O voto perpétuo
Tive que apresentar os alunos do primeiro ano a Sala Comunal na força do ódio. Draco parece que havia sumido do meu campo de visão, fiquei revoltada. E eu precisa ainda contar ao Snape da visão. Tudo sempre acontecia rapidamente para me deixar angustiada.
Quando sai da Sala Comunal para procurar por Snape, Draco vinha lentamente com a cabeça baixa. Provavelmente na velocidade que ele estava não nos alcançaria mesmo.
- Onde estava!?
- Hum. - Disse ele olhando para o meu uniforme. - Parece que conseguiu o que queria.
- Eu quero conseguir arrebentar a sua cara direito um dia!
- Seria um imenso prazer, estou precisando. - Disse ele em um tom que não era nada irônico.
- Mas o que você tem?
Demorou para eu cair na real. O pai dele estava preso e sua mãe foi, provavelmente, obrigada a caçar membros para Voldemort afim de compensar a ausência de alguns Comensais presos no Ministério. E o mais estranho além da sombra que havia nele, era a sensação de Snape estar no ambiente, a imagem dele veio na minha mente muito forte, aquilo não fazia o menor sentido.
- Estava considerando me jogar de alguma torre, mas a noite até que está bonita.
Draco estava letárgico. Ele segurava o braço esquerdo de um jeito estanho, como se tivesse um peso ou algo dolorido. E com um estalo na minha mente eu entendi o que estava acontecendo.
- O que aconteceu com seu... - Tentei pegar no braço dele mas ele se assustou e deu alguns passos para trás. - Não acredito!
Ele me encarou com pânico e tristeza nos olhos, achei até que ele fosse chorar, mas não, apenas abaixou a cabeça e seguiu seu caminho para Sonserina.
Pensei em ir para os dormitórios do professor mas preferi passar em sua sala antes.
No caminho encontrei Gina, com os punhos serrados andando firme em minha direção.
- JENNA GIBBON, ME DIGA AGORA COM QUEM EU VOU ME CASAR!
- Gina, fala baixo! Isso pode sair só controle e todo mundo achar que eu posso prever.- Acho que poderia sim!- Pra começar, você nem deveria estar aqui em baixo.
- Ganharia muito dinheiro vendendo essas informações.
- Não é tão simples! As coisas saem facilmente do controle quando você fica sabendo das possibilidades. Ouça: eu sabia o que iria acontecer no Ministério.
- O que!?
- Eu não poderia contar a ninguém e nem impedir Neville ou a Luna de irem porque eu os vi lá...
- Isso é sério!?
- Minha mãe pediu para não contar a ninguém, afinal, soube que haveria mais mortes se eu tivesse impedido, era missão da minha mãe me impedir e graças a Deus deu certo, infelizmente só Sirius tinha que partir.
- Sua mãe da sabia que ele iria morrer?
- Sabia, somos vidente Gina, acorda! Nem tudo é glória, na verdade, não é nada glorioso ser vidente. Contei a Sophia que a vi realizada no futuro e agora ela só falta se matar, se arrisca o tempo todo, parece estar perdendo o juízo.
- Ta, mas o que isso tem haver com a visão que teve comigo? Foi ruim?
- Não, foi maravilhosa. Você estava tão feliz. - Eu sentia algo bom quando lembrava.
- Então, me diga, quem é O CARA!?
- Isso pode mudar seus caminhos, seus interesses, sua vida agora. Você não precisa saber, pode atrapalhar até seus planos contra você-sabe-quem!
- Você está falando sério!?
- Mas é claro. - Mentira. - Foca primeiro no que é importante, estudos, seus planos na tal AD, e depois eu te conto.
- Espera aí, você disse que viu você e Sophia no futuro bem, certo? E a guerra? O que sabe sobre ela?
- Eu já falei demais, tchau.
- NÃO! Volta aqui Jenna! - Disse ela me pegando pelo braço. - Eu preciso me acalmar sobre isso agora!
- Eu não sei sobre a guerra, eu não sei o que acontece, mas eu vi alguns vivos e isso já basta...
- Vivos? Quer dizer que vai ter muitas mortes?
- Merda! Você está piorando a situação. Gina, me escuta: No momento certo eu te conto tudo, mas fica calma, você estará feliz e em boas mãos.
- É com seu irmão?
- O QUE!? Não. - Não entendi a pergunta.
- Ótimo, já descartei um.
- AFF, está me manipulando direitinho.
- Eu sei ser manipuladora. É com o Dino?
- Ah, para. Já chega.
- E quem garante que o futuro já não sofreu a influência das suas visões.
