
Encontro
Rohan me encarava com cara de poucos amigos.
- eu... Quero que você me ajude com algo - vou até ele - posso entrar?
- da última vez que eu te deixei entrar na minha casa você tacou fogo nela - ele ficava na frente da porta.
- por favor Rohan! Isso é muito importante, eu não tenho mais ninguém a quem recorrer!
- pra você vir pedir ajuda pra MIM, fico imaginando o quão desesperado você está - Rohan cruza os braços - vai, começa a falar.
- eu... Quero pedir Okuyasu em casamento, mas não faço idéia de como fazer isso... - digo um pouco envergonhado.
- e o que te faz pensar que eu saberia como pedir o seu namoradinho em casamento? - Rohan o fitava com um olhar irônico.
- na verdade... Eu soube que você tem uma certa experiência com relacionamentos, e também pelo fato de você ser mais velho que eu - digo fazendo Rohan mudar sua expressão comigo.
Rohan dá um grande suspiro e em seguida passa sua mão na nuca.
- tudo bem... Eu te ajudo - o mangaká sai da frente da porta, me deixando entrar.
- muito obrigado Rohan! - entro animado.
Fomos para sua sala, então eu me sento em seu sofá e começamos a conversar.
Passamos o dia todo conversando, até que Rohan me aconselhou a chamá-lo para um piquenique já que é algo simples e Okuyasu não gosta muito de coisas exageradas.
Quando voltei para casa depois de um dia cheio, vejo Okuyasu fazendo o jantar tranquilamente e não demorou muito para que ele viesse me cumprimentar.
- Josuke! Finalmente chegou hein, estava te esperando pro jantar - ele me cumprimentava bastante alegre, enquanto usava um avental novo
- eu demorei um pouco mais hoje, desculpa - abro um pouco minha farda já que eu estava bastante suado de tanto pedalar na velha bicicleta do meu avô - como foi no restaurante hoje?
Pergunto me sentando no sofá da sala e pegando uma revista que estava largada ali para me abanar.
- normal... Nada de diferente, eu e Tonio atendemos os mesmos clientes como sempre - Okuyasu removia seu avental, indo até mim e se sentando ao meu lado - e você? Prendeu algum serial killer obcecado por mãos hoje? - Okuyasu brinca, começando a passar a mão pelo meu cabelo.
- hm... Dessa vez não - sorrio com seu gesto, o olhando fixamente e dando-lhe um beijo na testa logo em seguida.
- outra patrulha sem graça? Que pena - o moreno faz biquinho, começando a se apoiar em meu ombro.
- pelo menos isso mostra que a cidade está segura - me afasto dele - agora é melhor eu ir tomar um banho, tô todo suado e fedido, não quero que você fique assim também.
- seu idiota, eu tô mais suado que você, vem aqui! - ele me puxa com força, começando a bagunçar meu cabelo.
- Oku! Droga! - tento escapar dele, mas todos os meus esforços são em vão quando ele me prende com suas pernas.
- hehehe! - ele se divertia me vendo tentar escapar.
- argh cara!! É sério! Você tá bagunçando o meu cabelo!! - consigo me soltar o empurrando.
- cara, eu tô só brincando, relaxa - Okuyasu ri enquanto eu arrumo meu penteado.
- seu idiota... - dou as costas para ele com uma expressão emburrada.
- tá bom, tá bom, desculpa... - Okuyasu me abraça por trás - olha, vamos tomar um banho e assistir um filme, o que acha? Amanhã é meu dia de folga, vamos aproveitar.
- sabe Okuyasu... Eu estive pensando, nós poderíamos fazer algo no nosso dia de folga que não seja apenas ficar em casa no tédio?
- "no tédio"? Mas eu fiz boli- o interrompo.
- que tal um piquenique?
- hã... Tudo bem, acho que um piquenique seria legal - ele põe a mão na nuca, desviando seu olhar de mim.
- legal! Amanhã à tarde, o que acha?
