A pior viagem para Hogwarts
- Pontualidade é tudo que o Milord admira, e eu também.
Ao lado dos Comensais naquela plataforma, era melhor eu falar esse absurdo em voz alta mesmo parecendo sarcasmo.
Esse comportamento asqueroso meu, viraria ser o normal naquele ano, mas eu nunca vou me esquecer do olhar de pânico da Luna ao me ouvir, do sorriso triste do Neville; já o Macmillan deu um sorriso desdenhoso muito suspeito me medindo dos pés a cabeça; Draco estava olhando para o teto, talvez o céu, distraído.
- Me acompanhem.
Vinte minutos antes do horário de chegada dos alunos, os monitores precisavam chegar para a reunião inicial. Empunhando minha varinha, eles me seguiram corredor a dentro para conversarmos na primeira cabinane.
"Imagino que já estejam cientes que Hogwarts terá uma nova estrutura educacional." - Comecei a discursar de pé andando de um lado ao outro com os quatro parados na minha frente.
- Você é vidente, não é? - Indagou Macmillan com um tom duvidoso.
- Cala a boca.
Ele ficou visivelmente surpreso com a minha resposta.
"Esse ano eu quero que todos vocês mantenham a ordem ao máximo, o silêncio constante; filas controladas, sem correria, sem gritos, sem risos, sem problemas. Qualquer contenda a varinha dos envolvidos será retirada, talvez até destruída. Avisem a todos, não há discussão nem acordo sobre isso. Vocês foram escolhidos criteriosamente para organizar a Casa de vocês..."
- Ou o que!?- Questinou novamente o lufano com uma das sobrancelhas arqueada.
Péssima escolha minha, ele não parecia me levar a sério.
- Você será morto se não cumprir a sua obrigação com excelência e será substituído. - Falei alto e bom som com autoridade, sem a menor certeza, chutei ideias.
Ele se calou e baixou o olhar, o queixo se manteve firme para cima, de forma bem arrogante.
" Não vão querer um Comensal como Monitor da Casa de vocês, não é?" - Nesse momento Draco decidiu me encarar com um meio sorriso torto. " Peguem " e entreguei aos quatros uma lista de tarefas que estava sobre uma mesa. - Suas obrigações. Não estou com vontade de falar. - E olhei para Hernesto que tinha uma expressão descontente e aparente nojo olhando o informativo. - Saia.
Ele por um momento me encarou, olhou meu decote que não estava exagerado, sorriu com malícia e voltou a olhar para os meus olhos com um aquela expressão de desdém, acompanhada de um umedecer dos lábios muito estranho. Decidi tentar entrar em sua mente e percebi que estava segura com oclumência , ele era um bom oclumente. O que me deixou ainda mais desconfortável, o que ele teria a esconder?
Ele saiu e ficou nós quatro, eu me senti um pouco mais segura, mas sabia que poderia ter Comensais espiando pela janela, eu não podia sorrir.
- Então ele é oclumente, também? - Indaguei olhando para os quatros - Alguém sabe porquê?
- Eu acho - começou Neville a falar com a cabeça baixa - que é porque a família dele é tradicional e milenar, cheia de segredos.
Eu olhei para ele por um tempo e fiquei levemente emocionada, eu sentia saudades.
- Eu queria abraçar vocês - falei com uma certa distância olhando para o Neville. - mas eles estão de olho, eu preciso dispensar logo vocês...
- Jenna, eu não entendo porque estou aqui.- Falou Luna com uma voz triste.
- Logo você Luna? Eu escolhi você por sua inteligência e proximidade com a... Armada. - Draco cruzou os braços.- Preciso que não desistam dessa união, precisamos de uma rede de apoio.
- Acho que Gustav é mais popular do que eu. - Falou Luna beliscando com força a barra da sua blusa social branca. - Ou até o Philip, ele já era um bom...
- Ele é um lixo de ser humano. - Interrompi rispidamente. - E sobre meu irmão, eu verei o que posso fazer. Por hora preciso que confiem que irei fazer o correto, irei tentar proteger o máximo de alunos enquanto tento fingir apoio a você-sabe-quem.
- Eu não entendo porque está fazendo isso , você está se arriscando. - questionou Luna aparentemente emocionada.
- Quem mais faria isso de forma respeitosa!? - Bufei sem pensar muito - O Draco?
- Ele é - e ela suspirou falando baixo desviando o olhar - confiável?
- Ele tem que ser, ele fará o que eu mandar.
- E porque? - Perguntou Neville fazendo uma postura mais desconfiada e confiante, pela primeira vez olhando torto para o loiro.
- Porque se ele não fizer eu...
- Não te interessa o porquê. - Retrucou Draco rispidamente com um olhar irritado para o lado.
E mais uma vez vi Neville com uma postura diferente encarando Draco, o olhar não foi só pra ele, a desconfiança foi pra mim também.
Tentei não desviar o olhar, não vacilar, tinha assuntos mais sérios em jogo do que me explicar.
- Neville, eu preciso que ensine o que puder de oclumência a Luna.
- Então é melhor aprender logo, - disse Draco seriamente - ouvi Milord dizer que iria deixar os Comensais Legilimentes a frente de Hogwarts sempre confiscando os alunos.
- Merda! - Exclamei com os punhos cerrados . - Não dá pra aprender em uma viagem de trem, essas coisas que estamos conversando vão nos complicar. - Falei coçando a cabeça.
