Conversas de carroagem
- Eu acreditei no Blasio.
- Do que você está falando?
- Do seu caso com Snape. É meio estranho, mas eu observei uma mudança na cor da pele dele nos últimos três anos...
- Draco, andou observando a pele da sua mãe também?
- O que quer dizer?
- Quem você acha que deixa a pele dela melhor?
- O que!?
Conviver com Draco seria mais pesado que me preocupar com a vida dos alunos indefesos, eu tinha que fazer alguma coisa pra ficar longe dele ou ele iria destruir o pouco de equilíbrio que eu buscava naquela tormenta. Eu tinha me acalmado, mas os assuntos aleatoriamente pervertidos dele me irritavam.
Estávamos observando em um canto dos portões de Hogwarts, os alunos entrarem no terreno em silêncio absoluto, em filas bem alinhadas por Casas, todos passavam por uma vistoria. Primeiro os da Sonserina, logo atrás Grifonoria.
Minha turma foi a primeira a entrar, era dos alunos sem Casa do primeiro ano. Fui obrigada a pescar os novatos no trem, fila, essas regras excessivas de ordem. Achava um absurdo os pais mandarem seus filhos tão inocentes e imaturos para Hogwarts.
- Jenna!? Esta insinuando...
- Você ingênuo? Estou surpresa.
Neville vinha alinhando dividindo um grupo, ao nos ver ele se aproximou.
- E agora? - Me perguntou o grifonorio temeroso colocando as mãos nos bolsos. Todos estavam com seus uniformes, mas é óbvio que eu não estava. Ainda estava com meu vestido preto e roxo na maior das arrogância, infelizmente, um péssimo jeito de chamar atenção.
- Só fica de olho. Espero que ninguém surte. - Falei cruzando os braços.
- Eu também. - Respondeu Neville.
O grupo de alunos da Grifinoria passou e o da Corvinal veio seguindo Luna, com uma expressão de medo constante, e Gustav, ele parecia mais atento.
- Acredito que devemos demarcar melhor as regras para todos aqui... - começou ele a falar antes mesmo de chegar perto de mim.
- Gustav, agora não, você está sendo muito metódico, tudo isso é estranho pra mim também, e fala baixo, pelo amor de Deus.
- Se não for assim, - e ele baixou o tom - eu não vou continuar ajudando, estou vendado com tantas situações atípicas.
- Ta, a gente marca umas reunião para depois.
- Depois? Depois quando? Hoje? Onde? Que horas?
Eu bufei e me afastei, decidindo entrar nos terrenos para observar melhor os alunos, enquanto um a um era revistado. Um comensal alto, jovem, não mais que 35 anos, de barba loira escura veio até mim lentamente, olhei para trás para ter certeza que era eu quem ele iria abordar, infelizmente era eu mesma.
- Ouvi dizer que alunos sumiram. - Disse o homem sem cerimônia, sério e com a voz que beirava um sussurro grave.
- Covardes, temeram a minha posição. - Improvisei, já que no trem tive tempo para pensar em possíveis respostas.
- Hum. - Ele murmurou desconfiado dando meia volta para seu posto.
Eu tinha que agradecer a Deus pela aparente posição de poder, comecei a notar uma mistura de respeito, temor e indiferença de todos. Eu confesso que passei a sentir um misto de instigação e medo, combinação que fazia eu me sentir poderosa e obviamente, com mais tesão.
Observei os últimos alunos da Corvinal sair e os da Lufa lufa chegarem. Voltei a me aproximar dos monitores e ouvi uma irritante conversa do meu irmão com Macmillan.
- Eu não sei se entendi corretamente a sua insinuação, - falava Macmillan com aparente elegância. - então a Jenna está fingindo apoio a você-sabe-quem?
Meu estômago gelou.
- Gustav, eu posso conversar de forma mais reservada com você? - Pedi ao meu irmão rapidamente vendo a expressão dos outros três empalidecerem.
E la fui para um canto próximo do portão tentar entender o que ele estava fazendo.
- Você perdeu a lucidez!? Porque está falando essas coisas pra ele!? - Minha vontade era gritar, mas eu não pude.
- Achei que ele soubesse, você não escolheu só os de confiança!? - Ele me perguntou com firmeza.
- Não conheço ninguém da Lufa-lufa adulto e responsável insuficiente. - Desabafei pensativa.
- Ah, achei que tivesse um caso com ele.
- O que!? Acha que transo com todos!? Com a Luna também?
- Eu sei que você não faz o tipo da Luna, - ele respondeu tranquilamente - eu só imaginei que tudo estava esclarecido com todos.
- Você não pode deduzir, imaginar, achar, você precisa ter certeza! Isso aqui não é uma brincadeira, estamos em guerra e qualquer informação equivocada, a morte, é a menor das consequências. - Deve ter sido a frase mais madura que eu já falei nos terrenos de Hogwarts.
- Jenna, se ficassémos mais próximos, isso não aconteceria.
- Amanhã, eu verei um local para nossa reunião, ok? Eu não sei como desfazer isso, mas espero que esse merda nos ajude ou feche a boca.
