Um Zyan um tanto Sophia
- Merda! Merda! Merda!
- Sophia, vai dar certo.
Eu estava sentada na poltrona da Sala dos Diários observando ela andar de um lado para o outro.
- Jenna, 10 horas! Eu mal dormi essa noite.
- Quer que eu fale com o Zyra?
- Não vou sabotar! Eu disse que vou fazer e vou!
- Relaxa e coloca em ordem os ingredientes, vamos tentar juntas. Eu aprendi matemática, vamos reduzir o tempo.
- Você, ajudar!? - Ela Indagou descrente, rindo. - Não sabe o nível em que está se metendo.
- Nossa! - Indignei -me. - Obrigada por dizer que sou incapaz.
- Ah, Jenna, sabemos que você não gosta de poção, só passou pra ver a cara do Snape.
- É. Pelo seu julgamento deve ser muito fácil passar no NOMs.
- Pra mim foi. Agora eu preciso pensar.
Sophia começou a se organizar na sala depois de eu ir buscar a bolsa com o Zyra. Já estava me acostumando em andar com ela, mas tive medo de tirar ele e o Djinn ficar nervoso por causa da nossa última interação. Eu nem sabia o que pensar direito sobre aquela criatura, mas andar com ele fazia eu me sentir mais confiante.
Depois de um tempo colocando as coisas em ordem na mesa de poções, e procurando em dezenas de livros do Sto. Mungus por mais informações sobre a tal poção, ela apareceu com alguns fracos que eu reconheci.
- Bom. Achei o livro que eu queria e vai dar certo! Mas primeiro... - E ela tomou fôlego com um sorriso maldoso. - Jenna, vem aqui.
- Aí, meu Merlin!
- Para. Só preciso que você fique de olho na transformação.
- Eu tenho medo de você se machucar.
- Olha, eu li bastante coisa, e acho que se eu suportar a dor, vai dar tudo certo. Aproximandamente uma hora para os efeitos da polissuco começarem a sumir e eu voltar ao meu corpo original.
- Tá, não tem mais conversa. Faça o que tem que fazer.
- Esse é o antídoto. - Disse ela apontando um frasco sobre a mesa.
- Tá bom! Vai se transformar em quem?
- Surpresa.
- Espero que a sala não te arremesse pra fora.
- É. - E ela olhou para as paredes com um sorriso discreto e depois voltou a me encarar. - Esse é um risco, mas vou contar com a inteligência e curiosidade de Cataline.
- Ok, então.
Sophia deu um sorriso malicioso olhando para os fracos e bebeu o que havia nele com grandes goladas. Ela escorou na mesa um pouco enojada, provavelmente pelo sabor.
- Isso lembra abacate.
- Nunca comi essa fruta.
- É tropical.
Mas não demorou para ela derrubar o frasco no chão e cair de joelhos.
- Soph...
- Cacete! Isso ...é... muito... desconfortável. - Disse ela de joelhos no chão.
- Onde está sentindo do... - Não terminei de perguntar.
Sophia estava apertando meu braço com muita força e seus cabelos loiros estavam se tornando castanhos escuros.
- Não tenho certeza de onde está doendo. - Disse ela com a voz ficando mais grave. - Mas acho que posso deduzir.
Ela olhou para mim e seus suaves olhos azuis acinzentado tomaram lugar para um olho castanho azulado, um maxilar mais masculino com um olhar peralta.
- Zyan não tem esse olhar.
- É mesmo?
Sophia se transformou em uma versão do Zyan mais feliz.
- Porque ele?
- Porque esse porco é da Sonserina e eu preciso tentar sair dessa sala e andar um pouco. - Sua voz estava ficando mais próxima da dele.
Ela se levantou cabaleante e confusa. Olhou para os lados como se tivesse tentado ver algo.
- Caramba, eu devo ter diminuido uns 10 centímetros.
- É, está mais baixa.
- Legal! Legal! Isso é legal pra cacete!
- É estanho ver a cara do Zyan falando assim.
- É mesmo?- Ela me olhou de um jeito diferente, me medindo dos pés a cabeça mordendo os lábios.
- Ah, Sophia, vai tentar isso mesmo?
