ㅤㅤChoi Yeon-jun sempre foi um garoto difícil de lidar. Aos dez anos, foi diagnosticado com autismo. Isso foi o pontapé inicial para ele entender o porque não se dava bem com seus outros colegas. Ele sempre achou que isso era por causa das coisas que pensava... As coisas assustadoras que vinham lhe assombrar toda vez em seus pensamentos intrusivos.

ㅤㅤYeon-jun pensava em matar pessoas. Mas ele não gostava da sensação de sentir seu próprio sangue. Ele preferia assistir.

ㅤㅤ— Yeon-jun, por que não está me ouvindo, droga?! — sua mãe parecia furiosa, e ele nem sabia o motivo.

ㅤㅤ— Ele não está ouvindo, Min-jae. Será que não acostumou que temos um filho quebrado? — seu pai respondeu.

ㅤㅤ— Eu... não sou quebrado... — respondeu, colocando seus fones de ouvido.

ㅤㅤ— E lá vai você de novo para essa droga. Tire essa porcaria! — Arrancou seus fones de seu pescoço e os lançou no chão do carro, os quebrando com a força que usou.

ㅤㅤYeon-jun os viu cair em pedaços bem na sua frente, sem que pudesse fazer nada. Isso prendeu sua atenção de tal forma que não viu mais nada.

ㅤㅤ— Min-jae, cuidado! — seu pai gritou.

ㅤㅤEssa foi a última coisa que atingiu seus ouvidos sensíveis, antes de ser lançado contudo e bater a cabeça em algo que não sabia naquele momento.

ㅤㅤQuando acordou, sua cabeça estava confusa, mas ele sabia o que tinha acontecido. Se arrastou para fora do veículo, sentindo uma dor forte na perna. Lágrimas escorreram pelo seu rosto, mas ele não fez nenhum barulho.

ㅤㅤOuviu a voz de seu pai, gritando bem perto dali. Se levantou, mesmo com dificuldade, e viu que ele ainda estava vivo, mas em condições terríveis. O que aconteceria se ele saísse dali? Yeon-jun ia ser para sempre sua aberração de estimação.

ㅤㅤ— Yeon-jun... Me ajuda...— pediu com a voz já fraca.

ㅤㅤChoi não moveu um músculo sequer, enquanto ele parecia implorar. A sensação de vê-lo morrer, era como se fortalecesse algo dentro dele. Era revigorante.

ㅤㅤ— Eu sabia... que você era uma praga... na nossa vida... — foram suas últimas palavras, antes de seu corpo ficar completamente entregue no chão.

ㅤㅤE Yeon-jun continuou imóvel. Mesmo quando as sirenes começaram a soar. Mas era tarde demais para que fossem ajudados.

ㅤㅤ[...]

ㅤㅤAnos depois, Yeon-jun estava desenhando em seu quarto, ouvindo uma música calma nos seus fones de ouvido, quando foi interrompido por um barulho na porta.

ㅤㅤ— Choi, você tem visita. — disse a moça, antes de sair completamente do quarto, o deixando sozinho com quem quer que fosse.

ㅤㅤCom um pouco de esforço, ele pegou suas muletas e foi até a sala de visita, encontrando um homem que nunca tinha visto antes, com um sorriso estranho.

ㅤㅤ— Quem é você? — perguntou, se sentando na sua frente.

ㅤㅤ— Você não se sente sozinho nesse lugar? — perguntou, parecendo ter a intenção de provocá-lo.

ㅤㅤ— Eu não gosto de conversar. Prefiro ficar sozinho. — respondeu sem muitos rodeios, procurando deixá-lo sem opções para terminar aquilo bem rápido. Mas o homem sorriu mais uma vez.

ㅤㅤ— E não tem vontade de andar por aí? Mesmo que em silêncio? — Apontou para sua perna, seus olhos brilhando de maldade.

ㅤㅤ— O que você quer? — fez a pergunta que ele tanto queria ouvir.

ㅤㅤ— Meu nome é Kim Nam-joon, e eu quero sua ajuda para se juntar a mim. — Estendeu sua mão como se oferecesse ajuda.

ㅤㅤ— Que tipo de ajuda? E o que eu ganho com isso? — Levantou uma sobrancelha.

ㅤㅤ— Isso, você só vai descobrir quando for. Mas garanto que não é nada que não vá... gostar de fazer. — Nam-joon soltou uma risada suspeita. — Em troca, vou pagar a cirurgia de sua perna. — Se levantou, como se já tivesse tido o que queria.

ㅤㅤ— Você sabe o quanto isso vai te custar? Em troca de que? — perguntou, inquieto, se levantando com suas dificuldades.

ㅤㅤ— Você não gosta de ver o último suspiro das pessoas, Yeon-jun? — Mesmo de costas, essa pergunta o chocou.

ㅤㅤ— Do que está falando? — hesitou.

ㅤㅤ— Não gostou de ver seu pai implorando por ajuda antes de morrer aos seus pés? — perguntou em um tom mais alto. Finalmente o calou. — Você quer ficar preso aqui até ser maior, ou se juntar a mim?

ㅤㅤ— Eu... vou com você.