O conselho Maroto
* Neville *
Estava pensando em te convidar pra um almoço, mesmo com esse clima tenso.
*Jenna*
Pois é, mas eu teria que me camuflar muito. Depois que o Profeta Diário especulou sobre meu pai, eu não tenho coragem nem de tomar um sol no jardim. Se não fosse a Sophia, esses dias seriam terríveis.
*Neville*
Você está só com seu irmão?
*Jenna*.
Sim, estamos bem, mas tem coisas que eu quero te contar, só dará pessoalmente.
*Neville*
Se eu morasse sozinho iria aí.
Minha avó leu o jornal e agora está me fazendo perguntas sobre você. Fui obrigado a dizer que não acreditava em nada disso, que não vi nada, que não sei de nada.
*Jenna*
Você não é obrigado a mentir pra ela.
*Neville*
Eu fui bobo em não mentir melhor. Agora ela vai ter medo de você. Mas não posso contar a verdade agora, é um risco acontecer algo com ela. Fora que estamos pensando em nos mudar, Londres não é mais segura.
*Jenna*
É justo, e acho melhor não contar a ninguém para onde vão, ou pra onde ela vai.
*Neville*
Temos casa na França.
*Jenna*
Neville!
*Neville*
Todo mundo sabe disso Jenna, meu bisavô foi um bruxo rico famoso por lá. Ele foi diretor da Boutatons no século passado, foi professor de história durante muito tempo.
*Jenna*
Uau, que interessante. Não sabia.
*Neville*
Os ingleses não gostavam muito dele. Mas enfim. Como você está esses dias.
*Jenna*
Entediada e muito perdida ainda. O plano da minha mãe não é tão preciso, talvez eu só consiga destruir os registros cívicos, ainda terá muitos rolando por aí.
*Neville*
Jenna, sobre isso eu estava pensando... e se usarmos o rádio? O mundo bruxo tem acesso ao rádio e eu tenho dois rádios transmissores e você também pode ter um. Pensei que talvez possamos criar uma rede de comunicação secreta. Conhece algum auror? Podemos tentar ter uma ligação com alguém no St. Mungus também, mas não conheço ninguém confiável de lá. Enfim, eu acho que é um ponto de partida. Conheço um grupo de radialistas amadores do norte, talvez eles possam dar uma orientação sobre como se camuflar em tempos que guerra, eles já falaram sobre isso num programa sobre a Primeira Guerra Bruxa.
*Jenna*
Neville, você é um gênio.
Consegue me deixar excitada a distância.
*Neville*
O que tem haver com rádio? Eu não disse nada sexual.
Não, foi melhor que sexo, era sobre sobrevivência . Tinhamos mais uma semana para pensar nesse plano que eu acho que deveria ter sido dito antes, a muito tempo. Estávamos pensando tudo em cima da hora, era óbvio que Voldemort iria tomar tudo agora que estava com seu corpo e poder de volta. A sociedade estava muito lenta ainda, e eu culpava o governo por não se adiantar com a segurança pública.
*Jenna*
Como conseguimos uma lista de todos os nascidos trouxas e mestiços? Alunos? Se conseguirmos algo podemos fazer uma campanha para todos terem rádio.
*Neville*
Mas os comensais podem vir a saber sobre isso.
*Jenna*
Profeta diário.
Neville
O que tem ele?
*Jenna*
Talvez haja informações no banco de dados dele.
*Neville*
Mas se você vai ao ministério, você pode tentar conseguir uma lista.
*Jenna*
Lista de centenas de mulheres de bruxos só no Reino Unido, ou nem isso. Mas você tem razão, eu estarei no banker eu posso fazer alguma coisa mesmo que não esteja no plano da minha mãe.
*Neville*
Se você quer do mundo inteiro eu acho
*Jenna*
Neville?
Deve ter ido dar atenção a avó. Achei melhor dar um tempo para pensar no plano do rádio e conversar com a Sophia sobre isso depois no nosso duplo. Passei alguns dias trancada só conversando com ela pelo pergaminho, mas não era tão legal quanto pessoalmente, o problema era me distrair muito com sua presença, ficar longe tinha suas vantagens.
Levantei da minha cadeira e me espreguicei. Eu estava a muito tempo sentada lendo jornais e revistas recente, buscando qualquer informação útil, não tava nada legal pro lado da minha família.
Já eram quase quatro da tarde quando decidi descer, não almocei e não estava com fome a muito tempo. Evitar qualquer conversa com meu pai e irmão estava me deixando ainda apior, eles estavam com seus planos e eu com os meus.
- Você não almoçou de novo. - Questionou meu pai.
- Só vim pegar água. - Falei indo até o filtro.
