ㅤㅤOs olhos de Han acordaram inchados por conta do dia anterior. Quem diria que fazer alguma coisa pra pessoa que ama poderia terminar assim. Ao menos, ele sentia uma pontada de alegria por ele ter se preocupado no momento em que desabou no choro.

ㅤㅤAgora tudo que ele queria era um dia tranquilo sem muitas emoções. Não havia mais nada que pudesse fazer para ter Min-ho de volta. Ele voltaria, caso quisesse. Tinha acabado de lavar suas mãos.

ㅤㅤChegou na escola com aquele mesmo baixo astral que todos já conheciam. Queria só um dia de paz, será que era pedir muito? Esperava que não.

ㅤㅤMas parecia que sim. Yu-na o puxou pelo braço de repente, o levando até os armários. Ele se assustou um pouco, pensou que ela poderia estar com segundas opções, o que não o deixaria tão surpreso. Sempre sentiu que ela queria algo a mais daquele pequeno esquilo.

ㅤㅤ— O que foi isso? — perguntou com os olhos arregalados.

ㅤㅤ— Vai me dizer que não sabe? — Ela abriu um sorriso provocativo, até perceber que ele não estava brincando. — Jiji... — chamou por aquele apelido que só ela usava. Era enjoativo. Preferia mil vezes Jico, mas não dela. — O baile!

ㅤㅤNesse momento, o chão pareceu desabar debaixo de seus pés, como um terremoto invadindo sua vida. Não, não... O pior ainda estava por vir. Viu Min-ho entrando na sala de reunião e dando uma olhada disfarçada para os dois. Não tinha como piorar essa situação.

ㅤㅤIntercalou o olhar entre Yu-na e Min-ho, pensando em quem seguiria. Até perceber que era coisa demais para ele, não iria conseguir passar por mais aquilo.

ㅤㅤ— Hanji... Tá me ouvindo? — Balançou a mão na frente de seu rosto para garantir que ainda estava por ali.

ㅤㅤJi-sung não respondeu nada, parecia que mais uma crise estava se aproximando. A única reação que conseguiu ter foi correr o mais rápido que conseguisse para sair daquela escola antes que fosse tarde demais.

ㅤㅤNão queria encarar Yu-na, não queria encarar seus amigos, e muitos menos queria encarar Min-ho mais uma vez. Era como se tivessem ficado mais distantes depois da noite anterior.

ㅤㅤSem pensar duas vezes, correu em direção a saída. Sacou o celular do bolso e tentou teclar para a própria mãe, pronto para pedir autorização e ir embora. Mas alguém notou antes que partisse, se pondo a observar mais de perto o ex amigo. Enquanto o citado mexia no celular, encostado na parede, sentiu uma presença se aproximar do seu corpo e o prensar contra o que estava atrás de si. Se assustou, sobressaltado no próprio lugar.

ㅤㅤ— Porque está fugindo de mim? — Foi direto ao ponto, buscando seus olhos.

ㅤㅤ— Você não estava na quadra agora a pouco...? — Se questionava como tinha chegado tão rápido alí.

ㅤㅤ— Não foge da pergunta, Jico. — Segurou seu queixo, apertando as bochechas com um pouco de força.

ㅤㅤ— Ai, que saco. — Resmungou, olhando naquelas orbes de jabuticaba que tanto apreciava. — E-Eu...

ㅤㅤ— Sim?

ㅤㅤ— Tô com vergonha do que aconteceu ontem. — Soltou de uma vez, fechando os olhos com força, morrendo de medo da reação alheia.

ㅤㅤA tal reação demorou, mas veio:

ㅤㅤ— Ah, pelo amor de Deus, né? Fale a verdade, Ji-sung. — Incrédulo, quase metendo o dedo no olho alheio para que abrissem.

ㅤㅤ— Porque não acredita em mim? — Indagou genuíno.

ㅤㅤ— Cara, eu já te vi chorar inúmeras vezes. Inclusive, fui contigo no hospital na sua última crise, porque você está com vergonha agora? — Questionou, soltando ele para cruzar ambos os braços.

ㅤㅤ— Mas é diferente, seu idiota. — Olhou para baixo, soltando no automático. Min-ho se assustou com a palavra usada, nunca tinha acontecido dele o xingar assim, sempre era o contrário. — Você não gosta mais de mim, e deixou isso bem claro ontem. Inclusive, rejeitou tudo o que fiz ontem e tá a dias me tratando muito mal. Porra, Min-ho você acha que tá fácil para...

ㅤㅤLee fez questão de calar aquela boca bonita com um selar, fazendo Jico quase ter um infarto. Suas bochechas rosaram, os cabelos da nuca ficaram em pé e no impulso segurou a manga da camisa alheia em nervosismo.

ㅤㅤ— O-O que...

ㅤㅤ— Era pra você calar a boca um pouco, porra. — Se justificou. — Eu não fiquei puto porque odeio você, sabe disso, só que se faz de idiota aparentemente.

ㅤㅤ— Eu não estou me fazendo de idiota, eu só não te entendo. Uma hora tá me salvando dos problemas que me meto, e outra tá gritando comigo no meio da chuva.

ㅤㅤLee suspirou, massageando as próprias têmporas.

ㅤㅤ— Eu vou falar uma única vez, então me escuta com atenção. Você se meteu com gente esquisita que te dá conselhos estúpidos, e eu odeio isso. É só que... — Desviou o olhar, se afastando um pouco. — Esquece.

ㅤㅤDeu as costas, pronto para ir embora, mas Han não deixaria assim. Pegou em seu pulso e o virou.

ㅤㅤ— Fala, Min-ho.

ㅤㅤ— É que nada daquela porra era você, não pareceu sincero. Eu não quero um melhor amigo com planos mirabolantes, quero só você de volta. — Corou quando percebeu que disse de mais, se soltando e voltando a andar.

ㅤㅤA surpresa foi tanta que Hannie nem conseguiu reagir, se derretendo alí mesmo de tanta emoção. Era difícil conseguir arrancar coisas sentimentais do melhor amigo, e agora ele tinha falado. Teve a confirmação: também sentia falta de si.

ㅤㅤSeu coração se aqueceu como nunca, mas sabia que toda aquela história não pararia ali. Como Sandy e Junior diziam, "Para me conquistar, vai ter que rebolar, rebolar, e rebolar".