- Eu estou arriscando a segurança de vocês? - Perguntou Luna com uma voz chorosa.
- Eu preciso dar um jeito... - Comecei a falar mas Neville cortou.
- A gente pode tentar, Jenna, não custa tentar ensinar ela agora. Luna é uma das melhores aluna da Corvinal.
Luna sorriu e corou de cabeça baixa.
- Ok, - falei coçando o queixo. - Os alunos estão chegando, preciso avisar a vocês que quando o trem partir vou confiscar cabine por cabine, não pode ter nascidos trouxas no trem, eles - e olhei para janela - têm liberdade para matá-los, então por favor, entenda que minhas atitudes podem parecer hostis.
- Meu Deus. - Murmurou Luna colocando as mãos na boca com uma expressão chorosa.
- Eu vou dar um jeito.- Tentei acalmá-la sem me aproximar.
- Não precisa se sacrificar tanto. - Disse Neville na intenção de me dar apoio.
- Neville, só ajuda a manter o silêncio, por favor, é muito arriscado qualquer confusão ou até brincadeiras, não sabemos até onde podemos ir.
- Tudo bem. - Ele aceitou baixando a cabeça.
Respirei fundo e prossegui.
- Por favor, saia Luna e Draco.
Draco me lançou um olhar de sensura e de nojo para Neville e Luna, ele saiu na frente, ela com uma leve reverência saiu atrás.
Olhei para Neville e derramei uma lágrima.
- Não, Jenna, eu entendo. - Ele se aproximou e eu me afastei.
- Me perdoa, eu sou covarde. - Mumurei.
- Eu não estou cobrando atenção ou algo do tipo, estamos num momento complicado.
- Para com isso! Não seja gentil, eu não sei como agir com você.
- Haja do jeito normal, como sempre fomos. - Ele pediu tranquilamente.
- Você não tem noção que às vezes eu ajo de maneira impulsiva sexualmente. - Desabafei com um riso inconformada. - Eu sou estranha.
- Legal, pode agir comigo. - Ele falou tranquilamente sorrindo.
- Aff, você parece um cachorro esperando um petisco.
- Na verdade eu gosto do seu estilo de vida, eu queria ser mais como você e menos como eu. - Prosseguiu Neville com a voz triste. - Eu não estou esperando nada sexual, eu sempre te achei legal e só quero saber se você está bem e como posso ajudar nos planos de proteção, só isso, você sabe disso, já esteve na minha mente.
Pior que eu acreditava mesmo, ao ponto de querer agarrá-lo novamente naquele chão, ele era muito bondoso.
- Deita.
- O que!? - Ele indagou confuso.
- Deita no chão!
Confuso, ele agachou se escorando numa poltrona e deitou no piso de madeira olhando para o teto. Eu obviamente sentei em seu colo e me debrucei olhando para seus olhos. Ele gentilmente tirou meus cabelos da frente do seu rosto.
- Acho que assim eles não me vêem. - Falei baixinho.
- O que foi? - Ele sussurrou.
Fiz carinho em seu simpático cabelo liso bem arrumado para lado e sorri, suspirando.
- Porque você é tão bondoso? - Murmurei olhando seus olhos.
- Eu não sei. - Ele respondeu começando a esboçar timidez. - Educação eu acho. - e sorriu desviando o olhar para baixo.
- Não, você é bom, um homem absolutamente bom.
- Não sou, eu...- ele engoliu seco - pensei em você o mês todo e sonhei... sabe... coisas.
Eu dei um riso contido.
- Me fudendo gostoso?
- O que? - E riu frouxo com seu rosto começando a ficar vermelho - Ah, nossa, eu acho que é uma maneira...
- Bem chula e grotesca de dizer, algo que jamais sairia da sua boca.
Ele sorriu desviando o olhar.
- Falando em boca, - ele falou olhando nos meus olhos - eu gosto da sua.
- E eu acho o seu beijo muito bom.
E eu o beijei intensamente, talvez por um minuto ou mais até começar a beijar sua bochecha e pescoço, que estava muito bem perfumado com aquele aroma que mexia comigo, suas mãos gentilmente e temerosa descia da minha cintura para meus quadris.
- É bom demais se sentir desejado. - Ele murmurou quase gemendo.
Senti que estava ficando excitado.
- E você é...
TOC
TOC
TOC
"Jenna, essa cabine está reservada para alunos, melhor você sair."
- Merda! - Exclamei olhando para porta - porque sempre me atrapalham!
- Eu torço para um dia... - E ele suspirou umedecendo os lábios - chegarmos mais longe.
- Eu também, mesmo me sentindo culpada!
"Jennaaa"
- Vai se fuder, Draco!
Me levantei com raiva , peguei a prancheta com a lista de nomes, passei por cima do Neville ainda deitado, abri a porta com ódio e arrastei Draco pelo braço corredor a frente.
- Eu odeio você! - Exclamei baixo enquanto ele se desvencilhava rindo.
- Você tem um lance com ele? - O loiro me perguntou parando no corredor - Ouvi boatos de vocês dois se beijando no pátio.
- Draco, definitivamente, hoje não. - Pedi desviando o olhar e notando alunos mais ao longe entrando nas cabines.
Ele sorriu e dissentiu.
