Então ela é
No café da manhã eu estava exausta, assim como fiquei ao capturar o Djinn. Não dormi quase nada, tive medo de entrar na Sonserina e Cateline me perseguir. Dormi numa cama que encontrei na Sala Precisa. Draco ficou murmurando um feitiço para aquele armário o resto da manhã até irmos embora, ele estava muito pior do que eu.
"Agora eu queria ter insônia" disse ele logo quando saímos. Aos poucos fui tentando pensar em algo para ajudá-lo a se livrar desse peso dessa missão, mas parecia uma ideia estúpida eu interferir. Snape tinha razão, era importante saber até onde Voldemort ia, onde ele mais conseguiria chegar, mas não achava naquele dia que Draco valia minhas forças.
- Bom dia. - Disse Sophia no café da manhã se sentando ao meu lado muito séria.
- Bom dia.
- Dormiu com Snape? - Murmurou ela.
- Não.
- Com a Ava?
- Como é que é?
- Bom, nunca se sabe se você quer se aventurar na Corvinal.
- Ela chegou aqui ao lado do Draco. - Disse a voz sentada na minha frente.
- Qual o seu problema Emilly? Você quer ver a gente brigando?
- Só gosto de ver onde vai dar a discussão de vocês. - Disse ela com tédio.
- Eu vou te contar Sophia, mas não me sinto bem agora.
- Você dormiu com Draco?
- Não! Eu tentei dormir na Sala Precisa mas foi impossível.
- O que!?
- Preciso comer um pouco, você deixa?
- Tá bom.
Eu ainda me sentia uma traidora, mas não o suficiente para me lançar em uma angustia. Cateline ao me ver apenas pediu para eu me livrar do livro, ela poderia ter dito qualquer coisa, mas o foco dela era o livro.
Snape se aproximou de mim como se fosse me dar uma ordem ou algo do tipo mas tive certeza que ele estava só lendo meus pensamentos, tentando saber onde eu tinha colocado o livro. Não importava o quanto ele quisesse saber, aquele livro só eu tinha poder agora.
Ele olhou para a minha mão direita, chocado. Havia alguns sutis traço de arranhado, mas nada muito profundo só ele sabia do que se tratava.
- Em que posso servi-lo, professor Snape? - Perguntei a ele com sarcasmo.
Sabia que ele estava ouvindo meus pensamentos então o lembrei das nossa aula de oclumência mais tarde, eu sugeri as 15 horas, já que era domingo.
- Ok. - Disse ele sério se retirando.
- "Ok" o que? - Perguntou Sophia.
Emily ficou desconfiada, mas não respondi nada. Terminei meu suco e me levantei, Sophia me acompanhou.
- Podemos ir a sala dos Diários conversar.
- É melhor não. Tenho medo da Cateline aparecer...
- Jenna, uma hora você vai ter que tentar, aproveita que está de dia! Não acho que ela vai aparecer, ela teve muito tempo pra isso. Até onde eu sei, só você viu e descobriu ela.
É verdade, era inevitável.
Entrando na Sala das Meninas, nada aconteceu, tudo parecia normal. Conseguimos entrar na Sala dos Diários, tudo normal também. O caldeirão da Sophia estava borbulhando, tranquilamente com alguma poção em processo, tudo em ordem.
- Viu, está tudo bem.
- Tudo tem consequências.
- Hey, pensa direito: O nosso encatamento Primordial é ilegal. - Apontou ela me olhando nos olhos. - Isso desde sempre está errado, você não deveria se culpar.
Sophia era maravilhosa, ela conseguia me acalmar com uma simples observação óbvia.
Eu contei a ela tudo, tudo mesmo. As vezes eu omitia muita coisa da Sophia, mas com o privilégio do encantamento eu me sentia livre para mentir, agora não. Irônico. Não era a única das mudanças na minha personalidade que eu repararia.
- Você é bem maluca. Eu não tentaria celar um livro com meu nome e meu sangue. Se alguém tentar abri-lo com magia pode até morrer. - Disse Sophia sentada no chão controlando seus pensamentos.
- Estou começando a achar que Snape está sentindo medo de mim. - Disse eu deitada no pequeno sofá olhando para cima.
