A Marca
- Porque você levou ele até a minha cabana!? - Murmurou Sophia coçando a cabeça freneticamente deixando seus cabelos todo desarrumados.
- Perdão, eu achava que estava tudo bem. E ele sabia onde você estava...
- Ele te persegue muito, Jenna. Não deixe isso acontecer.
Minha mãe que já estava lá fora, ficou observando nosso papo.
- Olá , Rosier. - Cumprimentou ela com um sorriso sínico. - Você é realmente muito bonita.
Sophia bufou e deu apenas um sorriso frouxo em cumprimento.
- Que merda de conversa foi aquela? - Disse ela ficando de costa para mim, observando um turma de asiáticos passando com bandeirinhas de dragões. - Eu tive que me conter muito para não aborrecer você.
- Não entendo ele, Soph, desculpa, deve ser coisa da cultura e educação dele.
Mamãe ficou desconfiada mas decidiu não interferir no nosso assunto.
- Seu pai foi buscar água. - Foi o que ela resmungou antes de volta à barraca olhando para trás com curiosidade.
- Vamos andar mais um pouco. - Disse para Sophia na intenção de acalmar seus ânimos.
Decidimos ir para o outro lado, sentido a barraca dos Weasley.
- Será que os professores ficam em barracas assim?
- Acho que não. Não consigo imaginar Snape ou Dumbledore dentro de uma barraca. - Respondi rindo, mas Sophia ainda não estava no clima para sorrir.
Passamos por uma cabana estilosa, com muitos adornos e cores tribais. Uma família negra parecia se divertir muito com uma peteca. Uma garota alta, com uma cabeleira crespa e tranças laterais, de calças cintura alta, cor violeta e blusa branca, que eu sabia que era da Sonserina, parou ao nos ver se aproximando.
- Rosier, como você está alta! - Disse a moça que tinha uma voz muito bonita. - Está maior do que eu! - E colocou as mãos na cintura. - Acho que nos falamos pouco, não é, Gibbon?
- Perdão, não lembro do seu nome. - Respondi.
- Zury Ayanna Dalji. -Quem respondeu foi Sophia, com uma expressão totalmente diferente no rosto.
Dalji estava elegante demais para o ambiente do campo, mas presumia que como a intenção de muitos eram parecer trouxa, eles não sabiam ao certo como se vestir, mas ela estava linda.
- Uau, lembrou perfeitamente do meu nome! Porque será? - Indagou ela toda orgulhosa com um ar de sedutora.
- Jasmine deve estar por aqui também, não é? - Continuou Sophia, começando a ficar mais erguida e confiante .
- Siiim, minha prima está. - Respondeu lentamente.
- Jenna, Zury se formou ano passado. - Respondeu a amiga. - Sua prima é mais velha, se formou no nosso segundo ano.
- Fez a lição de casa direitinho, Sophia. - Afirmou Zury com um sorriso incrivelmente simpático no rosto. - Meu pai está acompanhando todos os jogos.
- Ele está de férias do Sto. Mungus? - Perguntou Sophia com curiosidade.
Zury levantou uma das sobrancelhas e sorriu discretamente.
- Sim.
- E o que tem feito de bom depois de se formar?
- Estagiando no Sto. Mungus. - Ela respondeu cruzando os braços. - Ótimas notas em poções, não recomendo. - Concluiu ela com um sorriso irônico.
- Isso é muito legal! - Indagou Sophia sorrindo. Acho que ela estava suspirando.
- Não, não é. Não é inteligente nem criativo, me parece nepotismo... - Disse a mais velha, sorrindo torto. - Venha tomar um chá da tarde hoje , se quiser. - Convidou a moça com um olhar sedutor.
- Parece interessante sim, você tem o privilégio de ter um pai incrível. Talvez eu apareça, sim. Nós já vamos indo. - Disse Sophia ruborizando.
Seguimos a nossa caminhada, nos despedimos discretamente.
- Mas o que foi isso? - Perguntei porque a mudança de humor de Sophia foi brusca.
- Haaam, é sempre bom ver alguém legal para animar o dia. Se passar mais tempo na Sala Comunal das meninas vai conhecer garotas maravilhosas. - Disse ela suspirando pensativa. - Olha ali, se não são seus queridinhos.
Sophia apontou para os gêmeos, Jorge e Fred estavam rindo de alguma coisa na frente da sua singela barraca. Um senhor que eu sabia ser seu pai estava no chão, brincando com o que parecia ser uma caixa com palitos de fósforo.
Alguns metros antes de chegar neles tive um vislumbre: Uma explosão de fogos, gritos e bandeiras vermelhas passou rapidamente na minha frente em meio a um nevoeiro estanho. Vi um imenso letreiro que dizia que Irlanda havia ganhado, mas Viktor Krun pego o pomo para a Bulgária. Foi tão rápido que durou um suspiro, achei legal e triste ao mesmo tempo, eu não queria saber o resultado antes de assistir a partir, quebrou minha expectativa.
- Ai, Jenna! - Ouvi Sophia me chamando após eu tropeçar nela. - O que aconteceu?
- Ah, outra visão, essa foi bem rápida. Nem te contei da que tive ontem, Zyan me distraiu.
- Aff. - Bufou minha amiga. - Ele sempre faz isso.