- Ah... Isso foi inteligente. Eu vou tentar captar algo desse ponto de vista.
- Vê se não demora, não vou esperar por muito tempo.- Merda! - Você virou monitora!?
- Não sei ao certo, preciso agora conversar com o professor Snape, é urgente.
- Como assim? É sobre alguma visão?
- Sério, Gina, não vamos falar sobre isso. Por favor, hoje não, está tudo muito estanho, preciso me acalmar também, e colocar todas as coisas em ordem, aí podemos conversar, tudo bem?
- Ok. Vou deixar você com suas obrigações, mas exijo que me conte assim que poder!
Merda, merda, merda.
- Tá bom.
Não, nada bom!
Segui meu caminho pelos corredores da masmorras confusa, tentando me lembrar o que eu estava fazendo ali. Gina era muito insistente e não sei como eu tinha paciência com ela.
Bati na porta da sala de Poções, o problema que eu estava tão confusa que só depois que o professor, que com certeza não era o Snape, abriu a porta eu percebi o que está acontecendo.
- Ah! Que surpresa.- Disse gentilmente o professor Horácio Slughorn.
Um senhor idoso mas com aspecto jovial e olhos incrivelmente arregalados e azuis me encarou com um certo encanto e surpresa.
- Nossa, perdão professor. Eu havia me esquecido que não era mais a sala do Professor Snape.
- Compreensivo, mocinha. - Disse ele sorrindo me medindo. - Você é a Jenna Gibbon, estou certo?
Impressionante como eu era popular, e isso era péssimo.
- Sim, senhor.
- Eu a convidei para se juntar a mim na minha cabine...
- Perdão novamente, professor. Eu estava com uma indisposição, e não achei adequado me juntar ao senhor.
- Compreensível novamente. Não se preocupa, teremos muito tempo para nos conhecermos.
Credo. Apesar dele ter um olhar estranho, ele era autêntico e passifico. Não era discimulado ou passava um ar de arrogância como Umbrigde.
- Jenna? - Disse Snape aparecendo no corredor e acenando levemente com a cabeça para o professor Slughorn.
- Professor Snape! Estava procurando o senhor mas como pode ver, estou um pouco perdida no tempo e no espaço.
- Hum... Logo você?
- Estanho, não acha? O dia de hoje não pode ficar mais absurdo.
- Sempre pode. Vamos até a minha nova sala.
- Boa noite, professor Slughorn.
- Disponha, Gibbon, disponha.
Seguimos o corredor em silêncio, mas foi cortado por uma observação.
- Então o senhor tirou meu pai de cima desse aí ?
Ele levantou as sobrancelhas em espanto.
- Ele te contou?
- Claro que não, meu pai não conta os podres dele, só minha mãe.
- Sim. Foi um dia incomum e o mais curioso, seu pai não tomou nenhuma advertência. Porque será? - Perguntou ele com ironia.
- Não seja cínico, Severo. Você deve saber.
- Horácio disse que não o denunciou por sua mãe.
- Conversa estranha.
- Nada estranha. Apenas o óbvio.
Snape abriu a sala com a pompa arrogante de sempre mas com um sutil sorriso.
- Deve estar muito feliz..
- Sabe que felicidade pra mim é uma ilusão. Mas estou confortável. E sobre o que quer falar?
- Por onde posso começar, ah...? Você está frio comigo! O que foi que eu fiz a você!?
- É um pouco difícil manter a discrição com você. Eu já fui longe demais, estou tentando me afastar.
- E quando iria me contar isso?
- Jenna, não tenho perfil para viver um romance.
- E eu pareço ter!? Vai comecar esse papo ridículo de que você é tóxico!? Sabe muito bem que eu sei melhor do que qualquer um em Hogwarts ou até do mundo, quem você é! Eu não vou repetir aos berros novamente tão pouco vou me humilhar...
- Não... não é necessário.
- Draco. O que aconteceu com ele? Porque tem uma coisa estranha nele que lembra você, e aquela sombra... Por um acaso ele virou comensal?
Snape levantou as duas sobrancelhas quase que admirado.
- Você está se provando uma bruxa formidável.
- Não me venha com elogios! Você não respondeu!
- Não é óbvio?
Não deveria ser óbvio.
- Isso é um absurdo!
- No momento em que vivemos, isso é o menor dos absurdos. - Disse ele se sentando.
- Eu preciso contar a visão que tive. - A história de Draco era terrível mas com certeza a do Potter era mais importante.