- Porque não usa magia? - Indagou meu irmão saindo de trás do jornal Profeta Vespertino. - Ou pega uma garrafa, não precisa vir até aqui nos desprezar.
- Tá substituindo nossa mãe na babaquice comigo?
- Você está nos tratando tão mal quanto trata a ela.
- A gente precisa parar. - falou meu pai muito sério se debruçando pensativo na mesa da cozinha.- Desunião em tempos assim é danoso, piora e pode acabar estragando nossos planos.
- Quer que nós unemos ao Voldemort, também? - Perguntei a ele com sarcasmo apontando para o Júnior .
Meu pai abaixou a cabeça e não respondeu. Meu irmão também não e eu comecei a sentir o remorso das consequências das minhas crises de raiva. Ele não estava errado, mas eu não estava com o psicológico em ordem.
Meu pai se levantou e saiu da cozinha logo quando eu terminei de encher uma garrafa de vinho que decidi lavar para encher com agua. Olhei pro relógio da cozinha - mesmo horário de ontem - meu pai estava se arrumando para sair pela lareira novamente. Parei no batente da porta da cozinha para observa-lo entrar nela, ele sibilou muito baixo o lugar para onde ia. Obviamente algo estava acontecendo e eu não sabia, eu queria saber mas eu tive medo. Sentia que ele estava cada dia mais perto do próprio fim assinando uma sentença que ele não merecia.
Para o meu desânimo Neville não respondeu a tarde toda, me vi entediada sentada no chão olhando pra Charlotte que entrará pela porta entre aberta.
- Está cada dia mais sozinha, Chart. - Falei pra ela que apenas deitou no tapete do meu quarto. - Se mamãe tivesse te levado eu veria mais humanidade nela.
Olhei pela janela e estava escurecendo, dava para ver parte da Lua no céu, isso era reconfortante.
Fobos aparecia as vezes na janela, mas não entrava no meu quarto. Não havia cartas nem nada naquelas manhãs de Agosto, eu estava ficando muito nervosa.
As vezes eu ia na penseira rever a lembrança da minha tia, tentar memorizar a música. Chegue a ficar muito tempo nela. Minha tia me trazia paz mesmo com sua ausência. Eu procurei algum momento bom e feliz com a minha mãe nas minhas memórias para tentar visualizar na penseira, não achei.
Tive vontade de buscar outras memórias dela, talvez estejam todas lá, mas tive medo, não sabia exatamente como funcionava a penseira. Como encontrar novamente a memória da minha mãe? Seria possível eu assirtir, acessar mais memórias dela? Não sei... não queria saber. Quando eu estivesse com a música bem memorizada eu iria até o vestido mesmo com medo.
Deitada na cama eu peguei o Uniário, já fazia muitos meses que eu não o lia e se via que todas estavam distraídas de mais para ver o caos se aproximar. O máximo de fofoca interessante que li estava era o anúncio da gravidez da Jasmine e que ela não iria divulgar o nome do pai por enquanto, eu nem queria saber o porquê.
Adormeci antes do jantar e graças a Deus e a Zyra eu lentamente me vi na praia num por do sol extraordinário. Jorge estava nela num ponto distante de cabeça baixa com um galho na mão riscando algo no chão em meio a areia branca .
- Jorge?
- Aãh? - Resmungou olhando para mim. - Ah, você está aí. Voltou aparecer. - Falou entediado voltando o olhar para baixo novamente.
Na areia ele desenhava o que parecia ser ser sua casa.
- É a Toca?
- Sim. - Respondeu ele apático. - Tô tentando fazer a planta de casa.
- Porque?
- Eu não sei, eu tô com medo. - Respondeu ele baixo pensativo.
- Você parece péssimo. - Falei me sentando na areia ao seu lado, ele evitou me olhar. - O que está acontecendo?
- Por enquanto nada. - Respondeu ele me olhando. - Mas vai acontecer alguma coisa, eu sinto.
Eu o encarei preocupada. Seus olhos tinha olheiras visíveis e ele parecia pálido e mais magro.
- Jorge...
- Quando a gente se beijou pela primeira vez - começou ele olhando para o mar - eu sonhei com esse lugar pela primeira vez. Senti uma paz indescritível. Dias antes de voce-sabe-quem pegar a Gina a praia silenciou, a mata também. - Falou olhando para trás. - Um silêncio absoluto. Eu sentia medo, medo de sonhar, medo do que estava por vir. - E olhou para mim. - Hoje não está sendo diferente, Jenna. O silêncio está maior, casa dia maior.
- Eu entendo seu medo. Eu também estou.
- Você sabe o que está por vir não sabe? - Me perguntou ele com olhar triste.
Olhei para as ondas mudas sem saber ao certo se avisava a ele, mas brevemente decidi dizer parte do que sabia. Meu pai estava certo, comunicação era necessária em tempos como esse que precisacamos de união.
