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𝟬𝟯. COMO DEIXAR O PASSADO PARA TRÁS?

Era por volta das cinco e dez da manhã do outro dia, quando Yeoboo resolveu ir até o terraço do prédio. Depois do jantar, ela e o grupo haviam passado a noite inteira trabalhando em seus próximos passos, então não foram para casa. Quando resolveram descansar por volta das três e meia da manhã, Vincenzo foi para seu apartamento e eles foram dormir em outro apartamento vazio. No entanto, Boo não conseguiu dormiu.

A Hong ficou revirando pela cama enquanto pensava no que estava acontecendo em suas vidas. Em apenas três dias ela já havia: desmaiado alguém, participado de um sequestro e uma falsa tentativa de homicídio. A vida da sua família havia virado de cabeça para baixo desde a morte do seu avô... Mas Boo não estava arrependida de participar disso.

Suas claras palavras sobre querer vingança por aqueles que mataram seu avô ─ como a Babel, Wusang e seus envolvidos, ainda estavam de pé.

Ao chegar no terraço, Yeoboo percebeu que já havia alguém lá... o senhor Cassano. Ele era alto e trajava um terno azul marinho de uma marca famosa que sua mãe amava. Seu cabelo estava bem penteado e o sol iluminava sua silhueta. Ele estava de costas para ela. A Hong olhou um pouco mais para baixo e notou que um isqueiro dourado era aberto e fechado na mão direita do homem.

Parecia uma mania, como a dela com seu canivete.

Yeoboo fechou a porta atrás de si e colocou as mãos no bolso do moletom azul claro. Vincenzo sentiu alguém se aproximando e olhou para trás, dando de cara com a jovem esfregando os olhos e bocejando. Boo achou engraçado como ele a acompanhava com o olhar e sorriu genuinamente. O Cassano apertou um pouco os lábios, sorriu um pouco e voltou a sua posição anterior para olhar o horizonte.

Buongiorno, senhor Cassano. ─ Yeoboo falou, tropeçando um pouco no italiano, mas conseguindo falar o 'bom dia' de maneira fofa. ─ Falei certo? ─ Indagou.

Vincenzo balançou a cabeça positivamente, concordando.

─ O senhor acordou cedo. ─ A brisa a fez se encolher um pouco entre o casaco, se encolhendo um pouco. ─ Mas vale a pena... olha que vista bonita.

O sol nascia aos poucos e eles tinham uma vista privilegiada do terraço. A cidade ainda a estava acordando, as luzes artificiais se apagando e a natural aparecendo. O horizonte ainda contava com uma paleta de cores entre o amarelo e laranja, com as nuvens e céu azul dando bom dia aos moradores.

─ Costumo acordar cedo. ─ O mafioso respondeu. Concordava que a vista era muito bonita. Na Itália não haviam tantos prédios altos que pudessem dar uma vista privilegiada da cidade. ─ E a senhorita? Não conseguiu dormir?

─ Não, fiquei pensando no que está acontecendo. ─ Foi sincera. Seu olhos agora estava mais abertos e acordados. ─ Mas acho que já deveria ter me acostumado com tragédias... Não é como se fosse a primeira vez.

Vincenzo virou um pouco o corpo para encara-la. Bem lá no fundo, uma vontade de saber o que mais teria acontecido na vida dela surgiu, mas ele não se manifestou. Não era como se eles fossem próximos.

─ Acha que tem como se acostumar com tragédias? ─ Perguntou, curioso sobre sua resposta. Ele também havia passado por tragédias e estava constantemente tentando se acostumar com elas.

─ Na verdade não. ─ Yeoboo também se virou um pouco para olhar direto nos seus olhos. ─ Não tem como você se acostumar com coisas ruins se você é alguém com um coração. ─ Suas palavras pesaram um pouco, deixando o Cassano pensativo. ─ Essas pessoas não se acostumam, elas são obrigadas a lidar com as tragédias... Isso não quer dizer que se acostumaram.

