A monitora honorária
- E quem garante que a sua mãe também não dava umas olhadas no Slog sei lá o que?
- Não dúvido. Eu sou filha dela, não é? Já podemos deduzir os níveis de problemas.
- É provável que ela tentava tirar todo tipo de conhecimento dos caras quando convinham a ela.
- É, pelo o que disse do Lúcio e do professor, parece lógico.
- Eu faria o mesmo se esses merdas tivessem algo a me agregar, mas eu consigo tudo que quero sem seduzir ninguém.
Eu infelizmente dei uma gargalhada fazendo ela ficar surpresa.
- Você não faz idéia, não é?
- Do que está falando?
- Wow, Soph, as vezes você me força a te chamar de meu amor, e é algo que eu não gosto.
- Continuo sem entender.
- Se tem uma coisa que você nunca foi, meu amor, é inocente.
Meu irmão abriu a porta da cabine com Phillip, ambos já vestidos com seus uniformes.
- Vocês vão agora? - Junior perguntou.
- Somos obrigadas, não é? - Respondi de má vontade.
- Porque não se vestiram aqui? - Perguntou Phillip.
- Eu adorei tanto essa roupa...- Desabafei para eles. - Não queria tirar.
- Está incrível mesmo. - Disse Phillip, fazendo Sophia ficar orgulhosa de si mesma.
Na verdade, minha maior angústia era não ver mais os gêmeos pelos corredores do trem. Andar pelos corredores e olhar para as colinas, não fazia mais sentido e não me causava mais as boas emoções.
Fomos nos arrumar no apertado banheiro, mas eu ainda não estava me sentindo bem. Sophia estava muito atenta às próprias emoções.
- Precisa me dizer o que quis dizer com aquilo. - Prosseguiu ela após a gente terminar de se arrumar e voltar à cabine. - E ainda falta dizer o que disse para Gina.
O pouco tempo que nós tivemos a sós no corredor não foi o suficiente, tive que pedir paciência a ela.
- Quero ver como vai levar essa vassoura aos dormitórios antes do jantar. - Indagou Junior quando entrei na cabine. - Pode acabar perdendo a escolha das casas...
- Como se isso fosse importante. - Retruquei me sentando.
- Posso levar aos dormitórios para ela, ou a gente leva pro grande Salão e dane-se.- Disse Sophia tranquilamente.
- Como está Malfoy como monitor? - Perguntou Junior. - Imagino que terão que pedir a ele a senha.
- Ele é um lixo.- Respondi entediada . - E você Phillip, não deveria estar de olho nos mais jovens pelos corredores?
- Não sou pudico. - Respondeu ele com uma leve arrogância sorrindo. - A Granger fez tão bem esse papel no ano passado que por fim acabei não fazendo nada, a reunião de hoje quando chegamos foi ridícula. Draco não apareceu e o Callister e a Madson da lufa-lufa quiseram mostrar serviço, então eu larguei todos eles.
- Achei que você era melhor. - Retruquei.
- Eu não preciso gastar energia atoa. - Ele respondeu sem me olhar nos olhos.
- Na verdade - Disse junior. - eu disse pra ele que queria que vocês duas fossem com a gente esse ano...
- Ah... Agora tudo faz sentido.
Phillip lançou para o meu irmão aquele olhar de raiva que eu achava lindo.
- Ah, nem adianta insistirem novamente no natal, esse ano eu e a Jenna começamos um caso... - debochou Sophia com malícia sem terminar de falar.
- Acho que esse é o motivo, Sophia, de estarmos aqui. - Concluí negando com a cabeça.
Nem era por nossa amizade meu irmão querer minha presença, era por ela, pura safadeza mesmo.
- Ah... - Ela parou para pensar. - Talvez eu seja meio ingênua mesmo. - concluiu coçando o queixo.
- Não sejam ridículas, é que vocês têm muitas habilidades... Atípicas. - Disse o Júnior pensativo.
- Como é que é?
