O frio coração corajoso
O inverno chegou e com ele trouxe uma Sophia mais feliz, algumas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas bem úteis com leves ausências do professor Lupin sendo substituído por Snape, e a minha empolgação por ter mais aulas com ele.
- Ele não segue cronograma algum. - Disse Sophia folheando as últimas páginas do livro da aula.
- Ele segue os interesses dele.- Respondi aguardando a exposição de imagens que Snape iria fazer sobre Lobisomens.
- Já são bem grandinhos , e é chocante nunca terem tido uma aula sobre isso. - Disse o professor rispidamente. - Eles são comuns.
Granger estava tentando dizer novamente mais alguma coisa quando o professor ameaçou tirar pontos de Grifinória.
- Ela não dá um tempo. - Disse Soph em negativa com a cabeça, tomando nota do que a Hermione acabara de dizer. - Uma pena para Neville ter uma aula a mais com ele.
A aula seguiu com o professor fazendo muita ênfase em como identificar um Lobisomem fora do seu estado de transmutação, e aquilo pra mim, significava algo. Talvez tenha levado alguns minutos para eu juntar os pontos: cansaço próximo e depois da lua cheia, palidez excessiva, machucados aparentes, timidez ou introspecção. Acho que ele se referia ao professor Lupin. Isso responderia ao porquê dele ter uma sombra canina sempre atrás dele.
No final da aula eu decidi me aproximar de Snape.
- Professor, eu entendi.
Snape ficou me encarando por alguns segundos, suspirou levantando e elevou as sobrancelhas.
- Ótimo. - Disse ele com um sorriso malicioso e saindo da sala com um livro nas mãos.
- Tá, mas você entendeu o que? - Perguntou Sophia nos corredores ao sairmos.
- Eu acho que ele se referia a Lupin, bate com o dia de hoje, e podemos observar as próximas luas e seu comportamento.
Soph ficou pensativa, parecia procurar alguma coisa em sua mente.
- Hum, certo. Então vamos tomar nota. - Disse Soph. - Será que você consegue ler o meu futuro na próxima aula?
- Ah, por favor... - Disse eu contrariada em negação.
- Eu que peço! Você poderia fazer um esforço, suas visões são arbitrárias. Não deve doer tentar se dedicar a uma aula de Adivinhação e fazer algo realmente útil.
Como é que é?
- Teremos prova - ela prosseguiu ignorando meu olhar - com cada objeto mágico de adivinhação, e eu sei e Snape também sabe, que não há aluno mais capaz do que você para interpretar.
Ah... Pelo menos um elogio.
Sophia ficou um pouco impressionada com minha última visão. Ela ficou eufórica quando se lembrou no café da manhã, após o berrador que o Neville havia recebido, o que eu tinha dito.
Até contou a ele ao vê-lo bem triste em um degrau das escadas que levava ao pátio, mas isso não o animou, apenas quando dei vários doces para ele que Zyan tinha me dado, ele pareceu se sentir melhor.
Na aula de adivinhação, Moore simplesmente decidiu sentar-se conosco, o que não era costumeiro, até desconfiei que ele queria informações sobre Patrícia, para dar ao seu amigo da Corvinal, que eu descobrir ser o Monitor.
- Afinal, qual é o seu nome? - Perguntou Sophia sem vontade visivelmente irritada com a presença dele.
- Phillip, Phillip Moore, mas pode me chamar de Phil, meus amigos me chamam assim...
- Tá bom, tá bom. E porque não quer sentar com eles? - Perguntou Sophia fechando a cara.
- Estamos em 5, Guilherme Trevor está namorando a Julie Wood, agora ela não quer ficar longe dele, então, se não se importar...
- Ah, tanto faz.- Respondeu a amiga sem olhar na cara dele, sabia que Sophia não gostava muito de se envolver com alunos diferentes de outras Casas.
- Relaxa, não pode ser tão pior como sempre foi. - Respondi para ela.
- Eu particularmente também acho essa aula patética, - Disse Philip sussurrando como orgulho. - mas sempre consegui pontos com Sibila, ela é fá...
- Ela é da Corvinal como você, sempre puxa saco dos alunos da sua Casa. - Cortou Sophia.
- Um dia quero terminar de falar, - Disse ele com um ar tristonho e olhando torto para Sophia, mas ergueu rapidinho as sobrancelhas e deu um sorriso me olhando.- Aula com bola de cristal! Legal! E você, é uma boa vidente não é, cheia de energia? Nós falamos sobre você algumas...
- Não, não! Esquece. - Respondi desanimada. Ao que Moore também reproduziu a mesma expressão torta de desagrado. Sophia estava com a cabeça escorada nos braços, aparentemente sonolenta.
Sibila estava destinada a me desprezar, ela dava seus comandos e ignorava minha mesa, mesmo com o aluno de Corvinal empolgado sempre fazendo perguntas.
- Eu quero morrer. - Disse Soph com os braços cruzados quando Phillip já estava fazendo sua terceira pergunta.
- Professora, a senhora diria que é mais: estudo ou dom? - Ele perguntou com pompa de intelectual.
- Moore, meu querido. - Disse a professora ajustando os óculos. - É missão, ou você tem ou você não tem.
- Então qual o objetivo da aula? Se não temos a missão, logo parecerá que não estamos nos esforçando.
A pergunta era inteligente e pertinente, prendeu minha atenção e diria até, admiração. A professora por uns segundos hesitou em responder, pigarreando.
- Estou aqui para desabrochar a missão em vocês.- Dizia Sibila como se estivesse recitando um poema emocionante. - Eu sonho com esse potencial escondido em vossos corações, e não importa a grande missão quando o aluno se esforça com toda sua alma.