Vincenzo pensou em falar algo, mas desistiu e virou para frente novamente. Por um momento ele realmente pensou se isso era verdade. Se pessoas com coração não se acostumaram com tragédias e poderiam ficar ressentidas com elas. Yeoboo notou que o homem pareceu inquieto, mas não forçou nada. Ele era silencioso e reservado, talvez no futuro, se pudessem se aproximar, o Cassano se sentisse confortável para falar.

─ Enfim, só estava pensando. ─ Boo disse, olhando para os próprios pés.

O homem olhou para ela de lado e não soube o que falar. Por mais que fosse um conselheiro da máfia, Vincenzo não era bom naquele tipo de conversa sentimental. Não sabia como responder a jovem, que parecia um pouco triste e amargurada. Chayoung com certeza já teria dado um abraço em Yeoboo e diria que ficaria tudo bem, lhe aconselhando da melhor forma que ela conseguia. Mas Vincenzo? Ele não era assim.

─ Não se preocupe, o plano irá ocorrer como planejamos. ─ Foi a primeira coisa que ele pensou. Se não podia falar sobre sentimentos, podia falar mais racionalmente. ─ Eu e o Matteo verificamos tudo para mais tarde.

─ Claro, não duvidaria disso. ─ Ela riu, mesmo que não estivesse falando sobre o plano especificamente. Depois de tudo que viu sobre os dois, parecia impossível duvidar.

O Cassano notou que não era mesmo sobre isso que ela estava falando, mas a Hong até que disfarçou bem.

─ Qual a história do isqueiro?
─ Yeoboo mudou de assuntou, apontando para o objeto na sua mão. ─ Ele te ajuda a pensar? ─ Perguntou, pegando-o da mão dele se avisou e encarando os detalhes. ─ O senhor não fuma, então...

Vincenzo supreendeu-se ao ouvir aquilo, porque esses era o motivo principal. Boo parecia fascinada com o objeto, dando para imaginar isso apenas pelo olhar curioso e olhinhos brilhantes dela.

─ Como você sabe? ─ O Cassano perguntou. Ninguém nunca tinha percebido que ele tinha aquela mania.

A Hong sorriu para ele antes de enfiar a mão no bolso do casaco e retirar um canivete fechado de dentro dele.

─ Eu ficou rodando isso aqui por horas quando preciso pensar. ─ Ela encarou seu objeto, colocando ele bem de frente para os olhos de Vincenzo. ─ Depois de sete anos no orfanato, achando que meus pais voltariam para me buscar, resolvi abrir a caixa que eles haviam deixado para mim. ─ Disse respirando fundo. Era sempre um pouco difícil contar aquela parte da sua história. ─ Entre as poucas coisas que sobraram, encontrei esse canivete... Eu tinha apenas 13 anos... Não sabia porque aquilo estava ali.

Então Vincenzo percebeu que aquilo fazia parte de tragédias citadas. Como alguém que também foi abandonado pela mãe, sem saber o motivo que a levou fazer isso, compartilhava daqueles sentimentos. Por isso, ficou calado, escutando tudo que ela tinha para dizer.

─ No começo deixei ele de lado achando que nunca usaria, mas... ─ A garota olhou para o lado, se preparando para continuar. ─ Um dia no orfanato, alguns garotos que me perturbavam, me arrastaram de noite até uma sala vazia para bater em mim. ─ Era um dos vários momentos naquele orfanato horrível, que Yeoboo precisou superar para hoje em dia poder contar. ─ Eles nunca tinham feito isso, mas da última vez eu me negar a dar minha comida a eles. Então, eles acharam que poderiam me castigar.

Por um momento o Cassano sentiu raiva daqueles garotos. Se os encontrassem na rua, provavelmente sentiria vontade de dá uma lição neles. Yeoboo era uma garota tão doce, gentil e divertida... Pensou que ela não merecia ter passado por isso.

─ O que eles não imaginavam é que eu estava com o canivete no bolso. ─ Ela riu com sarcasmo. Se lembrando de como eles ficaram com medo dela naquele momento. ─ Antes que o senhor pense algo... não, eu não matei ninguém, mas e os ameacei com o canivete. Não queria fazer isso... eu nunca fui assim, mas... eu precisava fazer isso pra sobreviver.

─ Entendo. ─ Falou Vincenzo, um pouco pensativo sobre a situação.

