• ˖ 🎸 𖥻. 𝓒hapter 7
🎸. 𝓜ason's pov
Os dias depois da noite no parque com Scarlett passaram como um borrão. Ele não sabia bem como descrever a sensação de ter se permitido um momento de paz, um intervalo de toda a bagunça que vivia em casa. Mas como sempre acontecia, a realidade o engoliu novamente. As risadas e a leveza que ele sentiu com Scarlett pareciam mais distantes a cada novo amanhecer, enquanto os fantasmas do passado continuavam a cercá-lo.
Naquela manhã, Mason estava na loja de guitarras, organizando as cordas e polindo os instrumentos que ficavam à mostra. Ele não conseguia evitar a familiaridade reconfortante das guitarras, mesmo que elas lhe trouxessem lembranças dolorosas. No entanto, a loja era seu refúgio ─── o único lugar onde ele podia tentar se manter ocupado, afastando os pensamentos da situação em casa e da sua mãe.
O som da sineta na porta indicou a chegada de um cliente. Mason levantou o olhar e viu um homem na casa dos trinta, com uma barba rala e um boné gasto, entrando na loja com um sorriso simpático. Ele parecia animado, seus olhos brilhando ao ver as guitarras dispostas nas prateleiras.
─── Olá! ─── disse o homem, acenando para Mason ─── Estou procurando uma guitarra nova. Sabe, para tentar retomar meu antigo hobby.
Mason assentiu, forçando um sorriso. Ele se aproximou, observando o entusiasmo no rosto do cliente. Era um contraste gritante com o vazio que ele sentia toda vez que olhava para os instrumentos na loja.
─── Temos várias opções aqui ─── Mason começou, tentando soar o mais profissional possível.
─── O que você está procurando exatamente? Algo mais clássico ou moderno?
O homem passou os olhos pelas guitarras, pensativo, antes de se aproximar de uma Fender Stratocaster preta e passar a mão pelo corpo do instrumento com cuidado.
─── Acho que algo assim. Sempre quis ter uma dessas quando era mais jovem ─── ele riu de leve, olhando para Mason.
─── E você, cara? Já toca há muito tempo? Você parece conhecer bastante sobre guitarras.
Mason sentiu um aperto no peito. A pergunta parecia inofensiva, casual até, mas o peso que ela carregava era esmagador. Ele desviou o olhar por um momento, respirando fundo antes de responder.
─── Sim... já faz um tempo. ─── as palavras saíram lentas, quase dolorosas.
O cliente, sem perceber o desconforto de Mason, continuou com sua empolgação.
─── Deve ser incrível, né? Poder tocar sempre que quiser, viver essa paixão. Eu sempre quis seguir em frente com isso, mas a vida acaba se metendo no caminho ─── ele riu de novo, como se não tivesse ideia do que suas palavras estavam despertando em Mason.
Mason forçou um sorriso, mas sua mente já estava longe dali. Ele não conseguia evitar lembrar de sua mãe. Odelia, a mulher que tinha sido uma estrela no mundo da música, tinha tudo o que Mason poderia ter desejado. E mesmo assim, a fama a consumira por completo, transformando-a em uma sombra de si mesma. A paixão que ela tinha pela música ─── a mesma paixão que ela tinha passado para Mason ─── havia se transformado em uma maldição.
Ele costumava tocar todos os dias. Seu quarto, anos atrás, era o epicentro de ensaios, acordes e melodias. Ele queria ser como sua mãe, queria sentir o mesmo brilho nos olhos que ela costumava ter quando subia no palco. Mas o brilho havia se apagado com o tempo, deixando apenas escuridão e silêncio em seu lugar.
Agora, toda vez que Mason pegava uma guitarra, a culpa o invadia. Cada nota que ele tocava parecia ecoar com a lembrança da mãe que ele perdera para os holofotes e o álcool. Ele não conseguia mais tocar sem se lembrar de tudo o que ela sacrificou por uma carreira que, no fim das contas, a destruiu.
O cliente percebeu o silêncio de Mason e ergueu uma sobrancelha, visivelmente confuso com a mudança de humor repentina.
─── Está tudo bem? ─── perguntou o homem, com um olhar preocupado.
Mason balançou a cabeça, voltando à realidade.
─── Sim, claro. ─── Ele engoliu em seco, tentando mascarar a tristeza que o dominava ─── Apenas... distraído. Sabe como é ─── ele deu um sorriso forçado, tentando afastar o peso das memórias que o assombravam.
O homem assentiu, embora claramente ainda não compreendesse a profundidade do que se passava na mente de Mason.
─── Vou levar essa guitarra ─── o cliente finalmente disse, apontando para a Fender Stratocaster.
Mason assentiu, começando a preparar a venda. Enquanto digitava os dados no computador, sua mente voltava aos dias em que ele tocava sem hesitar, sem a dor e o arrependimento que agora o seguiam a cada nota. Ele queria, mais do que qualquer coisa, poder tocar sem sentir o peso da carreira de sua mãe sobre seus ombros. Queria que a música fosse apenas música novamente, e não uma lembrança constante de tudo o que havia sido destruído em sua vida.