- O Ministério será tomado por Voldemort. - Respondi olhando para os seus olhos.
- Eu já desconfiava. Aconteu algo parecido na primeira guerra.- Murmurou de cabeça baixa.
- Temos alguns planos.
- Temos? - Me perguntou em observando.
- Ouça. O ministério irá caçar todos os que não são puro sangue.
- Mata-los? - Indagou com preocupação.
- Receio de sim. Eu tive uma visão com uma nascida trouxa em Hogwarts... ela era assassinada.
- Jenna... - Ele murmurou chocado.
- Isso não vai acontecer! Eu não vou deixar.
- Você acredita mesmo que consegue? - Sua expressão de preocupação começou a ficar mais evidente, eu não queria causar isso nele.
- Primeiro eu preciso entrar no Ministério e destruir os registros recentes para que eles não tenham acesso. Depois precisamos avisar o máximo de famílias mestiças e nascidas trouxas a ficarem longe daqui, se refugiar em outros países ou de certa forma usar o máximo de magia para se esconder.
- É impossível.
- Estou discutindo as possibilidades. Neville sugeriu o rádio também como uma forna de divulgação e comunicação.
- Neville?
- Ele está sendo um grande aliado.
Jorge me encarou sério e deu um sorriso contido, aparentemente debochado e baixou a cabeça. Imagino que tenha reduzido algo dessa nossa aproximação mas não quis expressão ciúmes dessa vez, nem eu achava que deveria cobrar alguma coisa.
- Ele é um cara bom. - Sussurrou triste olhando para areia.
- Hogwarts se manterá apenas com os puro sangue e os que apoiarão o golpe.
- Você pretende voltar?
- Eu preciso. Muitos inocentes e... Goyle é perigoso. Ele irá tentar se provar, tem potencial assassino.
- Sabe, Jenna... - Disse ele escorando na areia com um dos braços e franzindo o cenho, pensativo. - se seu namoro com o Fred fosse um pouco mais maduro eu acho que você iria conhecer Hogwarts melhor.
- O que quer dizer?
- Eu pedi a ele para te apresentar todos os mistérios escondidos naquelas paredes e as passagens secretas...
- Passagens? - Perguntei curiosa.
- Mas vocês estavam ocupados demais se divertindo, ele achava desnecessário explorar essas coisas com você.
- Explorar o que ? E como?
- No primeiro ano eu e o Fred fomos para uma detenção na sala do Filch e achamos o lugar curioso, cheio de objetos perdidos e estranhos e achamos um mapa num dos armários. Engraçado, ele não usava magia para nada... deduzimos o porquê.
- Ele é um aborto.
- Exatamente.
- Eu acho que notei anos atrás e nem sei como.
- O tal mapa era mágico, só se apresentava para bruxos, ficávamos conversando com ele. - Eu o encarei desconfiada. Tudo que conversava por meio de um pergaminho era suspeito. - E o próprio mapa confiou na gente porque éramos parecidos com os autores. Os caras que criaram ele colocou nele todo conhecimento que tinham do local, fora que eles eram hilários, sempre debochando de todos e parecia que sabiam exatamente quem eram, intuitivo também. O mapa cobre toda planta de Hogwarts, mostra absolutamente tudo e todos que pisam nele.
- Tá brincando?
- Não! É sério. - Exclamou voltando a postura e limpando a mão.
- Isso é extremamente sofisticado. E com quem está o mapa?
- Com o Harry. - Respondeu ele levantando os ombros.
- Ah. Claro, quem mais precisa dele. - Murmurei com sarcasmo.
- Eu queria que você estivesse com ele também. Não acho que Harry vai para a escola já que tudo será corrompido.
- Porquê comigo?
- Se vai se arriscar ir para Hogwarts você precisa saber quem pisará lá, acho que pode te ajudar.
- Isso faz sentido. - Daí eu comecei a bolar algum plano para possuir aquele mapa.
- Fora que é necessário saber as entradas e saídas secretas. Eu quero te mostrar.
- Quando?
- Agora. - Falou ele sério se levantando. - Estamos nas minhas memórias. Vamos, eu vou te mostrar.
Eu o acompanhei me levantando com sua ajuda, e de mãos dadas partimos pela orla que aos poucos foi mudando de aparência para um vilarejo.
- Estamos em Hogsmead. - Falei.
- Sim. Aqui pelo o que sabemos existe duas formas de chegar em Hogwarts. Pela casa dos gritos. - Falou andando até a casa comigo o acompanhado. Ao adentrar nela, ele apontou para um corredor com uma tapeçaria e a mostrou para mim. - Esse túnel leva até o Salgueiro Lutador.
- A árvore? - Indaguei confusa.