- Só ele? Você está de brincadeira? - Eu olhei para ela com preocupação. - Jenna, a maioria tem medo de ser até morta por você. Sabia que Zyan quase não é visto? O Profeta Diário divulgou mês passado que o pai dele foi liberado e não se descobriu a origem do problema dele.
- Não acho que tenho a intenção de matar as pessoas.
- Não AINDA. Porque não foram longes o suficiente contra você. Veja, você apontou a varinha pra mim, se esqueceu? Só porque eu brinquei com a "aparência" dos gêmeos. Você matou o Bicho Papão por Snape, quase explodiu o Cabeça de Javali por causa do tapa que a Angelina deu no Jorge, acabou com as expectativa do Phillip porque ele fez seu irmãos desprezar a trouxa. Você quando gosta mesmo de alguém você é agressiva, já parou pra pensar no que faria se alguém machucar de fato os gêmeos? Ou o seu irmão? Sei lá, talvez eu. Você me defendeu do Zyan uma vez...
- Não quero pensar sobre isso. - Eu tinha uma péssima reputação e mamãe tinha razão por me desprezar ou seria esse o motivo da minha revolta? - E também... - Sigo falando sobre isso.- Muita gente da Sonserina é hostil, você também não é a santíssima trindade.
- Ninguém percebe quando eu estou agindo.
- Você é melhor que o Zyan em manipular. - Disse eu pensativa, eu já estava sentindo muito sono. - Preciso dormir. Mais tarde tenho minha primeira aula de oclumência.
- Jenna. - Disse ela se levantando. - Como estamos? Agora eu não sei...
- Quer que eu durma na minha cama?
- Não! Não é isso...
- Sophia. - Disse me aproximando dela, tentendo alcançar seu rosto. - Eu sou isso, quer você queira ou não. Se não estiver preparada para me aceitar é melhor a gente se afastar.
- Eu... Eu não sei se consigo. Achei que eu conseguia... aceitava...
Eu adorava ver ela gaguejar, se ela soubesse, se lê-se minha mente, provavelmente ficaria menos insegura e essa conversa nem existiria.
- Decida. Eu vou me deitar. - Eu não estava afim de discutir. O recado estava dado.
Eu no fundo queria ter sido melhor com ela, mas quando se sabe o final, o meio começa a perder a graça. Eu sabia que minha relação com ela só teria um fim - se é que eu entendi direito - quando ela se casasse, mas algo me dizia que não era bem isso, então, a gente tinha muito tempo ainda e isso me preenchia, mas a ela não.
Fui para meu dormitório temerosa, ainda com a sensação que Cateline poderia aparecer a qualquer momento revindicando o livro, ou pior, me assombrando por todo lugar, mas...não.
Eu me deitei e adormeci rapidamente, e para minha maior alegria, eu sonhei...
- Nunca viemos aqui. - Disse para o Jorge que estava sentado ao meu lado com os braços nos meus ombros com uma camiseta simples listrada e uma calça jeans.
- É, as vezes é bom variar.
- Porque não me desejou feliz aniversário?
- Eu deveria ter ido até Hogsmed. As vezes me sinto um covarde, teimoso. Queria tanto te abraçar pessoalmente. - Ele me encarava com carinho, mas sério.
- Eu sou uma covarde também. Até meu pai lutou pela minha mãe, não com as armar certas mas lutou e eu aqui com você, sonhando que estamos em uma o que? - Disse olhando em volta.- Sorveteria?
- Olha. - Disse ele apontando para um homem que estava tirando fotos de casais. - Eu queria te trazer aqui pra gente ter uma foto juntos, mesmo que seja de trouxa.
- Você está com a Angelina, não deveria estar sonhando comigo.
- Não coloque esse peso nas minhas costas. Você da que tipo de desculpa a Sophia de ficar sonhando comigo, ou pior, saindo com outras pessoas?
- Já vi que vamos brigar.
- Estou falando sério. - Disse ele me soltando. Ele não parecia estar falando sério, estava com um sorriso bobo. - Se explique.
- Eu gosto das pessoas que eu fico, tanto faz o título que dou a elas, se elas quiserem uma relação fechada é melhor saírem do meu caminho.
