🎸. 𝓜ason's pov

O céu havia mudado,não parecia mais aquele dia brilhante e bonito, dava ao ambiente uma aparência cinza e opressiva. Mason caminhava pelas ruas em direção à sua casa, com os pensamentos enevoados e o coração batendo em um ritmo que ele não conseguia controlar. O calor do beijo de Scarlett ainda estava em seus lábios, mas conforme ele se aproximava da sua casa, o peso da realidade começou a se infiltrar em sua mente como uma sombra constante.

Ele subiu os degraus da varanda lentamente, o som de seus sapatos molhados ecoando contra a madeira desgastada. A casa parecia mais silenciosa do que o normal, como se o próprio ar tivesse se encolhido em antecipação. Mason hesitou antes de abrir a porta. Sempre que ele voltava para casa, havia uma pequena voz dentro dele que sussurrava que algo poderia estar errado. Era um hábito construído ao longo dos anos, algo que ele não conseguia controlar.

Quando ele finalmente girou a maçaneta e entrou, o cheiro de álcool bateu em seu rosto como uma onda sufocante. O estômago dele se revirou na hora. O cheiro era forte, quase nauseante, e trouxe memórias que ele preferiria esquecer.

─── Odelia? ─── ele chamou, sua voz baixa, quase hesitante.

Nenhuma resposta.

Mason sentiu o pânico começar a rastejar pelo peito. Ele largou a mochila no chão e caminhou pela sala. A visão era pior do que ele poderia imaginar. Garrafas vazias estavam espalhadas pela mesa de centro, algumas ainda rolando pelo chão. Cinzas de cigarro manchavam os móveis. E ali, no sofá, estava Odelia.

Ela parecia uma casca de si mesma. O cabelo estava desgrenhado, colado na testa pelo suor, e o rosto, embora belíssimo em outros tempos, agora parecia envelhecido pelo cansaço e pela dor. Seus olhos estavam semicerrados, vermelhos, perdidos em algum ponto distante que Mason não conseguia enxergar. Uma garrafa ainda repousava em sua mão trêmula, como se ela nem ao menos percebesse que estava segurando.

Mason parou na entrada da sala, completamente paralisado. Ele sentiu o coração afundar no peito, uma dor aguda atravessando-o como uma faca. Ele já tinha visto Odelia em estados ruins antes, mas nunca assim. Nunca tão... quebrada.

─── Não... não de novo ─── murmurou para si mesmo, sentindo as mãos começarem a tremer.

Odelia levantou o olhar lentamente, seus olhos desfocados tentando focar no filho. Ela abriu um sorriso fraco e forçado, como se estivesse tentando disfarçar a situação.

─── Você voltou, hein? ─── sua voz saiu rouca, quase inaudível.

─── O que aconteceu com você? ─── Mason perguntou, sua voz falhando. Ele deu um passo à frente, mas hesitou, com medo de chegar mais perto, como se a situação pudesse se desintegrar ainda mais.

Odelia deu uma risada fraca, amarga, como se a pergunta fosse absurda.

─── A mesma coisa que sempre acontece, Mason. Eu estou... vivendo ─── ela balançou a garrafa, que ainda continha alguns goles, como se aquilo fosse uma resposta suficiente.

─── Isso não é viver ─── ele rebateu, sentindo a frustração começar a fervilhar dentro dele. Sua voz começou a tremer de raiva, mas, ao mesmo tempo, havia uma fragilidade dolorosa em suas palavras ─── Olha pra você, mãe! Você não pode continuar assim. Você prometeu que ia tentar, você prometeu...

─── Promessas são só palavras, Mason ─── Odelia respondeu, sua voz quase quebrando. Ela recostou a cabeça no sofá e fechou os olhos por um momento ─── Palavras vazias que não significam nada.

Mason sentiu algo se despedaçar dentro dele. O chão parecia instável, como se ele estivesse prestes a desmoronar junto com ela. Ele queria gritar, queria sacudi-la e fazê-la perceber o que estava fazendo consigo mesma ─── e com ele. Mas ao mesmo tempo, ele só conseguia sentir uma tristeza sufocante, uma culpa que rastejava por suas veias como veneno.