- é... - Okuyasu vai para a cozinha.
- hã? Eu disse algo errado? - pergunto confuso.
- não! Não é isso! Eu só... Tô muito animado pro nosso piquenique! - Okuyasu levantava rapidamente - então... Eu vou tomar banho! Mais tarde a gente se fala!
Okuyasu corre para o banheiro, me deixando no sofá confuso.
- hã...? Ok né... - vou para o nosso quarto pegar algumas roupas, e em seguida, verifico minha gaveta, tirando alguns pertences da mesma.
E cá estava o objeto mais importante da minha vida, o anel de noivado que seria dado à Okuyasu, eu o seguro com bastante cuidado, começando a olhá-lo e imaginar como Okuyasu ficaria nele.
Depois de um tempo o observando, eu saio de meus pensamentos e o guardo de volta na gaveta, pegando uma toalha e indo esperar Okuyasu sair do banheiro.
Fico sentado no sofá pensando sobre algumas coisas.
Rohan havia me alertado para que eu não pensasse demais para que eu não fique muito nervoso, mas...
E se Okuyasu não aceitar? E se ele achar que eu estou apressando as coisas?
De repente, me pego pensando na mesma dúvida de antigamente...
Naquela época éramos muito novos e eu tinha essa mesma indecisão sobre confessar meus sentimentos... Mas no final, deu tudo certo e dessa vez pode não ser diferente.
Eu não sou mais um adolescente, tenho que lidar com isso como um adulto, eu pedirei a mão de Okuyasu e o que for que ser, vai ser.
Aperto meu punho cheio de confiança, então de forma inesperada, sinto uma mão tocar meu ombro.
Me assusto com o gesto, me virando para ver quem era.
- aí cara, você tá bem? - Okuyasu perguntava estranhando minha reação.
- ah, desculpa, eu só tô pensando demais no trabalho... - respiro fundo, virando meu rosto.
- você sabe que pode me contar qualquer coisa né? - Okuyasu se aproximava de mim no sofá - tem algo te incomodando?
Droga... Para de me olhar assim...
Ele me olha com sua típica expressão atenciosa, eu odeio quando ele me olha assim porque me sinto culpado por esconder algo dele.
- tá tudo bem... Eu só tô um pouco cansado do trabalho... - minto enquanto ele se aproxima de mim.
- quer que eu peça uma pizza hoje? Talvez isso te anime - Okuyasu me abraça, ficando próximo a mim mesmo de toalha.
- não, não precisa, eu só preciso relaxar um pouco - me levanto - um banho quente vai ajudar.
- você que sabe, se precisar de algo pode me chamar - Okuyasu levanta, indo para nosso quarto.
Dou um profundo suspiro, indo me lavar no chuveiro.
Aquele dia terminou como qualquer outro, depois do banho eu e Okuyasu jantamos e ficamos no sofá abraçados assistindo filmes até que adormecemos.
No dia seguinte, eu acordo com Okuyasu me sacudindo, então por impulso eu abro meus olhos assustado.
- JOSUKE!! ACORDA!! - Okuyasu gritava me balançando no sofá.
- hã?! Oi?!! - levanto atordoado.
- nós vamos perder o horário!! - Okuyasu exclama - está quase na hora de fazermos o piquenique!! - ele se aproxima com bastante empolgação.
Olho Okuyasu com uma expressão mortificada, pois odeio quando ele me acorda assim, mesmo tendo convivido com isso durante todos esses anos eu ainda não me acostumei e acho que nunca irei.
- ei! Não fica parado aí droga! Tá ficando tarde já! - o moreno mais uma vez me sacode, com mais ansiedade dessa vez.
- Okuyasu!! São 6 horas da manhã seu idiota! - reclamo voltando a me deitar no sofá de forma preguiçosa.
- deus acorda quem cedo madruga - Okuyasu persiste, me balançando mesmo enquanto eu estava deitado - e eu quero que você veja uma coisa.
