O spoiler da rejeição
- Eu falei para Sophia: se for para eu ser uma mulher que seja uma que eu goste, não sou tão corajoso como ela.
- Cássio!? Qual o problema de vocês!? - Indaguei me sentando, porque era impossível eu ficar de pé.
- Sim!
- Eu jamais falo nesse tom de voz, ou falo?
- Não, você não é tão educada. - Disse Sophia toda orgulhosa sentada no sofá com as pernas sobre ele. - Mas a voz é idêntica.
- A cor nos cabelos se manteve.
- Legal, né!? Isso é interessante, vou anotar. - Informou a amiga.
- Talvez eu faça aquilo lá, Sophia, se o Paul me quiser assim, sabe?
- Acho que ninguém dispensaria a Jenna.
- Paul?
- Malkins.
- Você namora ele!?
- Bom, depois que eu terminei com o Luigi as coisas entre nós foram evoluindo, mas ele curte mulher também, isso é uma experiência nova pra mim.
- Ele é versátil igual a Jenna, deve ser um lance de família.
- É, ele me contou. - Resmungou Cassio-Jenna com uma expressão de tédio.
- O que mais ele contou?
- Não se preocupa, Jenna, eu jamais falaria algo sobre seus planos, principalmente seu lance com Snape.
- Como é que é!? - Me sobressaltei assustada.
- Ah, fala sério. - Era bizarro me ver sorrindo com carinho e sendo cínica ao mesmo tempo. - Eu vejo o jeito que ele te olha a muito tempo. Fora que você adora pisar nele também, deve ser seu estilo sexual. É assim que você conquista os caras?
Era uma boa pergunta, mas decidi não responder.
- Bom. - Prosseguiu ele empolgado com a mão no queixo, pensativo. - Nunca tivemos uma monitora desde quando ele virou diretor da Sonserina. - Enganou-se Cássio-Jenna.- Muito menos uma capitã de Quadribol. Se isso não for uma troca, eu não sei o que é. - Concluiu cruzando as pernas. Que por sinal, fez eu concluir que eu estava um pouco gordinha.
- Troca?
- É... De prazeres. - Respondeu ele-ela, sorrindo passando a língua nos lábios.
Eu não sabia se a minha cara malícia era aquela, mas se fosse, eu estava de parabéns, era bonita mesmo. Cássio era muito esperto, me perguntei quem mais tinha notado. Sophia estava plena, com um sorriso enigmático olhando para ele.
- Se me permitir, eu posso fazer uma ronda pelo Castelo, vai que eu me divirto com alguém...
- Não! - Tão louco quanto Sophia. - Prudência com a minha imagem Cássio, por favor. Eu não quero me aborrecer com as consequências.
- Mas eu posso me aproximar só de quem você quiser, por exemplo, o professor.
- Não! - Me levantei com raiva.
- Hummm.. então me conta um pouco de como é...
- Não vou falar das minhas intimidades com ele!
- Ah, que pena. - Lamentou com um semblante cínico. E mais uma vez me impressionei com a minha própria expressão, será que é exatamente assim que eu fazia? - Não lembrava de você ser tão careta, você era mais aventureira.
- É, eu sei. O tempo e essas responsabilidades de merda só me fizeram mal!
- Jenna não anda bem. - Disse Sophia.- Andou tendo visões ruins?
- Não. Mas eu não preciso ter elas para sentir as coisas. Vou dormir, fassam o que quiserem mas não ao ponto de me prejudicar! Boa noite.
Não que dormir fosse ajudar, no fundo eu queria sonhar com o Jorge, tive muito medo de perder o que tinhamos, que no fundo, eram quase nada.
Mais uma semana de obrigações e reflexões me angustiando. Ainda não tive coragem de soltar o Djinn, mesmo se aproximando do meu aniversário, afinal eu merecia um belo presente.
Na primeira semana de outubro uma situação me chamou a atenção. Meu irmão se aproximou de mim no pátio, após o almoço com Phillip junto.