- Hernesto não é estúpido, ele teria que provar antes de morrer, fora que os lufanos nunca são levados a sério.
Eu senti uma pontinha de pena, de fato não eram levados mesmo.
- Ele é oclumente, então isso pode ser uma vantagem. - Falei avaliando a situação.
- Eu percebi.
- Você é legilimente?
- Ficaria impressionada com o quanto aprendi com papai esse último mês.
- Ótimo! Espero que tenha ensinado estratégia, também! Resolva isso sem que ninguém morra!- Exclamei aos sussurros antes de me afastar.
Decidi me manter distante até o final da revista dos alunos.
Os últimos a serem confiscados éramos nós 6, eu fui com minha maleta até dois comensais, um deles, um senhor meio grisalho de expressão fria e maldosa estava me encarando constantemente, como se quisesse ler a minha mente. Eu juro que entendi ele falando isso para o colega mais jovem:
"Essa aí é a putinha do diretor"
- Como é que é? - Indaguei arregalando os olhos largando a mala sobre uma mesa de madeira.
- Protegida do Diretor. - Ele repetiu cinicamente.
- Porque não está uniformizada? - Perguntou o outro pegando minha maleta na mão e a olhando.
- Eu me esqueci. - Fora que eu teria que puxar da maletinha as malas que há dentro, coisa que eu tinha que perguntar a Sophia como se faz corretamente. Accio? Wingardiu Leviosa?
- Porque só uma maleta? - Ele continuou a perguntar.
- Tem três malas ai dentro.
- Não precisamos confiscar essa dai. - Falou de má vontade o velho que me xingou.
O homem soltou a bolsa e levantou uma das sobrancelhas antes de ordenar.
- Vá.
Desgraçados.
Ao nos aproximarmos da carroça eu me deparo novamente com um grande e iluminado Trestralio. Fazia tempo que não os via um desses tão relusentes sobre os céus de Hogwarts. Sua luz beirava um acalento, não que eu gostasse de animais mágicos, mas naquele momento eu senti afeto pelo animal, e uma paz sutil, difícil de explicar.
- Oi, meninão. - Falei me aproximando. A criatura abaixou lentamente a cabeça, lembrava muito um cavalo.
Ao poucos Luna, Gustav, Neville, Draco, foram subindo e eu fiquei um tempo olhando a criatura gentil e silenciosa.
- Eles são dóceis, - falou Luna olhando para mim - são gentis com quem são gentis com eles.
- É, são adoráveis. - Falei sorrindo. Deve ter sido a primeira vez que eu sorri com carinho aquele dia, foi acalento em um momento se tensão. - Posso fazer carinho em sua cabeça, grandão?- Resmunguei pro animal que gentilmente baixou a cabeça para eu passar a ponta dos dedos sobre o que eu chamaria de testa.
- É sério? - Indagou o lufanos parando ao meu lado. - Você consegue ver? Assistiu um humano falecer na sua frente?
- Um humano não. - bicho-papão não serve - Não vejo na sua forma original, apenas seus espectro - "espectros"..eu era boa em ver espectro.
- O que significa um espectro pra você? - Ele perguntou fazendo uma expressão piegas de pensador intelectual.
- Não fique perguntando, seu imbecil!- Exclamou Draco de dentro da carroça.
- Draco, por favor, não seja rude. - Pedi com indiferença olhando os olhos do animal enquanto dava carinho a ele. - Significa que vejo apenas uma parte da sua alma.
- Uau. - Ele murmurou me olhando - você é mais interessante do que pensei.
Antes que eu pudesse esboçar qualquer reação ou resposta, um grito atrás me incomodou profundamente.
"Parem de perder tempo com esse monstro, e suba logo!"
A bolha de paz e tranquilidade sumiu e eu voltei a me desanimar e ficar tensa. Quando olhei para trás o comensal desgraçado que havia me xingado estava próximo, 10 metros de distância aproximadamente, peguei minha varinha e apontei para ele sem pensar.
- Nunca mais ofenda um Trestralio na minha frente! - Falei firmemente.
- Você acha que me assusta, né, vadia? - Ele riu colocando os braços para trás e levantando o queixo.
Antes de eu pensar em qualquer coisa, Hernesto se aproximou de mim e praticamente sussurrou em meus ouvidos.
" Ele é Augusto Rookwood, não subestime sua maldade." - E rapidamente ele se encaminhou para carroça.
Eu já tinha ouvido falar nesse nome. Pela cara do sujeito era melhor não ameaçar mais ninguém, provocar poderia esbarrar em um inocente. Era do mesmo nível que meu tio Isaac, melhor não encarar muito. Baixei a varinha e optei por ignorar e subir na carroça também. Em silêncio fomos para o Castelo enquanto eu encarava Rookwood parado em posição de superioridade sumir do meu campo de visão.
- Ele trabalhava no departamento de mistérios. - Falou Hernesto que sentou na minha frente , sua voz estava baixa e ele debruçava nos joelhos. - Soube que era espião mas se revelou ser muito cruel, ele não pensa pra matar ou torturar, principalmente quando o assunto é usar a família.