- essa frase tá errada e esquece, depois eu vejo... Me deixa dormir... - peço afundando meu rosto na almofada.
- mas é urgente! É sério! Levanta!
- só fala logo - levanto minha cabeça com a cara mais rabugenta do mundo.
- eeh... a pasta de dente acabou - Okuyasu diz rindo meio sem graça.
- SÉRIO QUE VOCÊ ME ACORDOU PRA ISSO?!! - grito incrédulo.
- eu tinha que chamar a sua atenção de alguma forma né - Okuyasu faz um biquinho pra mim,me abraçando no sofá.
- mas precisava ser desse jeito? Eu estava tendo um sonho tão bom... - deito minha cabeça em seu ombro.
- credo cara, tô vendo que eu sou o único empolgado aqui, e olha que foi você que me chamou pra esse piquenique - o vejo cruzar os braços, irritado.
- Okuyasu... É que geralmente pessoas normais não acordam os outros 6 horas da manhã sendo que o piquenique vai ser só à tarde - digo sonolento.
Não me entenda errado, eu não estou fazendo descaso do piquenique nem nada do tipo, na verdade, acho que estou mais empolgado que Okuyasu pra isso, porém eu não posso deixar isso transparecer pois ele pode desconfiar.
Se bem que não é muito difícil de enganar Okuyasu, o problema é não se sentir mal fazendo isso.
- mas e se agente ir mais cedo?! Qual é o problema?! Pra mim você só tá inventando desculpa pra dormir mais! - Okuyasu me puxa pra fora do sofá, me forçando a levantar - bora!
- eu mereço viu... - acabo tendo que levantar e me arrumar mesmo morrendo de sono.
Depois que troquei de roupa, eu fui até a gaveta onde a aliança estava guardada, a olhando por alguns segundos.
- ok... Vamos lá - dou um longo e profundo suspiro a fim de retirar toda a tensão de meus ombros, pegando o anel de noivado logo em seguida e o guardando no bolso de minha camisa.
- Josuke!! Vamoooos!! - Okuyasu gritava já pronto e indo até a porta cheio de animação.
- eu já vou Oku! Meu Deus quanta pressa!! - corro até ele.
Okuyasu carregava algumas cestas com comida, me dando algumas para que eu carregue.
E assim fomos para o parque, o qual estava com o sol fraco da manhã, fazendo com que o clima fosse fresco e agradável.
- ei Oku, vamos ficar em uma das mesas grandes do parque? - pergunto, fazendo ele olhar para mim.
- eu tenho uma ideia melhor - Okuyasu sai correndo de forma inesperada, então eu resolvo seguí-lo por curiosidade.
Depois de andarmos um pouco, Okuyasu para em frente à um grande lago.
- aqui! - ele coloca a toalha xadrez sobre a grama, começando a abrir as cestas.
- wow... Não sabia dessa vista pro lago - digo admirado, me sentando ao lado de Okuyasu - como você soube daqui?
- Keicho me trouxe aqui, mas só foi uma vez, e como você falou de piquenique no parque eu achei que esse seria o lugar perfeito - Okuyasu começa a abrir a cesta - eu amo ir ao parque nesse horário, então pensei que o clima também ficaria bem no lago - Okuyasu dizia fechando os olhos, sentindo o vento bater em seu rosto levemente.
- desculpe Okuyasu, eu não queria te fazer lembrar disso...
- tá tudo bem, na verdade eu estou feliz em saber que eu ainda tenho boas lembranças com meu irmão - ele me lança um sorriso doce, como se quisesse me tranquilizar com algo além das palavras.
- Okuyasu... - ele deita a cabeça em meu ombro.
Ele passa a admirar a paisagem do lago, então resolvo me juntar ao mesmo, começando a acariciar seus cabelos enquanto isso.
Não demorou muito para começarmos a comer, percebendo que alguns animais se aproximavam de nós dois.
Era um ganso fêmea que estava sendo acompanhada por uma fila de filhotes que sentiram o cheiro da comida.