- E aí? Como está sendo como monitora?
- Não sei ao certo, estou tentando evitar olhar para a cara de todos, mas coloquei algumas regras que estou vendo resultado.
- Imagino que se ninguém respeitar, você surta. - Debochou ele.
- É, ainda que não surtei, então eu acho que estou indo bem.
- Onde está Sophia?
- Não faço ideia. Agora que ela se libertou estar estudando umas coisas bem loucas, estou preocupada com ela.
- Como está o seu namoro com ela? - Perguntou Phillip.
- Não entendi a sua curiosidade. - Disse eu cruzando os braços.
O termo "namoro" me incomodava. Talvez não se encaixasse em um relacionamento aberto, eu acho. Eu não tinha certeza do que eu estava vivendo com a minha amiga.
Não demorou nem um minuto para eu ver uma nova criatura modificada em Sophia.
- E aí lindinha? - Cumprimentou ela-ele com uma voz bem grave.
- Lindinha?
Eu ainda não entendia porque ela optava por uma personalidade asquerosa quando se transformava.
- Soube que não passou para goleiro da Grifinoria. - Disse Phillip para o que ele achou que era Córmaco McLaggen.
- Pois é, não adianta ter esses ombros enormes. - Disse Sophia-McLaggen flexionando os braços para mostrar os bíceps fazendo um grupo de alunas da Corvinal virar o pescoço com interesse para ela-ele. - E ser um merda.
- Você não é um merda. - Disse eu tentando equilibrar esse interesse da Sophia em destruir a reputação dos caras.
- E como sabe? Tá querendo me conhecer, não é?
- AFF. Você é louco.
- E quem não é com você, está agindo errado. Você não merece menos que um altar de flores e mel, boneca. - E pegou na minha mão, dando um beijo.
Eu ri, era complicado ver Sophia-McLaggen se expressando tentando ser romântica e brega. Ele realmente era bonito e eu conseguia ver ela também em seus traços, era confuso e atraente, mas engraçado.
Fiquei curiosa para saber mais daquele corpo... infelizmente.
- Bom, eu não sei o que você vai fazer agora...
- Jenna, preciso conversar com você a sós um instante. - Disse meu irmão sério.
- Ah, que triste. - Disse Sophia-McLaggen. - Eu queria muito dar um passeio pra mostrar uma coisinha pra ela, mas vou respeitar o irmãozinho.
Só por isso, Phillip e Junior deveriam ter sacado que era a Sophia, mas eles foram lerdos.
- Tá certo, a gente se fala depois. - Eu estava falando com a Sophia.
- Ah... - Disse ela-ele com um sorriso malicioso. - Eu vou te esperar... - E me deu um tapa no bumbum, me fazendo ficar assustada e rindo de nervoso.
- Você é muito louco! - Era difícil conter o riso.
Sophia-McLaggen saiu rindo também e andando como se estivesse em uma passarela dando tchauzinho para todos. Não sei onde o verdadeiro McLaggen estava mas com certeza ele não se expressava assim.
Phillip estava com uma expressão de nojo negando com a cabeça a cena que tinha acabado de acontecer, era compreensível.
Meu irmão e eu fomos a um ponto do pátio, próximo da árvore que me conectava ao futuro onde não havia ninguém.
- O que foi?
- Sonhei com a Keilah.
- Ah! Que legal!
- Não, não é.
- O que!? Ela não estava bem?
- Ela está bem, preocupada comigo. Foi um sonho até que legal, mas eu quero acabar com isso.
- Como é que é?
- Ela é uma trouxa, Jenna..
- Tá, mas idai?
- Idai que eu não quero ser a alma gêmea de uma trouxa. Eu não quero correr o risco de ter filhos trouxas, ou até pior, um aborto.
- Cala a boca!
- Você acha legal porque não é com você, eu quero descobrir como desfaz essa coisa.
- Cala a boca!
