquer palavra, dois homens - membros dos Boinas Brancas -, surgiram e me agarraram bruscamente pelo braço, retirando-me da cela. Não pude conter a palidez que se apossou de mim diante do susto, e tenho absoluta certeza de que meu coração batia descompassadamente, onde quer que estivesse, tal era o grau de desespero que me acometia. Conhecia bem o destino para onde me conduziam, bem como o que esperar dali em diante. Não seria a primeira vez que testemunharia um julgamento com desfecho fatal, mas desta vez, o réu e, eventualmente, a executada, seria eu mesma - a figura repudiada e desprezada por todos neste país.

━━ Ilhas do Céu ; Skypiea | Dia 10 (uma semana após a chegada), a redenção.

Há dias, permaneci encarcerada em outra sala, desta vez recebendo visitas esporádicas de soldados que me traziam provisões de comida, bebida e vestimentas limpas. Em suas tentativas de obter informações sobre meu pai, eu simplesmente fornecia a mesma resposta repetidamente: "não sei". Eles buscavam respostas para questões além do meu conhecimento, indagando sobre Enel e seu paradeiro, convencidos de sua sobrevivência devido ao desaparecimento da Arca Maxim do Mar Branco-Branco.

Confesso que, ao saber de sua existência e ausência, uma sensação de paralisia tomou conta de mim, congelando meu corpo e detendo todo o meu ser como se o mundo ao meu redor tivesse se congelado. Fiquei atônita, tomada pelo pânico.

Durante todo o período em que me angustiava pela incerteza de seu destino, ele simplesmente permaneceu distante, sem fazer contato. Tudo o que eu desejava era a tranquilidade de saber sobre seu bem-estar, para dissipar a angústia que consumia meu peito por meses, enquanto ponderava sobre o ocorrido e me culpava por uma morte que jamais aconteceu. Ansiava apenas vê-lo, abraçá-lo e ouvi-lo mais uma vez, mesmo que fosse para receber uma reprimenda por tê-lo abandonado para seguir com os Chapéus de Palha rumo ao Mar Azul. Era tudo o que desejava. Entretanto, enquanto eu sofria com sua ausência, ele estava distante, provavelmente vivendo sua vida em paz, alheio àquela que o defendeu até o último instante - eu, sua filha.

Toda a minha existência... cada fibra do meu ser... dedicada a ele e por ele. As noites insones, as cicatrizes que carrego, as perseguições implacáveis, tudo... tudo por ele. Toda a jornada da minha vida foi uma ode à sua essência, e ele... ele não se dignou a buscar-me sequer uma vez, não enviou uma mensagem, uma carta, um sinal de vida. Nada. Ele permaneceu imóvel, ausente... e eu, imersa na incerteza de sua presença.

No entanto, talvez ele simplesmente acredite que meu destino foi selado pelo silêncio da morte, não é mesmo? Como todos nas Ilhas do Céu presumiam antes que Urouge divulgasse informações sobre meu paradeiro, lançando luz sobre minha existência! Sim, é essa a explicação... meu pai deve acreditar que estou morta, só pode ser essa a razão. Ele... ele não partiria sem mim, ciente de que estou viva, não é possível. Ele é meu pai, meu sangue, minha essência. Apesar de tudo, ele continua sendo meu pai, nunca tomaria uma decisão que não fosse para o meu bem, eu sinto isso. Ele... ele... ele apenas buscava me guiar para que eu trilhasse o caminho certo, a falha foi minha por não atender adequadamente às suas diretrizes, eu sei disso.

- Magni D. Elisabette. - uma voz poderosa e envelhecida invocou meu nome completo, fazendo-me estremecer de ansiedade. - Umbigo.

- ...umbigo.

- Não pense que me satisfaz vê-la nesta condição, aprisionada por algemas e correntes nos tornozelos. Na verdade, isso me entristece profundamente.

- Não me venha com essas palavras vazias agora, você sabe muito bem o motivo da minha presença aqui, Gan Fall! - minha voz soou carregada de indignação, enquanto ele se aproximava de mim.