Moore sorriu e bateu palma. Me lembrava Lammont em seu superior esforço manipulativo para ser aceito, porém Phillip era gentil mesmo sendo sutilmente dissimulado.
A aula era sobre se esforçar para vermos alguma cena na esfumaçada visão dentro das bolas de cristais.
- Do que será que é realmente feita? - Perguntou Sophia dando batidinhas no cristal.
- Minha mãe tem uma. - Respondi, fazendo Moore levantar o rosto para me observar com curiosidade.- Existe um regulamento, registros para criação de uma. É um tipo de quartzo que contém a fumaça de uma abertura vulcânica, geralmente de uma ilha no norte da Noruega que se chama Beerenberg. Existem mais 5 vulcões ativos que dessas fendas saem uma magia rara dos primórdios da criação do planeta. Acredita-se que o melhor vulcão se localiza na Ásia, perto do Himalaia.
- Uau, você sabe mesmo! Sua mãe deve ser muito interessante. - Disse Moore.
- Hey, ela é minha amiga, viu. - Disse Soph sarcástica. - Eu tenho que elogiar primeiro, afinal você, Jenna, não é tão desinteressada assim nesses assuntos.
- Já brinquei com a bola de cristal da minha mãe, não há nada de interessante nela.
- Ahhh, mas há sim. Você tem a missão. - Disse o aluno da Corvinal parecendo se importar muito, ele me encarava com interesse, seus grandes olhos esverdeados eram estranhamente meigos.
Decidi ficar quieta, ele estava me distraindo.
O trabalho era ficar olhando fixo para bola e anotar num pergaminho qualquer visão e fazer uma possível análise dos símbolos e imagens que apareciam.
Sophia continuava debruçada nos braços olhando para a bola com sono, Moore parecia focado e eu olhava para janela, procurando ver se via Fobos sobrevoando, o que era costumeiro dele xeretar as minhas aulas.
Por alguns segundos eu olhava a bola só para ver se algo aparecia, só para eu colocar no trabalho já que eu estava com preguiça de inventar uma história. Mas por um momentos pude ver o que parecia pássaros pousando em uma grande árvore que ao ser tocada, se debatia.
- Que árvore se debate? - Perguntei sem pensar.
- Ora, o Salgueiro Lutador. - Respondeu rapidamente Moore, recebendo um olhar bravo de Sophia.
Talvez fosse essa tal árvore. Decidi assistir com mais atenção aquela fumaça da bola. Um cão grande brigando com outro cão apareceu e depois sumiu, um hipogrifo voando e uma abóbora cortada, apenas o que consegui ver, até segurei a bola próximo dos meus olhos, ela estava ficando interessante. Escrevi tudo que vi sem analisar nada e entreguei no final da aula.
Moore nos seguiu até a saída e desceu a escada conosco, ignorando o olhar torto da Sophia.
- O que você acha que significa a árvore? - Perguntou ele curioso. - Você viu mais coisas? Pode me contar?
- Não seja petulante! - Exclamou Sophia no final da escada.
- Eu raramente faço análise, eu fico muito nervosa com isso, apenas vejo coisas. Raramente é algo concreto ou direcionado. - Respondi.
- Hum. - Disse ele pensativo com as mãos nos bolsos. - Tenta devanear sobre o que vê, isso pode te ajudar a entender o direcionamento. Bom, até mais Jenna. Boa tarde, Rosier. - Disse ele olhando para mim com sorriso e um olhar torto para Sophia.
Ele se afastou e ficamos observando-o por alguns segundos. Ele era alto, rosto e corpo robusto, ombros largos e cabelo curto com cachos discrets. Dono de um olhar penetrante, não era exatamente gordinho e parecia ter mais que 16 anos.
- Outro palhaço querendo tirar alguma vantagem do que você vê. - Disse Sophia desanimada.
- Talvez. - Respondi. - E o que você viu?
- Corujas, como sempre. Foi na borra de café, nas cartas, nos sonhos, uma coruja na verdade. O que acha que pode ser?
- Talvez você precise comprar uma...
- A Rose, da minha tia, dá conta das poucas cartas que recebo. - Disse ela tristonha nos corredores.
O recesso de Natal passou muito rápido, os dias que fiquei em casa foram entediantes, eu não fiz nada. Mamãe pouco conversou comigo a não ser para me alfinetar sobre o afastamento do Quadribol, meus surtos de raiva e o quanto o uniforme do jogo saiu caro para eu brigar com os colegas e não dar valor na oportunidade.
Meu irmão não parou de se gabar por ter sido convidado para o time de Quadribol da Corvinal, mas não aceitou, pois sua prioridade era os estudos.
Papai parecia menos preocupado com meu jeito. Ele me aceitava muito mais, e passou algumas noites conversando comigo estratégias para me acalmar. Foi incrível: meditar, respirar fundo, contar até dez, me distrair com pensamentos positivos. Toda vez que o via eu queria abraçá-lo, pois a qualquer momento poderia ser a última vez, eu só não sabia quando.
Talvez Phillip e Sophia estivessem certos, eu precisava focar nas visões para ter uma real noção do que elas se tratavam, talvez até para eu perder o medo.
A primeira semana do ano, de volta a Hogwarts, foi tranquila. Não havia muito trabalho para ser entregue, foram boas semanas.
No primeiro dia de fevereiro, recebi uma carta do meio pai trazida pela coruja dele , o Luky; nela ele só escreveu " O Ministério resolveu sacrificar o hipogrifo."
Sophia que lerá comigo largou o pão que estava cortando e segurou cabeça com raiva.
- Eu odeio o Draco.
Procurei Fobos e o vi novamente na vidraça e o chamei; ele sem vontade pousou na mesa e começou a comer algumas cerejas.