- Hei! - Era Fred gritando logo a frente, saindo de perto da sua barraca, se afastando do seu irmão. - Bom dia, Jenna. Olá, Rosier.
- Oláaa.- Respondeu a amiga com um sorriso debochado.
- Oi, Fred. - Respondi com timidez.
- Você está afiada mesmo em adivinhar quem eu sou.
- Não é adivinhação, Fred.
Jorge estava quase se aproximando, mas ao ver Angelina correu ao seu encontro para abraçá-la.
- Sei. - Disse ele acompanhando meu olhar que estava pousado na cena do seu irmão. - O que tá pegando? - Perguntou ele novamente ao ver minha expressão de curiosidade sobre seu irmão.
- Vou na frente, Jenna, depois me conta tudo! - Disse Sophia com empolgação, fazendo uma careta risonha.
Não tinha necessidade dela me deixar sozinha com ele.
- Contar o que? - Perguntou Fred com os olhos arregalados junto ao seu sorriso debochado.
- Acho que ela se referia a minha visão. - Falei olhando para os olhos azuis de Fred, que estava radiando alegria.
- E você teve uma interessante? Desculpa a pergunta, não sei se isso é pergunta que se faça. - Disse ele com simpatia.
- Eu vi quem ganhou...
- TÁ BRINCANDO!?? - Gritou ele com um salto para traz e colocando a mão na cabeça. Me assustei e olhei para os lados, sentindo um pouco de vergonha.- Jenna, - e se aproximou sussurrando. - tá rolando apostas! Pelas barbas de Merlin! Podemos ganhar!
- Você pode. Eu não tenho interesse em apostas. A Irlanda vence mas Krun pega o pomo.
- Você é maluca?! Olha a oportunidade! Legal! Vamos vencer! - Disse ele tentando esconder a alegria dando soquinhos nos ar .- Vou te contar uma coisa. Não sei se meu irmão te contou sobre as Gemialidades Weasley...
- Sobre o que...?
- Estamos planejando abrir uma loja de logros e brincadeiras, estamos testando várias balas com feitiços, pregar peças, sabe..?
- Você tem alguma aí?
- Xiu, não conta pra ninguém, mas conseguimos esconder com a Gina, porque mamãe está confiscando a gente. Olha essas jujubas. - E tirou do bolso um saquinho. - Você bem poderia dar ao Malfoy se ver ele por aí. Essa rosa faz a pessoa vomitar, vomitilha, nome legal né, e essa azul a língua aumenta, testamos no primo do Harry...
- Posso dar ao meu irmão?
- Eu não recomendo, está em fase de teste. - Respondeu ele sorrindo e falando entre dentes - Seus pais podem nos rastrear e mamãe não vai gostar nada. A gente quer testar em pessoas bem idiotas.
- Tá bom, me dê algumas. Prometo que vocês não serão pegos.
Fred sorriu e me encarou com ternura. Pude notar que havia umas espinhas novas no seu rosto, mas isso não tirava o seu charme. Seu cabelo estava longo, liso e acobreado quase sobre os ombros. Era uma pena Jorge não ter o interesse que Fred tinha em mim, mas aquilo estranhamente não me incomodou.
- Muito obrigado. - Falou ele após me dar algumas. - Depois conta se funcionou e sobre a aposta: se ganharmos você será uma das primeiras a conhecer nossa loja...
- "Se ganharmos"!? - Indagei levantando uma das sobrancelhas. - Está duvidando do meu potencial como vidente!? - Perguntei com ironia. Ele ficou um pouco vermelho.
- Perdão. - E olhou para baixo rapidamente. - QUANDO ganharmos, - E me olhou de baixo para cima- você será recompensada. - E sorriu com malícia.
Aquela observação me deixou arrepiada.
- Eu não quero nada, Fred. Eu acho... - E contemplei seu breve olhar, suspirando. - Porque acha que seu irmão me diria algo sobre isso?
- Sinceramente, não sei o que rola entre vocês , mas parece que tá pegando alguma coisa.
- Porque não pergunta pra ele?
Antes de Fred pensar em uma resposta seu pai conseguiu fazer fogo mas caiu de costa no chão. Fred foi ajudar ele, rindo bastante.
- Uau. Isso é extraordinário! - Disse ele se limpando ao se levantar.- E quem é sua amiga Fred?
- É a Jenna, pai. Jenna Gibbon.
- Ah, - Disse ele pensativo com um sorriso profundo . - A filha da Chloe. Prazer em conhecê-la, mocinha. Se parece muito com ela.
- Bom dia , senhor Weasley. O prazer é todo meu.
- Hein, Jenna , venha ver quem encontrei! - Gritou Sophia de longe, sem se aproximar.
- Bom, eu já vou. A gente se fala depois do Fred.
- Com certeza. - Disse Fred, com reverência.
- Só queria te tirar daquela situação. - Disse Sophia. - Já está até conhecendo os pais dele antes dos pais do Zyan. - Brincou a amiga rindo.
Eu achei engraçado e agradeci, eu realmente estava ficando encabulada com a situação. Contei a ela também sobre o Torneio e quem iria ganhar a Copa, enlouquecendo-a tanto quanto Fred.
- Ainda faltam 2 horas para o jogo!- Disse meu irmão à mesa, após o almoço. - Ainda bem que o céu está limpo, vai ser uma noite radiante!