- Não, Jenna. Eu sou jovem, não quero ter um relacionamento sério agora, piorou com uma trouxa!
- É melhor calar a boca antes que a gente brigue de novo e dessa vez eu não vou te perdoar!
- Mas...
- Mas nada! Você é um babaca que não sabe amar! Não sabe o quão incrível e poderoso é esse sentimento e o quão maravilhosa ela é! Eu vou proteger essa garota de tudo e todos pelo resto da minha vida, você sendo algo pra ela ou não! Agora eu vejo quão infantil você é nesses assuntos, merece uma escrota como a Cláudia mesmo, ou até pior! Passar bem, imbecil!
Sai bufando do pátio que até me esqueci de procurar a Sophia-McLaggen pelo Castelo. Eu fiquei decepcionada com meu irmão. Sabia que era complicado um relacionamento com uma trouxa, ainda mais naquele nível de profundidade mas não achei que ele fosse ficar arredio quando ficasse sabendo, ele parecia interessado e curioso no início, não sei o que mudou.
Continuei amarga por dias e Sophia sumida todas as noites. Cheguei a me lembrar de contar a Snape sobre Cataline. Eu havia me esquecido totalmente desse assunto nos últimos anos, mas ele estava presente alí, todos os dias.
Na semana que antecedeu meus completos 17 anos fez frio, um incomum frio que me incomodou absurdamente.
- O clima tá todo bagunçado. Não sei como as artes das trevas fazem isso. - Duduzi. Estávamos no corredor indo para nossa próxima aula após o almoço.
- Deveria perguntar ao Snape. Ele entende dessas merdas.
Concordei com ela. Se tinha alguém que entendia sobre a influência das artes das trevas era ele. E já fazia tempo que eu estava o ignorando nas aulas mesmo depois da nossa última festinha.
- Oi, gente. - Cumprimentou Neville quando entramos na aula de feitiços. - Como está os preparativos para o seu aniversário?
- Que preparativo, Neville? Isso não é um Bat Mitzvah não.
- Mas é quase. - Disse Sophia. - Você se tornará totalmente responsável pelos seus atos...
- Agora você sabe o que significa essa tradição judaica?
- Li um pouco sobre a religião nas férias. Estava de saco de cheio de não entender das coisas religiosas. Agora eu sei de tudo.- Disse Sophia sentando entre eu e ele.
- Sei. Mas é isso Nev, não tem o que ficar feliz não, é um dia comum.
- Não é todo dia que se faz 17 anos.
- Não é todo dia que se faz idade alguma.
- Você está muito amarga. - Disse Neville com sincera preocupação. - O que está acontecendo?
- Falta de romance.- Debochou Sophia.
- Não viaja.- Faz sentindo.
- Vamos em Hogsmead esse final de semana? - Perguntou o amigo com a cabeça mais para frente, escorando na mesa para me encarar.
- É um convite?
- Ou é um encontro? - Perguntou Sophia.
- Nem um nem outro. - Disse Neville franzindo as sobrancelhas sem nos encarar.
- Mocinhos, silêncio por favor. - Pediu o professor Flitwick.
Ficamos em silêncio mas Neville mandou um bilhete para mim, que foi interceptado pelo olhar malicioso de Sophia.
"Vamos fazer um dia melhor que o último no Cabeça de Javali. Se quiser, vamos no Três Vassouras. Não precisa ter muita gente porque a chance de dar briga é sempre grande."
- É um encontro sim! - Sibilou Sophia no meu ouvido me fazendo ficar arrepiada.
Fazia tempo que a gente não se agarrava com respeito. Meu péssimo humor estava me afetando e eu não sei porque estava sentindo aquilo. Suspeitei que tudo isso aconteceu depois de eu ver Jorge e Angelina juntos. Ele estava certo, ele deveria esquecer de mim e afinal, eu dele também.
- Vem com a gente. - Pedi a amiga entre uma distraída e outra do professor.
- Não.
- Vem.
- Não.
Ela ia sim.