- Vou, é claro. - Disse ela me pegando pela cintura e encostando meu quadril de frente com o dela - Ah, Jenna, que alinhamento é perfeito. Esse corpo aqui combina com o seu.
- Eu não sei se quero te beijar com o corpo dele. - Falei segurando seus ombros.
- O corpo é meu e eu faço o que eu quiser. - Ela estava me lançando um olhar muito bonito.
- É mas não é bem assim, eu estou vendo o Zyan.
- Fala sério, você é gamada nesse cara desde sempre.
- Sophia... não acho que isso vai dar... - Certo?
Não, espera. Tinha algo dando certo sim.
- Caramba! - Disse Sophia-Zyan olhando pro próprio corpo. - Tá sentindo isso?
- Eu estou sim.
- Ahhh, eu preciso ver isso!
- Não sei se vai gostar.
- É sério? É tão feio assim?
- Não é feio, mas é algo que eu acho que você não tem... familiaridade.
- É só a porcaria de um pênis, Jenna. Um órgão, sabia? De qualquer forma, como curandeira terei que estudar os dois corpos, certo? Fora as outras possibilidades... - Ela olhou para dentro da calça e se calou. - Isso parece normal. - Ela parecia desapontada. - Será que consigo ir ao banheiro?
- A gente pode tentar.
- Legal! - Ela me abraçou novamente com mais interesse se esfregando.- Uau. Me dá um beijo?
- Ah... Isso é muito bizarro.
- Não deve ser a pior coisa que já te aconteceu.
- É, ainda pode acontecer coisas muito piores.
Decidi beija-la como Zyan. De fato era diferente. O jeito de me pegar, de beijar era confuso, era um Zyan diferente, um Zyan Sophia. Isso fez eu perceber que ele não era tudo isso, mas ela sim, era.
Ela começou a ofegar e a tremer um pouco.
- Está passando mal?
- Não. - Disse ela-ele começando a me assustar com o olhar malicioso que era muito mais intenso no Zyan do que como Sophia. - O corpo masculino é difícil demais pra controlar a excitação. Caramba...
- Talvez você comece a entender um homem agora.
- Faz sentindo. - Ela começou a passar as mãos pelas minhas costas e passar seus lábios nos meus pescoço.
Não posso negar que estava bom até demais sentindo arrepios, e eu estava precisando daquilo, mas estava firme na minha decisão.
- A gente não vai transar com você assim.
- Droga! - Disse ela se afastando num salto.
- Isso é uma experiência, eu sei, mas não tenho emocional para tanto.
- É difícil de controlar esse corpo. Isso não parece abaixar fácil.
Eu ri, afinal era bizarro e engraçado.
- Vamos tentar sair?
- Acho que vou ter que por a capa, como o Fred fazia pra esconder a excitação dele.
- Ah, você reparava?
- Mas é claro. O mundo inteiro conseguia ver aquilo.
Achei exagero o ponto de vista dela mas engraçado, me rendeu boas lembranças.
- Sabe se o Zyan está por aí?
- Pedi a Emilly para ficar de olho e tentar distrair ele.
- Emilly Croush?
- É. Ela é confiável.
- Como sabe?
- Você sabe que eu sei descobrir as coisas.
Quando colocamos o pé pra fora da Sala, automaticamente pisamos da Sala Comunal comum.
- Era bem isso que eu havia previsto. - Disse ela-ele olhando com espanto a sala.
- Vamos na biblioteca.
- Ah, ótimo, uma passeada.
- Slughorn me fez lembrar que minha avó escreveu alguns livros e...
- Vocês dois reataram? - Perguntou uma garota do quarto ao nos ver no canto. - Desculpa a pergunta, mas eu ouvi uma garota na Corvinal perguntando pra minha amiga se o Duque estava solteiro.
- Ah... - Murmurei com indiferença.
- Eu estou solteiro porque eu sou um lixo. - Disse Sophia-Zyan com as mãos na cintura.
- Sop.. Só lamento, Zyan, por essa observação absurda.
- Eu sou um verme sim, e não mereço uma gostosa como a Jenna.
Vixi, ela pirou.
- Vamos sair logo daqui, você está enlouquecendo!
Ela-ele riu de si mesma enquanto saímos deixando a garota confusa.
- Se você ver ele...