- Não consigo deixar minha curiosidade de ver você em ação. - Ele falou baixo com uma expressão maliciosa. - O que aquele moloide tem de interessante pra você?
- Não to com paciência para suas perversões hoje.
- Sinal que um dia teve , não é? Ou ainda... tera. - Se gabou com aquele olhar profundo falando com a voz mais grave. - Cuidado Jenna, seus interesses então camuflados em suas palavras.
- Chega de joguinhos, - e olhei atentamente para os olhos azuis dele - fica nos corredores, vou ficar lá fora até o último aluno entrar.
- Está certo, eu faço o que você mandar. - Ele afirmou maliciosamente.
- A vai a merda seu doente, - e empurrei ele para longe - aff, eu esqueço que você gosta de ser hostilizado. Vê se não mata ninguém e nem traumatiza.
- Hummm - Ele murmurou sorrindo com deboche. - Jenna, quando se está no inferno, é melhor abraçar o demônio.
Eu ignorei sua metáfora. Não me lembrava de Draco saber dessas coisas.
Eu fiquei na porta do trem mandando todos entrarem em silêncio, era entediante, eu queria minha liberdade e paz de volta. Ver alguns rostos conhecidos me encarar com dúvidas e medos foi aterrorizante, não poder sanar nem ajudar a tranquilizar seus medos era desafiador pra mim.
Meu coração quase errou as batidas quando um cabelo ruivo atravessando a barreira pisou na plataforma com semblante triste e receoso, porém atento aos Comensais por perto. Gina Weasley vestia uma camisa social beje e uma saia longa cinza, estava quase parecendo sua mãe, ela tinha crescido tanto e eu nem tinha notado.
Ao se aproximar de mim, ela me encarou um pouco chocada, percebeu que eu estava em posição de superioridade.
- Chefe dos monitores. - Falei com seriedade e depois olhei para o Comensal mais próximo, fazendo ela seguir com o olhar. Ao voltar a me olhar ela apenas assentiu, ela queria falar que a família estava bem, mas teve medo, ela não estava segura da minha posição diante disso e eu estava preocupada da mente dela nos denunciar. - Silencie a sua mente. - Não sei se ela entendeu. - e entre. - Foi o que eu puder ordenar. Ela entendeu, mas não da forma que eu gostaria, sua confiança em mim começou a oscilar.
Sophia também apareceu, séria, apenas me olhou de canto, eu quase chorei quando ela passou por mim com indiferença.
- A passagem se fechou. Um minuto para o trem partir. - Me alertou um Comensal que não tinha cara de cruel, provavelmente um subalterno.
Apenas bufei e concordei entrando no trem. Com a minha prancheta em mãos eu suspirei fundo observando Draco vir até mim novamente.
- Então? - Ele perguntou.
- Me acompanhe nas cabines, fique de guarda.
Ele concordou descontente, geralmente ele tinha seus capangas. Hoje ele era o meu.
De cabine em cabine eu fiz chamadas, uns ou outros me perguntando o porquês apenas fez eu me sentir mais irritada comigo mesma.
- Qual a necessidade disso? - Perguntou uma aluna muito jovem, que eu sabia que era da Sonserina, talvez do terceiro ano. - Você sabe o meu nome.
- Ordens do novo Diretor.
Ela apenas assentiu em silêncio, suas colegas me olhavam com desconfiança também, esse era o olhar que iria reinar por muito tempo.
Na próxima cabine, uma jovem morena de olhos caídos de aproximadamente 15 anos estava sentada com a cabeça no vidro da janela, ela estava acompanhada de outras duas, sentada à sua frente.
- Nomes.
- O meu é Maria Consuelo. - Falou uma jovem de longas tranças e olhos azuis.
Filha da Consuelo, dona do novo restaurante do Beco Diagonal, sua mãe era Mexicana e seu pai era britânico, ela tinha uma avó trouxa mas morava na América.
- Ketlen Ruon. - Disse amiga ao lado, que era puro sangue. Ambas da Lufa-Lufa.
- O meu é Maridih Klinfon. - Respondeu a mocinha de olhos caídos.
Ela também era da Lufa-Lufa, todas do quarto ano, mas algo não podia estar certo, o nome dela estava em vermelho.
- O que faz nesse trem? Você não recebeu a carta. - Falei com uma certa raiva e preocupação.
- É que estamos morando numa pensão que o senhorio nos odeia , ele não entrega as cartas então imaginei...
- Imaginou errado. - Eu tinha um problema gigantesco que eu não havia previsto. - Saiam vocês duas.
- O que!? - Elas duas indagaram com medo.
- Saiam agora! - As duas saíram às pressas com medo do meu grito. - Draco, entre, e vocês fiquem ai de boca fechada. - Ordenei com a varinha em punhos.
- O que foi? - Ele indagou com desdém entrando.
- Ela é uma nascida trouxa.
- E o que eu tenho haver com essa sangue ruim?
- Cala a boca, seu verme, fica de guarda na porta, eu preciso resolver isso. - E voltei para ela. - Garota, qual o seu problema, seus pais não sabem nada do mundo bruxo?
- Meu pai morreu há dois anos e depois tudo desmoronou, minha mãe está trabalhando limpando hotéis, mas não dá conta de pagar as dívidas que meu pai deixou e vamos ser despejadas, eu acho, vir para escola ajuda a diminuir as despesas. - Ela falou com firmeza. Sua expressão de medo e olheiras profundas validava seu sofrimento.