- É, qualquer coisa que acontece ao Draco as consequências podem ser cruéis, o que é estranho porque ano passado quando eu o azarei e o fiz ter cara de menina ele abafou o caso.
- Só cara, Jenna? É óbvio que ele fingiu que nada aconteceu, ele não queria ser humilhado por todos, ele não tem controle sobre os alunos, agora contra Hagrid é mais fácil. Malfoy é um covarde.
- Eu preciso aprender a domesticar o Fobos. - Resmunguei olhando ele.
- Poxa, você não parece preocupada com o hipogrifo ou com Hagrid. - Resmungou a amiga, voltando a cortar o pão.
- Eu tive uma visão na bola de cristal ano passado, naquela aula, e refletir um pouco, segui o conselho do Moore. Eu sinto que não vai acontecer nada ao hipogrifo.
- Jura? E porque?
- Acho que era ele, o tal do Bicuço, estava voando livre, não estava morto.
- Hum.. e como ele fugia..?
- Ele voa Soph, é um animal inteligente, muita coisa pode acontecer.- Falei reflexiva observando Fobos comer mais umas frutas.
- Acho que vou escrever para o papai, espero que Fobos leve a carta.
- O que vai escrever? - Perguntou a amiga curiosa.
Peguei uma pena e um pedaço de pergaminho na bolsa. Fobos parou de comer e me observou.
"Acho que ele vai sobreviver, papai. Analisei umas visões. Obrigada por confiar em mim." Foi apenas isso que escrevi.
- Vamos manter em segredo. - Disse para Soph, colocando a varta em um envelope e amarrando-o nas patas do Fobos, com mesmo cordão que papai mandou a outra carta.
- Fobos, envie essa para o papai, em casa.
Fobos soltou um grito de contrariedade, mas lançou voou e se foi com outras tantas corujas.
- Pelo menos ele não bica você. - Disse uma voz que estava passando no corredor entre nossa mesa. - Eles são ferozes. Eu admiro a sua coragem, você tem estilo.
Era Phillip, segurando um prato com bolo. Passou comendo e não parecia esperar uma resposta minha. Sophia ficou desconfiada e indagou:
- Qual é a dele, hein?
Às semanas foram passando e Black ainda não fora encontrado nem visto. Snape continuou a substituir Lupin nas aulas de Defesa , sempre uns dias depois da lua cheia. As aulas com a Corvinal ainda estavam sendo levemente incomodadas por Moore. Mesmo com as broncas e grosserias de Sophia, Phillip ria e continuava a se aproximar sem ser invasivo, não descobrimos o motivo.
Grifinória perdeu o jogo para Lufa-Lufa, mas é claro que foi devido um acidente, os Dementadores simplesmente resolveram aparecer no jogo causando um desmaio em Potter, para o ódio de Dumbledore, foi o que disseram. Mas o jogo foi crítico, teve diversos acidentes devido à chuva. Agradeci aos céus por não ter que jogar na chuva.
O inverno se foi. Grifinória ganhou o jogo contra Corvinal, Sonserina também ganhou o jogo contra Lufa-Lufa, então chegaríamos na final jogando novamente com a Grifinoria. Eu fui escalada para o último jogo, para meu desespero, logo após ser liberada da detenção. Snape confirmou para mim na última aula de poções.
- Ansiosa? - Perguntou Soph na sexta à noite, um dia antes do jogo.
- É... meu segundo jogo é uma final. Draco também vai jogar.
- Nojo. - Disse Soph cerrando os lábios - Você já sabe o dia que vão sacrificar Bicuço?
- Vai ser na semana das provas finais.
A amiga ficou em silêncio. Ela amava as aulas de Trato com Criaturas Mágicas, ela realmente se preocupava com os bichinhos.
Ao voltar para a Sala Comunal após o jantar, a amiga deu uma leve sumida que eu deduzi ou ser banheiro ou ser Neville.
Eu tive que entrar na Sala Comunal Comum pois sabia que o time estaria lá para uma última reunião.
Cássio estava de pé, parecia explicar estratégia com os outros artilheiros. Quando me viu, me convidou gentilmente a sentar. Medellin cruzou os braços ao me ver. Flint colocou a mão na testa e coçou, parecia preocupado, Milo e Graham não pareciam nem um pouco interessados na apresentação de Cássio. Todos estavam nos sofás mais desejados e eu não tinha onde me sentar, então fiquei no chão mesmo para ouvir o restante das estratégias do Cássio.
- Espero que eu tenha sido claro nessa jogada ensaiada. - Continuou ele.
- Ela não foi útil no primeiro, nem no segundo, nem no terceiro jogo. Ainda não entendi porque foi escalada. - Disse Med ,com desprezo se referindo a mim . Eu a encarei e esperei alguém dizer algo mas todos ignoraram ela.
- A questão principal é o Potter, fique atento Malfoy, porque temos vantagem de pontos, se você pegar o quanto antes o pomo, nós ganhamos. E se ele pegar cedo demais, ganhamos também.
- Difícil. - Disse o goleiro Milo. - Eles têm estratégias também.
Nesse instante Zyan apareceu.
- Olá, incríveis jogadores! Farão um excelente jogo amanhã, vejo a determinação de todos!
- Se ela não estragar... - Começou Med a dizer mas foi rapidamente interrompida por Lammont.
- Cale a boca! - Disse ele com tanta força que fez alguns se mexerem com o susto, e se endireitar no sofá.
Milo se levantou preocupado e me tirou do chão para eu ficar no conforto ao lado de Medellin que murchou ao ouvir a bronca de Zyan.