- Não sei qual a sua intenção tentando me aproximar dele. - Disse para ela nos corredores após a aula.
- Você precisa de um romance novo pra tirar você dessa angústia. Já que nem eu nem Snape conseguimos te completar.
Sabia que um dia esse assunto iria surgir.
- Desculpa, Soph. Eu estou me perdendo eu acho. Eu não queria que você se sentisse assim.
- Assim como? Eu que tenho que me desculpar, eu não completo você.
- Não faz sentido você se culpar.
- Eu nunca completei você. - Disse ela novamente de maneira bem triste. Comecei a desconfiar que ela estava falando algo a mais.
- Sophia, para com isso. Eu sou a problemática aqui, não você.
Ela ficou muito pensativa, e isso me incomodou muito.
Guardei o bilhete do Neville. A caligrafia dele era muito fina, muito diferente de qualquer outra que eu já havia visto. Eu sempre guardava as cartas e bilhetes que recebia. Acho que meu preferido era do Fred " a única garota da Sonserina que vale a pena ser amigo".
Comecei a achar que em partes Sophia tinha razão, eu precisava de emoções novas.
Naquela noite, eu decidi andar novamente. Eu dizia que jamais faria ronda, mas obviamente era um ótimo motivo para sair andando pelo Castelo sem ter horário para voltar com a vantagem de ser monitora.
Parei na frente da entrada na cozinha tarde da noite, me lembrando do dia que fui com Jorge conhecê-la. Não ajudou muito. Fiquei pensando no que a Sophia tinha me dito e comecei a considerar ficar longe dela também porque eu estava sentindo que eu poderia prejudicar ela de alguma forma.
- Jenna?
Quando olhei pro lado, Phillip estava se aproximando. Imaginei que também estivesse de ronda.
- Oi. - E voltei meu olhar para a pintura de frutas.
- Eu estava querendo te ver, sabe?
- Não.
- Eu fui em Hogsmeade esse final de semana me encontrar com aquele primo.
- Qual deles?
- O que trabalha no Departamento de Regulação de Livros...
- Ah, sei.
- É, ele me entregou aquele livro que você queria sobre os piores encantamentos. Imagino que ainda precise dele.
- Todos os dias... - suspirei - eu me pergunto se realmente preciso.
- Não sei o que te aflige, mas se for um dos encantamentos que têm naquele livro, eu acho que poder ser útil sim para desfazer.
Apesar de eu não estar olhando para ele, seu tom baixo e expressava preocupação
- É muito delicado esse assunto. - Reenterei apática.
- É sim. É assustador o quanto de magia perigosa e quase impossível de serem desfeita existem.
- É. Mas agora eu vejo além. Nem tudo é de todo mal, sempre é possível extrair algo bom...
- Aquilo pra mim são maldições, e tão absurdas quanto as imperdoáveis.
O Segredo não era uma maldição, mas realmente, era um dos encantamentos mais complexos que eu conhecia.
- Bom, onde você vai me entregar? - Perguntei olhando-o de canto.
- Não que seja um presente de aniversário, porque é necessário me devolver, meu primo não vai conseguir esconder por muito tempo do Ministério a ausência dele. Ele só está com um feitiço simples de ilusão da capa, mas preciso que seja rápida. Amanhã na biblioteca depois do jantar, se não for problema para você.
- Não, tudo bem.
- O que tem nele?
- Nele?
- Nesse quadro. Você é vidente. Tem alguma coisa ruim nele?
- Não. - Murmurei baixo, entediada. - Só estou com templando a simplicidade.
Phillip fez uma cara estranha, parecia desconfiado, se afastou e se foi me deixando ali sozinha. Eu continuei a olha-lo sorrindo, me lembrando de todos os breves minutos que passei com Jorge.
- Merda! - Disse para o silêncio do Castelo, voltando para Sonserina. Eu não conseguia parar de pensar nele como uma menininha de 13 anos.