─ Então eu comecei a usá-lo depois disso. Sempre que tinha algo me incomodando e eu precisava pensar, ficava girando ele por horas entre meus dedos. ─ Yeoboo colocou ele entre os dedos e girou, mostrando como fazia.

A Hong levantou as duas mãos na frente dos olhos do mafioso, com cada objeto em uma das suas mãos. Ela, assim como ele, intercalava seu olhar entre os objetos e os olhos um do outro. O mafioso entendeu que, mesmo que eles fossem muito diferentes, tinham questões parecidas. Eles estavam ligados a objetos que tinham o mesmo objetivo e significado para ambos.

─ Nós podemos ser muito diferentes, senhor Cassano... ─ Os olhos da mais jovem pararam exatamente nos dele, que brilhavam com curiosidade. Yeoboo sabia que ele a entendia. ─ Mas não somos opostos.

Vincenzo Cassano estava intrigado, porque lidar com as Hong não era tão fácil quanto ele pensava. Eles eram... Curiosamente interessantes... Por mais que seu objetivo principal não fosse lidar com suas questões, sentimentos ou personalidades. Era diferente. O italiano não conseguia ficar apenas na dele, escutar aquela conversa e fingir que nunca aconteceu. Pelo menos, não com elas. Parecia simplesmente impossível não se meter no assunto alheio de Yeoboo e Chayoung.

Um inferno, ele diria.

Só não conseguia evitar.

─ Sei que deve ser difícil para o senhor confiar nas pessoas, mas vai por mim, eu entendo. ─ Yeoboo nem mesmo sabia que Vincenzo também havia sido "abandonado" pela mãe, mas já havia tocado na ferida dele. ─ No começo eu também não confiava... Até saber da verdade. Meus pais não me abandonaram porque quiseram... fizeram isso pensando no meu futuro.

─ Como poderia ser pensando no seu futuro? ─ Perguntou, cético. Achava que ela era muito inocente e facilmente perdoava as pessoas. ─ Nenhum pai de verdade deveria fazer isso.

─ Eu concordo que abandonar pode não parecer a melhor opção, mas nesse caso, eles estavam sendo ameaçados. ─ Yeoboo entendia que o abandono não era uma solução e, apesar da maioria dos casos não ter justificativa, aquele, tinha. ─ Mas... eu só descobri isso quando eles encontraram meus pais... mortos.

A garganta do mais velho secou por um momento e ele se sentiu desconfortável. Se sentindo um pouco complacente e empático, até se prestou a ficar chateado por ela por causa da situação.

─ Foi a mamãe que me deu a notícia... ─ E quando ela fala 'mamãe', Vincenzo entendeu que se referiu a Chayoung. ─ Ela era advogada do homem que assassinou meus pais. ─ Definitivamente, ele nunca esperava que isso pudesse ter acontecido. ─ E bom, para resumir, ela não sabia que ele havia mesmo matado meus pais. Quando descobriu e me encontrou, acabou largando o lado dele e ficou do meu lado.

─ Ela fez mesmo isso? ─ Parecia inacreditável a antiga Chayoung largar um caso com um cara rico, só para defender uma órfã. ─ Porque a Wusang deixaria ela fazer isso? Eles perderiam muito dinheiro.

─ Sim. ─ Concordou com um meio sorriso. ─ Você pode não acreditar ainda, mas ela é uma boa pessoa. ─ Yeoboo deu duas batidinhas no ombro do mais velho. ─ Enquanto a Wusang? Bem, não tinha como eles ficarem com o caso... Isso mancharia a imagem deles. Mesmo sendo rico, ele não era influente. ─ E todos sabiam que ter influência era um requisito necessário. ─ Já haviam provas o suficiente contra Kim Woosan e a Wusang ganharia mais dinheiro do estado se colocasse ele atrás das grades. Então, na época, minha mãe acreditou que a Wusang era um bom lugar e ajudou a fazer justiça.

A Hong cruzou os braços, pensativa. A Wusang nunca escondeu as falcatruas que fazia, mas por um tempo, sua mãe disse que até tentou desviar delas.

─ Enfim... ─ Yeoboo achou que ele já deveria estar cansado de ouvir suas histórias, então resolveu concluir. ─ Após vencer o caso ela entrou com um pedido de adoção dois meses depois.