- Como eu dizia. - Continuou Zyan tranquilamente. - Eu acredito na força da estratégia e da inteligência emocional desse grupo. Não deixem a desunião atrapalhar o rendimento da equipe. - E olhou com arrogância para Medellin.
- Você seria um capitão melhor. - Disse Granham.
- Não subestime o Flint ! - Disse Lammont com emoção exagerada. - Ele têm o mesmo potencial que todos aqui.
Com certeza não tem, Cássio está dando um show.
Pude notar que muitos alunos estavam correndo do Zyan, pois logo que o viam mudavam seu rumo para os dormitórios. Não vi Sophia passar, então deduzi que ela entrou com alguma menina pela outra Sala Comunal.
A reunião terminou e eu achei emocionalmente cansativa. O jeito era relaxar no quarto. Zyan não parou de elogiar a todos, exceto Medellín. Ele ficava me exaltando por ser determinada, e dizendo que graças a mim, Med estava jogando. Era exaustivo mesmo. Quando consegui escapar dele, cheguei no quarto e Sophia foi direto me contar as novidades.
- Soube que a Granger deu um tapão na cara do Malfoy! - Disse ela rindo na cama, de pijama.- Meu sonho! E ela foi esculachada pela Sibila também, acredita? Que dia pra ela, hein.
- Sibila esculacha quase todos. - Respondi me arrumando para dormir.
- É. E Potter ganhou uma Firebolt.
- O que!? - Pulei de susto me vestindo.
- Pois é. Ninguém sabe de quem, foi até vistoriada por McGonagall.
- Perdemos.
- Ah, não deduza antes do tempo.
- Desvantagem total, Sophia. - Disse desanimada ao me deitar. - É uma vassoura profissional!
- Igual a sua, Jenna. - Resmungou Sophia cruzando os braços.
- Como é que é? - Perguntou Medellín que estava se arrumando também para deitar.
- Hunf. - Deu um muxoxo Sophia.
- Pois é, Potter tem uma Firebolt agora. - Respondi.
- Você tem certeza? Quem contou? - Perguntou Med parando de se vestir.
Sophia nada disse, pegou o livreto que ganhou na loja de roupas e começou a lê-lo.
- Eu não sei. - Respondi.
Medellín saiu do quarto correndo, imaginei ter ido confirmar a fofoca com mais alguém.
- Eu quero aprender a trocar de roupa. - Pedi a Sophia. - E você ainda não me ensinou o feitiço de amplificar espaço também.
- Ah, depois, temos tempo.
Aquela noite, talvez pela ansiedade do jogo, eu não dormi bem. Tive um sonho muito estranho. Dois cachorros brigando, gritos, e novamente a cena do Snape parecendo proteger Potter, Granger e Weasley. Também vi novamente o hipogrifo voando sobre o Castelo de noite, a cena era até bonita mas mudou rapidamente e vi Snape com a cabeça ferida, caído no chão.
- Não! - Acordei de susto suado de nervoso.
- Ah, pelo amor de Deus, cala a boca. - Uma voz no canto disse, parecia ser da Jackeline.
Eu me deitei novamente e demorei muito tempo para dormir, fiquei devaneando sobre o sonho mesmo com medo. Talvez Snape esteja correndo algum perigo, talvez o trio favorito do Diretor também. Talvez fosse no futuro... eu não sabia, mas decidi que eu deveria falar com o Snape depois do jogo.
Depois de horas pensando eu adormeci, um pouco antes de amanhecer.
Plaff! E com um susto eu acordei. Eu recebi um tapa nos meus pés.
- Acorde logo, não queremos atraso! - Disse uma voz com raiva. Era Medellín já vestida para o jogo, saindo do quarto.
Sophia chegou logo depois.
- Eu fui ao banheiro, o que aconteceu? Porque estava dormindo até agora? - Perguntou ela.
- Pesadelo. - Respondi me arrastando colocando o uniforme do time.
- Já vai colocar? Bom, está com pouco tempo para tomar café. São 9:15 já. O jogo começa no máximo às 10:15...
- Eu sei... Eu sei.. por favor. - Clamei por silêncio.
- O pesadelo foi tão ruim? - Perguntou ela se sentando em uma das camas vaga.
- Snape. - Foi o que consegui dizer.
- Vixi. Seu queridinho. Será que vai acontecer algo hoje?
- Não sei. Não quero pensar, não posso pensar...
Depois de me arrumar com muito esforço, fomos tomar café da manhã. Eu mal conseguia mastigar, tive que beber muito suco. De certo eu não dormi quase nada naquela noite.
- Olá, minha campeã! - Cumprimentou Zyan, se sentando na minha frente na mesa.
- Hoje não Zyan, agora não.
- O que houve!? - Perguntou ele fazendo cara de preocupação e olhando para Sophia.
- Noite mal dormida, mas ela está bem. - Respondeu Soph por mim.
- Que triste, eu sinto muito. Que tal uma poção revigorante? Eu tenho sempre comigo.
- Sério!? Isso pode ajudar! - Respondeu Sophia.
- Ah, eu não sabia... - Respondi após beber o segundo copo de suco.
- Sim, eu estou sempre preparado. - Disse ele pegando um frasco das vestes. - Principalmente hoje. Eu aprendi a fazer essa opção faz um tempo, mas precisei testar bastante em mim mesmo, para sua segurança também, Jenna.
- Humm, que interessante. - Mumurei um pouco desconfiada, mas decidi tomar a poção que tinha gosto de suco de morango aguado.
- Espera aí, isso pode? - Perguntou Sophia com olhos arregalados, pensativa.
- Ah, sim, pode, mas não em excesso.- Disse Lammont com entusiasmo. - Esse tipo de poção não altera as habilidades de um atleta, apenas lhe dá mais disposição contra desânimo ou possíveis resfriados.