- Merda! - Eu cocei a cabeça e comecei a bolar um plano para tirar ela dali o mais rápido possível.
- Os homens lá fora são maus, não são? - Ela me perguntou olhando para a janela.
- Onde sua mãe trabalha?
- No centro de Londres...
- Você já foi lá?
- Sim, eu me despedi dela em frente...
- Eu vou tirar você daqui. - Afirmei com segurança, eu precisava tentar. - Levante-se.
- O que!? - Ela falou se virando para mim.
- Eles estão com permissão para matar nascidos trouxas. - Bufei pegando seu rosto com minhas duas mãos. - Me permita entrar na sua mente, preciso de mais informações para tirar você daqui e por você e sua mãe em segurança.
Ela me encarou com confiança com os olhos lacrimejando. A jovem não estava confiante mas sentia que não havia jeito, apenas aceitar.
- Vai doer?
- Eu acho que não - fui sincera - mas é o único jeito de eu visualizar os locais, sua casa e sua mãe com exatidão.
- Tudo bem.
Era uma mente simples e ingênua, sua mãe era meio perdida e parecia aliviada da filha ser bruxa e viajar todos os anos. Me mantive firme identificando a pequena casa no centro, o trabalho da sua mãe e rosto dela e seu nome.
- Ok, - falei ao voltar meu olhar para a realidade - você sabe o que é aparatar?
- Já ouvi falar.
- Vou desaparatar e levar você próximo do hotel que sua mãe trabalha, vamos para sua casa depois.
- Ir para onde?
- Temos uns 10 minutos, eu acho que sei um lugar seguro para vocês, mas você precisa ficar em paz e confiar em mim.
- Tudo bem, achei que fosse me matar, sabe? - Ela falou pegando uma pequena mochila de mão, eu não respondi - E o resto da minha bagagem?
- Eu dou um jeito nisso depois.
- É que eu só tenho aquelas roupas.
Eu não tinha tempo nem de me emocionar, peguei seu braço e olhei para o Draco.
- Vigie e improvise, eu volto o mais rápido possível.
Ele bufou, negou com a cabeça desviando o rosto e cruzou os braços. Eu não podia discutir, apenas desaparatar com ela.
No turbilhão de cores e vultos ela gritou de susto. Mesmo apartando num beco próximo eu não tive medo de alguém nos ver, era isso ou nada. Ela estava visivelmente tonta com enjôo quando "aterrizamos".
- As vezes causa enjoo, mas você vai ficar bem. - Falei segurando sua mão a arrastando para fora do beco. - Qual hotel?
- Aquele . - Ela indicou com o dedo.
Atravessamos o grande cruzamento de uma avenida próxima da estação King's Cross, eu conhecia a região. Entrei rapidamente pelo saguão sendo seguida pelo olhar de algumas pessoas e funcionários, eu só estava focada em achar a mãe dela.
- Preciso falar com Abgail Klinfon, - Pedi para recepcionista - é camareira aqui.
- Ela está no plantão dela, qual o interesse? - Uma mulher de lábios pintados de vermelho perguntou de má vontade , me encarando desconfiada.
- Familiar, a filha dela está comigo.
- Você é adulta? - A recepcionista indagou com desconfiança olhando torto para as minhas roupas. - Não posso permitir desconhecidos.
Olhei para Maridih e murmuei "não me orgulho disso, mas é necessário". A garota não entendeu de início, discretamente peguei minha varinha e apontei para moça.
Não que eu fosse boa com feitiços da mente igual a Sophia , mas eu precisei tentar. "Imperium"...
- Você irá chamar Abgail Klinfon imediatamente e a trará até aqui. - Ordenei a funcionária.
- Como quiser. - Assentiu a jovem mulher com apatia.
- Moça, - me chamou a lufana - acho que a recepção tem câmeras. - Ela falou olhando para os cantos do teto.
- Eu não posso me importar com isso, o tempo ta passando.
Talvez tenha levado três minutos aterrorizantes, onde diversas pessoas nos olhavam temerosas e desconfiadas até a funcionária voltar com a mãe da aluna.
Abgail , uma mulher alta de cabelos loiros grisalhos vestia um uniforme cinza, ficou confusa e nos lançou um olhar atordoante.
- Você é Abgail Klinfon?
- Sim, mas por...
- Sem conversa, venha. - Falei pegando-a pelo braço e abandonando a recepcionista confusa no meio do saguão.
- Mas o que está acontecendo? - Indagou a mulher tentando se soltar de mim no meio da recepção.
- Venha ou você e sua filha irão morrer. - Falei olhando para os seus grandes olhos castanhos, que pareciam muito cansados e avermelhados.
- Filha... - Ela murmurou olhando agora Meridih.
Busquei insistir; aproximei do seu rosto e disse com a voz mais baixa e contida que eu pude.
- O mundo bruxo está em guerra, se eu não proteger vocês, vão ser caçadas e mortas antes dos outros.
A mulher ficou pensativa mas decidiu ceder, me acompanhando.
- Para onde vamos? - Perguntou Meridih no meio do caminho de volta ao beco.
- Para sua casa, pegue roupas e qualquer coisa de higiene.
- E depois?
- Alemanha.
- O que!?- Indagou as duas confusas.
- Se segurem em mim. - Pedi parando num canto do beco.