- Elisabette.

- Gan Fall.

- Apesar de todas as circunstâncias, saiba que me traz alegria vê-la, mesmo nessas condições. Você não pode imaginar como meu coração se agitava com a incerteza sobre o seu bem-estar, minha neta.

- Por favor, não me chame de neta. Eu não tenho esse vínculo com o senhor.

- Mas você tem. - ele afirmou, colocando delicadamente uma mão sobre minha cabeça e acariciando-a. - Não ouse negar suas origens, seu sangue.

- Não estou negando nada.

- Então, por favor, aceite minhas palavras. Reconheça o vínculo que compartilhamos, mesmo que você se recuse a aceitá-lo... mesmo que ele tenha feito com que você o negasse. - com gentileza, Gan Fall segurou meu rosto com uma mão, passando o polegar suavemente pela minha bochecha. - Não sabe o quão doloroso é para mim ver esse olhar de rejeição dirigido a mim, que sou seu avô.

- Por favor, pare... pare de dizer essas coisas.

Eu não sabia mais em que acreditar ou qual era meu desejo real. Tudo aconteceu tão rapidamente desde que saí de Skypiea pela primeira vez. Fui bombardeada com informações, uma avalanche de conhecimento em tão pouco tempo. E agora, tudo continua se desenrolando rapidamente, deixando-me completamente confusa entre o que sei, o que conheço e o que ainda não aprendi. O que esperam de mim? O que esperam que eu faça enquanto permaneço aprisionada aqui, como se fosse uma fera selvagem? Eu não sou... não sou isso. O Luffy disse que sou livre, então por que estou acorrentada? Por que há correntes e algemas me mantendo neste lugar?

Olhei desesperadamente para Gan Fall e vi seu olhar suavizar, como se ele entendesse o que se passava em minha mente. Sem aviso prévio, surpreendeu-me ao abraçar-me com firmeza, fazendo com que eu repousasse o queixo em seu ombro.

Senti minha respiração prender e meu corpo inteiro paralisar no momento em que seus braços me envolveram completamente neste abraço inesperado.

Não soube como reagir, nem o que dizer, apenas permaneci em silêncio. Não estava confortável, mas também não me sentia desconfortável. Simplesmente... não sabia como me sentir. Durante anos, eu o enfrentei, afastando-o do Templo Sagrado, lançando-o para longe, atingindo-o com raios, lutando até a exaustão mútua. E agora... aqui estava ele, Gan Fall, há poucos dias se declarando pai de minha mãe, meu avô, abraçando-me para confortar minha mente perturbada, como se eu fosse uma criança perdida. E, no fim das contas, talvez seja isso que eu seja. Uma criança perdida em meio a deveres e propósitos que não são meus.

- Isso não está certo. - sussurrei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas que logo escorreram pelas minhas bochechas.

- Está certo sim. Você foi privada da vida que lhe era reservada, do conforto de um lar.

- Não... eu... - minha voz falhou, incapaz de formular uma frase coerente, enquanto soluços involuntários se instalavam em minha garganta. - Você deveria me odiar, deveria me condenar. Eu... eu causei muito mal a este país. E... eu...

- Ouça-me, Elisabette. - por fim, ele se afastou, mas manteve as mãos segurando meus ombros, fitando-me intensamente nos olhos. Era como se ele conhecesse todos os meus pecados, todos os meus pensamentos... e isso me aterrorizava.

- Estou escutando.

- Você pode mentir para mim e para todos ao seu redor, mas não para si mesma. Então, me diga... você se arrepende de tudo o que fez? - Gan Fall perguntou com um tom de voz suave, porém autoritário. Isso me fez engolir em seco e arregalar os olhos, enquanto suas palavras ecoavam repetidamente em minha mente.

- Não sei.