- Vá comprar com seu irmão algumas bandeiras ou chapéis para o jogo. Tem um monte de bugigangas sendo vendidas la fora. - Disse papai esboçando cansaço.
- 20 galeões e calo a boca.- Disse Júnior brincando.
- 20 para os 2.
- Ah, não. - Disse ele suspirando de tédio.
- É uma fortuna. Não reclama. - Disse mamãe terminando de comer um cookie. - Compra pra mim um chapéu e uma corneta verde brilhante.
- Aí não sobra nada.
- Bobagem, vão logo!
- Vamos! - Exclamei para meu irmão, com muita empolgação.
La fora conseguimos avistar diversos vendedores ambulantes nas imediações, aparatando por vários lugares. Compramos o que mamãe queria e eu comprei um lenço verde que brilhava a cada gol. Junior quis um Unióculos.
- Acabou todo dinheiro agora. - Resmunguei reclamando do preço.
- Vai valer a pena! Dá para rever os lances, é tipo um gravador, daqueles que a vovó tem mas muito mais sofisticado. - Disse ele todo feliz.
- Sei, sei. - Isso era uma evolução para os bruxos.
Ao voltarmos para a barraca avistei Fobos comendo algo na frente da entrada, Charlotte não saiu mais para fora, mamãe não estava confiante , colocou um feitiço para ela não sair.
- Olá, Jenna!
Eu e meu irmão levamos um susto ao ouvir a voz de Zyan a nossas costas.
- Você poderia chamar seu pai? - Prosseguiu ele com as mãos em seu tapete enrolado "de pé" ao seu lado.
- Simmm...? - Respondi sem muita certeza do que iria acontecer. Entrei na barraca e mamãe e papai estavam sentados no sofá em silêncio, de cara fechada sem conversar.- Pai, Lammont está chamando o senhor lá fora...? - Ainda confusa, não sabia se eu afirmava ou perguntava. Papai se levantou rapidamente e saiu.
- Lammont? - Disse papai a frente da barraca.
- Olá, novamente. O senhor autoriza Jenna a dar um passeio rápido no meu tapete?
Junior soltou um "uaauu" , papai confirmou com a cabeça e com uma das mãos no ombro do garoto disse "Sim, seja breve, temos uma longa caminhada até o campo em menos de 1 hora". Zyan sorriu e fez uma reverência em agradecimento.
Fobos levantou voo e deu uns dois gritos girando sobre nossas cabeças a uns 15 metros de altura. Imaginei que estava chamando outras aves ou algo parecido.
Zyan abriu seu tapete para nós subirmos, o objeto sobrevoou uns 30 centímetros do chão . Subi em cima dele com a ajuda do amigo que segurava minha mão. O tapete era firme como o chão, mas ao mesmo tempo macio como um carpete grosso. Nós sentamos com as pernas cruzadas, eu de saia timidamente desconsertada, ele de túnica, elegante como sempre.
Mamãe apareceu na porta com as mãos na cintura descontente com o que via dizendo:
- Merda! O trouxa vai ser obliviado de novo!
E subimos, mas ainda dava pra ouvir papai irritado dizendo " E porque você se importa tanto com o trouxa? " . O resto da conversa ficou por conta do meu irmão suportar.
- Esse tapete segue comando de voz? - Perguntei desanimada.
- Não. É pelo toque. - E colocou a mão no canto esquerdo. O tapete seguiu em uma velocidade muito menor que a de uma vassoura. Percebendo os olhares lá embaixo, e as dezenas ou centenas de barracas e cabanas coloridas. Pude notar que o tapete era quase do tamanho de uma cama de casal.
- Meus pais estão discutindo muito. - Desabafei pensativa.
- É. Os adultos têm muitos problemas... - Disse ele reflexivo, distante. - lamento, Jenna.
- Deve ser o excesso de obrigações. A copa, o tal Torneio, a fuga de Black. - Tentei deduzir, mas poderia ser qualquer coisa.
- Você sabe do Torneio?
- Tive uma visão e minha mãe confirmou.
- Deve ser incrível saber das coisas antes delas acontecerem. - Ele falou buscando meu olhar.
- Não, Zyan, não é bom. Eu vi o velório do papai, não sei quando ele vai morrer, mas pode ser a qualquer momento. - Respondi emocionada.
Não gostava de me lembrar disso. Havia contado apenas para Snape e Sophia essa visão.
- Jenna... - Disse o amigo colocando a mão dele no meu rosto de forma carinhosa. - Eu sinto muito. Perdão, não quis ser insensível.
Estávamos um pouco alto, e pude ver o sol se pondo e ao longe após uma pequena floresta. Próximo havia um local extremamente luminoso que provavelmente era onde ficava o campo.
- Tudo bem, eu supero isso todos os dias. Porque discutiu com Sophia?
Ele continuou com a mão no me rosto me tocando com carinho.
- A cultura de vocês às vezes me incomoda muito, me irrita. Mas fiquei sentido depois de perceber que Sophia é solitária, sem mãe, sem pai. - Disse ele ainda com a mão esquentando no meu rosto.
- Você parecia bem controlado.
- Anos de prática. Não fui educado para demonstrar sentimentos ou emoções, é uma fraqueza que os outros podem usar contra nós. Só que com você , eu falho.
Olhei bem nos olhos de Zyan ao ouvir isso. Seu olhos azulados ainda podiam ser vistos, principalmente quando ao longe alguém soltava um feitiço que parecia fogos de artifício. Ele parecia sincero. Seu tom de voz era calmo e aos poucos ele foi se aproximando.