As duas já se conheciam há seis meses e haviam se tornado muito próximas.

─ A mamãe até tentou me tratar como uma irmã, mas... ela disse que não conseguiu. ─ Outro sorriso, dessa vez mais aberto e cheio de alegria, surgiu nos lábios da Hong. ─ Eu ganhei uma nova chance.

Vincenzo também não conseguiu não demonstrar um sorriso, mesmo que tímido e gentil, nos lábios. Foi um desfecho espetacular para a trama. Se ela não contasse sua história, o Cassano nunca diria que elas não eram mãe e filha biologicamente. As duas se pareciam muito em aspectos de personalidade e também, com traços físicos.

─ Você e sua mãe, senhorita Hong junior, se parecem o suficiente para qualquer um acreditar que são parentes. ─ Vincenzo falou, a chamando pela primeira vez por esse apelido.

Às vezes ele tinha um pouco de dificuldade de como se referir as duas quando estavam juntas. Era um pouco estranho, porque ele chamava as duas de "senhorita Hong". Não tinha intimidade para chama-las pelo nome.

─ Hong junior? ─ Yeoboo soltou uma risada, gostando do novo apelido. ─ Não sabia que você gostava de apelidos, Vince.

Vincenzo havia aberto uma porta sem volta: a que Hong Yeoboo se sentia confortável para chamá-lo de algo mais que não fosse "senhor Cassano".

─ Não me chame assim. ─ Vincenzo pôs as mãos no bolso da calça e virou para o outro lado, começando a andar para fora do telhado.

Yeoboo sorriu com o resmungado de Vincenzo e apressou os passos para segui-lo. Também com as mãos nos bolsos, sendo que do casaco moletom, ela tentou acompanhar seus longos passos.

─ Chamar o senhor de senhor o tempo todo é um pouco chato. ─ Ela fez um biquinho, tentando fazer com que ele olhasse para ela.

─ Mas a senhorita chama o senhor Nam assim o tempo todo! ─ Protestou, parecendo um pouco envergonhado. Na cabeça dele, foi um erro ter falado qualquer apelido. Não entendeu o que foi que deu nele.

A Hong apressou mais um pouco os passos e, antes de Vincenzo saísse do telhado, ela pulou bruscamente na frente dele, o fazendo parar instantemente com o susto.

─ Na verdade eu chamo ele de tio Nam. ─ Corrigiu, apontando o dedo indicador para cima. ─ Hm... Sabe, é que o senhor veio da Itália e não entende muito bem os costumes daqui. Eu poderia chama-lo de ajusshi... Mas eu não sei se você é velho o suficiente para eu te chamar assim. ─ Yeoboo não achava que o homem tinha a idade para ser um "senhor de verdade". Não por educação, mas por idade. ─ Então normalmente eu te chamaria de oppa, mas não sei... Saindo da minha boca parece um pouco estranho.

─ Facilite as coisas e me chame de senhor Cassano. ─ Vincenzo suspirou, esperando que a mesma saísse da frente.

─ Mas agora somos amigos... Você até me deu um apelido! ─ Ela falou. O Cassano passou os dedos nas têmporas, tentando se controlar. ─ Vince parece uma boa. Também posso te chamar de senhor Cassano, mas Vince é igualmente legal!

A ruiva deu um último sorriu e abriu a porta rapidamente, tentando evitar que ele falasse "não" mais um vez e negasse seu pedido. De uma maneira ou de outra, ele teria que aguentar ela o chamando de "Vince".

Por volta das nove e meia da manhã todos já estavam acordados e trabalhando. Yeoboo, Junho, Chayoung, Vincenzo e o Nam Juseong organizavam a papelada dos casos da Babel, enquanto esperavam o final do dia. Eles haviam bolado um plano contrata a empresa farmacéutica e iriam realizá-lo assim que subsidiária da Babel, a Babel Farmacêutica, fechasse. Então, para passar o tempo e se preparar para as lutas no tribunal, eles estavam organizando, separando e analisando todos os papéis e provas que juntaram.