- Acho que a Jenna nunca fez uma previsão sua, não é, irmãozinho? - Perguntou Sophia buscando mudar de assunto.
Junior sempre fazia uma careta de contrariedade quando Sophia o chamava de irmão, e era óbvio o motivo.
- Nem nossa mãe. - Ele respondeu contrariado. - Na verdade eu detesto essas coisas de vidência, é extremamente complexo e tóxico.
- Na verdade, sabemos muito do futuro do Júnior. - Brinquei só para afrontá-lo.
- Sério? - Ele indagou aparentemente interessado.
- Sim. Mas já que não te interessa...
- É melhor assim. - Interrompeu Phillip em voz alta desviando o olhar. - Isso é perigoso e frustrante.
- E por quê? - Questionei.
Ele não respondeu. E eu apenas especulei que a mãe dele não era lá uma boa adivinhatiz, provavelmente disse uma coisa e aconteceu outra, fazendo o filho ter essas crises estranhas de ansiedade que tanto o motivava a correr.
- Humm... - Murmurou Sophia com um sorriso maldoso. - Parece que a Jenna já previu nosso casamento.
- Vocês duas juntas? - Perguntou Gustav com os olhos arregalados.
- Não sei exatamente, ela não quis explicar!
- Sophia, não teremos essa conversa.
- E porque não!? - Ela perguntou com um drama de indignação.
Eu também não respondi, e assim seguimos mais algumas horas.
Apesar deles só saberem falar dos conteúdos do NOMs me atrapalhando a ler a estranha edição sobre Zonzóbulos do Pasquin, eu até curti a presença deles. Por breve momento eu até me senti privilegiada por estar com meu irmão. Sophia tinha que sair na vantagem explicando tudo que sabia e discutindo com Phillip sobre conteúdos que eu nem me lembrava, fazendo ele ficar escarlate e até suar algumas vezes.
Quase no final da viagem, fiquei olhando pela janela tentando imaginar onde o Djinn estaria. Minha bolsinha estava ao meu lado o tempo inteiro. Era bom me sentir segura, e mesmo sem ver ele, eu me sentia bem. Ele provavelmente estava por perto xeretando os alunos ou até às imediações dos terrenos onde o trem passava.
Chegamos em Hogwarts e a fila para entrar no castelo estava imensa. Phillip por ser monitor se adiantou com meu irmão mais a frente.
- Soube que os aurores iriam confiscar tudo, deu no Profeta Diário. - Disse Sophia. - Só que não confiscam nosso corpo, não é?
- E deveriam também?
- Se fossem tão inteligente fariam isso sim.
- E porque ?
A chuva de perguntas não respondidas estava saindo do controle, até Sophia não respondeu e ficou com cara de sarcasmo ao passar pelos aurores. Mas era óbvio que era possível carregar qualquer coisa suspeita no corpo. Até minha Firebolt foi confiscada.
- Porque essa vassoura não esta com suas malas? - Perguntou um auror que obviamente, eu não conhecia.
- Porque eu ganhei no trem.
- E porque?
- Hey! - Disse Sophia irritada. - Você sabe quem ela é?
O auror fez um esforço para abrir os olhos e olhar para ela a medindo dos pés a cabeça com atenção.
- Se não for Ministra da Magia, ela não tem privilégio algum por ser filha de alguém. - Disse ele tentando evitar nossos olhares. - Mas curiosamente, um professor estranho tomou afrente de um garoto pálido. - Concluiu ele com um voz de tédio.
Sophia me olhou com preocupação e eu retribuí o olhar. Fiquei curiosa pra entender de quem ele estava falando.
Segui com a vassoura até Hogwarts tentando achar Malfoy ou Snape, com Sophia também procurando.
Ao entrarmos no Grande Salão, Snape não estava na mesa dos professores, muito menos por perto, já Draco, estava estático debruçado em um ponto da mesa da Sonserina, parecia pensativo.
- Hey. - Disse para ele. Ele não se mexeu. - Draco, qual o seu problema? Deveria estar na ponta da mesa para recepcionar os novos alunos.