- Nunca foi o meu plano... - ele murmurou se aproximando olhando para os meus lábios.
E ele me beijou.
Eu correspondi.
O ambiente era mais do que favorável mesmo com os assuntos desanimadores.
Zyan estava quente, muito quente. Acho que o beijo durou muito tempo. O suficiente para perdermos fôlego e seu calor passar pra mim.
- Você tinha um plano? - Indaguei ofegante e acanhada após uma pausa.
- Todos temos. - Murmurou ele antes de me dar um rápido beijos. - E planejamento. Você não tem? - Me perguntou com o rosto extremamente próximo do meu, eu podia ouvir sua respiração.
- Eu não sei se eu tenho. - Não estava em condições de pensar. Um calor estranho tomava conta do meu estômago e sentia minhas mãos sobre o tapete gelarem.
- Fiz mal em beijar você? - Ele perguntou alisando seus dedos nas minha bochecha.
- Eu pareço mal? - Respondi sorrindo.
A pergunta fez Zyan sorrir e encostar seu rosto no meu e beijar minha bochecha algumas vezes, até tocar meus lábios novamente. Ele era carinhoso, mas isso era esperado dado ao jeito que sempre me tratou.
Começamos a ouvir muitas vozes alegres e um som alto de palmas até vermos muitas luzes vindas do campo, provavelmente ele já estava aberto.
- Vamos voltar. - Disse ele fazendo um movimento com as mãos sobre o tapete.
Agora voltamos um pouco mais rápido, o suficiente para sentir o vento sobre meus cabelos, abraçando o meu rosto.
- Vamos, vamos, VAMOS!!! - Pulava Sophia na porta da nossa barraca com uma tiara vermelha de orelhas de gatinho. - Lenço lindo! - Elogiou ela ao me ver.
- Obrigada. Ele vai brilhar a cada gol.
- As minhas orelhinhas também! - Disse ela se retorcendo de empolgação. Sua tiara se destacava muito em sua longa cabeleira loira.
Sophia estava com uma das calças comprada em Hogsmeade, ela conseguia ser estranha e linda ao mesmo tempo.
Papai, mamãe estavam atrás e Junior mais a frente com alguns colegas. Avistei ao longe Phillip Moore se aproximando deles.
- Preciso te contar uma coisa. - Falei baixinho.
Sophia sacou dos bolsos das calças 2 pirulitos e me deu um.
- Conta TUDO! - Disse ela antes de colocando o pirulito na boca , saltitante.
- Peraí, sua tia viu as calças...?
- Não, e a Njal prometeu não contar. Vai , Jenna, não me enrola.
- Zyan me levou para dar um passeio de tapete. - Meu pirulito era de sabor maçã verde.
- Show! Deu medo?
- Que nada, super tranquilo. A gente se beijou.
- CACETE! - Disse rindo e colocando a mão na boca. - Desculpa aí, Sr. Gibbon! - E deu um tchauzinho, olhando para trás. - Primeiro beijo, num tapete mágico, quem diria, né... - E vendo meu silêncio insistiu.- Primeiro beijo, né, Jenna???
- Então... - Isso fez ela arregalar os olhos e colocar os ouvidos mais perto de mim.. - Sabe no segundo ano? O dia do pergaminho...
- EU SABIA! Sua danadinha cretina! - E deu uma dedada com força no meu ombro - Desculpa de novo, Sr. Gibbon.- Gritou. E voltou a falar baixo. - Eu sabia Jenna, porque escondeu sobre o gêmeo Weasley?
- Eu me escondi até de mim, eu nem sabia quem ele era. Eu me arrependi tanto, e ele percebeu. Aquilo não deveria ter acontecido, e foi só um negócio simples...
- Negócio simples? É assim que você chama beijar na boca, é? - Indagou a amiga zombando de mim. - Poxa, Jenna, fica sempre um climão entre vocês quando ele aparece, isso é muito visível, chega arder os olhos, e você claramente nunca se esqueceu.
- Gosto do jeito dele, do Jorge eu digo. Mas ele começou a andar com a Angelina, óbvio que ele nunca quis algo comigo.
- Que estúpido. Hey, mas e o Zyan?
- Ah, sei lá, negócio meio físico eu acho.
- Negócio, negócio...- Disse Soph em tom de deboche. - Nunca é um sentimento? Uma paixãozinha? Você tem medo de se apaixonar.
- E você não?
- É claro que não! Se apaixonar deve ser incrível! Amar também! Jenna, minha vida é muito vazia, um pouco de sentimento, paixão, me faria muito bem.
- E se você não for correspondida pela pessoa que você quer?
- Me divirto com outras, ué. Agora com o Torneio a escola vai encher de gente. - E seguiu rindo por um bom tempo. - Um vasto cardápio renovado. Hehehe!
Eu ri sem entender, mas gostava da empolgação dela.
Estávamos dentro da floresta caminhando na trilha em direção ao campo quando ficamos mais apertado com a quantidade exorbitante de pessoas
- Cem mil pessoas, a mamãe contou. - Disse Júnior na frente conversando com seus amigos.
- Ela não faz parte dos inomináveis do Ministério? - Disse um dos seus amigos que era mais alto que meu irmão.