─ Cheguei com nosso café da manhã! ─ O Yang falou animado, entrando pela porta da advocacia. ─ Espero que vocês estejam com fome, eu trouxe várias coisas.

O garoto estava cheio de sacolas de comida em uma mão, enquanto na outra segurava um suporte de papelão que comportava seis copos médios de bebidas.

─ Junho, você comprou com seu dinheiro? ─ Chayoung perguntou com um tom de voz de quem já sabia da verdade. Se ele tivesse comprado com o dinheiro dela, o aplicativo do banco havia avisado no celular. Só queria escutar as palavras da boca dele.

─ Sim. ─ O jovem concordou, dando um meio sorriso.

─ Eu não disse pra você gastar o meu dinheiro? ─ A mulher deu um leve tapa no braço dele quando o mesmo se aproximou. ─ Não é porque nossa advocacia está quase falindo e não temos mais tanto dinheiro, que fiquei pobre!

Yeoboo soltou uma risada, mas segurou logo que a mãe olhou para ela. Junho era o mesmo de sempre e ele adorava pagar coisas para as Hong ─ por mais que elas negasse que ele quisesse pagar todas as vezes. Por mais gentil que fosse, Chayoung geralmente ficava brava, porque ela queria pagar para eles.

─ Tudo bem, da próxima eu prometo que compro!

Junho levantou as mãos em rendição após colocar os três copos de café na frente dos mais velhos, que estavam sentados juntos na mesa central do ligar. Ele tirou dois outros copo do suporte, pegou uma das sacolas que trouxe e andou até a mesa que ele e Yeoboo dividiam no escritório. Já próximo, colocou as bebidas e a sacola de papel encima da mesa de madeira e puxou a cadeira que ficava do seu lado da mesa, a trazendo para o lado da Hong.

Yeoboo largou os papéis de lado assim que sentiu o cheiro de café com chocolate e comida fresquinha.

─ O que você trouxe pra alimentar meu dragão, Juno? ─ Ela sorriu, apontando para a própria barriga.

─ Kimbap, sanduíche, salchicha de palito e aqueles donuts que a gente gosta do loja do café. ─ O Yang abriu a sacola e pegou um sanduíche recheado. Ele comia um daquele basicamente todos os dias de manhã.

─ Uau, vou parar de reclamar de você por uma hora! ─ Boo sempre falava aquilo quando Junho comprava o que ela gostava.

Yeoboo pegou um kimbap de frango frito picante da sacola e abriu rapidamente, pois estava com muita fome. O sabor derreteu na sua boca e estava tão delicioso e prazeroso, que ela revirou os olhos e soltou um longo e demorado "hm".

Junho sorriu de ladino, mantendo um silêncio sociável entre eles por alguns minutos. Aquele parecia o momento mais silencioso e nada problemático daquela semana. Visto que, desde que se juntou a Jipuragi, sua vida se tornou um inferno ainda pior. Seu pai o atormentava todos os dias e o perseguia onde quer que ele fosse ─ visto que seu único filho e herdeiro dele, ignorava todas suas ligações e fugia dele presencialmente.

Mesmo tentando esconder o apartamento que comprou ano passado, local onde ele morava atualmente, seu pai acabou achando.

─ No que você está pensando, Juno? ─ Cutucando o braço do garoto, Yeoboo o tirou de seus devaneios. Ficou um pouco preocupada ao ver a expressão do melhor amigo enquanto ele pensava.

Junho piscou os olhos para acordar e arrumou sua postura na cadeira.

─ Estou pensando em me mudar de novo. ─ Disse, dando uma mordida no sanduíche. ─ O Jinyoung descobriu onde fica meu apartamento.

E com Jinyoung, ele quis dizer Yang Jinyoung, seu pai ─ mas ele não era digno de ser chamado assim.

Boo bufou, largando seu kimbap na mesa.

─ Quando ele vai deixar você em paz, em? ─ A Hong falou um pouco alto demais, chamando atenção dos demais. Ela bufou novamente, se segurando para não xingar. ─ Aquele velho asqueroso não cansa de te atormentar? ─ Por mais educada que fosse, o pai de Junho não merecia um pingo de respeito por tudo que fez. ─ Ha! Quando a hora dele chegar, eu vou fazer questão de esfregar na cara dele como ele vai passar o resto da vida na cadeia!