- Uau, você é bem gulosa.
- Você é um babaca. Não é sobre sexo.
- Hey, estou tentando te entender, não te ofender.
- Vai dar chiliques iguais a Sophia só porque achei uma aluna atraente.
- Hum... - Murmurou fazendo um sorriso malicioso.
- Foto, casal? - Perguntou o fotógrafo. Jorge levantou o polegar em afirmação. Eu achei bizarro ele conseguir manipular o nosso sonho.
- Esse sonho aconteceu de verdade com você e a Angelina?
- Não. Mas vi um casal passando por isso e o cara era ruivo, lembrei da gente.
- Quanta bobagem. Isso não é real.
- Deixa eu viver meu sonho, Jenna.
Eu fiquei triste - apesar de saber que iria chorar depois de felicidade - eu estava sentindo solidão, um vazio que eu não conseguia compreender.
O moço entregou a mim a fotografia e Jorge deu a ele uma nota de uma libra. A foto era linda, não posamos para ela mas deduzi que era o sonho do Jorge: ele beijando minha bochecha com força enquanto eu estava tentando afastar o sorvete do meu cabelo, era muito simples e inocente.
- As vezes acho que você procura me esquecer saindo com vários caras. - Prosseguiu ele pensativo.
- Eu não saio com vários mas...acho que você me interpreta muito errado. Eu não fujo de você, eu acho você em cada rosto que olho, em cada olhar, em cada sorriso, em cada esquina. Sophia tem muito de você, e não importa mais quem eu tenha tocado, você está em uma parte das pessoas que amo, em que me apaixono.
- Isso é... poético. - Disse ele olhando para a foto.
- Não é poesia, Jorge, é fato. Eu vejo você o tempo inteiro naqueles que sinto atração e eles compõem o mosaico de sentimentos que tenho por você... Fragmentado em vários corações simbolizando a dor que sinto da sua ausência. Meu sonho mais bobo hoje é sair por uma porta qualquer de Hogwarts e ver o seu rosto do outro lado.
A última visão que tive antes de acordar foi olhar seus olhos marejados com um sorriso triste. E claro, acordei chorando com a música do Tylenol na cabeça.
Eu poderia dizer que fiquei mal, mas não fiquei. Me levantei para o almoço e fui firme na missão que eu tinha me dado. Almocei e voltei a dormir um pouco, mas agora sem sonhar. Pedia a Sophia para me acordar antes das 15 horas e firme segui até a sala de Defesa para minha primeira aula de oclumência, com a cabeça mais erguida do que o normal, orgulhosa das minhas escolhas.
- Lindas palavras. - Elogiou Snape sentado na minha frente entre uma explicação e outra.
- Se está falando sobre o sonho...
- Sim.
- Saiba que eu entendo sobre seus sentimentos por Lilian, é uma mistura de saudade com remorso.
- É. Parece que não somos tão diferentes. Mas ele está vivo, Jenna. Ainda está vivo. Não espere...
- Por favor. - O interrompi com medo de chorar . - Apenas vamos seguir, não precisamos se exautar para que isso funcione.
Eu não me importava de apontar a varinha para ele e dizer "oclumência" ou outros feitiços defensivos por diversas vezes até achar o que fosse mais adequado ao meu eu mágico. Mas legilimência ainda não era o meu interesse.
Por uma semana seguimos nesse exercício, e sinceramente, as vezes doía. As dores de cabeça voltaram mas não me importei tanto, sei que estava evoluindo na minha magia como bruxa.
- Vê se não vai proteger a Corvinal como fazia com a Grifinoria. - Disse Sophia no sábado de manhã no café da manhã.
O tempo estava bom para jogar, a neve deu uma pausa e o sol estava até aparecendo.
Por uma semana eu não beijei a Sophia, por uma semana eu não pensei em nada além de proteger a minha mente dos professores e bruxos a minha volta. Por uma semana eu estive de cabeça erguida olhando para as paredes de Hogwarts, rezando, talvez, para que ela nunca fosse destruída, meu segundo lar, onde eu me sentia parte de algo maior.