- Faz parte do quê? - Perguntou Junior.
- Ela é diferente do Bode e do Croaker, Lucas. - Disse Phillip. - "Os inomináveis", é um pessoal esquisito que trabalha no Departamento de Mistérios, mas a sua mãe nunca foi esquisita, Gustav. - Disse ele ao meu irmão. - Cuidado, sua irmã está logo atrás escutando. - Concluiu ele rindo.
Junior só deu um sorriso amarelo de lado, pelo que deu para ver o olhar para trás.
- Foi tomar chá com a tal Zury?
- Ah, mas é claro. - Afirmou amiga com sorriso malicioso. - Conversei um pouco com o pai dela, acho que gostei da ideia de ir trabalhar no Sto. Mungus. - E ficou mais séria. - Os pais do Neville estão lá. Ele vai às vezes visitá-los com sua avó. Não sei porque, mas essa conversa sempre me deixa reflexiva. - E baixou a cabeça pensativa.
Senti por Sophia, ela tinha muita empatia por Neville e comecei a compreender o motivo. Assim como ele, viveu a vida sem os pais presentes, e saber que os dele ainda estavam vivos, mas sem condições que poder cuidar do filho, provavelmente a angustiava.
- Eu apoio você Sophia, e te ajudo no que for possível. - Disse passando a mão no ombro dela, recebendo um sorriso de volta, ainda com ela olhando pro chão. - Você já é ótima em porções , tira notas melhores que eu, estuda bem mais feitiços.
- Jenna , olha pra você, quantas vezes você fez uma magia sem nem estudar, sem precisar de varinha. Você é diferente. - Respondeu a amiga se levantando. - Tem gente como eu que precisa estudar muito.
Ao concluir seu raciocínio, chegamos na porta com campo, uma fila considerável estava à nossa frente. Nossos pais mostraram as entradas e Sophia mostrou a dela. Nós ficamos na mesma arquibancada, no lado oeste. Sophia nos escreveu nas férias perguntando onde ficaríamos para comprar a entrada no mesmo local.
- A gente até queria um camarote, mas estava muito caro. - Falei para a amiga.
- Ah, bobagem. Fez certo em não aceitar ficar perto do Zyan, ou dos Malfoy, sabe, ninguém merece aquele tipo importunando.
Zyan estava em um camarote de luxo próximo do nosso Ministro, ele havia dito em uma carta mas férias, que poderíamos estar com ele, mas decidi ficar com meus pais.
Os amigos do Júnior ficaram com ele, mas Phillip foi para outro lado. Nós nos aconchegamos em cadeiras confortáveis no meio das arquibancadas. Nunca havia visto tantas pessoas juntas.
- Com licença, senhor! - Gritou uma voz conhecida a algumas escadas a frente.
Em meio a muitos gritos e o hino da Irlanda sendo cantado, ouvi Sophia gritando "mas que merda!" após olhar para trás. Era o Zyan.
- Bom, já que você não quis subir, eu desci. - Disse ele com uma vestimenta dourada cheia de pedras pretas, que chamava a atenção de todos.
- Não me diga.- Murmurei um pouco desgostosa.
Zyan havia comprado uma cadeira ao meu lado e Sophia estava vermelha ao notar isso. Meu irmão ficou na fileira de baixo, e papai e mamãe nas cadeiras de cima.
- Jenna, vou descer para comprar pipoca. - Disse mamãe se adiantando e desci acompanhá-la, largando Sophia com seu ódio.
- Porque não comprou no caminho? - Perguntei.
- Me esqueci, estava discutindo com seu pai.
- Mãe, porque vocês estão assim? Não param de brigar. - Perguntei tristonha e parando em uma fila com ela.
- Seu pai está mais ciumento esses dias que estou trabalhando com mais pessoas, ele se incomoda com todos. Ele sempre foi assim, achei que mudaria com os anos mas...
- Mãe, tenta resolver isso logo. - Falei muito séria. - Papai não vai viver para sempre, não seria bom estar brigada quando ele partir...
- E o que você sabe? - Perguntou ela de braços cruzados.
Me silenciei.
Mamãe me encarou preocupada. Acho que ela notou que eu havia visto algo, não pude conter a emoção, mas não chorei.
- Um dia mãe, - E baixei o olhar.- todos nós vamos partir, sabe?
Ela não disse nada. Apenas me abraçou e deu um beijo na minha cabeça. O pouco que dei a entender deve ter feito ela refletir, compreender. Compramos pipocas em silêncio, que era facilmente cortado pelos escândalos que estavam sendo feitos nas arquibancada.
- Hoje é dia para se alegrar. Obrigada, Jenna. - Agradeceu ela voltando para os acentos.
- Pipoca vermelha! Assim que eu gosto - Disse Sophia se alegrando ao me ver com um pacote.- Investi meu dinheiro nas apostas, Jenna, não tenho nem para uma pipoca. - Concluiu de voz baixa.
- Tá de brincadeira? Você também apostou?
- Mas é claro, seus queridinhos ruivos podem, e porque eu não? Minha tia toma banho de galeões, ela não me dá quase nada, preciso de uma reserva se eu quiser um dia sumir de perto dela.
- Mas você não vai herdar quando você for maior?
- Vai demorar...
- Daqui dois anos?