Eu nunca havia desaparatado com duas pessoas, mas eu tive que tentar. Cada uma segurou em meus braços e lá fui, arrastando-as para o que deduzi ser o quarto delas na pequena casa alugada.
Ao pousar meus pés do quarto escuro, um odor desagradável, algo semelhante a mofo eu senti. Abgail parecia tonta e sentou no chão resmungando.
- Ó Deus, o que foi isso? - Falou a mulher confusa tirando o cabelo do rosto.
- É um tipo de... magia, senhora. Agora CORREM! Eu não tenho mais tempo!
A garota foi mais ligeira, começou a jogar coisas sobre a cama, roupa e alguns produtos enquanto a mãe gemia no chão
- Eu estou enjoada. - A mãe da aluna murmurou.
- Chega de frescura! - Exclamei puxando-a para cima.
- Eu não estou entendendo nada, Mari, quem é ela?
- Mãe, eu acredito nela, - a jovem respondeu enquanto enrolava o lençol - ouvi dizer que é vidente, e minhas amigas me contaram que um tal Eleito tem que matar um bruxo muito mal que não gosta de humanos não bruxos. Ele quer dominar o mundo.
- É mais ou menos isso. - Afirmei imaginando que era exatamente isso, simplificando tudo.
- E nossas coisas, o aluguel? - Perguntou a senhora nervosa olhando para os móveis.
- Acredite em mim, suas vidas valem mais. - Falei olhando para os olhos dela. Quando me virei para ver o tamanho da trouxa de roupa, eu me lembrei de um detalhe. - Ai merda, não parei pra pensar sobre bagagem.
- O que quer dizer? - Indagou a menina enrolando o lençol na mão, transformando-o em uma grande bolsa.
- Desaparatar com tudo isso pode não ser uma boa ideia, mas não tenho tempo para pensar, peguem no meu braço novamente.
A mãe da menina respirou fundo, abraçou meu braço e fechou os olhos, a jovem com uma expressão de medo, fez a mesma coisa.
Dessa vez o vulto foi mais violento, o peso do corpo delas fez eu sentir um puxão de todos os lados, eu precisava me manter firme ao pousar no gramado da chácara da minha avó, em Kiel.
- Ai meu Deus, vou vomitar. - Falou Abgail se jogando novamente no chão úmido do campo.
Eu senti uma dor absurda no meu braço mas não verifiquei, eu não tive tempo para conferir se eu estava bem.
- Fiquem aqui, preciso que minha avó autorize a entrada, coisa de magia. - Falei para Maridih que estava impressionada com a região.
- Moça, - e ela apontou pra mim - seu pescoço está sangrando.
De fato estava ardendo quando me dei conta, na hora coloquei a mão e senti um leve corte que escondi com o cabelo, eu precisava ser agiu.
- Não se preocupe com isso. Cuide da sua mãe, eu já volto.
Uma peculiaridade interessante é que fora da barreira eu não conseguia ver as pessoas dentro, mas de dentro dava para ver. A barreira élfica não exigia patrono, era como se me reconhecesse. Ao atravessar minha avó estava próximo da sua casa, agachada no pomar ao lado de outra pessoa, ao me aproximar ele se levantou e eu confirmei minhas suspeitas.
- Gustav, o que faz aqui!? Não está no trem!
- O que você faz aqui? - Ele indagou com uma expressão de raiva.
Minha avó se levantou do chão limpando as mãos e me lançou um lindo sorriso, junto ao olhar surpreso.
- Vó. - Falei me aproximando e abraçando-a. - Me desculpa vir aqui, eu não tinha mais ninguém.
- Quem são elas?- Perguntou Gustav fríamente apontando para as moças ao longe.
- São possíveis vítimas. - Respondi rapidamente - Os Comensais estão com autorização de matar nascidos trouxas, e eu não sabia o que fazer com elas. Então...
- Você está louca! - Exclamou Gustav se aproximando com uma postura hostil - Está trazendo o perigo e desconhecido...
- Gustav, ela está certa, trouxe no lugar certo. - Disse minha avó calmamente colocando a mão sobre o ombro dele.
- Mas vó, estou aqui para proteger a senhora. - Retrucou Gustav visivelmente inconformado.
- Mas e a barreira? - Indaguei.
- Papai me ordenou, se pegarem ele não terá barreira!
- Junior, querido, se eu estou aqui viva é porque muitas pessoas se sacrificaram por mim, a bondade é absoluta, meu amor, não tenha dúvidas. - Ele se calou e assentiu se conformando - Jenna, você está fazendo a coisa certa, eu entendo suas ações querida, mas cuidado, traga quem mais você achar que deve proteger, mas prese por sua segurança, sua vida em primeiro lugar . Vou cuidar delas até quando eu puder, vamos racionar, vamos plantar, vamos nos ajudar .
Eu quase chorei, mas não havia tempo para expressar minha gratidão.
- Obrigada, vó. - E olhei para Gustav. - Você precisa voltar .
- Jamais! - Ele exclamou negando frenéticamente.
- A Luna precisa de você.
- O que!? - Indagou, me encarando.
- A coloquei de monitora. Não há ninguém que me entenda de verdade na Corvinal e que seja sensata, fora que a Armada...
- Jenna, você não pode decidir...