Okuyasu decide tirar alguns sanduíches da cesta, rasgando o pão em alguns pedaços e os jogando em direção à ela, a qual dividia a comida com seus filhotes.
Enquanto Okuyasu interagia com os animais eu apenas observava quieto, admirando o quão belo aquele lago ficava com a presença dele.
Quando o pão acabou, Okuyasu fez alguns gestos com as mãos na esperança que eles o entendessem, o que parecia ser o caso, já que ela se afastou de nós.
Então o moreno se virou para mim com um sorriso singelo que eu tanto amava.
Não resisto a dá-lhe um beijo na testa, o que inicialmente o deixa um tanto surpreso, olhando para mim enquanto deito minha cabeça em seu ombro, aproveitando aquele plácido momento.
- Josuke... - começo a sentir suas mãos tocarem meus cabelos e em seguida, um cafuné se inicia, fazendo com que eu não resistisse as carícias e deitasse em seu colo sossegado, fechando meus olhos devagar prestes a dormir ali.
De repente, quebrando a tranquilidade, algo morde meu nariz com força, me dando um susto e me fazendo recuar bruscamente.
- mas... Quê?!! - me afasto rapidamente quando vejo uma tartaruga me olhar de forma ameaçadora.
•|Narrador on|•
Josuke sempre teve uma aversão exagerada à répteis, e encarar um despreparado daquele jeito era bastante perigoso para o mesmo, então ele se afastou do animal, deixando o moreno de frente para a tartaruga.
Okuyasu se espanta, mas passa a dar gargalhadas logo em seguida, rindo da cara de Josuke.
- meu deus Josuke! É sério que você tá com medo de uma tartaruga? - o moreno dizia entre as risadas, deixando o topetudo bastante irritado.
- mas ela me mordeu! E agora o meu nariz tá sangrando! - Josuke exclamava colocando a mão sobre o nariz.
A tartaruga lançava olhares assassinos contra Josuke, o qual se escondeu atrás de Okuyasu para evitar essa batalha de olhares, já que o mesmo sabia quem ganharia essa luta.
- ei Josuke, o que é isso na boca da tartaruga? - Okuyasu apontava curioso.
A tartaruga estava com o anel de noivado na boca, tentando pressioná-lo como se fosse comida.
Josuke se desespera na hora, pulando em Okuyasu e o fazendo cair sobre a grama para que ele não pudesse olhar melhor o anel.
- hã?! - Okuyasu questiona confuso, enquanto Josuke tentava inventar uma boa desculpa pra essa reação exagerada.
- desculpa Oku...!! É que... - ele tentava puxar alguma coisa, mas nada saia no momento.
A tartaruga aproveitou a distração de ambos para fugir, fazendo com que Josuke ficasse ainda mais desesperado.
A tartaruga mergulhou no lago, desaparecendo na água.
- não!!! Merda!! - ele exclamava tirando os sapatos e indo perseguir a tartaruga na água, enquanto Okuyasu permanecia estático, sem entender nada.
Quando Josuke voltou, o mesmo estava com suas roupas extremamente encharcadas e com seu cabelo desmanchado, segurando o anel cuidadosamente, vendo seu parceiro o olhar confuso mais uma vez.
O topetudo timidamente se aproxima, decidindo que pediria agora, já que a tartaruga estragou tudo.
- Oku... Eu planejei esse passeio aqui por uma razão especial - ele dizia olhando fixamente para seu amado - eu ia deixar pra te perguntar mais tarde... Mas agora não dá mais pra esperar, você já viu o anel... - Josuke corava bastante envergonhado.
Então, pela primeira vez, Josuke se sentiu parte de um filme clichê de romance, ficando na frente de seu cavalheiro e se ajoelhando na grama enquanto olhava seus olhos perplexos com o que iria acontecer, tomando coragem para fazer o tão esperado pedido.
- Okuyasu, quer casar comigo?
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