- Que se dane. - Disse ele com um tom de voz triste ainda sem me olhar.
- Eu tô falando sério! - Disse me agachando para alcançar o seu ouvido.
Ele franziu a testa e me olhou de canto fitando a vassoura com mais raiva.
- Porque não pede ao merda do seu namorado, já que ele era tão melhor do que eu... Ou faça você mesma.
Eu fiquei um pouco chocada. Draco raramente se menosprezava e pra piorar, tinha algo nele muito estanho, aquela maldita sombra. Me questionei se eu estava realmente vendo ele.
- Qual a senha?
- Lusco-fusco. - Respondeu ele sem voltade voltando a olhar para mesa que só tinha os pratos e talheres vazios.
- Tem certeza que não quer que eu leve? - Disse Sophia antes de sentar a mesa.
- Não, está tudo bem. Eu preciso fazer uma observação.
- Ok. - Disse ela de má vontade se sentando.
Sai a fora para as masmorras mas sem antes chamar por Zyra.
- Lugarzinho péssimo esse. - Disse o Djinn.- Você já pisou em lugares melhores.
- Depende do ponto de vista. Eu amo isso aqui, sabe? E onde estava?
- Assistindo adolescentes brigarem, fofocarem, chorarem por notas de exames inúteis. Sinceramente, isso aqui não é amável não. E logo a frente vai encontrar mais bruxos aurores.
- Merda! Podem me barrar porque eu não sou a monitora.
- Ah, eu dou um jeito nisso.
- Humm... tudo isso pra não voltar a lâmpada?
- Obviamente, mas estou começando a achar esse lugar tão ruim que é melhor ficar enclausurado.
Eu não discuti. Mais a frente próximo a nossa entrada realmente havia um auror com um sobretudo cor castor, como todos os outros.
- Onde você vai?
- Levar a vassoura.
- Ninguém me disse que havia uma monitora.
- Professor Snape acabou de me nomear. Afinal, é necessário mais reforço, já que os garotos não podem entrar nos nossos banheiros não é mesmo?
- Você é a Gibbon?
O Djinn era bom.
- Sim.
- Filha dos Gibbon, certo?
Não era coisa dele não.
- Sim, porquê?
- Se parece muito com sua mãe.
- Ah, que pena.
- Não é nada ruim.
- Ah... Ok. Preciso ir. Bom trabalho.
- Obrigado. - Disse ele sério se recompondo na sua postura de guarda.
- Parece que somos famosas. - Disse ao Djinn quando ele retornou.
- Você e sua mãe... Pelos motivos errados.
Quando entramos na Sala Comunal o Djinn ficou observando a sala pensativo.
- Vai ficar aí?
- Vou. - Disse ele olhando para o teto.
Deixei ele e fui no meu dormitórios, mas tomei tempo antes conferindo todos os outros quartos que eram iguais, como sempre, não havia diferença alguma. Imaginei que na hora do banquete os elfos levavam as malas para eles. Deixei minha vassoura em cima da cama, e voltei. Zyra não estava mais na Sala Comunal e eu segui meu caminho de volta até o Grande Salão.
Avistei Snape no corredor aparentemente incomodado, antes de entrar no Grande Salão. Fiquei empolgada, mas ele, com certeza não.
- Quem te nomeou monitora? - Disse ele secamente sem nem me cumprimentar.
Eu não deveria estar surpresa já que ele sempre foi assim, e não é porque ele havia se apaixonado por mim que isso seria diferente.
- O Djinn me ajudou a entrar na Sonserina para guardar a vassoura que a Sophia me deu. E você deve ter percebido que o Draco não está com o menor interesse em colocaborar como monitor...
- Então sinta-se no dever de fazer no lugar dele.
- O que!?
- Pela Sonserina. Agora vá para sua mesa.
- O que você tem?
- Depois conversamos!