- Eu posso, sou monitora chefe, sou muita coisa em Hogwarts agora, eu preciso intermediar e equilibrar para que nenhum aluno sofra ou morra nas mãos daqueles monstros. E eu imploro, Hogwarts precisa de você.
Gustav me encarou chocado, meus argumentos atingiram algo profundo nele porque seus olhos marejaram.
- Meu bem, vá, vá buscar suas coisas, não vou ficar sozinha. - Falou minha avó de forma reconfortante. - E você - e ela voltou a olhar pra mim - está fazendo jus a educação e amor que eu te dei.
Gustav com um olhar atordoado voltou rapidamente para a casa arrumar as coisas dele, minha avó pegou minha mão com uma expressão ansiosa e fomos até a barreira.
- Então a mocinha é bruxa e sua mãe não? - Perguntou minha avó no caminho.
- Exatamente. - Falei pensativa, tentando desviar os pensamentos da dor que eu estava começando a sentir no corpo.
Ao chegarmos na barreira, a mãe da aluna parecia melhor.
- Essa é minha avó Ellen Gibbon, ela não é bruxa, ela pode ajudar vocês. - Apresentei - Vó, essas são Abgail e Maridih Klinfon. Enfim, boa sorte eu preciso ir.
Enquanto eu as via se afastarem, Gustav me alcançou atravessando a barreira,e eu o encarei profundamente, precisava aceitar as coisas com ele.
- Me perdoa, eu não queria machucá-lo, só achei injusto não me darem notícias do Jorge.
- Eu sei que não consegue se controlar. - Ele falou de má vontade de cabeça baixa. - E o que aconteceu com Snape?
- Diretor Severo Snape. - Falei com sarcasmo, fazendo ele negar com a cabeça. - Um dia te conto, mas ele sobreviveu.
- É claro. - Ele murmurou rindo mas seus olhos foram puxados para o meu corpo- Jenna, seu braço, seu ombro. - E apontou para meu ombro e cotovelos que estavam vermelhos.
- Não é nada.
- Está escrunxando, está levando muitos objetos e pessoas.
- Não se preocupe, vou ficar bem.
Eu não tinha tempo para me preocupar com dor, o trem estava sem mim e eu estava ficando com medo.
- Você sabe desaparatar? - Perguntei a ele.
- Ainda não, eu fiz testes mas não consegui.
- Então presumo que irei te levar, eu pensei em te deixar no banheiro e depois voltar a cabine .
- E se alguém nos ver no banheiro?
- Oblívio. - Como se eu soubesse.
Ele me encarou e continuou com o sorriso nervoso e inconformado.
- Não dúvido. - Ele ironizou.
E mais uma vez eu fiz dois saltos. Primeiramente para o banheiro do trem, que ainda bem não havia ninguém, e logo depois de deixá-lo eu saltei para cabine onde eu estava com Draco.
Eu cheguei tonta, Draco teve que me segurar pela cintura fazendo eu ficar incomodada com a aproximação de nossos corpos e rosto. Arfei rapidamente e me afastei dos braços dele arrumando meus cabelos resmungando "estou bem, estou bem" , sentindo novamente meu braço queimar.
- O que aconteceu? - Ele indagou me medindo - Onde está a garota?
- Eu demorei muito?
- Acredito que 15 minutos entediantes.
- Ótimo. - Falei me sentindo tonta.
- Você está com o pescoço sangrando? O seu braço...
- Não importa agora, vamos seguir.
- Esta perdendo o juízo? Você está sangrando! - Sua voz estava começando a aumentar e ele me segurou pelos antebraços.
- Me solta, eu resolvo isso depois. - Falei me afastando e pegando a prancheta de nomes que estava sobre a poltrona.
- O chão está com gotas do seu sangue, você não está bem, quem atacou você? - Indagou ficando com as bochechas vermelhas.
- Não seja burro, isso é consequência de desaparatar!
- Você está perdendo a noção dos fatos, está se sacrificando por desconhecidos que podem nos pôr em risco! - Exclamou irritado.
- Você só pensa em você, não tem uma gota de humanidade! - Falei quase cuspindo em seu rosto.
Ele me enfrentou se aproximando e me encarando nos olhos.
- Se você for pega conspirando contra o sistema, eu corro o mesmo risco por não denunciá-la! - E ele olhou para os lados e falou mais baixo - É claro que estou preocupado com nós dois, você sempre foi impulsiva e esse comportamento é muito pior do que todos que eu já tive.
O que? Eu fiquei muito irritada de ser comparada a ele.
- Eu não vou discutir com você, é perca de tempo. - Falei me desviando dele, abrindo a porta da cabine saindo.
- Onde está... - começou uma das meninas a perguntar.
- Não importa, entrem e calem a boca! - Falei com autoridade quase gritando.
- Esse sangue é dela? - A outra perguntou apontando para o chão.
- Se não ficarem quietas, o próximo sangue será o de vocês! - Ameaçou Draco com autoridade logo ao sair.
As meninas entraram na cabine rapidamente de cabeça baixa, murmurando seus medos, eu só pude desprezar e seguir.
Na próxima cabine avistei dois rostos conhecidos: Simas Finnigan e Dino Tomas. Perfeito, eu tinha outro problema. Tentei ficar sozinha, mas Draco entrou logo atrás, me empurrando, para fechar a porta da cabine
- Não toque em mim! - Gritei pra ele.
- Jenna, o que está acontecendo? - Perguntou Dino assustado.