Ele se ajoelhou ao lado do sofá, ficando perto o suficiente para sentir o cheiro de álcool mais forte do que nunca.

─── Por que você está assim? O que aconteceu enquanto eu estava fora? Eu deveria estar aqui com você, eu...

Odelia abriu os olhos novamente, desta vez com algo parecido com dor brilhando neles. Ela olhou para Mason por um longo momento, como se estivesse tentando reconhecê-lo.

─── Você não pode me salvar, Mason ─── ela sussurrou, e dessa vez sua voz carregava uma sinceridade fria que fez o coração dele parar por um instante ─── Ninguém pode.

Aquelas palavras foram como um soco no peito. Mason desviou o olhar, sentindo a garganta apertar. As lágrimas começaram a se acumular em seus olhos, mas ele as reprimiu com todas as forças. Ele não podia chorar. Não ali. Não na frente dela.

─── Eu não quero te perder ─── ele murmurou, a voz quase inaudível.

Por um instante, Odelia pareceu abalada. Ela estendeu uma mão trêmula para tocar o rosto de Mason, mas desistiu no meio do caminho. Ela parecia prestes a falar alguma coisa, mas em vez disso, virou o rosto, afastando-se dele.

Mason se levantou, sentindo o peito arder como se estivesse pegando fogo. Ele passou as mãos pelos cabelos, tentando acalmar a respiração, mas era inútil. Ele sentia que ia explodir. Como ele podia sair de um momento tão feliz, tão perfeito com Scarlett, e voltar para isso? Para o caos? Para a lembrança constante de que sua vida estava sempre à beira do colapso?

Ele caminhou até a cozinha e pegou um copo de água. Suas mãos ainda tremiam, e ele quase derrubou o copo ao colocá-lo na pia. Ele respirou fundo, fechando os olhos com força. Ela estava pior. Muito pior. E a culpa o atingiu como um trem desgovernado.

Eu deveria estar aqui, pensou, reprimindo as lágrimas que ainda ameaçavam cair. Eu deveria ter percebido. Eu deveria ter feito alguma coisa.

Ele voltou para a sala e encontrou Odelia adormecida no sofá, a garrafa agora caída no chão. Mason a observou por um longo momento, sentindo-se completamente impotente. Ele pegou um cobertor que estava jogado em uma cadeira e o colocou sobre ela, com cuidado, como se o simples gesto pudesse protegê-la de tudo o que a estava destruindo.

Sentando-se no chão, com as costas encostadas no sofá, Mason enterrou o rosto nas mãos. O silêncio da casa era ensurdecedor. Ele pensou em Scarlett, no jeito como ela sorria para ele, no toque suave dela quando estavam juntos. Por um momento, ele quase permitiu que a lembrança o confortasse, mas então o peso da realidade o puxou de volta. Ele sentiu como se estivesse dividido em dois ─── uma parte dele tentando encontrar um respiro ao lado de Scarlett, enquanto a outra estava presa aqui, no caos, tentando salvar Odelia e a si mesmo.

─── Eu não sei o que fazer ─── ele sussurrou para o vazio.

O tempo parecia se arrastar enquanto ele ficava ali, sozinho com seus pensamentos. Odelia dormia profundamente, alheia ao turbilhão de emoções que ela havia desencadeado. Mason fechou os olhos, encostando a cabeça no sofá, sentindo a exaustão finalmente tomá-lo. Ele queria fugir dali, queria correr até Scarlett e esquecer de tudo isso, mas sabia que não podia. Não ainda.

E, naquela casa silenciosa, enquanto a tempestade dentro dele continuava a crescer, Mason percebeu que precisava ser forte ─── mesmo que ele não soubesse como.

EU FALEI QUE A FELICIDADE IRIA DURAR POUCO HAHAAHHAAHAHAH

daqui pra frente é só pra trás KKKKKKKK

XOXO,BIA 💋