- Eu o amaldiçoou. Ele não adora uma briga? Pego ele pelo pescoço. - Disse ela debochando do que ele fez no noivado.
- Você que vai perder o controle.
- Vou nada!
Andamos pelos corredores com Sophia-Zyan muito estranha pulando e até dando socos no ar.
- Zyan tem uma musculatura bem ágil.
E eu gostava disso nele, mas era só isso mesmo.
Quando chegamos na biblioteca Phillip estava como sempre andando pelos corredores a dentro.
- Não queria que ele nos visse. - Murmurei parando na porta.
- Deixa comigo.
- Não, não fala que é você, não sabemos se ele é confiável. - Eu não sei porque desconfiava dele.
- É verdade. Uma coisa é você querer transar com a irmã do melhor amigo, outra é ser leal a ela. Mas afinal, quando a excitação acaba?
- Não faço ideia.
- Vou ter que perguntar pro Cássio. Não sabia que demorava tanto assim, é desconfortável.
- Bem vinda ao mundo dos homens. - Debochei novamente.
Quando entramos na biblioteca logo fui falar com a Pince.
- Boa noite, Madame Pince. A Srta. poderia me dizer onde está os livros da minha avó, Sosie Brown?
- Já pensou em ser princesa, bonitona!? - Disse Sophia-Zyan para a bibliotecária, me fazendo rir e deixando-a ruborizada.
- Ah... está na repartições de grandes videntes, por ondem alfabética. - Disse ela desviando o olhar.
- Obrigada! - Não fazia ideia de onde era mas era melhor ficar longe dela para a Sophia parar com o galanteio.
Sophia-Zyan debochava na cara das leis de Hogwarts sem medo. Provavelmente queria prejudicar Zyan.
- Acha a Pince bonita?
- Essa vaca até que é atraente.
- Nossa, quanta educação. - Disse Phillip ao nos ouvir passar.
- Ah, boa noite, Phillip. - O cumprimentei.
- Porque está andando com ele?
- Porque ela é masoquista. - Disse a amiga.
- Chega! Cala a boca! - Exclamei tentando não gritar.
- Eu calo porque eu sou um servo fiel e leal...
- Ele está variando? - Indagou Phillip desconfiado.
- Tomou alguma poção estanha mesmo.
- Tipo aquela do Louco... - Começou Phillip, tentando deduzir.
- Feliz ... Ou? - Disse Sophia-Zyan como se fosse uma professora.
- Talvez a da Paz, da Euforia Breve ou da Alegria Juvenil.
- Olha, só! Corvinho conhece os sintomas dessas poções. Mas se fosse mais inteligente você também pensaria em possíveis feitiços, maldições ou azaracões, como a Imperiuns ou a Elevemente...
- Não estamos aqui para estudar, Zyan! - A recriminei olhando torto e voltando meus olhos para o colega.- Phillip, sabe onde fica a repartição de grandes videntes?
- Penúltima estante, antes da sessão revervada.
- Obrigada. Vamos, Zyan, e tente não abrir a boca.
- Impossível não abrir a boca para esse seu jeito rebolado de andar.
- POR MERLIN! - Gritei dando um tapa em seu ombro, fazendo vários alunos da biblioteca falarem "xiu" e nos olhar torto.
- Ok, ok! Parei. - Disse ela-ele abaixando a cabeça como uma criança triste pela bronca.
Phillip pareceu muito irritado e se afastou. É, se fosse mais inteligente talvez duvidaria que fosse realmente o Zyan. Isso só reforça o risco de se viver no mundo bruxo.
Eu consegui achar os livros da minha avó. Não sei porque levou tanto tempo para eu me dar conta de que poderia ter algo ali importante.
Ela tinha 7 livros publicados, entre os títulos: Memórias esquecidas entre os séculos; Saudando o futuro; Previsões injustas; As provações da vidência; Técnicas básicas de Adivinhação; Como a adivinhação pode salvar uma vida e Entrevidas, entremortes.
- "As provações da vidência" parece interessante. - Disse Sophia-Zyan mais calma.
- Verdade, vou começar com esse.
Saímos da biblioteca com Sophia-Zyan com uma expressão estranha.
- Tá sentindo o que agora!?
- Vontade de ir ao banheiro, mas estou suando também.