No outro dia eu me dirigi a biblioteca após o jantar. Foi um dia silencioso, Sophia insistiu em conversar comigo mas eu me calei. Na aula de Defesa, Snape me encarou mais do que o normal, eu até que retribuí mas sem emoção.
Procurei um tempo por Phillip, ele estava bem escondido na última mesa, no fundo da biblioteca.
- Desculpa se me demorei.
- Ah, tudo bem. - Disse ele se levantando. - Veja. - Disse ele me entregando um livro preto, grosso mas pequeno. - Aproveitei que os aurores não estavam confiscando nossas coisas, mas de qualquer forma ele estava bem escondido. Não posso dizer que gostei do que tem nele, mas acho importante todos saberem.
- Nossa, nem sei como te agradecer.
- Olha, foi uma promessa pra mim mesmo sabe, então tudo bem.
Phillip esta sendo gentil, fiquei mais animada do que deveria. Aquela semana eu estava bem pra baixo e aquela situação me deixou empolgada.
Peguei o livro e abrir aleatoriamente e um dos títulos estava "O Segredo - Encantamento profundo de vínculo absoluto - Como executar, como desfazer. " Aquilo me causou uma certa alegria e gratidão por Phillip ter me entregado ele, ao ponto de eu agradecê-lo com um beijo - na boca.
Se eu pudesse desfazer de um momento na minha vida, seria aquele. A intenção não era ter visto tudo que vi, mas foi importante.
Foi uma cena incomum que vi mas que eu sabia exatamente quando era: Baile de Inverno. Phillip estava saindo do Grande Salão e ao fundo eu estava dançando com Fred alucinadamente após termos tomado a poção do louco.
- Porque está indo embora? - Perguntou a ingênua Luna com um pedaço de torta nas mãos.
- Estou de saco cheio dessa festa!
- Eu sinto muito. Eu acho que agora a música está melhor, a gente pode dança, se quiser.
- E porque eu ia querer passar mais vergonha ao seu lado?
Luna o olhou com tristeza sem saber o que dizer, enquanto ele partia irritado pisando firme. Eu entendi o sentimento dele naquele momento porque eu estava lendo seus pensamentos, mas não era só isso. Quase dois meses atrás daquele momento ele tinha tentado uma aproximação comigo, me dando até um colar e eu pouco dei a ele a atenção merecida por isso.
A cena mudou e me vi em um quarto, o que não era muito bom já que Phillip estava sem camisa, sentado no pé de uma cama de casal com padma entre os lençóis vestindo só uma camiseta que imaginei ser dele.
- Foi incrível, acho que faria isso pra sempre.
- É mesmo? - Disse ele com um olhar de insatisfação. - Pra isso você teria que virar judia.
- Ah, de novo essa conversa. - Disse ela se entristecendo.
Ele se levantou e foi até a penteadeira a frente se olhar no espelho, provavelmente era o quarto dos pais dela.
- Você precisa escolher bem o seu futuro se quiser ficar comigo.
- Eu sei. Eu entendo suas convicções mas deixar o induismo por você? Poxa, eu amo meus pais...
- Você não vai viver a vida toda com eles, vai precisar escolher uma hora.
Padma suspirou olhando os lençóis da cama e depois para ele. Phillip estava olhando para ela sem o menor carinho.
- Eu me entreguei a você...
Phillip riu.
- Isso é irrelevante pra mim, eu consigo muito mais...
A cena mudou novamente e dessa vez ele estava no que imaginei ser sua sala comunal, vazia, apenas com meu irmão do seu lado.
- Trouxa?
- É cara, eu achei ela interessante, uma beleza tão sútil...