Passei por uma fase contemplativa da minha maturidade, não acertei mas também não errei, eu queria me sentir plena. Vi Zyra me observar de longe algumas vezes. Óbvio que já sabia da visita do tal irmão e dos meus planos, mas ele nada dizia, nada expressava, algo estava mudando nele, mudando ele.
- Acho que estou bem. - Disse para a amiga.
- Você está apática a muito tempo.
- Deve tá faltando alguma coisa. - Respondi k friamente terminando meu café da manhã as pressas para me arrumar para o jogo e deixando Sophia com as ideias estranhas dela.
A gente tinha um relacionamento ainda - bem anormal . Todas as noites ela me abraçava para dormir e pra mim tudo bem, e claro, era recíproco, mas ao acordar tudo era meio diferente. Eu e ela estávamos parecendo desconhecidas.
Isso não me incomodou muito quando eu estava entrando no campo. Era emocionante estar como capitã e cumprimetar o Bob - eu sentia orgulho e ao mesmo tempo vergonha.
- Jogo limpo. - Disse ele segurando minha mão com firmeza.- Agora eu consigo confiar no seu time.
- Jamais confie. - Brinquei dando risada e recebendo um sorriso gentil de volta.
Mas meu sorriso vacilou quando vi Ava. Nossa, eu não sabia que precisava reparar nela com aquele uniforme da Corvinal pro meu dia ficar melhor. Ela estava de rabo de cavalo e com um sorriso modesto, parecia um pouco insegura mesmo com o queixo mais elevado.
Infelizmente Sonserina tinha uma péssima reputação nos jogos, mas sempre, ou quase sempre, ganhavámos da Corvinal, mas raramente com tranquilidade.
- O garoto Arnold é muito bom. - Disse Urquhart se aproximando de mim. - Mas não mais do que eu, a vassoura dele falha as vezes.
- Que pena. - Ele tinha uma vassoura antiga.
- Em partes, eu acho que todos temos uma falha, não seja gentil demais, por favor. - Pediu ele com um tom de súplica que não se encaixava com o olhar sério. John era era excêntrico. Foi bom ter conhecido ele.
Subimos e foi primoso. Também sentia falta do vento nas minhas tranças e o da brisa que oscilava entre fria e quente constantemente.
- Para de brincar! - Disse Medellín quando passei por ela nos gols mas ignorando um balanço já que ele não iria acerta-la.
- Você deve me amar muito. - Gritei para ela.
- Você continua sendo ridícula. - Respondeu ela sorrindo.
- Eu não preciso usar energia o tempo inteiro pra prejudicar alguém!
Medellín era uma ótima goleira, eu não achei que ela tivesse aquele potencial. Eu e meu preconceito.
Tentei ignorar o segundo batedor da Convinal tentando jogar constantemente o balaço no Harpey e no Blasio, mas foi difícil. Ava protegia Bob o tempo inteiro, era uma excelente estratégia, tanto que comecei a fazer igual por Jonh.
- Você ainda prefere joga o balaço pra fora do campo. - Afirmou ele passando por mim. - Mas você poderia tentar uma vez um ataque, já que você adora isso fora do campo.
Ele falou de um jeito tão descontraído que não soou ofensivo, eu até concordei com ele. Mas não, não mudei.
Em um certo momento o balaço que acertei voou até Ava que me arremessou de volta e eu consegui acertar mais para longe, fazendo ela acertar novamente. Foi engraçado, e isso fez eu ignorar o resto do jogo e tentar repetir esse comportamento algumas vezes.
- Estamos jogando um tipo de críquete? - Gritou ela rindo.
- Críquete? - Já tinha ouvi essa palavra mas não sabia o que era.
- É um jogo de trouxa! - Gritou ela pra mim. - Eu sou nascida trouxa, sabe?
Eu não sei qual cara fiz, mas fiquei bem preocupada. Ela arremessou um balaço pra longe que estava se aproximando e voltou a me olhar se aproximando.
- O que foi!? - Insistiu ela vendo eu encara-la em silêncio. - Está decepcionada?
- Não. Infelizmente Hogwarts não é seguro para bruxas como você.