Atleta? Zyan era engraçado.
De fato melhorei após tomar, mas não 100%. Sentia preocupação ainda e leves tonturas, mas estava mais acordada.
Zyan e Soph me acompanharam até o gramado atrás das arquibancadas onde nos encontrávamos para a concentração, no vestiário antes do jogo. O time já estava lá e Cássio estava explicando novamente sua estratégia.
Flint parecia que iria me dar uma bronca, mas ao ver Lammont, recuou. Zyan e Soph se despediram e em 10 minutos estávamos no campo.
Os dois times se encararam e Madame Hooch deu alguns comandos e orientações antes de apitar. O campo estava tomando por gritos, a sensação de leve tontura não havia passado. Os irmãos Weasley me cumprimentaram discretamente antes de levar voou. Med me encarou e sem poder ouvi-la direito, acredito que tenha dito" não estrague tudo!". Não sei como eu poderia, minha mente estava distante para me concentrar no jogo.
Após levantar voo avistei Snape que estava muito elegante com vestes verdes escuras, ele parecia bem, ria de um jeito meio snob.
A voz do Lino Jordan ecoava no campo e na minha cabeça, parecia que era melhor acompanhar o jogo assim, porque visualmente eu estava comprometida pela tontura.
Medellin jogou o balaço para dentro do campo a fim de acertar alguém, um grande erro. Jorge estava vacinado contra as estratégias dela e acabou por mandar o balaço em Cássio que estava com a goles.
- Você está bem? - Perguntei para o Cassio ao ver que ele estava com uma das mãos no ombro.
- Tudo bem, tudo bem.- Disse ele ofegante.
A goles caiu e Angelina pegou. Claramente uma jogada ensaiada. Eu senti raiva, mas não foi do Jorge.
Consegui avistar um balanço e pela primeira vez lancei sobre uma jogadora da Grifinória. Lino avisou que havia um balanço se aproximando dela e isso não só me deixou ainda mais furiosa, mas todos do time da Sonserina. Angelina marcou um gol, e Flint a empurrou com violência após ela comemorar.
Flint se desculpou, mas claramente foi proposital. Fred acabou por arremessar seu bastão na cabeça do capitão da Sonserina que acabou machucando o nariz, ele começou a sangrar. Aquele jogo estava ficando violento. Pênalti foi marcado para ambos os times.
Mas que merda!
Angelina marcou ponto, mas Flint não. Era uma péssima ideia mandar ele marcar estando sangrando, mas como capitão, a escolha era dele.
Lino não era parcial, estava sempre avisando aos alunos de sua casa lances para eles se protegerem. Às vezes um balanço vinha em minha direção e eu arremessava para fora com campo fazendo atravessar entre as arquibancadas, para o ódio de Med.
- Não seja estúpida! Ninguém se importa com a nossa segurança! - Gritou ela para mim, ao ver eu arremessar para fora pela segunda vez.
Ela estava certa.
Fred e Jorge pareciam mais intensos no jogo. Eles não jogavam em mim, mas estavam perseguindo Medellín e os outros jogadores da Sonserina com mais empenho.
Fiquei pelo menos um minuto parada no ar com a mente vazia, até ouvir Snape gritar " Jenna! Acorda!". De fato tomei um susto. Raramente Snape gritava daquele jeito e menos ainda, me chamava de "Jenna" em público. Respirei fundo e avistei Potter mais abaixo. Aproveitei para mandar um sinal para Med, e lá fomos. Conseguimos mandar 2 balaços nele, mas a Firebolt era extremamente rápida.
Era inútil.
Med com raiva bateu o bastão em Angelina, dizendo que fora sem querer, Jorge empurrou Med que quase caiu já vassoura. Jorge estava decidido a proteger Angelina. Mais dois pênaltis, que naquela altura eu já não estava preocupada. A poção do Zyan era fraca ou eu estava muito mal mesmo. Um enjoou começou a surgir, o que eu acho que era de nervoso.
Ouvi que Sonserina estava com 10 e Grifinória 50, não ajudou em nada. Medellin jogou um balanço em Wood, goleiro da Grifinória, e o feriu fortemente na barriga. E vamos de outro pênalti.
Eu já estava rodando o campo sem rumo. O enjoou e a tontura pioraram, e eu não conseguia prestar atenção em nada, apenas ouvi outro pênalti a favor da Grifinória por causa do Draco. Logo depois ouvi que Potter havia pego o Pomo, deve ter levado um tempo entre os fatos, mas eu estava muito mal para entender.
Pousei com as mãos no estômago.
Muitos gritos, e vi ao longe a explosão de alunos da Grifinória vibrando. Os alunos da Sonserina logo que desceram nada disseram e foram para o vestiário. Eu não pensei muito, eu apenas fui de encontro aos alunos da Grifinória com raiva, tontura e enjoo.
Os alunos estavam erguendo o Potter no ar quando passei por uma turma que ficou confusa ao me ver. Poucos metros a diante, vi Lino Jordan cumprimentando Fred e Jorge, com empolgação. Jorge ao me ver ficou muito sério e acho que ele disse " Tá tudo bem, Jenna!? " , com as mãos em posição de me parar mas Fred tomou a frente e foi simpático, impedindo o irmão de se aproximar de mim, mas ele ainda insistiu em chamar minha atenção dizendo: " Adorei as tranças, combinou bastante com o uniforme.." mas antes que eu pudesse olhar para ele: eu vomitei.
Soltei um longo e desagradável vômito em Lino Jordan, atingindo sua cara e peito.