- Você parece estar me evitando. - Disse Zyan em voz alta. Ele estava levemente inclinado para meu lado e com uma das pernas sobre o joelho, muito descontraído mas com uma postura e olhar imponente.
- É claro que não. - Menti. Eu estava evitando olhar para ele. - Eu só estou... tímida, meus pais estão aqui.
A conversa que tive no caminho com Sophia me deixou pensativa. Não me agradava aquela situação, eu não sabia como agir, assim como fiquei confusa após beijar Jorge.
Eu deveria pegar em sua mão? Cumprimentar com beijo no rosto ou na boca? Éramos amigos? Namorados? Ele iria tocar o ombro dele no meu? Pegar na minha mão? Papai estava logo atrás de mim então tive medo de começar uma conversa, eu não tinha experiência nenhuma com relacionamento. Compartilhava da raiva de Sophia: merda!
Não precisei falar muito pois ouvimos a voz de Ludo Bagman começar a narração do jogo : "Senhoras e senhores... Bem-vindos à final da quadricentésima vigésima segunda Copa Mundial de Quadribol!"
E uma explosão de gritos e fumaças verdes e vermelhas para todos os lados.
- Você torce para qual? - Perguntei a Zyan que estava parado, sereno, como se nada tivesse acontecendo.
- Para nenhum. Egito não participou da copa esse ano, Dubai chegou às quartas mas não consegui avançar, acho que eles preferiram ir para algum Spring Break. - Disse ele com desdém. Eu não fazia ideia de onde aquilo ficava.
"E agora, sem mais demora, vamos apresentar... os mascotes do time búlgaro!"
Sophia esticou o pescoço para ver melhor o campo. Papai se levantou e meu irmão e seus colegas na frente também.
- São veelas! Que nojo desses búlgaros fazendo mulheres de mascote! - Disse Sophia que começou a uivar contra.
- Não são mulheres, são monstros. - Disse Zyan olhando para seu imenso sapato prateado e preto .
Sophia o olhou com ódio.
- Porque são monstros? O que são elas? - Perguntei para ambos.
- São mulheres sim, mas não totalmente humanas. - Disse Sophia se sentando emburrada.
- São criaturas com aparência humana que conquistam homens para fazerem o que elas bem quiserem, elas podem tanto mostrar a real aparência como podem manter a imagem de uma moça jovem, geralmente são criaturas bem velhas.
- Não é bem assim. - Disse Sophia.
- Tá, mas como eles conseguem transformar elas em mascote, se são elas que conquistam...
- Maldição Imperius, Jenna. - Respondeu a amiga seriamente.
- Meu Deus, que horror! - Exclamei para eles.
- Pois é, deveria ser crime - Disse ela com o queixo baixo.
- É mesmo? - Disse Zyan em tom de sarcasmo, coisa que ele raramente fazia. - E não é crime escravizar Elfos, engraçado seu julgamento.
Sophia se levantou com raiva querendo avançar em Zyan, e eu levantei junto para segurá-la.
- Cala a boca vocês dois! Não aguento mais essas discussões. É discussão em casa, é aqui. Que merda, gente! Vamos curtir o jogo!- Gritei para os dois.
- O jogo que já sabemos o final. - Disse Zyan ainda olhando para baixo.
Papai ainda estava levantado observando as veelas com o binóculos que ele trouxe de casa, não parecia ouvir nossa discussão. Meu irmão estava discutindo com os amigos quem tinha potencial de conquistar uma veela. Mamãe estava tentando fazer eles se sentarem mas sem muito sucesso. Zyan fechou a cara e Soph se sentou emburrada.
Que porcaria estava acontecendo com todo mundo?
- Pai! - O chamei, mas ele não me deu atenção. - PAI! - Gritei mas ele ainda não me ouvia. Foi então que decidi arrancar binóculos das mãos dele.
- Opa, desculpa, Jenna. - Disse ele sem jeito.
- Senta! - Ordenei sem pensar muito bem e me aproximei dele quase sussurrando. - É melhor você tratar bem a mamãe, você não sabe quando ela vai morrer, mas eu sei. - Menti sem cerimônia.
Ele pareceu acreditar e se sentou muito sério, empalidecendo.
Minha mãe conseguiu acalmar Junior e seus colegas e voltou para seu lugar, me sentei também irritada com tantas situações chatas. Nesse momento o mascote da Irlanda passou raspando sobre nossas cabeças jogando moedas de ouro. Algumas caíram em Zyan que só as jogou-as no chão incomodado, Sophia pegou todas em nossa volta que se transformaram em duendes verdes saltitantes.
Comecei a pensar na vantagem de ter gerado confiança nas pessoas sobre minhas visões, era muito fácil eu me aproveitar disso e poder manipulá-las .
Ficamos nós três quietos por muito tempo. Sophia de braços cruzados, Zyan apoiando parte do corpo pro meu lado, observava com a mão no queixo o campo acompanhando Ludo Bagman anunciar todos os jogadores búlgaros, que apareciam um a um no campo sobrevoando nossas cabeças.
- Krun é muito jovem, ainda está estudando. - Começou a comentar mamãe que se interessava pela Copa. - Acho muita responsabilidade para um jovem. Praticamente não estudou nada no final do semestre passado.
- Muito angustiante para um jovem, imagino. - Disse papai calmamente reflexivo.
- O que deu em você? - Perguntou mamãe intrigada.