- Nenhum lugar do mundo é seguro para ninguém, isso é viver, Gibbon. - Aquele conformismo típico dos discursos trouxa. - Acho legal sua extrategia de mandar o balaço pra fora. Você é famosa por surtar,sabe.
- Nunca fiz por mal, eu não controlo.
Ela sorriu com carinho.
- As madames querem chá?! Isso é um jogo, Jenna! - Gritou Blasio em um único momento que concordei com ele porque eu estava esquecendo do que estava fazendo. Impressionante.
Uma coisa ficou clara pra mim. Nunca quis ganhar um jogo se quer, sempre foi pelo esporte, por voar, pela distração, nunca pela competição. Eu era estranha mesmo.
- E Harper pega o pomo! - Ouvi o narrador Smith gritar pelo campo.
- Merda! - Nem assisti direito o fim do jogo, me distrai...
- Sonserina com 210 ponto e Corvinal 70!
Nossa, eu não valia muito como jogadora mesmo.
- Você foi ótima, Gibbon. - Disse John logo quando pousei.
- O que!?
- Distrair a Byrne foi uma jogada incrível. - Disse ele a mim saindo do campo.- Se você tivesse pensado nisso com os Weasley com certeza ganhariamos todos os jogos com a Grifinoria.
- Você acha que foi proposital?
- Inconsciente existe sabia? Já ouviu falar?
Eu não queria ouvir mais nada. Eu sai do vestiário pensativa.
- Poderia arrumar uns peguetes da lufa-lufa também. - Disse Blasio na Sala Comunal quando entramos. Havia uma pequena comemoração pela vitória.- Se bem que eles são tão fracos, mas não duvido que se deitaria com metade do time.
Não sei dizer da onde Cássio saiu mas foi tão rápido e determinado o soco que ele deu no Blasio que até eu me assustei.
- Obrigada. - Agradeci distraída. Eu não estava nem um pouco centrada na realidade, estava pensando na Ava e na possibilidade de eu ter realmente prejudicado a Corvinal.
- Eu que agradeço. Saudades desse maxilar. - Cássio estava em êxtase olhando com desprezo e até mesmo desejo por Blasio no chão.
- Desgraçado! Vai ver do que sou capaz...
- Já vi e achei pequeno.
Eu não me lembrava da nossa sala rir tanto da cara de alguém. Até eu ri e achei incrível, eu não precisava mesmo me defender, aquilo foi melhor que meus surtos.
Não vi Sophia na sala, infelizmente aquilo fez eu me sentir um pouco mais confusa, mas não distraída do meu foco.
Eu precisava procurar Ava. Sinceramente eu estava me sentindo mal mesmo e afinal não era uma ótima desculpa para ver ela? Guardei minha vassoura e fui andar, ir até a Corvinal. O Castelo não era grande, uma hora eu ia acha-la.
Engraçado o meu karma. Meses atrás eu estava atrás dos gêmeos por causa Umbrigde. Eu sempre estava atrás de alguém e sem eu saber, alguém sempre estava atrás de mim.
- Estava te procurando. - Disse Ava me dando um susto.
Eu não tinha nem chegado nas escadas, estava passando pelo corredor ao lado do Grande Salão, antes do almoço. Ela já tinha tirado o uniforme, uma pena. Estava com um conjunto de blusa e calça no melhor estilo trouxa na cor azul marinho, ela usava sem o menor medo de parecer anormal entre os bruxos.
- Você não iria me achar até o almoço.
- To com tempo. - Disse ela sacudindo os ombros com um sorriso sarcástico, colocando as mãos nos bolsos.
- Tá bom, também estava te procurando.
- E porque? - Perguntou ela com um entonação beirando a meiguice.
- Porque meu time acha que eu te prejudiquei de propósito.
- E prejudicou?
Ela parecia estar lendo o meu jeito, meu estilo, querendo dizer alguma coisa a mais.
- Só porque troquei dois minutos de papo com você? Acho que não, eu me distrai mesmo.
- Se distraiu com o que?
Tinha algo muito atraente naquele cinismo.
- Com você. Você me chama atenção.
- Chamo como?
Aquilo estava virando um jogo e eu estava adorando.
- De várias formas...