Junho deixou que uma risada escapasse dos lábios. Era engraçado ver Yeoboo tão brava, tão quanto, por mais ruim que a situação fosse, ver que ela se importava tanto com ele o deixava feliz.

Enquanto Boo se importasse com ele, Juno ficaria bem.

─ Fico feliz que você está tão empenhada em me ajudar a destruir ele. ─ O rapaz soltou uma risada, por mais que no fundo, isso doesse um pouco. Jun passou a mão por cima dos cabelos ruivos de Boo, o bagunçando e logo tirou a mão.

O Junho criança não imaginaria que seu pai fosse um monstro... Yang Jinyoung já foi um exemplo para o filho. Na época en que ele ainda não conhecia a verdadeira índole de seu pai.

─ E você vai se mudar pra onde? ─ Boo perguntou. ─ Se quiser ainda tem um quarto vago lá em casa.

─ Por mais confortável que seja... ─ Disse já sabendo como era. Junho havia dormido várias vezes na casa dos Hong, sempre que fugia de casa. ─ Arrumei um apartamento perto daqui.

─ Sério? É ótimo então pra você trabalhar! ─ Yeoboo disse entusiasmada. Negando ou não, Junho uma hora ou outra sempre aparecia na casa dos Hong.

─ Sim... apartamento 607... Geumga Plaza. Cheonggyecheon-ro, Jongno-gu... Seoul. ─ Falando todo endereço do novo prédio, o sorriso no final da frase disse tudo.

Uma semana antes das coisas piorarem e eles entrarem de cabeça nessa guerra, Junho havia visto um dos apartamentos do prédio. Era simples e totalmente diferente das acomodações luxuosos que ele costumava frequentar, mas o Yang realmente não se importou. Os moradores do Geumga Plaza foram bem receptivos, o apartamento estava em boas condições e ele não precisava dirigir até o trabalho. Então, ficou feliz.

─ Não é o apartamento ao lado do Vince? ─ Yeoboo disse, levantando uma sobrancelha.

─ Já disse pra você não me chamar assim. ─ O Cassano falou de cabeça baixa, encarando uma papelada. Sua voz não era grosseira, apenas implicante.

Claro, Yeoboo o ignorou.

─ É, o dele é 606. ─ Concordou Junho, revirando os olhos. Se soubesse, teria escolhido o andar debaixo. ─ E não se preocupe, com certeza não foi proposital!

─ Não me preocupo. ─ Vincenzo deu de ombros, não podendo se importar menos. Ele ainda não olhava para os dois. ─ Só não bata na minha porta, vou ignorar sua presença. Assim podemos curtir o silêncio.

As Hong riram, achando engraçado eles retrucando um ao outro. Vincenzo calmo e Junho, quase rosnando por achar o italiano tão egocêntrico.

─ E sua festa de boas vindas? ─ Boo perguntou, ansiosa. ─ Não podemos deixar isso passar!

─ Eu só vou me mudar na próxima semana, mas a senhora Kwak e o Chef Toto disseram que iam cozinhar pra gente assim que acontecesse. ─ Junho fez um "ok" com a mão esquerda, também animado para se mudar e ter sua festa de boas vindas. ─ Vamos nos reunir no restaurante!

A senhora Kwak Hee-soo é dona de uma lanchonete, que administra sozinha e cuida do seu filho adolescente. Já o Chef Toto é o dono do restaurante italiano "Ti Diamo II". Ele vive mentindo pra todos ao dizer que estudou em uma renomada escolha de culinária na Itália, mas o mafioso acabou descobrindo que era mentira. Nunca contou aos outros inquilinos, mas definitivamente, toda as vezes que passa por lá, adora fazer um "terror psicológico" no chef.

─ Então se prepara que vamos beber bastante. ─ Completou, fazendo um high-five com a Hong mais nova.

─ Vai ser legal. ─ Boo deu um joinha, aprovando com todas as letras o novo apartamento. ─ Pelo menos se eu ficar muito cansada pra ir pra casa, posso dormir aqui com você!