- Inspeção. - Falei olhando para os nomes deles, aos poucos me lembrei de um fato. - Simas, seu pai é trouxa, não é?
- Jenna, e ele? - Perguntou Simas apontando com os olhos, para Draco atrás de mim.
- Ignore o Draco, ele é meu lacaio agora.- Ouvi ele soltando um riso sarcástico. - Não é uma boa você estar aqui, Simas, eles têm ordens para fazer o que quiser com meio sangue.
- Jenna, está sangrando. - Falou Dino apontando para o meu braço.
Dessa vez decidi prestar atenção e vi sangue no chão, o que pirou muito as coisas. Olhei para o ferimento no ombro e braço e quase desmaiei de susto, estava profundo e o vestido estava absorvendo o sangue, me sentei ao lado do Dino e tive que respirar profundamente para me acalmar.
- O que aconteceu? - Perguntou Simas.
- Não se preocupa, eu vou tentar estancar isso. - Usando o feitiço do Snape, obviamente.
Comecei a notar pontos de dores dentro se mim, talvez órgão internos não estivessem bem, apertei a barriga e ela estava sensível.
- Eu preciso de uma poção de regeneração urgente. - Pensei alto.
- Ela é louca. - Retrucou Draco cruzando os braços.
- Cala a boca.- Mumurei antes de lançar Vulnera Senentur em silêncio nos meus ferimentos.
- Que feitiço é esse? - Perguntou Draco desconfiado.
- Não importa. - Falei enquanto sentia os cortes fecharem aos poucos. Senti um alívio quase de imediato. - Então Simas, vai ficar ou não?
- Tudo bem, se você está aconelhando eu vou, minha mãe disse que era melhor eu não vir mesmo.
- Deveria ter ouvido ela.
- Obliviate! - Gritou Draco para Dino, que desmaiou no banco.
- O QUE FOI QUE VOCÊ FEZ!? - Gritei me levantando do banco, enfrentando Draco com a minha varinha apontada para o seu pescoço.
- Ele tem a mente fraca, se alguém ler vai saber que ajudamos! - Justificou rapidamente olhando para a minha varinha - Pare e pensa, Jenna, se acalme, se ajudar todos do trem você não vai durar um dia em Hogwarts, precisa ser mais estratégica e menos impulsiva. Ao longo dos dias você pode criar outros meios de ajudá-los.
Dessa vez, até Simas ficou impressionado, o desgraçado tinha razão, mas era difícil ter certeza se ele era realmente confiável.
- O que deu nele? - Perguntou Simas chocado.
- Não sei Simas, mas é melhor assim, vá logo antes que ele acorde.
- Ta bom, mas posso deixar uma carta? - Pediu Simas com olhar triste.
- Claro, só não diga nada sobre nossa presença , ok?
- Tudo bem, Jenna, obrigado, vou escrever.
- Boa sorte - falei antes de sair - cuide dos seus pais.
Sai da cabine pensativa, angustiada e estranhamente relaxada, talvez o feitiço cicatrizante, não sabia dizer.
- Draco, preciso dizer. - Falei quando ele me acompanhou do corredor. - Preciso que fique de olho no Crabbe e em Goyle. - Ele me olhou desconfiado parando de andar- Tive uma visão com Goyle matando uma aluna, - ele arregalou os olhos - mas eu avisei ela, acredito que não tenha vindo.
- Tomare mesmo, porque eles são doidos.
- É sério, é importante para a segurança de todos.
- Olha, Jenna, esse pedido é bem chato, sabe? - Ele murmurou sinicamente.- Não to afim de ser baba deles nem de ninguém, mas veja bem - e ele aproximou seu rosto do meu - o que eu ganho com isso?
- Como é que é?
- É, você vai ficar mandando e eu obedecendo a troco de quê? - A voz dele começou a ficar mais grave e seus olhos a passear sobre meu corpo e depois meus lábios. - Deveria me chamar pra uma festinha sua, quem sabe assim eu fico mais gentil.
- Ta fazendo chantagem sexual comigo?
- Eu não to dizendo que quero participar, mas...
- Você é muito corajoso.
E burro.
Após dar um grito xingando "desgraçado!" eu apontei a varinha para ele sabendo que não era necessário para eu arremessa-lo a uns cinco metros de distância no estreito corredor do trem. Draco cambaleou e caiu com intensidade no chão batendo sua bunda primeiro e depois suas costas e cabeça, ele resmungou um "au" passando a mão nas costas na altura do quadril e tentou se levantar, mas não o fez, ele apenas riu de nervoso quando me aproximei olhando para ele no chão.
É óbvio que diversos alunos começaram a pôr suas cabeças para fora de suas cabines, infelizmente Crabbe e Goyle estavam a frente , Goyle se adiantou pegando sua varinha.
- Hey, vadia, o que está fazendo? - Ele falou com visível raiva, apontando a varinha pra mim.
Um burro também, péssimo momento para ele aparecer.
Passei lentamente por cima do Draco e dei pequenos passos até Goyle. Ele ficou mais confuso do que confiante principalmente quando meu peito encostou em sua varinha.