Ela mordeu os lábios e sorriu, percebendo o que estava acontecendo. Apesar da minha timidez um pouco aparente eu estava me divertindo - sabe se lá com o quê - tanto quanto ela.
- Sabe, nós estávamos na frente. - Disse ela abaixando o tom de voz, se aproximando mais devagar. - Se Cho tivesse pego o pomo, você não acha que iriam dizer que fui eu quem distraiu você?
Perspicaz.
- Sim. Com certeza.
- Então não viaja. Eu não sou estúpida. Não te culpo, ninguém me culpou, a gente é bem unido, sabe.
- E porque você estava me procurando?
- Não parabenizei você pelo jogo.
- Ah... - Saímos rápido, Jonh e os meninos ficaram tão afobados para comemorar que nem demos a real atenção aos corvineos, e realmente, nem cumprimentei o Bob com a educação que ele merecia. - Desculpa.
- Não precisa. - Disse ela ficando centimentos de mim. - Foi melhor assim, arrumei uma desculpa pra vir atrás de você.
Ora. Ora. Ora.
- E o que você realmente quer?
Me permita um desabafo: Era irritante essa formalidade. Saudades de beijar primeiro e perguntar depois, eu gostava era do atrevimento, e aquele jogo de perguntas parecia estar atrasado as vias de fato.
- Espero que seja o mesmo que você. - Sussurrou , umedecendo os lábios me lançando um olhar malicioso que me fez suspirar, principalmente porque eu já estava conseguindo sentir seu perfume amadeirado.
Tudo bem que o corredor aquele momento estava vazio mas não iria demorar nada para encher.
- Vem comigo.
- Porque? - Disse ela sorrindo, arregalando um pouco os olhos.
- Preciso conferir uma coisa.
E lá fui eu caçar uma sala vazia. Era patético como ter 17 anos me deixava careta.
Eu entrei em uma sala e a puxei pra dentro sem muita formalidade. Se tinha uma coisa que eu tive certeza no meu primeiro beijo com Sophia, era que ela me desejava fazia muito tempo mas com Ava era diferente, tive medo.
Mas não o suficiente para me impedir de agarra-la pegando em sua nuca e rosto fofo. Acho que ela correspondeu em um grau acima do que eu esperava. O beijo dela era quase que sufocante, não ruim, nem um pouco ruim , mas me deixou rapidamente ofegante, principalmente quando ela me jogou em cima de uma carteira. Achei que fosse rolar um lance sala da Umbrigde quando ela levantou a minha blusa mas não chegou a tanto porque a própria começou a se conter.
- Desculpa, desculpa, é que...- Disse ela depois de tirar seus lábios do meu pescoço.- Eu queria tanto isso. Mas não queria que fosse tão intenso, desculpa de verdade.
- Acredite, eu tenho experiência nisso. - Ela me olhou meio atravessado. Acho que dizer que eu tinha experiência não era nada legal naquele momento, eu estava rebaixando ela a um caso qualquer. - Não quis banalizar, eu só acho que faria o mesmo se eu tivesse seu tamanho e força.
- Me acha muito gorda? - Ela parecia um pouco insegura.
- Não, e sinceramente. - Disse puxando ela pela blusa para encaixá-la ainda mais entre minhas pernas. - Vai ter que me mostrar mais pra eu ter uma opinião melhor.
Ora. Ora. Ora.
Eu chamei ela pro negócio sem nem convida-la antes pra um jantar. Eu estava muito louca mesmo. Achei que ela fosse se ofender. Que nada. Ela me beijou ainda mais forte para o deleite da minha excitação, e eu precisava conferir o que ela chamava de "gorda". Pra mim, aquilo tudo que compunha ela era perfeito, principalmente quando eu quis experimentar as várias partes do corpo dela quando tirei sua blusa, sem medo de alguém aparecer na sala fazendo ela ficar tão chocada quanto Fred em alguns momentos mais ousados meus. Isso era gracioso, eu adorava causar esse tipo de espanto. Se ela não queria que fosse intenso de início, era melhor ela nem ter olhado na minha cara.
Eu tenho que admitir uma coisa e responder uma dúvida da Sophia. Eu não sentia atração por ela por causa da sua magia, eu era versátil mesmo, e até demais.
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