Contei ao Snape o que eu havia visto de forma superficial, focando no tal livro, ele ficou um tempo coçando o queixo, nesse momento eu comecei a sentir outra coisa estanha sobre o professor, mas era algo que me puxava para a imagem de Narcisa. Se eu não tivesse a visto na casa da Sophia, provavelmente eu não sentiria aquela coisa.
- Como acha que eu devo colocar meu antigo livro nas mãos do Potter?
- E parece obrigação minha saber? - Disse eu com descarada estupidez fazendo Snape me encarar com raiva. - Da seu jeito, você é o poderoso aqui, não é?
- Com certeza não sou.
- Severo, porque eu tenho a sensação de estar sentindo Narcisa Malfoy nessa sala?
O professor me olhou com os olhos arregalos pensativo aos poucos começou a afirmar com a cabeça.
- Você consegue sentir rastro de magia.
- Rastro?
- Rastro e aura, você é uma vidente profunda. Isso não é só uma habilidade rara mas também é a primeira adolescente que ouço falar com essa habilidade.
- Tá, mas rastro de qual magia?
- Não é óbvio?
E mais uma vez Snape se negou a usar as palavras para dizer algo, que dessa vez eu realmente não sabia dizer, quem teve que falar foi o Zyra.
- Voto perpétuo. - Disse o Djinn surgindo sentado na mesa de aluno, ao lado.
Snape ao vê-lo sacou da varinha e se levantou rapidamente em postura de defesa.
- Porque ele está aqui!? Porque não esta preso.
- Ora ora, não é óbvio? - Disse eu cruzando os braços. - Temos um trato, ele fica livre se colaborar sempre quando for conveniente a mim, sem eu precisar pedir.
- Você não pode fazer isso, vai acabar enlouquecendo! - Disse ele ofegante.
- Acha que magia bruxa funciona em mim? - Perguntou o Djinn mirando ele com malícia.
- Bom, eu usei a minha para te capturar.
- Infelizmente toda criatura mágica tem seu ponto fraco, ou cego, como eu te disse. O pentagrama, saber meu nome, pacto de sangue... A trindade mágica perfeita.
- Ok, não me enrola. Me explica o que é um voto perpétuo.
- Os bruxinhos em questão. - Disse Zyra andando pela sala observando o ambiente. - Apertaram carinhosamente a mão um do outro e fizeram um juramento mágico com o reforço de uma testemunha...
- Jenna, prenda-o. Conversamos melhor... - Tentou inutilmente Snape com a varinha ainda apontada para ele.
- ...descabelada que ironicamente não é nada bela.
- Que porcaria foi essa Severo?
- Jenna, essa criatura não é boa, ela pode te prejudicar.
- Humm, é mesmo? - Disse Zyra se aproximando dele. - E você é o que, então?
- Vocês juraram o que?
- O sucesso da missão do filhinho estúpido dela.
- Draco!? Missão?
- É, conta pra ela. - Disse Zyra intimidando.
- É muita responsabilidade...
- Vocês têm intimidade pra fazer um juramento dessa magnitude?
- Aaaahh, intimidade com certeza eles têm.
- Jenna! Essa criatura está tentando te manipular! Não deixa, Jenna.
- E você não está..?
- Zyra, entra agora! - Disse eu batendo a lâmpada na mesa após retirar da bolsa com raiva.
O Djinn bufou e fez uma expressão de ódio assustadora para Snape antes de entrar de volta para lâmpada, suas presas grandes ficaram em evidências quando ele deu um tipo de sorriso em sinal ameaçador.
Me aproximei de Snape com muita preocupação.
- Vocês continuaram a se ver mesmo com ela casada?
Snape sabia que não adiantava mentir para mim.
- Algumas vezes.
- Severo! Ela claramente está usando você para se sacrificar pelo filho dela, ela despreza a sua vida...
- Eu sei.
- Eu gosto tanto de você... E você realmente está disposto a se afastar de mim? Eu jamais usaria você!
Eu queria beija-lo, mas apenas o fitei com tristeza e ele também retribuiu o olhar. Peguei a bolsa com o djinn e saí da sala antes da vontade de chorar surgir. Não havia muito o que discutir.
No caminho eu comecei a refletir sobre Draco e a vida merda dele, tentando correr da minha naquele momento. No fundo, poderia ser a minha, poderia ser o meu pai o Comensal, poderia ser tudo diferente. Talvez eu devesse rezar mesmo para agradecer.
- Oh, nos vemos novamente. - Disse Horácio no meio do caminho andando com alguns livros nas mãos.
- Pois é, professor. - Não estava de bom humor.
- Fazer a ronda é as vezes triste mesmo. Me lembro da sua tia Anastasia, foi uma monitora maravilhosa da Grifinoria.