Ele estava estranho, e poderia jurar que tinha uma coisa aínda mais diferente nele também, mas até o momento eu não sabia o que era.
- Está tudo começando a ficar bizarro de novo nesse lugar. - Disse para amiga que estava ao lado do Cássio.
O cumprimentei e ele foi extremamente gentil e parecia orgulhoso de me ver com o broche de monitora.
- Não é novidade. Agora virou monitora é? - Disse Sophia. Tive que me abaixar pra contar o que havia acontecido. - Estava demorando pra eles jogarem na suas costas. Parece que se não fosse as mulheres da Sonserina essa Casa nunca funcionária. Pelo menos agora você terá um broche, a Patrícia nunca recebeu o reconhecimento que merecia.
Nunca tinha parado pra pensar sobre isso.
Me posicionei de pé novamente para observar nossa mesa, de longe vi Pansy e Blasio me olhando torto. Blasio estava estranho também. Parece que as bizarrices só estavam começando.
Com muito esforço, consegui ver Zyan sentado no último lugar que havia no fundo da mesa com a touca da sua capa cobrindo todo seu rosto, parecia tão marginalizado. Isso era muito triste.
Fui para ponta da mesa assistir o final da seleção, mas antes de reparar no que estava a minha frente, eu tive uma visão.
Eu estava no que parecia ser uma sala pequena, olhando um livro do sexto ano de poções, com diversas anotações do Snape. De pé, ao lado de uma estante.
- Então esse livro estava com Potter?
- Sim. - Disse Snape sentado em um sofá.
- Como conseguiu ele de volta?
- Assim como consegui colocar ele nas mãos dele, consegui recupera-lo. Se você não tivesse me avisado sobre isso, e o protegido de certa forma, eu não sei como as coisas evoluíriam nesse último ano.
- Hum... Isso parece um obrigado.
Eu não entendi muito bem onde estávamos, mas não era no Castelo.
- Talvez. - Disse ele com um sorriso contigo mas o olhar sereno.
- Sophia estava certa, esse livro é péssimo. Veja as suas anotações, corrigiu o livro inteiro.
- Hum.
- Porque você não começa a escrever um novo para esse ano?
- Isso não é importante agora.
- Não é porque o mundo parece está acabando que vai acabar. Você é muito importante, Severo. Não digo pra mim, mas pro mundo da magia.
Ele se levantou e se aproximou me olhando com carinho, estava com uma xícara na mãos.
- Você sempre acha que sou bom.
- Veja, Harry foi muito bem esse ano. Você é um professor extraordinário até quando está ausente.
Ele riu suavemente e gentilmente sem trava, era difícil ele rir. Foi uma das cenas lindas que pude guarde dele.
- Ele foi muito bom mesmo.
- Você gosta dele, não é? É porque ele se parece com a Lilian?
- Não. Ele parece mais com o pai. E o pai dele foi um homem... desprezível. - Disse ele pensativo.
- Um cara desprezível da Grifinoria que fez parte da Ordem da Fênix? - Perguntei com sarcasmo.
- Uma coisa não elimina a outra. Pettigrew era da Grifinoria.
- Asqueroso...! Enfim, Parabéns, por de certa forma ter ajudado ele mais uma vez.
- Não é algo para se parabenizar. Dumbledore me obrigada a ser o protetor dele, já que ele próprio o larga para os lobos.
- Dumbledore é um desgraçado! Ele era da Grifinoria, não é?
- Obviamente.
- Bom, sem querer ser desagradável, mas eu acho que eu e Lilian temos algo em comum, gostamos de homens com caráter duvidoso.
- É mesmo? Então porque eu vi você beijando...
- Srta. monitora! Srta., eu sei que a senhora ali me chamou de Júlia Mevert mas eu posso te pedir uma coisa?
Quando dei por mim uma garotinha negra, de cabelo curto, quase totalmente raspado, linda, muito linda mesmo, de aura bastante incomum estava na minha frente.
- Mas é claro.
- Me chama de Júlio. Eu não sou uma garota.
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