- Sim. A árvore esconde o túnel. O Salgueiro tem um galho proximo da entrada que quando puxado ele fica imobilizado por alguns minutos. O suficiente para se distanciar sem ser agredido. Agora - nós saímos da casa comigo ainda segurando sua mão - tem outra pela Dedos de Mel.
Fomos até a loja e atravessamos a porta aberta. Jorge foi até o fundo do ambiente, descemos até o porão e ele me mostrou um ponto no chão de madeira.
- Esse galpão tem outro túnel e leva até uma estátua de uma mulher corcunda que dará no terceiro andar, mas no caminho existem algumas pedras pontudas, é necessário ter cuidado se for para o Castelo porque a ponta de uma delas está voltada para esse lado. Enfim, essas duas são as mais fáceis. Existiu uma no quarto andar que descobrimos mas não conseguimos ver a saída a tempo, ela desmoronou no nosso primeiro ano. Não queríamos mais procurar outras mas acredito que existam mais.
- Porque está me mostrando isso?
- Faz tempo que queria falar isso para você. São informações relevantes principalmente para o que planeja fazer.
- Realmente. - Falei em tom de agradecimento.
- A gente usava para vadiagem e pra curtir fora do castelo mas agora as coisas estão ficando muito sérias...- Ele suspirou me encarando - temo por sua vida.
- Eu não vou morrer.
- E quem vai? - Perguntou piscando lento ficando visivelmente emocionado.
Eu me silenciei e sentei no chão da loja olhando-a vazia sem saber o que pensar.
- Meu pai. Ele está se arriscando muito.
- Eu li no jornal. Sinto muito.
- Está um inferno lá em casa, eu só queria morrer toda vez que me lembro do que ele fez. Minha mãe sumiu e meu irmão decidiu guerrear comigo. Talvez eu esteja muito errada mesmo. - desabafei olhando para as minhas mãos.
- Você nunca foi muito calma, era de se esperar que esses acontecimentos abalacem você.
- A verdade é que eu não sei se o que estou fazendo, eu não sei mais o que o futuro quer dizer quando me mostra uma visão. São tantas visões inúteis na minha cabeça...
- Tudo bem, tudo bem. - Me confortou pegando na minhas mãos com as suas.- Esquece o futuro e foca no que podemos fazer hoje. - E me encarou com carinho. - Os planos que podemos construir é para o agora, se a gente conseguir sobreviver amanhã já é o bastante.
- Eu sinto a sua falta. Não era para estarmos cada vez mais distante, não era esse meu sonho para nós. - Desabafei.
- Nós não temos escolha. - Ele falou triste. De fato ele estava muito mal.
- Escolhemos ficar com nossos pais e você...está na escola, não está sozinha, não é?
- Nenhum de nós está e nem deveríamos, precisamos um dos outros e o pouco de relacionamento que temos é muito! - Falei em tom de desespero. - É necessário esses vínculos com a Sophia e até com o Neville, sem eles eu estaria enlouquecendo. No fim a gente só tá tentando ser feliz no meio desse inferno.
- Melhor eu alertar Angelina. - Murmurou pensativo.
- E a Granger.
- Verdade, o caso dela é ainda mais delicado. Eu vou mandar uma carta pra ela. Ela vem para o casamento.
- Hum.
- E você?- Ele me perguntou se aproximando.
- Eu o que?
- Não vem?
- Eu não fui convidada.
- Mas a Sophia sim e ela pode te trazer.
- E aí, Jorge, o que aconteceria? Eu iria, e ficaria um clima horrível com todos achando que eu tenho potencial de ser uma Comensal? Todos teriam medo e insegurança comigo. Seu irmão ficaria mal com a minha presença.
- Hum, entendi. É que eu queria ver você. - Falou me fazendo ainda mais carinho nas mãos.
- Você não tem vergonha na cara. - brinquei desanimada.
- Não. - Murmurou com um sorriso triste.
Aos poucos a praia foi aparecendo novamente e estávamos a beira mar sentados na areia num por do sol acinzentado.
- Jorge. - O chamei para minha atenção. - Mesmo se eu quisesse eu não poderia. O plano que minha mãe deixou é para um dia anterior ao casamento, eu não sei o que pode acontecer depois. Se ela vai aparecer, se eu serei caçada por aurores, eu vou precisar fugir, ou algo assim.
Eu decidi omitir sobre a possível data do golpe para não preocupa-lo. Ele merecia se divertir, ter um dia de descanso.
- Entendo. - Se conformou - Sabe, Jenna, eu ainda fugiria com você se você me quisesse.
Foi a primeira vez que eu pensei de fato em fugir e deixar o mundo se explodir, sem mim, sem ele, talvez tudo desse jeito com a nossa ausência...
Mas eu estava errada.
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