Yeoboo sorriu, mas Junho paralisou suas últimas palavras. Sua mente só focou no "posso dormir aqui com você", levando para um outro lado que ele não gostaria de ter pensado. Mas... Era inevitável. Não poderia negar que seu coração palpitou naquele instante, ou como suas bochechas ficaram um pouco ruborizadas em pensar que ela passaria a noite no seu apartamento. Não tinha nenhuma insinuação pervertida e nem mesmo dedutível. Entregando, quis que tivesse.

Ela não havia notado que poderia haver segundas intenções naquela frase. Foi inocente. E, como Yeoboo não notou que Junho, por outro lado, pensou "besteira", o garoto endireitou sua postura e resolveu parar de agir como um covarde por um momento.

─ Claro, o apartamento parece bem espaçoso para apenas uma pessoa. ─ Não dava para notar, já que Junho estava atuando muito bem, mas ele ficou bem nervoso ao dizer aquilo. ─ Vai ser legal tem uma inquilina de vez em quando... Podemos passar a noite acordados.

Dessa vez foi Yeoboo que perdeu o sorriso no meio da conversa. Ela raramente ficava nervosa e normalmente tinha a mesma cara de pau de Chayoung, mas quando se tratava de Junho, uma engrenagem sempre travava.

─ Jogando, assistindo filmes e etc... ─ Ele completou, para que não ficasse ainda mais estranho. ─ Ultimamente não tivemos muito tempo de fazer isso.

─ Ah, é verdade. ─ Ela riu, tentando parecer natural. ─ Tinha esquecido como você gosta de perder pra mim.

─ Ya, eu não sou tão ruim assim! ─ Disse, quebrando o gelo.

O clima entre os dois voltou ao normal, já que eles já estavam implicando um com o outro. Foi natural e essencial para que nenhum deles ficasse paranóico e abalasse a amizade. Conseguiram mais uma vez se segurar e não demonstrar seus verdadeiros sentimentos... Ou intenções.

No momento, sendo melhor assim.

Vincenzo observava e escutava um pouco da conversa dos dois ─ além do mais, eles não falavam muito baixo. O mafioso havia notado a tensão, os olhares ou o jeito desastrado com as palavras que um tinha com o outro quando o assunto direcionava para algo muito íntimo. Não íntimo de melhores amigos ou uma irmandade... Do tipo que ele tinha com Lucca, na Itália. Obviamente, rolava algo sentimental e romântico entre eles, mas que ambos negavam.

Já havia se esquecido como o amor era.

─ Você também notou, não foi? ─ Chayoung se intrometeu em seus pensamentos, assuntando um pouco o Cassano. Ele estava distraído.

Vince a olhou de cima a baixo, julgando. A Hong sempre abria a boca em algum momento que ele estava pensando consigo mesmo ou curtindo um silêncio sociável. Chayoung não era ruim, mas como não estava acostumado com pessoas tão... intrometidas? Na sua vida, ele tentava lidar com ela, pelo menos até o momento de ir embora da Coreia do Sul.

Claro, esse era o plano oficial. Pegar o ouro e voltar para a Itália.

─ Do que está falando, senhorita Hong? ─ O italiano arqueou uma sobrancelha. Não entendeu inicialmente a pergunta, porque não sabia que ela também estava notando os dois estagiários.

─ Que minha filha e o Junho gostam um do outro. ─ Ela sorriu mostrando os dentes. Uma alegria que ele não entendia.

Se ele tivesse uma filha, com certeza não ficaria exatamente feliz se ela gostasse de Yang Junho. Para Vincenzo, o garoto parecia bobo, fraco e imaturo.

O Cassano, fingindo que não tinha uma opinião sobre aquilo, apenas voltou a ler a papelada. Fingindo que estava prestando atenção em cada linha que lia.

─ Temos problemas maiores que romance. Então, por favor, foque. ─ Foi o conselho mais sábio que ele pensou. Claro, Chayoung o ignoraria.

─ Nossa, como você é sem coração! ─ Emburrada, Chayoung empurrou Vincenzo na cadeira. Ele a olhou um pouco horrorizado. ─ Eu vi que o senhor também notou.