- O que!? Como sabe disso?
- Me orientei sobre eles nas férias. - E ele me olhou com um pouco de temor - É melhor saber quem é seu inimigo.
- Você é menos inútil do que eu imaginava. - Agora a Oclumencia era justificável.
- Eu achei que você era um deles depois que me arrancou pelos cabelos da cabine...
- Eu só queria ficar sozinha, - respondi analisando o ambiente, as arvores e o caminho a frente - eu não aguento mais esse inferno.
- Mas vai ter que aguentar. - Ele falou mais baixo ainda olhando para frente, eu o encarei um pouco preocupada. - Eu acredito no Potter, mas não sabemos quando isso vai acabar, não podemos nos distrair. - E ele voltou a me encarar - Você como vidente, vê futuro para o mundo bruxo?
Era a primeira vez que um aluno aleatório me fazia uma pergunta sensata sobre minhas visões, apesar dele ter um olhar malicioso constantemente, suas palavras eram maduras.
- Sim. - E desviei o olhar. - Temos um futuro seguro , e ele não está tão longe assim.
- Que bom, - ele falou com uma voz menos tensa - eu subestimei muito você, só te achava uma tarada confusa, parece que você tem boas intenções.
- Tarada?
- Eu acho - interrompeu Neville que estava ao lado do Hernesto com um semblante sério - que a Luna aprendeu Oclumencia no trem.
- Foi interessante. - Ela falou de cabeça baixa - Mas estou com dor de cabeça agora.
- Está tensa, mas vai melhorar. - Falou meu irmão dando pequenas partidinhas em suas costas.
Gustav, estava ao lado da Luna, ligeiramente ruborizado. Talvez pela tensão de passar pelos Comensais, talvez por estar ao lado da colega de Casa, eu não o conhecia muito bem e isso era frustrante.
Draco nos observava com um semblante preocupado. Achei que o olhar de nojo típico dele seria constante, mas era óbvio que ele estava entendendo a tensão da situação.
- O sangue que estão falando... - Começou Hernesto novamente.
- Era meu. - concluí.
- Onde está a garota? - Ele perguntou baixo, com um olhar pensativo.
- Em segurança. - Respondi mais baixo ainda. - Desaparatar várias vezes, têm consequências.
- Eu jamais me sacrificaria por um desconhecido , - ele desabafou me encarando de um jeito estranho, confuso - você é corajosa. É na guerra que vemos quem as pessoas realmente são. É na dificuldade...
Ele não terminou sua fala, um vulto estranho passou acima de nós esfriando o ambiente e trazendo consigo uma ventania estranha com sons indistinguíveis. A coisa subiu para cima, além das poucas nuvens de um céu iluminado por uma lua quase cheia.
- O que..? - Murmurei desconfiada pegando a varinha.
- Dementadores. - Dessa vez quem respondeu foi Draco fazendo todos olhar para ele. Seu olhar de preocupado mudou para temeroso olhando para o céu. - Eles têm total controle deles também.
Eu me levantei irritada. Não era uma boa ideia ficar de pé numa carroça, mas novamente eu fui impulsiva.
"Milorde é? MONSTROS FILHO DA PUTA!! Era só o que faltava!"
- É melhor não chamar a atenção deles, - falou Hernesto - eles se alimentam de ódio também.
Eu ignorei e continuei a olhar para cima.
"Vou fazer vocês engolirem o melhor dia da minha vidaaa!!!" - Gritei aos céus com raiva.
- Eles não gostam de insultos. - Murmurou Luna.
- A minha irmã tem o pior histórico de impulsividade, isso pode por tudo a perder, não nós. - Falou Gustav como se eu não tivesse no mesmo ambiente.
- Foi o que eu disse a ela. - Falou Draco fazendo todos olharem para ele novamente, só que dessa vez ele notou. - O que foi?
Draco pouco interagia conosco, parece que ele sentia que estava se rebaixando ou algo do tipo.
- Parece até um ser humano. - Murmurou meu irmão seriamente.
Draco lançou a ele um olhar nervoso, mas depois desvirou e olhou para mim.
- Não sejam boboca! Levantem esses ombros e cabeça! - Exclamei irritada ainda de pé - estou diante dos maiores alunos bruxos de Hogwarts hoje! O futuro de vocês será incrível, principalmente o seu Gustav, não subestime o seu poder contra as artes das trevas.
- Obrigado. - Respondeu rapidamente Hernesto, interrompendo qualquer reação dos dos outros. - Não sabia que você reparava tanto em mim..
- Eu nem te conheço, imbecil! Mas gostei de saber que você não é um merda.
Ele riu atravessado ficando com as bochechas vermelhas.
- Se você sabe tanto do futuro - começou Draco a falar - porque está tão irritada?
Draco tinha um excelente ponto de vista, mas não era tão simples.
- Gustav, Ava estava no trem? - Perguntei ao meu irmão.
- Não, Jenna, ela não estava. - Ele me respondeu pensativo.
Draco proseguiu me encarando.
- Pois é, Draco, - falei me sentando desviando o olhar - é por eu saber o futuro que eu o temo tanto.
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