Minha resposta pareceu desapontá-lo profundamente, pude perceber isso na expressão de descrença que se formou em seus olhos ao encarar os meus, como se meu simples "não sei" fosse uma confissão indireta de culpabilidade, uma admissão covarde de meus erros. Franzi o cenho e ergui-me com determinação, enxugando as lágrimas que teimavam em escorrer pelo meu rosto, retornando o olhar com firmeza e adotando uma expressão de desdém. Eu sei o que ele espera de mim, assim como todos os outros aqui. Se eu disser que me arrependo ou não, não fará diferença em suas mentes. O ódio que nutrem por mim jamais mudará, pois sei que minhas ações são irreparáveis, e estou... bem. Sim, é isso, estou bem com isso. Não há como alterar a percepção deles, suas convicções permanecerão inabaláveis, então... mesmo que sinta remorso... será em vão.

Para eles, eu sou quem sou, sou o objeto de seu medo e temor, sempre aguardando qualquer deslize de minha parte. Para eles, não passo de Santa Praga, o Anjo da Morte... a filha de Enel. Não há Elisabette, Magni D. Elisabette, Lis, Eli-chan ou a maldita pirralha do bando do Chapéu de Palha, existe apenas... a primogênita e única filha do Deus de Skypiea. Nasci com esse título e será com ele que meus dias se encerrarão.

Afastei-me de Gan Fall mais uma vez, acomodando-me no banco e recostando-me na parede, baixando a cabeça. Sabia que seus olhos ainda observavam meus movimentos incessantemente, mas não o culpo, não há razão para isso.

A maneira como ele me encara, o vigor com que me abraçou e tentou me confortar revela o verdadeiro motivo por trás de toda a sua compreensão e afeto, na tentativa de me reconciliar com as Ilhas do Céu: ele deseja me transformar nela, em minha mãe, ele deseja criar uma nova versão de Magni D. Freyja em mim. Mas eu não sou ela. Sei que ele age como se eu fosse, mas não sou minha mãe. Sou eu mesma, sou Elisabette. Mesmo que eu compartilhe semelhanças com Enel, também não sou ele. Eu sou eu. Elisabette. Percebo que ele me olha dessa forma, buscando vestígios de quem era Freyja, mas encontrará apenas a mim. Ela continuará sendo ela e eu serei eu.

- Pare de me olhar como se eu fosse minha mãe. - minha voz ressoou, carregada de firmeza e angústia, enquanto fixava meu olhar no dele. - Eu não sou ela.

- Eu sei que não. Ela é insubstituível, irrecuperável. - sua voz respondeu, carregada de suavidade, enquanto ele se aproximava e se ajoelhava diante de mim.

- Então, não me olhe dessa maneira.

- Estou olhando você com carinho.

- Eu não quero seu carinho.

- Não negue a si mesma o direito de ser amada. Permita-se encontrar abrigo no berço que lhe foi negado, Elisabette. - com cuidado, ele segurou minhas mãos algemadas com uma delas, enquanto a outra acariciava o meu rosto, afagando suavemente a lateral com o polegar.

- Eu não mereço seu carinho, seu acolhimento. - finalmente confessei, virando o rosto para evitar o contato visual contínuo. - O que fiz não tem perdão, e não me arrependo de nada.

- Então, diga isso olhando nos meus olhos, Elisabette. Encare-me e declare que não se arrepende de tudo o que fez. Reconheça que suas palavras são apenas um reflexo do medo que ainda sente por ele, que teme mais o retorno dele do que anseia por sua presença aqui. Diga-me, admita isso para si mesma. Liberte-se das amarras de um homem que a tratou como uma mera serva. Encare-me nos olhos e admita... ou continue negando e enganando a si mesma. - Gan Fall falou com um tom de voz carregado de ira e desespero, como se implorasse para que eu mudasse de lado.

As palavras dele me fizeram arregalar os olhos e congelar no lugar, encarando-o em silêncio enquanto processava cada frase até chegar à sentença final. Encontrei-me em estado de choque, e se meu coração estivesse presente, teria certeza de que estaria acelerado e pulsando freneticamente em meu peito, quase pronto para saltar para fora.