Os alunos da Grifinória ficaram em silêncio, uns riram e outros poucos soltaram um "Woow ". Não olhei para cara de Jorge nem Fred. Limpei minha boca na capa e me senti mais aliviada. Consegui achar a saída e Zyan e Snape estavam vindo, apenas me lembro de ver o rosto pálido do professor antes de desmaiar.
Quando abri os olhos estava olhando para o teto da enfermaria, não havia ninguém ao meu lado.
- Olá. - Disse na esperança de ver Madame Pomfrey, ou Sofyy ou algum professor, mas por uns minutos não apareceu ninguém, até que a cortina que estava me escondendo se abrir por Snape.
- Hum. - Bufou ele com desdém. - Passei meia hora discutindo com o Sr. Lammont. Afinal, ele queria ficar aqui, disse que era culpa dele sua indisposição, mas ele não me disse o motivo, espero que você me conte.
- Ah. - Eu esperava que Zyan dissesse, mas, com certeza eu não iria dizer nada sobre a poção. - Eu dormi muito mal e tomei muito suco, foi ele que sugeriu.
- Sei. - Murmurou o professor desconfiado.
- E eu não me senti bem logo quando acordei, espero não ter prejudicado o Time.
- Não mais do que o normal jogando contra a Grifinória. - Reoaindeu ele olhando para o chão com raiva.
- Ah, você acordou. - E antes mesmo de eu vê-la, Madame Pomfrey apareceu na Ala Hospitalar com uma garrafa e um copo. - Essa poção é para diminuir o seu enjoo e tontura. Essas crises no final do ano letivo são normais, as provas e jogos sempre deixam os alunos nervosos. Não se preocupa, Srta. Gibbon, ficará bem em uma hora no máximo, após beber você está dispensada.
- Muito obrigada, senhora. - Bebi a poção que estava bem gelada e com sabor de limão.
Snape me observava em silêncio, parecia desconfiado com uma das mãos no queixo, me encarava estranho. Após a enfermeira pegar o copo, o professor fez um aceno com a cabeça para ela sair. Ela sacudiu a cabeça em negativa saiu bufando.
- O que mais vem acontecendo? - Disse o professor pensativo.
- Nada. - Respondi sem sinceridade e sem a menor vontade de discutir sobre tudo. Eu só queria ir para o quarto e chorar de raiva.
- Não vou insistir, volte para o seu dormitório. - Disse o professor dirigindo a saída, mas parou repentinamente e voltou para concluir. - o Sr. Jordan mereceu. - E saiu sorrindo com arrogância.
Pelos corredores, eu decidi ignorar todas as piadas de vômito. Torci para ver uma menina da Sonserina e entrar da Sala Comunal Feminina, mas não vi ninguém da casa, nem mesmo Zyan.
Ao entrar pela Sala Comunal Comum poucos alunos estavam lá, imagino que o horário de almoço estava começando mas não achei que seria fácil os alunos irem.
Apenas Cassio, Milo, Blásio e alguns alunos estavam nos sofás, tomando alguma coisa.
- Olá Jenna, está melhor? - Perguntou Cassio ao me ver.
- Eu perdi o vômito. Alguém deveria ter tirado uma foto! - Disse Milo rindo tomando um grande gole de alguma bebida, uma caneca.
- O que estão bebendo? - Perguntei curiosa.
- Cerveja Amanteigada. - Respondeu Blásio, ele sorria frouxo pra mim.
- Lammont foi buscar mais, e não me pergunte como ele faz isso. - Disse o Cássio com um olhar malicioso.
- Como assim, vão beber aqui? - Perguntei cruzando meus braços, me aproximando de uma poltrona. - São alcoolizadas.
- Zyan e Rachid, Jenna, você os conhecem, eles podem tudo . - Disse Milo suspirando.
- Quer um pouco? - Disse Blásio, me oferendo com um sorriso malicioso.
- Não seja idiota.- Respondeu Cássio com elegância. - Ela não está bem.
- Realmente. - Respondi. - Eu tomei uma poção na enfermaria, não acho que devo tomar nada até estar melhor.
- Jeeennaaa! - E um grito ecoou na vazia Sala Comunal me fazendo tomar um susto. Era Zyan com um galão de cerveja amanteigada e Rachid sem nada nas mãos, desanimado. - Meu bem, fiquei tanto tempo te esperando que decidi começar uma festinha.
Eu deveria ter ido para o quarto.
Os outros alunos vibraram com a chegada. Zyan parecia levemente embriagado, após largar o galão no chão, se aproximou de mim, me pegando pela cintura e me dando beijo na bochecha, me dizendo: " Só no rosto, né?". Todos os outros meninos riram muito depois desse comentário , inclusive ele, de um jeito estérico.
- Preciso me deitar. - Falei me afastando dele, mas Zyan me segurou pelos braços.
- Não... não vai ,não. - Disse ele com olhar de pedinte.
- Me sinto um pouco mal ainda. - Tentei insistir. Ele me soltou e passou a mão no meu ombro apenas concordando com a cabeça.
- Cerveja Amanteigada! - Gritou os alunos e outros tantos começaram a aparecer na sala me cumprimentando e dizendo que foi genial o vômito. Aproveitei a aglomeração para sair rapidamente.
Chegando no dormitório não tinha ninguém. Deduzi que todas estavam na Sala Comunal Feminina. Dei graça a Deus e me deitei. Passei um bom tempo pensando nas falhas do jogo e no vexame, e consegui adormecer.
Não sei quanto tempo dormi, mas quando acordei Sophia estava resmungando ao meu lado lendo o livreto e ensaiando magias para ajustes em roupas.
- Desculpa, eu te acordei? - Indagou a amiga ao me ver de olhos abertos.
- Não, acho que não. - Disse eu desanimada.
Olhei pela janela e já parecia anoitecer. Vi Fobos pousado em um canto da porta , aparentemente comendo um inseto.