- Ah, Gustav, eu não romantizaria esse lance ancestral da sua família, principalmente com uma trouxa. Olha, essas mulheres são complicadas, você seria marginalizado, entraria para um grupo de bruxos que não tem muito valor, principalmente no Ministério, seus filhos podem nascer trouxa ou coisa pior, fora que elas são mais vulgares, e essa daí nem é judia. Aliás, eu não acho que sua mãe teve muita sorte, veja ela com seu pai, ele com certeza transita entre o Comensais, isso não é coisa de quem tem uma vida digna, se ela tivesse arrumado um bruxo melhor você teria mais vantagens, mais chances e uma casa melhor. Se a sua irmã não tomar jeito, vai acabar pior do que ela.
- Você está falando do meu pai, ele é judeus como você, você foi na minha casa...
Phillip riu mais uma vez com deboche.
- Olha, deve ser por isso que ele reza sabe, deve ter muitos pecados.
Junior abaixou a cabeça pensativo. Se eu estivesse realmente naquela cena, estuporaria Phillip sem pensar duas vezes.
Senti o impulso de vasculhar o seu futuro, já que eu estava começando a tomar consciência do que estava acontecendo.
Eu desejei ver seu futuro e parei de frente com a árvore do pátio, queria ver o que ela era capaz de me mostrar daquela nova figura que se mostrou para mim.
Uma moça muito bem vestida de cabelos pretos lisos e grande estava na frente de uma carta, um pergaminho em uma bonita sala de jantar.
- Então, o que faremos? - Disse ela trêmula.
Eu consegui notar que Phillip, muito mais velho e com uma barba fina muito bem desenhada , estava na frente dela fitando-a com uma raiva crescente.
- Estéril? Uma judia estéril? - Disse ele levantando a sobrancelhas com desdém.
- Eu não tenho culpa...
- Realmente você não tem, culpa tenho eu de ter me casado com você. Não é você Lucena, isso acaba hoje!
- Phillip... - Disse ela se levantando da mesa com lágrimas nos olhos.
- Pegue suas coisas e saia da minha casa.
Eu senti uma dor estranha no peito, apesar do sentimento de angustia que me tomou eu quis ver um pouco mais.
Agora estava em um parque. Phillip estava a frente, em baixo de uma árvore olhando algumas crianças brincarem de frisbee, ele estava visivelmente mal, com olheiras e barba por fazer, seus olhos muito caídos e suaves rugas tomavam o canto dos seus olhos.
Eu fiquei um tempo olhando seus olhos triste derramarem algumas pequenas lágrimas.
Um menino de aproximadamente uns doze anos se aproximou dele logo quando o brinquedo caiu próximo da árvore.
- Não gosto de você com essa trouxa. Ela é mediucre e fraca.
- Só tem um fraco que eu vejo aqui, pai, e ele é você, que chora todos os dias pelos cantos. - Disse o garoto de má vontade.
Fiquei chocada pela falta de sensibilidade e educação do jovem. Apesar de ser compreensível sua indignação, claramente Phillip não sabia como se portar diante do filho.
Ele se afastou da árvore andando contra o campo e foi de cabeça baixa até a amargem de um riu. Por um instante achei que ele fosse se jogar nele, mas ele apenas ficou de joelhos chorando inconsolavelmente.
- PORQUE!? - gritou ele ao vento. O parque estava praticamente vazio, exceto por figura empapuzada que tinha acabado de aparatar do outro lado. - PORQUE TUDO ISSO TEVE QUE ACONTECER COMIGO!?
Ele apoio as mãos no chão ainda mais inconformado agarrando a grama.
A figura nada esboçava, apenas o observava.
- Você quer que eu te peça perdão!? É isso? - Se perguntou Phillip no chão. - ME PERDOA! - Gritou ele novamente levantando o rosto vermelho. - ME PERDOA, JENNA!!!
Foi uma sensação confusa que senti, aquilo não estava fazendo sentido na hora mas minutos depois iria fazer. A última visão que tive foi de tentar ver meu rosto do outro lado do riu, e eu só consegui ver um sútil sorriso sarcástico.
- Não. - Disse Phillip me empurrando pelos braços após deixar de me beijar.
- Não? - Eu estava tentando voltar a realidade depois de ter visto tanta coisa.