- Grifinoria?
- Ah, sim. Dois anos mais jovem que sua mãe. Soube que está dando aula de Adivinhação em Castelo Bruxo, certo?
- Ah, sim.
Havia me esquecido desse detalhe que Artur Weasley me contou quando estive na casa do Fred, nas férias de inverno.
- Parece que ainda não se casou, o que é bastante irônico já que vivia sendo paparicada. Bom, ela era muito interessante e um pouco mais reflexiva, assim como você. Já a sua mãe era muito mais simpática e comunicativa, não que isso tenha sido uma crítica a você, claro que não. Mas se vê que é diferente da Chloe.
Olha só a intimidade dele em falar como se as conhecessem, de certo que sim.
- Acho que no fundo a minha mãe é muito guerreira, viver sem os pais deve ser difícil, sua personalidade - Falsa - é uma vitória.
- Exatamente, exatamente. Mas Anastasia transparecia mais essa frustração. Excelente apanhadora por sinal, difícil Sonserina ganhar contra ela, sempre muito difícil. Existia até uma piada: vidente como tal, sabia até onde o pomo estaria. - Ele riu pensativo. - Uma piada muito boa.
E jogava Quadribol? O que mais eu iria descobrir aquele ano, eu não sei, mas comecei a achar o novo professor interessante.
- Senhor, preciso me deitar. Fico grata pela sua presença novamente em Hogwarts e espero que sua chegada esse ano venha para agregar ainda mais nossos estudos.
- Ah, obrigado! - Disse ele passando a mão no peito como se estivesse dando carinho em si mesmo. - Sempre muito educada, claro. Disponha Gibbon, novamente.
Voltei para Sonserina chateada com tudo. As vezes acontecia coisa chatas demais em um dia só. Era difícil manter o bom humor em Hogwarts mesmo eu a amando muito e pra piorar, sem os gêmeos o vazio era mais profundo. Desejei sonhar com Jorge aquela noite, mesmo tendo que suportar saber que ele estava com Angelina. De fato, era insuportável pensar em tudo junto alí, agora.
- Monitora Gibbon. - Disse uma mocinha do primeiro ano de cabelos longos castanhos de pele muito branca. - Gostaria de fazer uma reclamação contra dois garotos...
- Lindinha, hoje não. Amanhã, ok? Vá para o seu dormitório. Essa noite é muito importante. Leve todas as suas amigas para lá também, faremos uma pequena reunião em breve.
- Ok, senhorita.
Achei fofa a forma em que fui tratada, tinha lá seu encanto ser monitora.
- Deve estar adorando o posto. - Disse Pansy se aproximando.
- Vá fazer sua parte, é o mínimo que você é capaz de fazer pela Sonserina, porque ficar lambendo o Draco só vai levar você pro fundo do poço.
Ela cruzou os braços e bufou. Voltei para o meu dormitório em silêncio. Sophia estava guardando as coisas dela no armário ao lado da sua cama.
- Você demorou. - Disse a amiga. - Tenho uns negócios para te mostrar.
Me sentei na minha cama ao lado da minha vassoura pensando se seria um bom ano para voltar a voar pela Sonserina.
- O que você tem?
- Te conto depois, primeiro me mostra. Espero que isso melhore meu humor.
- Hum... Falar com Snape é sempre uma droga, não é?
- Aproveita que as meninas estão ausentes.
- É mesmo. Vem aqui. - A amiga pegou das vestes uma pequena caixa do tamanho das mãos e colocou em cima se sua cama e me chamou. - Então. Já que os aurores iriam investigar tudo, decidi me adiantar.
A amiga abriu a caixinha e de uma forma bem estranha tirou duas maletas de couro de uns 50 centímetros e abriu uma delas.
- Poção Polissuco. - Disse ela mostrando vários frascos.
- Estou com dificuldade de acreditar nisso.
- Ah, para! Você já sabia. E esse aqui. - Disse ela fechando uma mala e abrindo a outra com frascos ainda menores e com pequenas etiquetas nele. - São os cabelos que já coletei.
- Como é que é?
- Acorda Jenna! Eu disse que iria fazer isso e estou tentada a fazer uma experiência mais profunda. Não há histórico de algo assim já feito. Por exemplo, esses dois aqui. - Disse ela pegando dois frascos com cabelos claros. - Tá vendo? Do Fred e do Jorge. Sabia que gêmeos idênticos tem o mesmo DNA? Sabe o que é DNA? Bom eu já tenho do Zyan, do Phillip e até do Neville também. Com qual você acha que eu devo começar?
- AI MEU DEUS, SOPHIA!
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