- Daqui a pouco vão servir o jantar, você não almoçou, nem tomou café da tarde, deveria ir jantar. Mas antes. - Disse a amiga séria se sentando de frente para mim. - Acho que seria melhor irmos rapidamente e voltar mais rápido ainda. Os alunos estão se juntando para fazer algo contra a Grifinória depois do jantar, eu não quis me envolver e acho que muito menos você deveria.
Eu me sentei na cama séria e pensativa.
- Deveria pelo menos ir saber do que se trata. - Falei preocupada.
- Se Dumbledore me pegar saberá que sei, o segredo para eu não ser afetada é não saber.
- Sophia, acho que podemos nos prejudicar de qualquer jeito, sabendo ou não.- Retruquei a encarando com preocupação. - Enfim, vou me arrumar para jantar.
Eu ainda estava com o uniforme do time, me troquei, coloquei uma saia, blusa e um capa para irmos ao Salão Principal. Todas as mesas pareciam bem, mas a mesa de Sonserina estava cochichando e rindo baixo, parecia mesmo que algo estava sendo tramado. Os garotos mais velhos riam de deixar os alunos da Grifinória ao lado preocupados. Vendo os irmãos Lammont ao fundo era visível que estavam bêbados.
- Que inferno vai acontecer? - Perguntei para Cássio que estava sentado ao meu lado.
- Não se preocupe. - Disse ele se fartando de uma grande coxa de frango. - Faremos a mais incrível homenagem... ou vingança - E tossiu um pouco. - Para você e para nós, é claro.
- Como assim, para mim? - Perguntei com real preocupação.
Depois de olhar para ele, percebi que muitos alunos estavam comendo como se nunca tivesse comido algo tão bom. Cassio apenas sorriu e continuou a comer.
- Melhor a gente terminar logo e sairmos o quanto antes. - Disse Sophia comendo rapidamente suas cenouras cozidas .
Após Dumbledore dar boa noite e parabenizar os alunos da Grifinória pela quarta vez, houve um silêncio na mesa da Sonserina e um grito grave agudo indistinguível ecoou. Em segundos quase todos alunos da Sonserina, exceto alguns do primeiro e segundo ano, levantaram e pegaram um frasco em seus bolsos e beberam. Como num tipo de comando todos se enfileiram em torno da mesa da Grifinória. Dumbledore se levantou novamente devagar, com olhar tenso e varinha na mão.
Segundos depois todos os alunos de pé da Sonserina, vomitaram em cima dos alunos da Grifinória.
- Aaaah! - Sophia deixou soltar o grito e logo colocou a mão na boca aterrorizada, ela pode até ter ficado chocada mas ela tinha um sorriso nos olhos sim!
Me levantei lentamente para ver a cena. Eu comecei a rir. Os alunos da Corvinal ao lado da mesa da Grifinória foram atingidos também e uma explosão de gritos tomou conta do Grande Salão. Alunos menores saíram correndo e outros tanto grifinórios se levantaram aos tropeços empurrando os alunos da Sonserina que ainda vomitavam.
Eu olhei para mesa dos professores que estavam correndo por vários lados sem saber o que fazer. O diretor colocou a varinha no pescoço e vociferou inutilmente: " Todos se acalmem!". Vi Snape sorrindo num canto e tentando esconder o rosto dos gritos de Minerva.
O riso de Snape me fez lembrar de tudo que havia acontecido na noite da detenção com o Bicho Papão, um desbloqueio aconteceu na minha mente. Ele vi ele rindo também naquela noite. Uma alegria fora de mim me tomou, e mesmo com Sophia me agarrando pelo braço me puxando para fora pelo canto do Salão, eu tive um impulso.
Com uma força tão intensa, como dos meus surtos, olhei para as velas do Salão que iluminava e consegui criar um vento que as apagou. Os gritos pioraram e muitos alunos pareciam cair.
- Jenna! Não! - Gritou Sophia entre os dentes me puxando pela capa.
Mas antes de ser arrastada para as portas do Grande Salão eu consegui conjurar um feitiço muito antigo de Explosão de fogos em formato de cobra, que eu havia aprendido no livro de Magias em Desuso. Era um feitiço um pouco difícil, mas eu havia treinado por diversão sem muito sucesso em momentos de tédio. Obviamente a ira fez Dumbledore conjurando um contra feitiço e reacendendo novamente as velas do Salão antes do meu último passo pra fora. Foi o caos mais absurdo e divertido que aconteceu.
Pelos corredores, Sophia abria caminho com a varinha acesa mas ali já havia luz. Conseguimos correr tão depressa para as masmorras que quando Sophia passou pela entrada de pedra da Sala Comunal Feminina caiu no chão de cansaço.
- O que você tem na cabeça!? - Ela exclamou do chão. - O que...foi... aquilo? - Disse extremamente ofegante.
Eu me sentei no chão cansada e ri bastante sem acreditar na confusão.
- Eu não faço ideia! Foi no impulso... Foi muito legal!
- NÃO!? Isso foi o pior motim de uma Casa! Podemos ser todos expulsos.
- É verdade. - Concordei com indiferença. - Mas o vômito deve ter sido ideia dos Lammont, eles não têm nada a perder.
- Que vergonha. - Disse Sophia parecendo querer chorar com as bochechas bem vermelhas.
- Admita, foi incrível.
Levou um tempo para as meninas começarem aparecer na sala. Elas haviam entrado no banheiro para se limpar e descer às pressas para as masmorras. Eu e Soph estávamos sentada no chão vendo o tumulto delas entrando rindo.
- Ah, vamos comemorar com os garotos! - Disse uma aluna que eu não conseguia ver o rosto.