- Não quero sua gratidão em forma de beijo. Eu não quero mais você.
- O que!? - Tentei ganhar tempo.
- É. Você é muito vulgar e pervertia. Sempre foi. Vive pelos cantos com vários caras, esse ano está ainda pior, até com o Paul eu vi. Isso é nojento. Só acetei esse livro porque eu já havia falado com meu primo, eu sei manter a palavra e acho que você deve ter bons motivos menos perversos. Achei que tivesse sacanagem nele mas parece que não, a não ser que você seja uma psicopata. Mas isso o tempo vai dizer, não é? Se quiser ficar comigo não quero que me envergonhe em público, eu não quero me sujar com você.
Eu desacreditei no que ouvi. Agora as coisas estavam começando a fazer sentido. Mas uma coisa eu errei feio, Phillip não era bonzinho, foi a minha maior decepção.
- Seu babaca MISERÁVEL! - Gritei na biblioteca, fazendo um coro de longe sibilar "xiu". - Então é isso? Você é um babaca a muito tempo.
- Mas é claro que não, eu sou de respeito...
- Respeito uma merda, seu machista ridículo! - Disse eu me aproximando dele para evitar gritar. - Não era eu com Paul, era o Cássio com a poção Polissuco! E os outros caras era a Sophia, que parece que enlouqueceu fazendo essa experiência maluca!
- Eu não sabia...
- É mesmo!? Então você quer saber de uma coisa? Trato é trato, um favor por uma visão.
- Não! - Disse ele começando a ficar nervoso. - Não quero saber, Jenna, por favor...
- Não quer saber porque tem medinho do quão ruim pode ser, não é? Tão porcaria quanto você! Aliás, você será infeliz, Phillip Moore, muito infeliz.- Eu empurrei ele contra uma prateleira e o seguirei pelos braços com raiva. Ele arregalou os olhos de medo. - Você não vai ter um monte de filhos, mas vai ter apenas um, e um filho que vai te odiar muito!
- Não...
- É, pior, não vai ter esposa que te suporte, não vai ter ninguém, porque você é um preconceituso misógino insuportável! Nunca vai ser amado de verdade, nunca vai aprender a amar, vai sofrer, vai ficar as margens implorando por uma gota de felicidade da vida, mas ela NÃO VAI TE DAR!
- Jenna, não faz isso...
- E pior, Phillip, se eu ver novamente você criticando meus pais ou envenenando os sentimentos do meu irmão, eu amaldiçoou você!
Mais?
Sai da biblioteca com o livro nas mãos chatiada comigo mesma. Eu sabia que tinha feito a maior merda da minha vida e isso era irrecuperável. Pensei até em evocar o Feitiço Primordial para ele esquecer, mas eu fiquei com vergonha de mim mesma.
Se quer saber, o único spoiler do futuro que posso descrever aqui é sobre o futuro do Phillip. Ele era sim um preconceituso, tinha seus princípios e convicções como qualquer ser humano ou criatura mágica do nosso mundo, mas ele não era um monstro. O que eu achei mais triste foi ver que ele passou a vida toda tentando fugir do que eu havia dito.
Primeiro ele se casou com uma judia que estudou em Beauxbatons, a Lucena da visão. Depois do término precoce, se casou com uma outra judia mais jovem que foi aluna da Grifinoria. Ela queria ter cinco filhos e isso encheu os ouvidos dele de esperança, mas o que aconteceu foi bem diferente. Logo após a sofrida gestação do primeiro filho, ele queria que ela tivesse mais. Infelizmente, sua segunda esposa faleceu no parto do segundo filho, junto a ele, devido a uma hemorragia.
Passei anos tentando proteger ele discretamente de tudo, mas não consegui... Eu estava ocupada com a minha vida. Mas consegui achar um jeito de salvar ele de toda aquela angustia, pelo menos, mas pra isso ele teria que me pedir perdão. Esperei 15 anos pelo pedido de perdão de Phillip Moore.
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