- Nada. Acho que a pipoca não caiu bem. - Respondeu sério. Mas mãe não ficou convencida, mas não insistiu.
Era obvio, meu pai tomou vergonha na cara e parou de implicar atoa.
- Papai me empresta o binóculos? - Pedi a papai porque ele não estava usando.
Conseguia ver tranquilamente os jogadores, suas vassouras e vestimentas extremamente luxuosas mas comecei a xeretar as arquibancadas em busca de rostos conhecidos. Consegui ver Simas e Dino, do lado norte, Malfoy e seus pais no camarote dos ministros e logo acima os Weasley, Potter e Granger.
- Sinto que não deveria ter beijado você. - Disse Zyan quase encostado no meu ouvido, com ar de preocupação.
Meu coração parecia ter parado na boca quando ouvi ele falando tão próximo de mim. Com bastante incômodo e respirando fundo tive que parar de xeretar as arquibancadas para atender as demandas dramáticas de Zyan.
- Eu não sei agora o que fazer. - Respondi com sinceridade. - O que faremos?
Zyan sorriu.
Meu Deus, ele era muito lindo.
- Ok. Podemos seguir como amigo normalmente. Se você quiser mais, vou estar aqui. Tudo bem?
- Naturalmente, como se nada tivesse acontecido?
- Não. Como se algo tivesse acontecido. Ele respondeu sorrindo com encanto e simpatia. - Desculpa. Vamos aprender a lidar com isso juntos. Isso é novo pra mim, também.
Coitado. Constrangimento não era nada novo pra mim.
- Enquanto isso... - Começou Sophia a resmungar baixinho e apenas para eu ouvir. - Você fica buscando outro cara no binóculos. - Disse tentando segurar o riso, com malícia.
- Só não te arremesso daqui de cima, Sophia, porque é crime. - Respondi rindo também.
E sim. Eu queria ver como estava Fred e o Jorge, que estavam muito felizes com seus chapéus com listras verdes, bandeirolas e outras tantas bugigangas verdes. Achei fofo. Eu estava muito satisfeita porque aquela noite eles iriam dormir felizes.
- Hey hey hey! O Krun é nosso rei! - Era o que várias pessoas gritavam de volta em suas barracas.
- Babacas. - Dizia Sophia sorrindo pela vitória.
- Com quem apostou Sophia? Quanto ganhou?
- Xeretei os Weasley, eles apostaram com Ludo Magman, e aí fui atrás dele...ele ficou meio receoso mas ele gosta da minha tia, então ele aceitou. Ele achou estranho eu ter apostado igual os Weasley, mas eu tinha menos galões, sabe. - E deu uma gargalhada. - Otário. Ganhei 50 galeões. Os gêmeos pegaram 100.
- Uau , que legal! Fico feliz por eles.
O resto do jogo foi mais tranquilo, conseguimos seguir sem discussões. Zyan voltou para seu hotel após o jogo.
- Bom, está tarde. Preciso voltar para minha cabana, amanhã cedo a gente comemora mais, mas passa lá no café da manhã. - Disse ela depois de uma hora sentada na frente da nossa barraca rindo dos que passavam comemorando.
- Poxa, uma pena papai não deixar eu dormir com você lá. Achei suspeito.
- Não é. Acho que deve ser assim que um pai deve agir, eu não sei. - Disse descontraída e sorridente. - Mas aproveita cada minuto ao lado dele.- Se despediu ela sorrindo com carinho.
Ela estava certa. Não sabia ainda quanto tempo tínhamos...
Me deitei após um jantar rápido. Ainda podia ouvir os gritos de comemoração. Os gritos foram mudando ao evoluir do meu sono e aos poucos foram ficando piores.
- Jenna! Junior! Acordem! - Era mamãe gritando, jogando um casado em mim e indo ao quarto do Júnior.
Papai me pegou pelo braço antes mesmo de eu poder me vestir. E cambaleante chegamos à porta da barraca. Mamãe chegou abraçando Junior do lado de fora.
- E agora, Gustav, o que faremos!?
Muita correria, gritos e barracas pegando fogo. Pude ver ao longe pessoas com uma veste muito estranha usando máscaras.
- São Comensais? - Perguntou meu irmão.
- São. - Respondeu mamãe aflita.
Sophia apareceu gritando e tropeçando.
- Estão todos indo para a floresta!!! Vamos fazer o mesmo!? - Gritou ela para meu pai.
Papai estava com os olhos arregalados e por um segundo não disse nada.
- Cadê a sua elfa? Chame-a agora! - Gritou ele.
Não fazia ideia de como Sophia a chamava, mas em dois segundos Najl, a elfa, apareceu ao seu lado com as perninhas tremendo.
- Tenho ordens para levá-la para casa, Srta. Sophia.
- Não! Não quero! Não vou deixar minha amiga! Vamos para a floresta! - Sophia gritava a todos os pulmões para que sua voz se sobressaisse aos gritos da confusão.
E com um pequeno estampido Zyan apareceu, ele sabia aparatar.
- Senhor, posso tirar eles daqui! - Disse ele para meu pai.
- Leve Jenna e Junior, peça para a elfa seguir vocês. - Disse papai com firmeza e fazendo um "sim" com a cabeça, como se tivesse dito algo a mais para Zyan.
- Como assim pai!? - Perguntei.
- Não há tempo! - Gritou mamãe. - A gente se encontra na floresta. Ela é pequena, vamos conseguir se encontrar novamente.