Cada palavra dele atingiu-me em cheio, ferindo-me mais profundamente do que o tiro que recebi no quadril, mais intensamente do que os golpes de Urouge. A dor que senti não foi apenas física; ela reverberou em minha alma, recordando-me das perdas que enfrentei, dos meus companheiros que foram arrancados de mim um a um, enquanto eu permanecia impotente, sem forças ou coragem para enfrentar Bartholomew Kuma e evitar nosso destino fatídico. Pareceu como se o destino estivesse decidido a separar-nos para nos poupar da morte, impedindo-nos de nos aventurarmos finalmente pelo Novo Mundo. As palavras de Gan Fall foram dolorosas porque me forçaram a mergulhar fundo em minha alma em busca de respostas genuínas, de uma verdade que emergisse de quem eu sou verdadeiramente, não da filha de Enel, não da pirralha do bando do Chapéu de Palha.

Inspirei profundamente, sentindo as lágrimas mais uma vez inundarem meus olhos e escorrerem pelo meu rosto. Quando foi que me tornei tão sensível? Nos últimos dias, tenho chorado mais do que em toda a minha vida. Que patético... estou agindo como uma tola, deixando-me levar por lágrimas como se ainda fosse uma criança, quando na verdade sou uma mulher crescida que não deveria se permitir sucumbir a tamanha angústia e culpa.

E o motivo dessa culpa? Por que sinto essa angústia tão profunda, quando tudo o que fiz foi por ele, por meu pai? Não deveria eu estar satisfeita? Orgulhosa? Afinal, minhas ações arrancavam dele sorrisos cheios de admiração e orgulho. Então, por que agora tudo parece estar errado? Não tenho medo, nunca tive... mas agora, não sei mais o que pensar. Me vejo dividida entre o amor por meu pai e o senso de ética, entre o que é certo e errado. Será que sou eu a pecadora? Sou eu a errada, a culpada por tudo, como Urouge mesmo apontou? Devo realmente carregar o fardo dos erros e pecados de meus pais? Se sim, por quê? Oh, Deus, peço-lhe ajuda. Ilumine meu caminho e ouça minhas súplicas, por favor.

- Seu silêncio já transmite muitas coisas, Elisabette.

- Não, meu silêncio não comunica nada...

- Sim, comunica sim. Não apenas seu silêncio, mas também a maneira como você olha nos meus olhos, repleta de incerteza e angústia, é a resposta que aguardo de você. - ele segurou meu queixo com suavidade, deixando um afago ali, e eu suspirei, permitindo-me mais uma vez ser dominada pelo choro.

- Por que você insiste em dizer essas coisas? Eu não sou assim. Eu não sou a pessoa que você deseja acreditar que eu seja.

- Bem, você não me conhece, mas eu conheço você. - Gan Fall, mais uma vez, fixou seu olhar nos meus, como se soubesse tudo, absolutamente tudo sobre mim.

As palavras de Gan Fall reverberaram dentro de mim como uma sinfonia dolorosa, cada frase uma nota que ecoava pelo meu ser, ecoando verdades que eu temia encarar. Seus olhos, tão penetrantes quanto um feixe de luz elétrica cortando a escuridão, pareciam sondar cada canto da minha alma, desvendando segredos que eu mesma havia escondido até mesmo de mim mesma. Aquela sensação de desamparo, de estar à deriva em um poço sem fundo e cheio de incertezas, tomou conta de mim como uma onda avassaladora, fazendo-me questionar não apenas minhas ações passadas, mas também meu próprio eu, minhas convicções e valores.

Cada palavra proferida por ele foi como um punhal perfurando meu peito, expondo minhas fraquezas mais profundas diante da desgraça da verdade. O peso da culpa se fez presente, esmagando-me com sua magnitude avassaladora, enquanto eu me debatia entre a negação e a aceitação. As lágrimas que inundaram meus olhos eram um reflexo da tormenta interna que assolava minha alma, uma mescla de remorso, dúvida e anseio por redenção. A revelação de Gan Fall não era apenas um confronto com meu passado, mas também um convite para enfrentar meu próprio eu, encarar os demônios que habitavam nas profundezas do meu ser e encontrar a redenção que tanto ansiava.

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