- Você... - Resmunguei rindo - tem a coragem de apontar o que quer que seja para mim? - Ele não respondeu, apenas andou lentamente para trás e eu para frente. Sua expressão se alterava entre raiva e medo. Aos poucos ele curvou seus passos entrando em sua cabine enquanto eu prosseguia - Nem seus olhos deveriam pousar sobre mim. Eu já explodi monstros, já capturei a mais rara das criaturas do planeta, vi e senti cheiro de chuvas que ainda nem caíram sobre a terra, e você, a mais primitiva e inútil das criaturas tem a audácia de pensar em me enfrentar!?
Ele não respondeu. Seu semblante congelou e seu braço estendido fraquejou. Antes dele abaixar a varinha ou pensar em lançar algum feitiço, Goyle foi arremessado a alguns metros a dentro, batendo com força a cabeça no vidro, na janela sa sua cabine, caindo no chão desfalecido.
- Jenna! - Ouvi o grito agudo de alguém, mas ignorei e pegando minha varinha.
A pessoa em questão me agarrou pelos ombros me puxando para trás, me tirando da cabine, era Sophia.
- Quer causar uma situação entre seus pais!? - Exclamou a amiga apavorada. - Acha que o pai dele vai tolerar isso? Não ponha tudo a perder por causa dele, eu resolvo isso.
Eu não discuti, eu estafei.
Eu não respondi, apenas olhei o entorno, fiz uma careta de tédio, bufei, e percebi Júnior mais a frente com uma expressão de pânico.
Caminhei até ele e bati a prancheta contra seu peito.
- O que é...!? - Tentou me perguntar segurando a lista.
- Nomes vermelhos nascido trouxa, amarelo mestiço, roxo familiares trouxa, verde puro sangue.
- Mas...
- Se vira.
E sai em direção a primeira cabine sentindo uma apatia profunda, ignorando olhares.
Quando cheguei no ambiente, havia pelo menos 8 alunos nela.
- SAIAM TODOS, AGORA!
Se eu não tivesse pego a varinha, e apontado para fora com ela, talvez não tivesse ficado claro.
Havia alunos de elite da Sonserina, Corvinal e claro, Hernesto Macmillan.
- Esta reservada... - Ele começou a falar, mas eu não deixei terminar.
Segurei com tanta força os cabelos loiros ondulados de Macmillan que o próprio gritou de dor sendo arremessado para fora.
- Vão todos a merda! - Exclamei antes de bater a porta.
Enfim... só.
Ouvi apenas o barulho dos trilhos, pouco resmungo de fora, me sentei e escorei minha cabeça no vibro, minha cabeça está doendo e meu corpo também. Eu só queria silêncio, provavelmente um feitiço como abafiato me ajudaria, mas eu não tinha forças nem mais pra levantar.
Talvez tenha levado uns 10 minutos até Draco aparatar na cabine.
- Merda, esqueci que dá pra fazer isso.
- Eu queria te pedir desculpas. - Sua voz estava baixa e sua expressão pensativa.
- O que?
- Eu não sou um imbecil como pensa, só - e ele se aproximou se sentando ao meu lado - oportunista. - Ele concluiu com um sorrisinho. - É mais forte do que eu. - e abaixou a cabeça apoiou os braços e as mãos na mesa e começou a olhar para os dedos. - Parece que todos que ficam perto de você ganham um pouco da sua atenção e... afeto.
- Eu não o culpo, tem uma verdade nisso.
Ele estava sendo estratégico, provavelmente ele queria dizer sexo ao invés de afeto.
- Não quer dizer que te julgo ou que me aproveito de você. - E ele suspirou profundamente - Eu que eu adoro brincar com você, além de muito atraente, me deixa menos nervoso, esconde meu medo de morrer. - E ele tirou um frasco no bolso. - É uma poção de regeneração, eu sempre ando com uma.
Eu não tinha parado para pensar sobre Draco se sentir seguro ao meu lado, mas não me causava pena.
- Como posso saber se é confiável?
- Eu bebo um pouco. - E ele abriu o frasco e bebeu um pouco.
- Se você morrer eu também vou. - E peguei o frasco. - Pelo menos, vou me livrar desse inferno. - Falei antes de beber a poção.
- Vai se sentir melhor.
De fato eu comecei a me sentir melhor, com menos dor no corpo.
- Me responde uma coisa Draco. - Ele me encarou e resmungou "humm".- Quando te transformei em garota, você gostou dos seios? Perdeu teu pau?
Ele riu desviando o olhar, tapou a boca rapidamente e sorriu antes de responder.
- Eu me arrependi de não ter me divertido aquele dia. Eu fiquei com vergonha dos outros e com medo de você, mas se fosse hoje num ambiente mais fechado, confesso que iria gostar de explorar as possibilidades.
- Você é muito pervertido.
- Você também.
Eu era mesmo.
Draco colocou gentilmente sua mão sobre a minha que estava sobre a mesa, fez um leve carinho nos meus dedos e ficou olhando para eles.
- Eu me sinto menos merda quando estou perto de você, você me permite ser eu mesmo e eu percebo o quão ridículo eu sou o tempo todo, eu só não consigo mudar.
- Você está quase me convencendo. - Não, não estava.
- Se ler minha mente, vai saber que é sincero. - Ele afirmou muito sério olhando para os meus olhos. - Se sente melhor, não é?
- Um pouco, mas ainda prefiro que você morra ao vir aqui me perturbar.
- Não, não prefere. - E voltou a olhar nossas mãos. - A suas são bem delicadas, já imaginei suas unhas pintadas , com sua mão me masturbando.
- Draco!
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