- Vamos no da Murta!
- Ah, tá tão longe.
- Tenho boas lembranças lá. - Afirmei sorrindo, e ela-ele me olhou com um olhar malicioso. - Não vai acontecer nada entre nós!
- Ah, poxa! - Reclamou murchando.
Era a melhor opção que tínhamos: subir. Os alunos nos olhavam com curiosidade, era sempre assim quando estávamos juntos, imagino que agora muito mais devido ele - o Zyan - ter surtado no noivado.
Sophia entrou e foi direto para o banheiro, era possível ouvir ela urinando. Eu ria muito do absurdo.
- E aí? O que acha?
- Horrível fazer xixi de pé. - Disse ela rindo. - Realmente, é melhor ser mulher, esse jeito primitivo não me parece muito higiênico.
- O que ele faz aqui? - Disse a voz estridente da fantasma que vivia ali.
- É a Sophia, Murta.
- Ah, você são loucas igual ao Harry. Eles tomaram Polissuco anos atrás, viraram uns muleques gordos.
- Eles têm as loucuras deles e nós as nossa. - Eu pouco me importava com o que eles faziam.
- Poxa, achei que fossem fazer aquilo lá de novo. - Disse ela sorrindo com malícia.
- Não mesmo, nem com ele nem com ela nesse corpo.
- Eu acho que você perdeu uma hora de chance de ser feliz. - Disse Sophia-Zyan saindo do banheiro.
- Eu consigo ser feliz perfeitamente com o seu verdadeiro corpo.
- É, eu sei. - Disse ela-ele com um pouco de desanimo na voz mas sorriso no olhar.
- Você tem sorte. - Disse Murta triste.
- De transar? - Perguntei pensativa.
- Não, de ser desejada. Eu nunca fui.
Era uma sensação ruim pensar que ela morreu sem ter uma aventura amorosa ou alguém a quem amasse.
Sophia caiu de joelhos novamente após lavar as mãos na pia. Ficou um bom tempo com as mãos se apoiando na beirada e uma coisa chamou minha atenção na torneira, eu nunca tinha notado que havia um pequeno relevo ornamentado, a gravura de uma cobra, e notei que todas as outras torneiras também tinham.
- Porque será que tem imagens de cobras nessas torneiras.
- É sério!? - Murmurou Sophia no chão voltando a sua forma natural. - Eu aqui morrendo e você vendo torneiras?
- Você sabia no que estava de metendo.
- Me ajuda a levantar. Nossa, isso doeu mesmo.
- Você acha que vale a experiência? - Disse eu puxando ela pelo braço.
- Mas é claro que vale. Estou só começando.
Saímos do banheiro e voltamos para Sonserina. Eu até que estava gostando por estar no quinto andar, mas aquelas torneiras ainda me intrigavam.
- Você vai ter que rondar os corredores mais tarde, não é? - Perguntou Sophia.
- Até parece. Não vou mesmo!
Infelizmente eu fui sim. Se tinha algo que me deixava acordada era a angústia, e ela estava começando a voltar. Decidi andar, mas preferiria correr também.
Tarde da noite me deitei no sofá, Draco não estava lá, no fundo eu queria dormir e sonhar com Jorge mas o máximo que consegui ver foi Zyan aparecendo tarde aparentemente desnorteado.
- Vem aqui. - Disse para ele, me levantando.
- Se alguém disse que eu fiquei com ela, é mentira, eu acho que ela me deu alguma...
- Não me interessa o que a Emilly fez.
Ele franziu as sobrancelhas.
- Então?
- Tire as maldições ou sei lá o que que você colocou no Draco.
Ele mudou o olhar para surpreso mas logo ficou chateado.
- Está bem. Eu preciso me consertar de tudo mesmo.
Isso foi fácil.
- Como está seu pai?
- Sobreviveu, mas ainda está sobre a observação. - Disse ele suspirando.
- É. Pelo menos o pai de alguém sobreviveu.
- O que quis dizer?
- Se conhecesse seu pai de verdade, saberia.
- Jenna, se não me contar o que sabe, como posso entender você?
- Agora não, Zyan. Não estou bem.
- Eu posso fazer algo por você?
- Continuar bem longe do meu caminho.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro