🎸. 𝓜ason's pov

Ao retornar para casa naquela noite, Mason sentia que algo dentro dele havia mudado. O parque de diversões, as risadas, e a companhia de Scarlett o haviam distraído por um tempo, mas, ao cruzar o limiar da porta de casa, a realidade retornou com uma força brutal. O ar dentro da casa parecia mais pesado, carregado com as memórias de uma mãe que ele mal reconhecia mais.

Odelia Thames, uma mulher que já havia  uma estrela brilhante, uma lenda no cenário musical, agora era uma sombra de si mesma. A fama, as turnês, os holofotes ─── tudo isso a havia corroído por dentro. Quando Mason era mais jovem, sua mãe era seu mundo, uma força inabalável que o inspirava a tocar, a sonhar, a ser como ela. Mas agora, cada vez que ele a via, sentia apenas um profundo cansaço, como se a fama tivesse sugado não só sua energia, mas sua alma.

A casa estava silenciosa, como sempre. Mason jogou a chave no balcão e subiu as escadas com passos pesados. Ele sabia que sua mãe estaria em algum canto escuro, provavelmente com uma garrafa ao seu lado. O cheiro de álcool já estava no ar, e ele se preparava mentalmente para o que viria a seguir.

Abrindo a porta do quarto de sua mãe, Mason a encontrou esparramada na poltrona, com uma garrafa de vinho quase vazia na mão. Seu cabelo, que um dia fora lustroso e arrumado, estava desgrenhado, e seus olhos, que antes brilhavam com paixão, agora estavam turvos, como se não houvesse mais esperança de redenção.

─── Mãe... ─── chamou Mason suavemente, embora soubesse que ela estava em outro mundo, perdida em seus próprios pensamentos.

Ela se mexeu, os olhos focando nele por um breve momento antes de voltar a encarar o nada.

─── O que você quer, Mason? ─── perguntou com a voz arrastada, sem sequer tentar disfarçar o estado em que se encontrava.

Ele suspirou, cruzando os braços e encostando-se no batente da porta. Não havia muito que ele pudesse dizer para ela que já não tivesse dito antes. Pedir para que parasse de beber? Para tentar recomeçar? Tudo isso já havia sido tentado e falhado. Agora, tudo o que restava era o silêncio entre eles.

─── Você estava em uma banda, não estava? ─── perguntou ela, quebrando o silêncio com uma pergunta que o pegou de surpresa.

Mason hesitou por um momento. Havia algo de estranho na forma como ela havia perguntado, como se fosse uma memória distante. Ela sabia, claro que sabia, mas era como se o álcool tivesse apagado as partes importantes de suas vidas.

─── Não, mãe. Eu fui a um parque de diversões hoje. Com uma amiga ─── respondeu ele, tentando manter a voz calma.

Ela riu, uma risada amarga e vazia, como se a ideia de diversão fosse algo completamente alienígena para ela.

─── Diversões... são coisas passageiras, Mason. Tudo acaba, sabia? A fama,o sucesso... Até as amizades. ─── disse ela, virando o último gole da garrafa e deixando-a cair no chão ao lado da poltrona.

Mason apertou os lábios. Ele sabia que sua mãe não estava apenas falando do presente, mas de suas próprias cicatrizes. Odelia havia sido uma mulher que vivera para os aplausos e se alimentara do brilho da fama. Mas, quando os holofotes se apagaram, ela não soubera como viver sem eles. As amizades haviam desaparecido, as promessas quebradas, e a única constante na vida dela tinha sido a bebida.

─── Scarlett... é uma garota legal ─── disse Mason, na tentativa de desviar o assunto e encontrar alguma luz no meio de todo aquele vazio.

Sua mãe olhou para ele, seus olhos finalmente focando nele por mais de alguns segundos. Por um momento, Mason viu um lampejo de algo antigo — um traço da mulher forte que ela fora um dia.

─── Scarlett... ─── repetiu ela lentamente, como se estivesse saboreando o nome ─── Não se envolva demais, Mason. Você sabe o que acontece quando você deixa as pessoas se aproximarem demais.

Essa foi a gota d'água para Mason. Ele fechou os punhos e sentiu o calor da raiva subir por seu corpo. Ela estava certa, claro. Ele sabia que sua mãe tinha razão, que a dor era inevitável, mas ouvir isso, depois de um dia em que finalmente havia se sentido bem... foi demais.

─── Talvez eu esteja disposto a arriscar ─── respondeu Mason friamente, antes de sair do quarto.

Ele desceu as escadas com passos rápidos, o som dos pés batendo contra os degraus ecoando pela casa vazia. Ele não queria ouvir mais nada daquela conversa, não queria continuar revivendo os mesmos conselhos amargos que ela sempre lhe dava. Scarlett era diferente, e ele sabia disso. Mas, ao mesmo tempo, sabia que havia um grão de verdade nas palavras de sua mãe. Aproximar-se de alguém significava se expor à dor, e ele já tinha cicatrizes o suficiente.

Mason entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si, apoiando-se nela por um momento enquanto tentava respirar fundo. O silêncio da casa estava presente, mas dentro de sua mente havia um turbilhão. Seus olhos caíram sobre a guitarra encostada no canto do quarto, coberta por uma fina camada de poeira. Ele evitava tocar há tanto tempo. Cada vez que seus dedos roçavam as cordas, a culpa e as memórias de sua mãe em seu auge o assombravam.

Ainda assim, naquela noite, algo era diferente. Scarlett, com sua alegria despreocupada, havia tocado algo dentro dele, algo que ele havia enterrado há muito tempo. Mason se aproximou da guitarra e passou a mão pela madeira, sentindo a textura fria contra os dedos. Ele hesitou por um momento, lutando contra os fantasmas do passado que ameaçavam tomá-lo.

Finalmente, ele se sentou na beirada da cama e pegou a guitarra no colo. O peso familiar dela trouxe um conforto que ele não esperava. Com os olhos fechados, Mason começou a tocar um acorde, hesitante no início, mas logo encontrou seu ritmo. As notas ecoaram pelo quarto, e por um breve momento, ele sentiu como se estivesse voltando a ser ele mesmo.

As cordas vibraram sob seus dedos, e ele se deixou levar pela música. Era uma sensação estranha ─── quase como se Scarlett estivesse ali com ele, uma lembrança distante do parque de diversões, da roda-gigante, e da liberdade que ele sentira ao lado dela. Talvez, apenas talvez, houvesse esperança para ele também.

Mas à medida que a noite avançava, os pensamentos de Mason não podiam ser silenciados apenas pela música. Ele sentia a necessidade de enfrentar seus medos e suas frustrações. Então, decidiu que precisava colocar seus sentimentos em palavras, uma forma de exorcizar os demônios que o atormentavam.

Mason pegou um caderno que sempre mantinha à mão para rascunhar letras e pensamentos. Sentado no chão do quarto, ele começou a escrever freneticamente. Palavras sobre sua mãe, sobre a fama que a destruíra, sobre a solidão que sentia e sobre a esperança que ainda persistia, mesmo em meio ao caos. Escrever era uma forma de libertar suas emoções, e ele se permitiu soltar apenas uma única lágrima enquanto escrevia.

O processo foi doloroso, mas também curativo. A cada palavra, ele sentia um peso sendo retirado de seus ombros. As letras tornaram-se uma terapia, um meio de dialogar com sua dor sem precisar confrontar diretamente os fantasmas que habitavam sua casa. À medida que a madrugada avançava, Mason estava exausto, mas também aliviado. Havia uma sensação de renovação em seus olhos, e ele sabia que, apesar dos desafios, estava encontrando um caminho para seguir em frente.

Quando o sol começou a nascer, Mason fechou o caderno e olhou para a guitarra novamente. Com uma nova determinação, ele se levantou e tocou um solo, mais forte e mais confiante do que antes. A música, agora, não era apenas um refúgio, mas uma ferramenta para enfrentar a realidade e superar os desafios.

Enquanto a luz da manhã entrava pela janela, Mason sentiu que havia dado um passo significativo na luta contra seus próprios demônios. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas, por enquanto, a música e a escrita eram suas armas na batalha. E isso, por enquanto, era o suficiente.

esse capítulo deu 1356 palavras ☝️

o Mason tomando iniciativa pra tentar encarar os seus próprios demônios e parte disso aconteceu por causa da Scar 😭❤️

afs amo o nosso casal,e vocês não fiquem pensando que só por conta dessa iniciativa ainda não vai acontecer merda nessa fic,porque de merda tem MUITAA coisa pra acontecer ainda 😍

XOXO,BIA 💋