Essa mulher era maluca e totalmente diferente de todas as outras. Intrometida, falante, agressiva, impaciente e surtada. O Cassano balbuciou para si mesmo um xingamento em italiano e fechou a pasta com os papéis. Precisava ao menos de um gole de café para retomar sua calma e mantra silencioso.

─ Acho que eles se gostam desde que se conheceram. ─ Chayoung olhou para os lados, pensando exatamente quando elas conheceram o Junho. ─ Mas eles são muito devagar... Estou quase fazendo algo.

─ Não faça. ─ Vincenzo respondeu, finalmente olhando para Chayoung. Seu rosto doce e expressão calma voltaram ao normal.

─ Porque está me olhando assim? ─ A Hong arqueou uma sobrancelha.

─ Motivo nenhum. ─ Balançou a cabeça negativamente, sem nenhum motivo aparente. ─ Mas se quer saber, talvez seja perigoso eles dois se envolverem. Se o pai do senhor Yang é perigoso, é perigoso para ela também.

Chayoung sabia disso, mas a culpa não era de Junho. Ela não poderia abandonar o garoto, se afastar ou fazer o mesmo com Yeoboo. Junho também fazia parte da família e já havia ficado solitário demais apenas a morte da mãe.

─ Não vamos afasta-lo. ─ Chayoung respondeu, tomando um gole de seu café.

─ Imagino que não. ─ O italiano deu de ombros, sabendo que essa seria a resposta. ─ Apenas tomem cuidado.

Vincenzo colocou seu copo encima da mesa e pegou um pedaço do doce da Grandpa Factory Café que Junho havia comprado. Ao menos, o garoto desmiolado havia acertado no café!

Ele não tinha lugares especiais no país, mas ultimamente ia bastante nessa cafeteria. Eles tinham um ótimo expresso duplo.

─ Ele não é uma má pessoa. ─ Chayoung referiu-se a Junho. O conhecia bem para saber quão leal e bom o rapaz era. ─ O Junho teve uma vida difícil. Acredito que ele é desconfiado como o senhor. Pode não parecer, mas é porquê ele está confortável nesse momento.

─ Sua filha também. ─ Vincenzo citou, chamando atenção de Chayoung. ─ Ela me contou... Tudo.

─ Contou? ─ A mãe perguntou e o mafioso concordou, pigarreando. ─ Uau, ela confia mesmo no senhor.

Foi surpreendente de ouvir. Vincenzo voltou sua atenção novamente para Chayoung, que olhava de relance para a filha.

─ Acho que ela não lhe disse isso, mas... Apenas nós, o Matteo e meu pai sabemos disso. ─ Disse olhando rapidamente ao redor da sala. Ao todo, eram cinco pessoas, sem contar com a própria dona da história. ─ Ela não conta isso a todo mundo. Não acho que é por vergonha, é questão de confiança.

O italiano suspirou, olhando para a Hong mais jovem. Não sabia o que era aquele sentimento, mas se sentiu bem? Confuso? Agradecido? Por Yeoboo confiar seu segredo nele. Eles haviam se conhecido há pouco tempo, e já compartilharam partes de seu eu um com o outro.

Chayoung olhou para o mafioso e sorriu. O homem não era muito de falar, mas deu para notar a admiração por ter recebido a confiança de sua filha.

─ Vou fazer o possível para que ela não perca a confiança enquanto eu estiver aqui. ─ Deu sua palavra. Vincenzo havia prometido ajudar as duas, então não poderia voltar atrás.

Uma promessa dele nunca era descumprida.

Matteo Cassano entrou na sala segundos depois, com uma expressão calma e orgulhosa. O grupo olhou para ele, esperando sua resposta do assunto que ele havia ido resolver. Ele andou até o irmão mais velho e pousou o tablet encima da mesa, mostrando o mapa do depósito da Babel farmacêutica.

─ Tudo pronto. ─ Disse abaixando a cabeça e esperando a confirmação do Cassano. ─
A "equipe de limpeza" precisa estar lá às dez da noite... Quando o depósito fecha.

E quando ele falava "equipe de limpeza", estava falando deles mesmos.

─ Ótimo, então saímos às nove e meia. ─ Vincenzo falou, cruzando as pernas.

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