- Mas porque vocês não vão!? - Gritou Junior, e com toda razão, aquilo era confuso.
Nesse momento Zyan se aproxima atrás de mim e passou seus braços na frente do meu pescoço com carinho.
- Jenna, preciso que você segure meus braços. - Disse atrás dos meus ouvidos. E assim o fiz. - Sophia, peça a sua elfa para nos seguir, ela consegue nos rastrear.
Sophia estava chocada, só conseguia dizer "ok" e segurou a mão da elfa. Mamãe pegou Junior pelo braço e o fez me abraçar.
- O que vai acontecer? - Perguntou meu irmão afoito me abraçando.
- Não tô entendendo nada. - Respondi.
E em segundos tudo começou a girar, um enjôo rápido me tomou. Senti vários cheiros, inclusive do cabelo do meu irmão. E rapidamente senti o chão se movimentar. Fomos apartado para a floresta por Zyan.
Paramos em uma clareira onde vários estavam escondidos atrás de moitas e árvores. Outros tanto estavam indo para algum lugar, mas muitos ainda corriam sem rumo. Soltei meu irmão que encostou na árvore a frente e vomitou. Sophia e sua elfa também apareceram do nosso lado.
- O que foi isso!? - Perguntei me virando para Zyan.
- Eu posso desaparatar, já sou de maior e tenho permissão para levar duas pessoas. Mandei uma carta para seu pai há duas semanas, disse que eu iria proteger vocês caso acontecesse qualquer coisa.
- Nossa, que romântico. - Ironizou Sophia ofegante e aparentemente enjoada. - E como sabe sobre a minha elfa?
- Eu sei tudo sobre as magias élficas.
- Ah, é mesmo?
- Gente, não dá pra discutir agora. - Falei para os dois. Meu irmão estava limpando sua boca da capa. A elfa de Sophia estava agarrada em suas vestes olhando para o campo ao longe que ainda estavam vindo pessoas. - E Charlotte, Junior? E Fobos? - Será que eles serão atingidos?! Aquela gente estava colocando fogos nas barracas!
- Que merda. - Disse ele coçando a cabeça e fazendo cara de choro.
- Njal pode rastrear seus bichinhos, Jenna. - Disse Zyan, ainda segurando minhas mãos.
- Como assim? Ela não conhece eles.
- Ela não precisa, basta sentir um pouco do seu cheiro que ela consegue chegar até eles. Não pode Njal? - Perguntou Zyan para elfa com respeito.
Ela apenas consentiu com cabeça, afirmando. Sophia ainda estava espantada pelo jeito que Zyan sabia das coisas.
- Você pode mesmo? - Perguntou Sophia ainda incrédula. A elfa abaixou o máximo a cabeça mas afirmou. - Então por favor, faça isso.
A elfa de imediato se aproximou de mim e pegou nasl minha mão livre para sentir o cheiro. Seus imensos olhos acinzentados me olharam com medo mas com simpatia também. Logo sumiu e antes que eu pudesse dizer algo, ela voltou trazendo Charlotte nos braços e Fobos em seu ombro. Fobos pousou tranquilamente no chão, e ficou ao meu lado. Junior pegou Charlotte no colo, conferindo se estava bem.
- Muito obrigada, Njal. - Agradeci a elfa.
- Você deveria conhecer melhor o poder da sua elfa, ela é muito poderosa, pode nos proteger tranquilamente.
Sophia começou andar de um lado para o outro coçando a cabeça. Os gritos ao longe foram diminuindo, mas a maior surpresa foi ver um jato verde sendo rompido nos céus como um imenso trovão e se transformando em uma caveira com uma cobra saindo da boca.
- É a Marca Negra. - Disse Sophia com tristeza.
- O que é isso? - perguntou Zyan.
- É a marca dos seguidores do Voldemort . - Respondi.
- Qual a finalidade?
- Anunciar que mataram... - Respondeu Júnior olhando pro céu.
Uma angústia absurda me tomou. Agachei de joelhos no chão e comecei a chorar. O medo de alguém ter matado papai me tomou.
- Meu Deus, hoje não! - Foi o que pude dizer.
Zyan me abraçou, senti a mãozinha da elfa bater sobre meus ombros também.
- Srta. Gibbon. Posso verificar se seus pais estão bem. - Disse a elfa gentilmente. Era estranho, mas era como se ela soubesse o que eu estava sentindo. Ouvi Sophia confirmar.
- Calma, Jenna. Vai dar tudo certo. - Disse Zyan ainda me abraçando e fazendo carinho nas minhas costas. Era difícil parar de chorar. Mas quando a elfa voltou , pude me conter um pouco para ouvi-la.
- Seus pais estão seguros. Disse a eles onde estamos. Eles estão vindo até nós andando porque estão procurando feridos no caminho. Os homens maus desaparataram. - Disse a elfa com firmeza.
- Muito obrigada, Njal. Não sei como te agradecer. - Disse me soltando de Zyan.
Não demorou muito para papai e mãe aparecerem com mais um grupo de pessoas que eu desconfiei serem funcionários do Ministério. Abracei papai como nunca. Mamãe nos observou emocionada.
- Nunca morra, papai, por favor. - Implorei a ele.
- Eu vou viver mais cem anos, Jenna , pode apostar.
Não papai, não vai.
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