- Hey, vocês duas, vamos lá, não sejam dramáticas. - Disse Patrícia sorrindo.
Decidimos acompanhá-las, porque sabíamos que o Diretor ou Snape iria parecer a qualquer momento, e já não tínhamos esperança de que algo não nos atingisse.
A Sala Comunal Comum estava explodindo em risadas, todos limpos, e muito bem alinhados novamente. O plano saiu mais do que perfeito e alguém, não se sabia quem, teve a genial ideia de apagar as luzes e soltar uma grande cobra voadora luminosa.
Não demorou muito para Snape aparecer, ele estava com as bochechas levemente vermelhas e aparentemente descabelado.
- 10 feridos levemente. - Começou ele calmamente sério, com todos em silêncio. - 2 feridos graves. Mais de 50 alunos vomitando de nojo da situação. Muito para limpar e vocês aqui comemorando? - Fez uma pausa dramática. - Dumbledore não quer ver a cara de vocês. Ele está muito nervoso. E o que foi aquela Cobra? Quem conseguiu fazer aquilo? - Outro grande silêncio. - Ficou decidido que Sonserina perderá todos os pontos que ganhou no ano letivo e não participará esse ano da Taça das casas.
E saiu.
Parecia satisfeito com a decisão e tranquilo. Mas aquilo não me convenceu.
Zyan se aproximou de mim após rir bastante com o irmão e os amigos do quarto ano, Sophia estava mais pálida que o comum conversando com Patrícia e umas garotas do sexto ano.
- Eu acho que você gostou. - Disse ele com sorriso frouxo e voz murmurada se aproximando ainda mais de mim.
- Você está muito alterado. - Falei irritada.
- Eu estava pior. - Disse ele tomando um gole do que parecia água. - Acho que sou péssimo em poções. Eu não vou conseguir nunca me perdoar por isso, eu poderia ter causado algo pior em você - Disse abaixando os olhos tristes.
- Não se preocupe, eu não estava bem. A poção só não fez efeito.
- É muito estranho mesmo, sempre funciona em mim.
Zyan se aproximou mais de mim, e por um instante achei que ele fosse me beijar novamente, só que dessa vez na boca.
- Eu vou te proteger sempre. Jamais farei algo que não queira. - Murmurou olhando nos meus olhos.
Acho que meu rosto esquentou, eu me afastei e fiquei sem graça. Aquilo não fazia tanto sentido já que ele não havia perguntado a minha opinião sobre o motim, eu jamais apoiaria aquilo.
- Preciso dormir. - Foi o que consegui dizer sem olhar nos olhos dele.
Voltei para o dormitório com dor de cabeça, havia comido pouco e mesmo com os lamentos de Sophia, adormeci novamente sem nem me trocar. Em um sonho rápido vi novamente Snape, dessa vez sendo atacado por algum feitiço e caindo no canto escuro de uma sala. Acordei assustada e decidida a falar com ele.
Quando levantei algumas meninas estavam se arrumando para irem dormir. Sophia já estava dormindo. Saí e passei pela Sala Comunal discretamente, estava quase vazia, o que era raro naquele horário.
Os corredores estavam escuros como sempre, mas um medo incomum me abateu, me lembrei que era noite de lua cheia.
Ao chegar no quarto de Snape, ele abriu a porta como se esperasse alguém, mas ele apenas iria sair. Estava com um frasco na mão que parecia uma poção, ele guardou logo quando me viu.
- O que você quer?! - Indagou ele friamente e com raiva.
- Eu estou tendo sonhos constantes com você! Eu acho que você está em perigo ou ficará...
Snape soltou um som de desdém, pensou por alguns segundos e perguntou:
- Como foi o sonho?
- Você estava num lugar estranho, parecia uma casa velha e foi atacado. Eu vi cães brigando também, tinha um hipogrifo...
- Já chega, Jenna! Não me perturbe com bobagens essa hora, veja o inferno que vocês causaram hoje! Eu tinha grandes expectativas para vocês esse ano. - Disse ele começando a demonstrar frustração e cansaço. Eu comecei a me sentir mal. - Se não tiver nada a declarar sobre a aberração de hoje...
- Você sorriu...
Snape ficou sério mas não com raiva. Continuei.
- Eu fiquei feliz e me lembrei de um outro momento que o Sr. sorriu...
Snape levantou as sobrancelhas, olhou para o canto, e voltou o olhar desconfiado.
- Irrelevante... - Disse sombriamente. - Preciso ir.
- Não vá. Ele pode te fazer mal...
Snape não quis ouvir e fechou a porta do seu quarto e lançou algum encantamento silencioso nela para tranca-la. Ele deu as costas para mim e continuou andando.
- Eles vão estar lá. - Falei na esperança de despertar seu interesse. - Os 3 preferidos de Dumbledore. Potter vai estar lá...
Snape parou e se virou preocupado.
- O que mais?
- Eu não sei, mas você irá protegê-los. Por favor. - Supliquei me aproximando e olhando para os seus imensos olhos negros banhados por uma pequena chama se vela acessa ao longe no corredor. - Tome cuidado. Eu vi você desmaiado, e não o vi acordar.
Snape suspirou fundo e deu um passo para trás e engoliu seco.
- Eu sei me cuidar. Eu não preciso das suas visões nem do seu interesse. Eu sou diretor da Sonserina, a maior casa de Hogwarts, eu não preciso de sua ajuda medíocre. Você não passa de uma criança carente. E tudo que atravessar o meu caminho nessa escola eu irei colocar toda minha força para defender, não por Dumbledore, não pelos alunos, e sim por esse Castelo, por essa Casa. Desapareça da minha frente. Vai dormir ou eu farei isso à força.
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