Após concluir a venda, o homem se despediu com um sorriso largo, claramente satisfeito com sua nova aquisição. Mason observou o cliente sair da loja, a sineta tocando suavemente quando a porta se fechou. O silêncio voltou a tomar conta do lugar, e Mason se sentou atrás do balcão, deixando o cansaço emocional tomar conta de seu corpo.
Ele olhou para a guitarra no canto da loja, a mesma que ele havia pegado na noite após o parque com Scarlett. Seus dedos coçavam para tocar novamente, mas o medo o impedia. E se ele nunca mais conseguisse tocar sem ser consumido pelas memórias? E se, assim como sua mãe, a música o destruísse também?
Por um momento, Mason fechou os olhos e respirou fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios que o perseguiam. Mas, no fundo, ele sabia que precisaria enfrentar esses demônios mais cedo ou mais tarde. O peso de sua mãe, da música, de tudo o que ele havia perdido ─── era algo que ele não podia mais ignorar.
Quando seus olhos se abriram novamente, ele tomou uma decisão. Não sabia se conseguiria enfrentar tudo de uma vez, mas talvez pudesse tentar, aos poucos. E, por ora, o primeiro passo seria aceitar que a música ainda estava lá, esperando por ele. Não como uma inimiga, mas como uma velha amiga perdida, que talvez ele pudesse reencontrar.
Os dias seguintes à venda daquela Fender Stratocaster passaram lentamente, como se o tempo estivesse conspirando contra Mason. O som das cordas, os acordes ecoando na loja, o sorriso satisfeito do cliente ao sair com a guitarra nova... tudo isso voltava à sua mente em flashes constantes, misturando-se com as lembranças de sua mãe e do seu próprio passado.
Naquela manhã, Mason acordou com o som da porta da frente se fechando. Ele sabia que era Odelia saindo de casa, provavelmente em busca de mais uma bebida, repetindo um ciclo que parecia interminável. Mesmo sem ver, ele podia sentir o peso da situação crescendo, se acumulando a cada dia.
Ao chegar na loja, a primeira coisa que notou foi o silêncio. Era reconfortante e, ao mesmo tempo, opressor. O lugar estava vazio, e Mason se jogou na rotina de organizar as prateleiras e polir as guitarras. Era uma distração, algo que o mantinha ocupado o suficiente para evitar encarar a bagunça que sua vida havia se tornado.
Enquanto passava um pano por uma das guitarras, seus pensamentos voltaram para Scarlett. A noite no parque, a leveza que ele sentiu ao seu lado, ainda era um lembrete de que havia algo mais além da dor que ele carregava. Mas desde aquela noite, ele a evitava. Não propositalmente, mas por medo. Medo de que, ao se permitir sentir algo novamente, ele pudesse desmoronar.
A sineta da loja soou, tirando-o de seus pensamentos. Dessa vez, não era um cliente. Scarlett estava na porta, os cabelos soltos balançando com a brisa que entrava pela fresta. Ela não disse nada de imediato, apenas o observou por alguns segundos, como se estivesse tentando decifrar o que se passava na cabeça dele.
─── Ei. ─── Ela finalmente disse, com um sorriso suave.
Mason sentiu um aperto no peito ao vê-la. Havia algo em Scarlett que o fazia querer baixar a guarda, mas isso também o assustava.
─── Oi, ─── ele respondeu, tentando manter o tom casual enquanto voltava a polir a guitarra em suas mãos.
─── Pensei em passar aqui para ver como você está, ─── ela continuou, caminhando até o balcão.
─── Faz alguns dias que a gente não se fala.
Mason soltou um suspiro, colocando a guitarra de volta no suporte.
─── É... eu andei meio ocupado.
─── ele murmurou, sem realmente olhar para ela.
Scarlett arqueou uma sobrancelha, claramente não convencida.
─── Ocupado ou evitando tudo e todos?
Ele riu de leve, mas era um riso vazio.
─── Talvez os dois.
Ela se encostou no balcão, cruzando os braços.
─── Sabe, Mason... não tem problema em fugir de vez em quando, mas não para sempre. ─── o tom dela era calmo, mas firme ─── Você tem que enfrentar isso. Seja o que for.
As palavras de Scarlett o atingiram com força. Ele sabia que ela estava certa, mas a ideia de enfrentar seus demônios parecia tão assustadora...Sob o peso das expectativas que uma vez destruíram sua mãe.
─── Eu sei. ─── Ele finalmente admitiu, a voz saindo quase num sussurro ─── Só não sei como.
esse capítulo deu 1523 palavras!
primeira maratona finalizada!Foram apenas quatro capítulos,infelizmente
gente,quero fazer a fic ter + ou - uns 27 capítulos,mas se a história se desenrolar mais rápido(como eu quero que seja) eu vou fazer menos capítulos ok?Mas prometo que se forem poucos serão bastante grandes!
XOXO,BIA 💋
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